quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ANDROMEDALIVE: OS RELACIONAMENTOS SOB A PERSPECTIVA ESPIRITUAL

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
OS RELACIONAMENTOS SOB A PERSPECTIVA ESPIRITUAL

Este artigo continua tratando dos relacionamentos e de sua grande importância do ponto de vista espiritual  
– o do desenvolvimento individual e da unificação.
Primeiramente , gostaríamos de ressaltar que , no plano humano da manifestação, há unidades distintas de consciência , que às vezes se harmonizam, mas com muita freqüência são conflitantes, gerando atrito e crise.
No entanto, além desse plano de manifestação, não existem unidades fragmentárias de consciência.
Existe apenas uma consciência, da qual toda entidade criada é apenas uma manifestação diferente.
Quando a pessoa mostra seu verdadeiro valor, ela experimenta esta verdade sem, contudo, perder o senso de individualidade.
Isso pode ser nitidamente sentido quando vocês lidam com suas desarmonias internas; pois ali também se aplicam exatamente o mesmo princípio.
DESENVOLVIMENTO DESIGUAL DE PARTES DA CONSCIÊNCIA
No seu estado atual, uma parte do ser mais íntimo está desenvolvida e rege o que vocês pensam, sentem, desejam e fazem.
Há outras partes ainda em condições de menor desenvolvimento, que também regem e influenciam os pensamentos, os sentimentos, os desejos e a atuação.
Assim, vocês estão divididos, o que sempre gera tensão, dor e ansiedade, além de dificuldades internas e externas.
Alguns aspectos da personalidade são autênticos, e outros apresentam erros e distorções.
A confusão conseqüente provoca sérias perturbações.
O que as pessoas geralmente fazem é ignorar um desses aspectos e identificar-se com o outro.
No entanto, negar uma parte de si mesmo não resulta em unificação.
Pelo contrário, aumenta a divisão.
O que se deve fazer é trazer à tona o lado divergente e conflitante e encará-lo
– encarar a ambivalência por inteiro.
Só então é possível encontrar a realidade última do eu unificado.
Como vocês sabem, a unificação e a paz surgem na medida em que a natureza do conflito interior è admitida, aceita e entendida.
Exatamente a mesma lei se aplica à unidade ou dissensão entre entidades visivelmente separadas e diferentes.
Elas também são uma só coisa, além do nível da aparência.
A dissensão é provocada, não apenas por diferenças reais entre as unidades de consciência mas, como também acontece com cada um, por diferenças no desenvolvimento da consciência universal manifestada.
Embora o princípio da unificação seja exatamente o mesmo dentro das pessoas e entre elas, ele não pode ser aplicado a outro ser humano se primeiramente não tiver sido aplicado ao eu interior.
Se as partes divergentes do eu não forem aproximadas, de acordo com esta verdade, se a ambivalência não for encarada,
aceita e entendida, o processo de unificação pode não ser colocado em prática com outra pessoa.
Este é um fato muito importante, que explica a grande ênfase dada pelo Trabalho do Caminho à prioridade das questões do eu.
Somente nessas condições o relacionamento pode ser cultivado de maneira significativa e eficaz.
ELEMENTOS DE DISSENSÃO E DE UNIFICAÇÃO
O relacionamento constitui o maior desafio para a pessoa, pois é apenas no relacionamento com os outros que os problemas não-resolvidos, ainda presentes na psique individual, são afetados e ativados.
Muitas pessoas evitam a interação com seus semelhantes, para poder conservar a ilusão de que os problemas decorrem do outro, já que é só na presença deste, não do isolamento, que surge a sensação de perturbação.
No entanto, quanto menos contato for cultivado, mais acentuado se torna o anseio por ele.
Trata-se, aqui, de um tipo diferente de dor
– a dor da solidão e da frustração.
No entanto, o contato torna difícil manter a ilusão, pelo tempo que for, de que o eu interior não tem defeitos e é harmonioso.
É preciso haver uma anomalia mental para alegar por muito tempo que os problemas de alguém no relacionamento são causados exclusivamente pelos outros.
É por isso que os relacionamentos são simultaneamente uma satisfação, um desafio e uma medida de avaliação do estado interior.
O atrito decorrente do relacionamento com os outros pode ser um penetrante instrumento de purificação e autoconhecimento para quem quer usá-lo.
Ao recuar diante desse desafio e sacrificar a realização do contato íntimo, muitos problemas internos jamais serão ativados.
