sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

É Hora de Perdoar ~ Partículas da Fonte

 

17 de janeiro de 2011

Não levaremos bagagem para o outro mundo, apenas aquela que guardamos em nossos corações. E será ela quem encaminhará nossos espíritos para as trevas ou para luz. Quando conseguimos avançar sem nada, apenas com a consciência e o amor, estamos livres de tudo, de todas as correntes que nos prendem a esta fisicalidade, e podemos enfim vislumbrar um poder maior de existência.
Mas como se libertar? Como deixar tudo para trás? Não é fácil, lógico, querido leitor. Ninguém nunca disse que seria fácil. Ninguém nunca falou que não teríamos que suar para alcançar aquilo que precisamos alcançar. Veja que este esforço, todavia, se dá por já estarmos totalmente condicionados e manipulados pela Matriz, do contrário seria mais fácil. Mas ele então estará presente na evolução de cada pessoa deste mundo. Sendo assim, essa não é a desculpa para não se libertar. Todos passam por isso. Se muitos conseguem, por que você não?
Há algo que não está sendo totalmente levado a sério nestes tempos: o perdão. Não há maneiras de se chegar ao desapego com qualquer resquício de rancor e amargura que ainda tenha em seu coração, querido leitor. E não falamos apenas de perdoar a terceiros, falo de perdoar a si mesmo e suas assim consideradas falhas num passado, até mesmo no presente. E tal rancor alimentando por você nada mais é que um prego que você mesmo martela em seu coração dia após dia. Está na hora de parar de martelar, está na hora de retirar este prego.
1º Passo
O primeiro passo é ter aquela conversa séria consigo mesmo. Aquela que tantos ainda se negam a ter. Você precisa se conhecer, saber de suas verdadeiras emoções, e daquilo que está escondido lá, no âmago de seu ser. Não será um diálogo fácil, pois estará procurando por algo que seu Ego não quer entregar: o prazer de sentir dor emocional. Ele fará de tudo para ludibriá-lo e fazê-lo desistir de sua tarefa, mas você não deve cair nessa conversa. O Ego depende única e exclusivamente de sua vontade para estar presente, para ter forças e reagir, portanto está em você o poder para domá-lo e obter dele tudo o que é necessário para seu desenvolvimento.
Encontrando o que deve ser encontrado, terá de removê-lo por completo. Haverá muitas coisas sobre sua vida que estarão presentes nesta tarefa. Coisas que você fez, que acha que não deveria ter feito. Coisas que deixou de fazer, e que acha que deveria ter feito. Atitudes, ações, palavras que foram ditas, tudo aquilo que sua mente ainda teima em considerar digna de vergonha, de ódio por si mesmo. Alguma vez que magoou alguém... Essa dói, não é mesmo, querido leitor? Sim, dói demais. Mas apenas se você aceitar a dor como o principal estado de sua existência. Do contrário não vai doer.
Mas como perdoar nossos erros? Como remediar tanta amargura, ainda mais alimentada durante tanto tempo? Há duas coisas que você deve entender:
1. O erro cria circunstâncias de aprendizado;
2. Toda atitude leva a algum lugar.
Assim sendo, aquilo que você considera um erro em seu passado, seja pela ação ou omissão, serviu para situá-lo num contexto mais favorável de ações a serem tomadas. Quantos de vocês repetiriam a mesma atitude que fez nascer esse rancor por si mesmos? Poucos, obviamente. Nossos erros, mesmo que não admitamos, mesmo que não percebamos, sempre nos ensinam, direta ou indiretamente, em nossos caminhos. Então não pense que tal atitude apenas o constrangeu, o fez sair como vilão, magoou alguma pessoa que não deveria ser magoada, etc, pense que ela serviu para que você ampliasse um pouco sua consciência a respeito de lidar com pessoas e fazer ações em sua vida.
E algo mais a considerar é que onde você provavelmente estaria se não tivesse cometido os erros que acha que cometeu? Qual seria seu atual estado de vida? Já pensou que sem ter feito as coisas que você acha que não merecem perdão, talvez não estivesse aqui, lendo essas linhas, despertando e buscando a liberdade espiritual? Já pensou que nada do que fazemos passa batido, mas que tudo ainda assim serve a um propósito maior? Não há coincidências, assim como não há atitude em vão. Tudo de um ângulo mais abrangente tem um significado e uma utilidade em determinada circunstância, seja para você ou para outrem.
Então, perdoar a si mesmo é dizer obrigado por eu estar onde estou. Obrigado por a vida ter me levado onde eu precisava estar. Obrigado por minhas atitudes terem de alguma forma favorecido meu crescimento interior e meu despertar espiritual. Obrigado e eu me perdôo.
2º Passo
Embora não tão pungente quanto o ato de perdoar a si mesmo, perdoar a terceiros ainda causa grande desconforto a muitas pessoas. Mas ele é necessário para o desapego. Ele é necessário para começar o processo de emancipação emocional de cada um, levando-o então ao amor incondicional. Sem perdoar a tudo e a todos, nada do que dissemos será possível.

