Postado por Marcos Keld 14 Agosto 2011
1. Aceitá-lo
Engana-se aquele que crê poder superar seus temores renegando-os.
Também se engana quem pensa em confrontá-los a fim de findá-los.
Em ambos os casos o que existe é apenas a permanência do medo.
Ele é uma criação perpetuada no reino das emoções, logo sua dissipação naturalmente não se dá por si só.
Da mesma forma, confrontá-lo é realimentá-lo, pois é disso que ele vive.
Existe algo que suporta toda a matéria e tudo o que dela provém.
É um fluxo constante, como a correnteza de um rio.
Quando esse fluxo é bloqueado, diz-se que se está distorcendo a natureza da própria existência.
Bem-aventurados são os que o compreendem e seguem-no em harmonia e paz. Quando isso é aprendido, o homem torna-se senhor de sua vida, pois não está mais contra a natureza.
Logo, ele compreende que para vencer o medo é necessário aceitá-lo, pois sendo sua própria cria, renegá-lo ou confrontá-lo é ferir o próprio filho.
O medo existe e continuará existindo a menos que você o eduque e o transforme em algo melhor.
Deste modo, reconhecê-lo como existente é o primeiro passo para instruí-lo corretamente, recolocando-o de volta a favor do Dharma, do fluxo da Criação.
2. Conhecê-lo Profundamente
dizia-se que na antiga arte da guerra, a tarefa principal do estrategista era a de conhecer o inimigo para então poder derrotá-lo.
Aqui não há guerra, não há luta, não há conflito.
Todavia, mesmo numa atitude pacífica ainda se faz necessário conhecer aquele o qual se deseje instruir.
"Vencer o medo" é apenas uma alegoria.
De fato, o que se pretende é purificá-lo, transformando-o em outra coisa.
Conhecê-lo não é apenas no reino da superficialidade, mas em todas as nuances na qual ele age e por quais razões o faz.
É preciso desmistificá-lo, destrinchá-lo a fim de entendê-lo de maneira profunda. Sendo parte de você, sendo sua cria, o mínimo que lhe é pedido pela naturalidade da situação é que conheça seu filho.
Saiba por que ele surge, por que ele está sempre à espreita, por que você ainda não foi capaz de superá-lo.
Conheça-o como a você mesmo.
3. Desvendar Sua Origem
Tudo o que é da matéria, tudo o que é do limitado tem uma origem.
A própria manifestação tem uma origem.
Logo, para instruir o seu medo a fim de sublimá-lo é necessário ir fundo e desvendar sua origem.
Em algum momento o medo foi criado.
No instante de seu nascimento, sua inconsciência permitiu que esta cria se tornasse senhora de seu criador, você.
Volte no tempo e tente encontrar o momento exato em que o medo surgiu.
Isso abrirá seus olhos para uma nova perspectiva, a do observador distante. Entenderá, deste modo, o quão tolo foi ao aceitar a vinda desta criação para sua vida, uma vez que os motivos, agora a olhos distantes, são pueris e, quem sabe, néscios.
Compreender a origem do medo é saber o ponto exato em que o sentimento da verdade, do não-medo, deixou de existir.
E trazer de volta, ou reavivar, tal verdade, tal sentimento torna-se muito mais simples quando sabemos exatamente do que se trata.
4. Entender Suas Implicações
O medo traz diversas implicações que só podem ser compreendidas quando se tem total aceitação sobre ele e total conhecimento a respeito de sua personalidade e origem.
Logo, após estar ciente do que o medo é e de onde ele surgiu, você será capaz de olhar de forma contumaz e atenta para todos os efeitos colaterais advindos dele.
Entender essas implicações traz de volta a razão, uma vez que agora, consciente do que está acontecendo, pode-se compreender que nada do que se origina do medo deveria estar presente em sua vida.
A paranóia, a ansiedade, a irritação, a reclusão, o cansaço, a ignorância, tudo isso são implicações do medo.
Identificá-las só é possível através dos três estágios citados acima.
Logo, fica bastante evidente que não existe nenhum benefício para que o medo continue instalado em sua vida.
Essa constatação não é superficial ou mental, mas profunda.
Aqui já se está pronto para sublimá-lo.
5. Positivá-lo
Uma vez que esteja completamente cônscio de que o medo não tem motivos para estar em sua vida, o próximo passo é de uma simplicidade absurda.
Trata-se de olhá-lo profundamente nos olhos e amá-lo verdadeiramente.
Isso só é possível após aceitá-lo e compreendê-lo em todas as suas variantes, pois se percebe o quão frágil ele é, assim como você o fora.
Naturalmente, de maneira silenciosa, ele irá desvanecer por completo.
Ao notar-se sem qualquer motivo para existir, tende a dissipar-se, pois só pode existir como medo.
Ao transformar-se em coragem, já não mais é o que era.
Diz-se que ele foi sublimá-lo.
Ao não ter mais motivos para existir e mesmo assim recebendo amor de seu criador, o medo se transforma em sua contraparte.
Esse então é o desapego amoroso.
Logo, de forma natural, silenciosa e pacífica, o medo desaparece e jamais tornará a nascer, uma vez que cada medo é um ser individual e único.
Quem aprende a transformar seus temores, desejos, anseios, tristezas e raivas em suas contrapartes, torna-se seu próprio mestre.
Isso é alquimia interior.
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