A ilusão da paz e da unidade internas proporcionadas pela fuga ao relacionamento resultou até mesmo na crença de que o crescimento espiritual é intensificado pelo isolamento.
Nada poderia estar mais distante da verdade.
É preciso não confundir essa afirmação com a noção de que períodos de solidão são necessários para a concentração interior e auto-exame.
Mas esses períodos devem sempre ser alternados com períodos de contato
– quanto mais íntimo for esse contato, maior grau de maturidade espiritual ele indica.
O contato e a falta de contato com os outros podem ser observados em vários estágios.
Há muitos graus de contato entre os extremos absolutos do completo isolamento externo e interno, de um lado, e a mais íntima e profunda relação, de outro.
Existem aqueles que desenvolveram certa capacidade superficial de se relacionar, mas mesmo assim fogem da revelação mútua mais significativa, aberta, sem disfarces.
Nós poderíamos dizer que o ser humano médio da atualidade oscila em torno de algum ponto entre os dois extremos.
A REALIZAÇÃO COMO GABARITO DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Também é possível medir o senso pessoal de realização por meio da profundidade da capacidade de se relacionar e de ter contato íntimo, por meio da força dos sentimentos que a pessoa se permite ter e pela disposição em dar e receber.
A frustração indica a falta de contatos, o que , por sua vez, é um indício preciso de que o eu recua diante do desafio do relacionamento, sacrificando assim a realização pessoal, o prazer, o amor e a alegria.
Quando alguém quer compartilhar apenas recebendo de acordo com seus termos mas, na verdade, secretamente, não deseja compartilhar, seus anseios não são satisfeitos.
As pessoas fariam bem em considerar seus anseios insatisfeitos desse ponto de vista, em vez de concordar com a suposição comum de que elas não têm sorte e que a vida é má.
O contentamento e a realização de cada um no relacionamento é um gabarito muito negligenciado para aferir o desenvolvimento pessoal.
O relacionamento com os outros reflete o estado de cada um e ,dessa forma, contribui diretamente para a purificação de si mesmo.
Inversamente, só a total honestidade e capacidade de se enxergar podem conservar o relacionamento, ampliar os sentimentos e fazer o contato florescer no convívio prolongado.
Assim, você pode ver que os relacionamentos representam um aspecto de enorme importância no crescimento humano.
O poder e a importância do relacionamento muitas vezes apresentam sérios problemas para os que ainda sofrem por causa de seus conflitos internos.
O anseio insatisfeito torna-se insuportavelmente doloroso para quem prefere isolar-se porque tem dificuldades de contato.
A situação só pode ser resolvida quando a pessoa decide seriamente procurar dentro de si a causa do conflito, sem lançar mão de defesa de culpa aniquilante e sem se culpar, o que naturalmente elimina qualquer possibilidade de chegar de fato ao cerne do conflito.
Essa busca, junto com a vontade interna de mudar, precisa ser cultivada, para fugir ao doloroso dilema em que as duas alternativas possíveis
– o isolamento e o contato – são insuportáveis.
É importante lembrar que o retraimento pode ser muito sutil e não ser exteriormente perceptível, manifestando-se apenas como certa circunspecção e auto proteção deturpada.
O bom companheirismo nem sempre implica a capacidade e a vontade de permitir maior intimidade.
Para muitos, a intimidade é pesada demais.
À primeira vista pode haver uma relação com o fato de os outros serem muito difíceis, mas na realidade a dificuldade está no eu, por mais imperfeitos que os outros também possam ser.
QUEM É RESPONSÁVEL PELO RELACIONAMENTO ?
Quando duas pessoas de níveis diferentes de desenvolvimento espiritual se envolvem, aquela que está mais desenvolvida é sempre responsável pelo relacionamento.
Especificando, aquela pessoa que tem a responsabilidade de sondar as camadas profundas de interação que geram atrito e desarmonia entre as partes.
A pessoa menos desenvolvida não tem a mesma capacidade de levar adiante essa busca, pois ainda está na fase de culpar o outro e depender da conduta “correta” do outro para evitar os desentendimentos ou a frustração.
Além disso, a pessoa menos desenvolvida está sempre presa ao erro fundamental da dualidade.
De sua perspectiva, qualquer atrito significa que “apenas um de nós está certo”.
