Postado por Marcos Keld 22 Agosto 2011
Quem vive pelo ego poderá ter seu nome imortalizado, mas apenas quem vive pelo espírito será de fato imortal.
Não está na lógica a percepção de uma possível emancipação do pequeno eu.
Emancipar-se é harmonizar-se.
Eis então o flagelo do pseudo consciente, acreditar que é superior ao ego, que é superior a uma parte de si mesmo, perpetuando sua fragmentação.
Sendo o pequeno eu uma extensão do Eu Profundo, nele está abrigada a própria manifestação do não-manifestado.
Logo, sendo um canal para a expressão do divino, estar superior ao ego é estar, em termos diretos, não mais vivo.
Vê-se então a impossibilidade de matar o ego, pois sendo a própria tradução do não linear, sua inexistência anularia completamente a vida.
Veja que me refiro à mente como um todo, não aos seus condicionamentos.
Eis então a nossa proposta para que haja uma trindade harmônica na vida de cada ser humano:
O Eu Profundo, o mundo e o pequeno eu.
Quando há somente o primeiro, não pode haver vida física, a linguagem é incompatível, por isso necessita de um ponto de referência.
Quando esse ponto é neutro, dizemos que não existe intermediário, apenas tradutor.
Logo, a existência da mente é necessária; seu descontrole é que não. Quando descontrolada, torna-se intermediária, torna-se uma voz ativa que teima em distorcer a tradução.
O mundo, segundo elemento, não precisa de porta-voz para comunicar-se com o espírito, precisa apenas de um tradutor que mantenha a verdade incorruptível.
Não é para haver tradução livre, é para haver tradução literal, pois o mundo é literal, é concreto e é por isso que o espírito quer conhecê-lo, pois o Eu Profundo não é literal, mas abstrato, fugindo de qualquer padrão identificado pela mente.
Deste modo, quem insiste em querer dissipar o ego está vivendo uma fantasia.
Sendo o ego uma característica da mente, tudo o que for do pensamento parte inevitavelmente do mesmo princípio: o pequeno eu.
Portanto, a ação em si já uma característica “corrompida” pela mente, impedindo que haja a separação, tão aclamada pelo pseudo consciente, entre seu Eu Profundo e o ego.
Matá-lo então é um pensamento tolo.
O ego não pode ser morto.
Quando você diz que vai matar o ego, é o próprio falando.
Quando você diz que se tornará superior ao ego, é o próprio falando. Quando você diz que vai lutar contra ele, é o próprio falando.
Qualquer mentalização provém do ego.
O que está além é a vontade pura, sem pontes para a expressão.
É algo que não se descreve, não se fomenta e não se põe em movimento linear.
Portanto, matar o ego é impossível, ele sempre existirá, a não ser num estado da não-forma, no estado da divindade em si, do espírito, do total abstrato e subjetivo.
Enquanto houver antropomorfização do espírito, a mente persistirá.
O que se deve fazer é harmonizar a mente, o mundo e o Ser.
Esta trindade deve novamente ficar em equilíbrio, assim como ocorria na tenra infância em que o intelecto não estava presente, ou seja o intermediário, mas tão-somente o tradutor.
A maturidade espiritual consiste em trazer de volta o tradutor, porém agora preenchido de consciência de si e de seu papel na evolução da matéria e na experiência do Eu Profundo.
Pois aquele que mesclar a inocência de uma criança com a consciência de um adulto estará enfim liberto das amarras do mundo.
Terá finalmente sublimado Maya.
http://www.blog.potencialidadepura.com/2011/08/morte-do-ego.html
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