domingo, 3 de abril de 2011

Vamos Pensar 2012: As Expectativas “Mágicas” em relação ao ano de 2012 não têm base na tradição

As Expectativas “Mágicas” 
em relação ao ano de 2012 não têm base na tradição

sábado, 12 de março de 2011


As Expectativas “Mágicas” em relação ao ano de 2012 não têm base na tradição

O mundo não vai acabar em dezembro de 2012. 
Não há verdade nas previsões atribuídas a um Calendário Maya, segundo as quais uma grande catástrofe terminará o mundo tal como o conhecemos, às vésperas do Natal daquele ano.
Mas a profecia chama de certo modo atenção para o tema de fundo, que é a inegável necessidade de uma forte mudança de rumo no atual processo civilizatório.
Embora a data não deva ser levada a sério, o ano de 2012 pode ser visto como um indicativo simbólico da verdadeira transição, que é gradual e complexa, demora séculos, e merece ser investigada como tal.
Desde os primeiros tempos do cristianismo, marcar data e hora para o apocalipse tem sido uma atividade constante, tradicional, e em alguns casos economicamente rentável. Marcar hora para o final do mundo vem sendo uma ilusão auto-renovável, e também um modo prático de chamar atenção do público, pelo menos até a chegada da “data fatídica”.
É oportuno esclarecer, desde já, que não há qualquer menção ao ano de 2012 na tradição Maya em si mesma.
Tampouco seria correto exagerarmos a sabedoria da civilização maya, da América Central.
A visão do ano de 2012 como momento de alguma súbita transformação mundial resulta das especulações pessoais do pensador José Arguelles, feitas nas últimas décadas do século 20 e possivelmente baseadas em alguns dados astrológicos.
Basta investigar as origens do suposto “calendário maya” apontando para 2012, para ver que a única fonte destas supostas informações é Arguelles. 
 Também é fácil perceber que as profecias são de um conteúdo simples e ingênuo.[1]
Depois de fazer uma idealização fantasiosa da cultura maya, Arguelles atribuiu a ela as suas próprias profecias.
Seguidores de Arguelles, seguramente com boas intenções, continuam aprimorando o trabalho de produzir e lançar profecias de curto prazo, imaginativas mas sem conteúdo durável.
Elas servem no máximo como um alerta geral no sentido de que “algo de importante está acontecendo com nossa civilização”.
É verdade que vivemos uma transição mundial complexa e importante. Ela tem fortes dimensões culturais, políticas, militares, econômicas, ecológicas e espirituais. É possível que ocorram grandes transformações, inclusive climáticas e geológicas, nos próximos anos e décadas. Podemos dizer que tais transformações já começaram.
No entanto, a marcação de uma data única para acontecimentos extraordinários simplifica o processo indevidamente e tende a colocar os cidadãos na posição de espectadores diante do “espetáculo do fim do mundo”, o que é inteiramente equivocado.
Não há nem pode haver espectadores na atual transição planetária, que é na verdade um despertar em escala global. Os pensamentos e as ações de cada ser humano fazem parte da grande força resultante que determina a qualidade e o modo exato da mudança. Deixando de lado a busca do espetáculo externo, devemos assumir nossas responsabilidades pessoais pela transformação e cultivar a arte de agir corretamente, tanto no plano individual como no plano coletivo.
A marcação de uma data precisa e única para o “fim do mundo” ou para qualquer transição mundial súbita resulta da ansiedade pessoal de pessoas desinformadas. A observação isenta da evolução humana confirma a tese da filosofia esotérica: as transições de era ocorrem gradualmente e ao longo de séculos.
O tema dos ciclos de evolução merece uma investigação calma e atenta.
Para isso, a filosofia teosófica original possui uma vasta literatura de grande valor, algo que todo leitor pode e deve verificar por si mesmo.
Segundo a teosofia, os limites numerológicos entre as eras, assim como o início e o final dos períodos de transição, são dados matemáticos abstratos. Em torno destes limites, desdobra-se uma transição cármica que possui um ritmo próprio. As eras e ciclos são como a escada e o corrimão que sinalizam o caminho e dão o rumo para que a evolução faça a subida até novos patamares de consciência. Escada e corrimão – o plano divino da evolução – dão as condições e o apoio necessários.