Essa pessoa se sente automaticamente inocentada quando o outro tem algum problema, embora na realidade na sua participação negativa possa ser infinitamente mais grave que a do parceiro.
A pessoa espiritualmente mais desenvolvida é capaz de ter uma percepção não dualista, realista.
Ela sabe que qualquer um dos dois pode ter um problema grave, mas isso não elimina a importância de um problema possivelmente muito menor do outro.
A pessoa mais desenvolvida sempre está pronta e disposta a apurar sua própria participação, sempre que é negativamente afetada, por mais flagrantemente errado que o parceiro possa estar.
A pessoa imatura e primitiva, sob o aspecto espiritual e emocional sempre põe o grosso da culpa no outro.
Tudo isso se aplica a qualquer tipo de relacionamento:
um casal, pais e filhos, amigos, contatos profissionais.
A tendência a tornar-se emocionalmente dependente dos outros
– cuja superação é um aspecto muito importante do processo de crescimento
– deriva, em grande medida, do desejo de eximir-se de culpa ou de evitar dificuldades durante a formação e a manutenção de um relacionamento.
Parece tão mais fácil jogar a maior parte dessa carga sobre os outros!
Mas a que preço!
Essa conduta torna a pessoa verdadeiramente impotente e cria o isolamento , ou a sequência interminável de dor e de conflito com os outros.
Apenas quando cada um começa realmente a assumir a responsabilidade que lhe cabe, examinando os seus próprios problemas no relacionamento e demonstrando vontade de mudar, é que se instala a liberdade e os relacionamentos se tornam proveitosos e felizes.
Se a pessoa de maior desenvolvimento se recusar a assumir o dever espiritual de responsabilidade pelo relacionamento e procurar o núcleo interior de dissensão, ela jamais entenderá de fato a interação, a interligação dos problemas.
A relação, nesse caso, começará a se deteriorar, deixando as duas partes confusas e menos capazes de conviver consigo mesmas e com os outros.
Por outro lado, se a pessoa espiritualmente desenvolvida aceitar essa responsabilidade, ela também ajudará, sutilmente ,o parceiro.
Se conseguir resistir à tentação de constantemente ridicularizar os evidentes pontos fracos de outros e olhar para dentro de si, ela aumentará consideravelmente seu desenvolvimento e espalhará paz e alegria.
O veneno do atrito logo será eliminado.
Também será possível encontrar outros parceiros de um processo de crescimento realmente recíproco.
Quando dois iguais se relacionam, ambos são inteiramente responsáveis pelo relacionamento.
Este é, de fato, um belo empreendimento, um estado de reciprocidade profundamente gratificante.
A menor variação de humor será interpretada de acordo com seu significado interno e, assim, o processo de crescimento será mantido.
Ambos se verão como co-autores da imperfeição passageira
– seja um atrito real ou uma apatia transitória.
A realidade interior da interação se tornará cada vez mais significativa.
Com isso, o relacionamento fica em geral a salvo de danos.
Queremos ressaltar, agora , que quando falamos em responsabilidade pela pessoa menos desenvolvida, não queremos dizer que um ser humano possa sempre arcar com as dificuldades reais dos outros.
Isso nunca pode acontecer.
O que queremos dizer é que as dificuldades da interação num relacionamento não costumam ser exploradas em profundidade pela pessoa cujo desenvolvimento espiritual é mais rudimentar.
Esta responsabilizará os outros pela sua infelicidade ou pela desarmonia de uma determinada interação, não tendo capacidade ou vontade de ver o quadro todo.
Assim, ela não está em condições de eliminar a desarmonia.
Só os que assumem a responsabilidade de encontrar a perturbação interior e seu efeito sobre as duas partes são capazes de ver esse quadro.
Por conseguinte, a pessoa espiritualmente mais primitiva sempre depende da mais evoluída.
O relacionamento no qual a destrutividade do parceiro menos evoluído torna impossível o desenvolvimento, a harmonia e os bons sentimentos, ou no qual o contato é predominantemente negativo, deve ser rompido.
Via de regra, a pessoa mais desenvolvida deve tomar a iniciativa.
O fato de ela não romper indica alguma fraqueza ou medo não reconhecidos que precisam ser enfrentados.
Se o relacionamento for terminado por esse motivo, ou seja,
porque é mais destrutivo e causador de sofrimento do que construtivo e harmonioso, isso deve ser feito quando os problemas internos e as ações recíprocas foram plenamente reconhecidas pela parte que tomar a iniciativa de cortar um antigo vínculo.