Pessoas nos causam dor emocional por toda a nossa vida; pessoas nos agridem fisica e emocionalmente; pessoas agem de maneira a nos prejudicar; pessoas não nos dão o devido valor e consideração; pessoas... As pessoas são apenas pessoas. Robotizadas, programadas para agirem desta forma, reféns de suas emoções e atitudes impulsivas, sem questionar o porquê de fazê-las. Elas dormem, não compreendem nada do que muitos de vocês já têm claramente desenvolvido em seus corações.
Então como podemos odiar aqueles que dormem? Como podemos odiar aqueles que não sabem que tudo o que fazem volta para eles? Como podemos odiar aqueles que não entendem que perpetuando ações negativadas estarão cada vez mais presos à Matriz? Será uma atitude sábia, um mestre, com a consciência ampliada, odiar uma criança que não tem noção de seus atos? Isso é uma atitude madura, querido leitor?
Pois os que dormem são isso, crianças adultas tentando se virar num mundo criado para iludí-las. Eles não sabem de seus atos, não têm a menor consciência do que estão fazendo. Acham que têm, muitos acham, mas na verdade são padrões comportamentais e mentais induzidos pela sociedade como ponto de referência para valores pessoais. Então, o que ganho eu ao odiar uma criança que joga comida no chão? Que ganho eu ao guardar emoções negativas que senti quando isso aconteceu, sendo que tive que limpar todo o chão da cozinha? Será mesmo sábio guardar essas emoções? Obviamente, não. A criança um dia irá crescer e entender que não se deve jogar comida no chão, pois além de desperdício, alguém terá de limpar a sujeira. Cedo ou tarde todos crescem, querido leitor. As pessoas que dormem também, se não nesta, em outra vida. Então odiá-las é nonsense puro. É uma tolice sem tamanho.
E mesmo que o sentimento que corrói seu coração não seja ódio, apenas amargura, essa não passa de uma faceta do primeiro, não se engane. A amargura é o ódio contraído e voltado para dentro de si próprio. Então você precisa decidir se vai continuar preso à este sentimento corrosivo e, por conseguinte, à Matriz, ou vai tirar esse câncer emocional de dentro de você e começar a se libertar de verdade?
O Perdão é o Início da Libertação

O perdão é o desistir de carregar o peso do mundo nos ombros; é a quebra das correntes da negatividade; é o relaxamento do ponto de tensão. A questão é: até que ponto você quer se libertar? Apenas no pensamento, ou em toda a alma? Se a sua escolha é a segunda opção, então, querido leitor, está na hora de começar a agir para esse intento.
Exercícios:
A primeira coisa a se fazer é anotar num papel, ou mesmo no computador, tudo aquilo que ainda está guardado em seu coração que diz respeito a não perdoar a si mesmo. Avalie cada item com toda a atenção possível, fazendo questão de recordar o sentimento que teve quando tal ação ou omissão ocorrera. Não tenha medo de reviver. O importante sempre foi o de se localizar no presente, no agora. Todavia sem limpar a casa isso não será possível.