Mas não predeterminam exatamente de que modo o peregrino, a humanidade, avançará pelos degraus.
Vejamos mais algumas poucas informações a respeito, em sete pontos numerados.
1) Em sua obra “A Doutrina Secreta”, H. P. Blavatsky afirma que os períodos de transição entre uma era e outra correspondem a dez por cento da duração da era.
2) Em outro contexto, H.P.B. escreveu que o início da era de Aquário ocorre no ano de 1900. 
 A duração da era de Peixes e da era de Aquário é de 2.155 anos, segundo a filosofia esotérica. Calculando os dez por cento, podemos deduzir que há um período de transição de 215 anos e meio entre as duas eras, que deve ser dividido em duas metades, uma anterior e a outra posterior ao ano de 1900.
3) A metade exata de 215 anos e meio fica entre 107 e 108 anos, quase chegando a 108.
O número 107 corresponde a um dos ciclos ocultos mencionados nas “Cartas dos Mahatmas”.
O número 108, por sua vez, é sagrado na Índia.
Há 108 contas no rosário hindu e budista.
Há 108 Upanixades.
Atribui-se ao número 108 um significado astronômico ligado à lua.
Os budistas veneram 108 Arhats ou sábios.
O número 108 tem importância especial para a Cabala e a tradição hermética ocidental. [2]
4) Retrocedendo 108 anos a partir do ano de 1900, encontramos o ano de 1792.
Naquele momento a revolução francesa estava em sua plenitude, e a revolução norte-americana de 1776 havia-se consolidado havia pouco. A transição para a era de Aquário começa com os ideais libertários e fraternos daquelas duas revoluções, e também, sem dúvida, com o humanismo iluminado do filósofo Immanuel Kant, no mundo germânico.
No Brasil, cabe lembrar, o herói e visionário aquariano da independência nacional, alferes Tiradentes, é morto em 1792.
5) Por outro lado, se somarmos 108 ao ano de 1900, teremos o ano de 2008, um ano em que o despertar da consciência planetária já estava ocorrendo em grande escala.
Portanto, do ponto de vista esotérico, a transição foi completamente terminada e estamos em plena era de Aquário.
Faltam agora alguns acertos cármicos no plano visível, que podem ser mais ou menos difíceis.[3]
6) É certo que não há um “momento único de transição total”. 
Nem existirá necessariamente uma grande catástrofe súbita.
Catástrofes globais não estão descartadas entre 2009 e 2025.
Mas a marcação de datas para um suposto “momento único” não desperta nem esclarece pessoa alguma. Apenas cria uma curiosidade ansiosa sobre fatos espetaculares, mas imaginários, e reduz as pessoas à condição de espectadores passivos.
7) Na verdade, é através da confiança no futuro de longo prazo, e do calmo bom senso, que despertamos para a ação correta no presente. O momento histórico que vai de 2008 a 2025 estimula o despertar de cidadãos planetários ativos, que vivenciem um sentimento lúcido de co-responsabilidadepela transição mundial.
Necessitamos de cidadãos dotados de uma visão de longo prazo e construtiva.
A nova consciência planetária deve ser realista e capaz de atuar no mundo, mas deve estar ligada à prática do estudo e da contemplação das grandes verdades universais.
E a nova consciência não pode ser separada do exercício diário do bom senso.

NOTAS:
[1] Veja as profecias equivocadas para o final da década de 1990, no livro intitulado “2012 – A Profecia Maya”, de Alberto Beuttenmuller (Ed. Ground, SP, 1996, 286 pp.). 
Examine também a nota publicada a respeito na revista “Veja” de 4 de fevereiro de 2009, pp. 90-91.
[2] “Espiritualidade Através dos Números”, de Georg Feuerstein, Ed. Siciliano, 218 pp., 1994, pp. 194-195.
[3] Para um enfoque teosófico mais amplo da atual transição mundial em relação aos ciclos e eras da evolução humana, veja o artigo “The Hundred-Year Cycle and the Twilight of the Pisces Age” de Carlos Cardoso Aveline, publicado na revista internacional “FOHAT”, Canadá, edição de inverno de 2008-2009 (verão de 2008-2009 no Brasil), pp. 82 e seguintes. O texto também está publicado na seção “Climate Change and the New Planetary Cycle”, do website www.filosofiaesotérica.com , sob o título “The Twilight of the Pisces Age”.
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Os interessados em um estudo regular da teosofia original devem escrever para lutbr@terra.com.br e perguntar como é possível acompanhar os trabalhos do e-grupo SerAtento, de YahooGrupos

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