Isso impedirá que essa pessoa entre em outros relacionamentos onde existam correntes e ações recíprocas semelhantes.
Também significa que a decisão de romper foi tomada tendo em vista o crescimento, e não por despeito, medo ou fuga.
INTERAÇÕES DESTRUTIVAS
Explorar a interação subjacente e os diversos efeitos de um relacionamento no qual são escancaradas e aceitas as dificuldades dos dois parceiros não é nem um pouco fácil.
Mas nada pode ser mais belo e gratificante.
Qualquer um que atinja o estado de iluminação em que isso se torna possível já não precisa ter medo de nenhum tipo de interação.
As dificuldades e os medos surgem na medida exata em que um continua projetando seus problemas no outro, ao relacionar-se, e continua considerando os outros responsáveis por tudo o que não seja do seu agrado.
Esse fenômeno pode assumir muitas formas sutis.
Pode ser que alguém se concentre sistematicamente nos defeitos dos outros, porque, à primeira vista, essa atitude lhe parece justificada.
Pode ser que alguém sutilmente exagere a ênfase dada a um dos lados da interação ou que exclua o outro.
Distorções como essas indicam projeção e repúdio da responsabilidade pessoal pelas dificuldades do relacionamento.
Esse repúdio fomenta a dependência da perfeição da outra parte, o que por sua vez gera medo, hostilidade e decepção sempre que o outro não corresponde ao padrão de perfeição.
Não importa o erro que a outra pessoa cometa; se isso for motivo de perturbação, é porque vocês deixaram de ver alguma coisa em si mesmos.
Usamos a palavra perturbação neste sentido.
Não estou falando da raiva bem definida, que se expressa sem culpa e que não tem nenhum resíduo de confusão interna ou de dor.
Queremos falar do tipo de perturbação que nasce de um conflito e fomenta outros conflitos.
As pessoas mostram forte tendência a dizer:
“Você está me fazendo tal coisa“.
O jogo que envolve tornar os outros culpados é tão difundido que dificilmente é notado.
Um ser humano culpa o outro, um país culpa o outro , um grupo culpa o outro.
Este é um processo constante no atual nível de desenvolvimento da humanidade.
Na realidade, é um dos processos mais prejudiciais e ilusórios que se pode imaginar.
As pessoas têm um prazer com isso, embora a dor e os conflitos insolúveis que se seguem sejam infinitamente desproporcionais à insignificância de um prazer momentâneo.
Os que jogam esse jogo prejudicam de fato a si mesmos e aos outros, e recomendamos enfaticamente que vocês comecem a se conscientizar do envolvimento cego nesse jogo de acusações.
E o que dizer da “vítima”?
Como ela deve agir ?
Para a vítima, o primeiro problema é que ela nem sequer tem ciência do que está acontecendo.
Na maioria dos casos, o processo que envolve a transformação de outros em vítimas acontece de maneira sutil, emocional e não traduzida em palavras.
Lança-se a culpa silenciosa e encoberta sem se pronunciar uma palavra.
Ela é expressa indiretamente, de muitas formas.
Pois bem, é evidente que a primeira necessidade é a consciência concisa e articulada; caso contrário, a resposta inconsciente virá de maneira igualmente destrutiva, como uma suposta autodefesa.
Nesse caso, nenhuma das pessoas conhece de fato os intricados níveis de ação, reação e interação, até que os fios ficam tão emaranhados que parece impossível desembaraçá-los.
Muitos relacionamentos tropeçam por causa dessa interação inconsciente.
A responsabilização dos outros espalha o veneno, o medo e uma dose de culpa pelo menos igual àquela que se tenta projetar.
Os alvos da acusação podem reagir de muitas formas diferentes, de acordo com seus próprios problemas e conflitos não-solucionados.
Desde que a reação é cega e a projeção de culpa é inconsciente , a contrapartida também é neurótica e destrutiva.
Só a percepção consciente pode pôr fim a esse padrão.
Só então será possível recusar um ônus que tentam colocar sobre os seus ombros.
Só então é possível traduzir a questão em palavras e dar-lhe contornos definidos.
COMO ALCANÇAR SATISFAÇÃO E PRAZER
Num relacionamento prestes a florescer, é preciso ficar de sobreaviso com respeito a esse perigo, que é ainda mais difícil de detectar por causa da grande disseminação do hábito de projetar a culpa.