Feito isso, fique em silêncio por algum tempo, em cada item, respire fundo e deixe que todo amor contido em seu coração se aflore. Lembre-se de que o amor é uma escolha. Reconheça a existência dessa sujeira e se perdoe, fazendo o sentimento de luz e paz percorrer cada centímetro de seu corpo. Sinta, imagine essa sujeira, essas trevas saindo de seu corpo. Sinta a liberdade de não ter mais essa amargura guardada em seu peito. Pode parecer difícil, mas apenas na medida em que você estiver fechado à sua libertação.
Repita o processo para cada item da folha. Tente pela imaginação, arrancar todo o rancor do seu corpo, mente e espírito. Lembre-se também de que a imaginação é o prelúdio da ação, e que a mente não distingue realidade de ficção, portanto ela, a imaginação, tem o poder de ajudar em nossas mudanças interiores. Também se lembre de que não poderá amar a si mesmo verdadeiramente enquanto não se perdoar.
Talvez um pouco mais difícil que o anterior, este vai lidar com terceiros. Portanto, talvez exija de cada um muita coragem. Se em algum item do exercício anterior estiver algum que diga respeito a atitudes que você fez a outras pessoas, coloque-as numa nova lista e reflita bem sobre cada uma delas. Veja até que ponto você consegue perdoar-se apenas por si mesmo, apenas com sua vontade de fazê-lo, sem necessitar de um desencargo de consciência.
Caso isso não seja possível, e você precise expressar de alguma forma o que está sentindo para que tal perdão se dê de uma maneira profunda, deverá então perder o medo e confrontar uma face de suas amarguras. Portanto, se você acha que errou com alguém, acha que magoou alguém, mas não consegue se perdoar sozinho, a não ser que peça perdão àqueles que magoou, então é isso mesmo que deverá fazer.
Não tenha medo, porém, de agir para cumprir o que precisa ser feito: perdoar a si mesmo. Se for necessário você entrar em contato com alguém para se desculpar, o faça, não tenha receios, não pense duas vezes. Todavia, não espere ser perdoado, você não sabe o estado emocional da outra pessoa, portanto é tolice querer perdoar a si mesmo apenas se você for perdoado. O ato de desculpar-se deve bastar para que o peso que carrega sobre seus ombros seja finalmente liberado. E é nisso que você deve pensar caso necessite pedir desculpas.
Este passo é um complemento do anterior, e talvez o mais difícil: perdoar aqueles que lhe fizeram mal. Sim, muitas pessoas, como dissemos anteriormente, costumam agir de maneira inconsequente, impensada e nos machucam sem notar que estão fazendo, e mesmo o fazendo intensionalmente, ainda não têm verdadeira compreensão daquilo que fazem a terceiros e a si mesmos, como consequência. Por isso, essa consciência que você agora tem, querido leitor, já lhe faz compreender que agimos grande parte de nossas vidas inconscientes de nossas ações.
Portanto, tudo o que foi feito não deve mais ser encarado da mesma maneira. A sua visão agora está ampliada e você entende que ninguém o machucou, sabendo o que estava fazendo, sabendo das consequências. Fizeram como a criança que joga comida no chão. Não sabem que aquilo é desperdício; não sabem que alguém terá de limpar o chão; não sabem que o sentimento que aquilo causou, cedo ou tarde será descontado nela mesma pelos pais, se eles forem desequilibrados. E como crianças, os que dormem não têm noção de seus atos e portanto, você, querido leitor, não deve ser o adulto desequilibrido. Deve ser o adulto consciente, amoroso, que entende que não podemos guardar mágoas daqueles que não sabem o que fazem, ou mesmo, dos que sabem, já que a mágoa é um veneno que você toma por livre e expontânea vontade.

Então lhe pergunto? Até quando continuará tomando este veneno?

Deste modo, querido leitor, se alguém lhe pediu desculpas e você não as aceitou, está na hora de fazê-lo. Entre em contato com a pessoa e faça as pazes. Caso a pessoa que tenha lhe magoado não tenha se desculpado, perdoe-a também, à distância, na paz de sua mente e coração. Por favor, pare de se envenenar.

Quando morremos, levamos nossos sentimentos e pensamentos conosco, criando assim nosso pós-vida baseado nessas emoções, que de forma direta irão criar padrões para nos prendermos ao ciclo encarnatório, devido ao peso de nossas consciências. Apenas se despindo de todas as negatividades é que podemos alcançar a liberdade. E o perdão é o começo da libertação. Deste modo, querido leitor, é hora de parar de brincar, de parar de ficar na teoria. É hora de agir!
Vamos na Paz.

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