Portanto, os envolvidos deveriam procurar esses hábitos em si mesmos bem como na outra pessoa.
Não estamos falando de confronto direto por causa de algum erro cometido pelo outro.
Estamos nos referindo à sutil responsabilização do outro pela infelicidade pessoal.
É isso que precisa ser questionado.
A única forma de evitar tornar-se vítima da responsabilização e da projeção da culpa é evitar fazer isso com os outros.
Quem adota essa atitude sutilmente negativa
– e o jeito de agir de uma pessoa pode ser diferente do jeito da outra
– deixa de perceber o que lhe fazem e, assim, transforma-se em vítima.
O simples fato de se conscientizar muda tudo
– independentemente de se passar ou não para a expressão verbal e para o confronto com o outro.
Somente o fato de a pessoa explorar, sem defensividade, e aceitar as próprias reações problemáticas e distorções, o negativismo e a destrutividade, pode desarmar a projeção da culpa no outro.
É somente nessas circunstâncias que a pessoa não é arrastada para um labirinto de falsidade e confusão, onde a incerteza, a defensividade e a fraqueza podem fazê-la recuar ou partir para o excesso de agressividade.
Só então termina a confusão entre auto-afirmação e hostilidade, entre flexibilidade para fazer concessões e submissão doentia.
Estes são os aspectos que determinam a capacidade de lidar com os relacionamentos.
Quanto mais profundamente entendidas e vividas forem essas novas atitudes, tanto mais íntima, satisfatória e bonita se tornará a interação humana.
Como vocês podem afirmar seus direitos e abrir-se ao mundo de satisfação e de prazer ?
Como podem amar sem medo, se não abordarem o relacionamento da maneira delineada acima?
A menos que vocês se purifiquem, aprendendo a agir assim,
sempre haverá uma ameaça à intimidade: o risco de um dos parceiros, ou de ambos, recorrer ao uso do açoite da culpa.
O amor, a aceitação, a intimidade profunda e gratificante com os outros podem ser uma força unicamente positiva, sem qualquer ameaça, se esses embustes forem examinados,
revelados e desfeitos.
É da máxima importância, procurar por eles dentro de vocês.
O tipo de relacionamento mais desafiante, bonito,
espiritualmente significativo e propício ao desenvolvimento é o relacionamento entre um casal.
A força que reúne duas pessoas no amor e na atração, e o prazer envolvido, são um aspecto do ser na realidade cósmica.
É como se cada entidade criada conhecesse inconscientemente a ventura desse estado e buscasse concretizá-la da forma mais poderosa que a humanidade tem a seu alcance: o amor e a sexualidade do casal.
A força que os une é a mais pura energia espiritual, que dá uma idéia do mais puro estado espiritual.
Quando um casal fica junto num relacionamento mais duradouro e comprometido, a capacidade de conservar e até mesmo de aumentar a felicidade depende totalmente da forma como um se relaciona com o outro.
Ambos estão cientes da relação direta entre o prazer duradouro e o desenvolvimento interior?
Usam as inevitáveis dificuldades do relacionamento como gabarito de suas próprias dificuldades internas?
Comunicam-se de maneira mais profunda, honesta e auto-reveladora, expondo os problemas interiores, ajudando-se mutuamente ?
As respostas a essas perguntas determinam se o relacionamento tropeça, termina, estaciona
– ou floresce.
Examinando o mundo à nossa volta, vocês verão, sem dúvida,
que muito poucos seres humanos se desenvolvem e se revelam com tanta transparência.
Um número igualmente pequeno percebe que crescer com o outro e através dele determina a solidez dos sentimentos do prazer, do amor e respeito duradouros.
Portanto, não é de surpreender que os sentimentos, quase sempre, fiquem mais ou menos amortecidos nos relacionamentos prolongados.
As dificuldades que surgem no relacionamento sempre são sinais de algo que não foi cuidado.
Elas são uma mensagem clara para quem quiser ouvir.
Quanto mais cedo ela for ouvida, mais energia espiritual será liberada, possibilitando a ampliação do estado de felicidade e do eu interior dos dois parceiros.
Existe um mecanismo, no relacionamento de um casal, que pode ser comparado a um instrumento calibrado com muita precisão, mostrando os aspectos mais delicados e sutis da relação e o estado das duas pessoas envolvidas.
Este fato não tem o reconhecimento que merece nem mesmo por parte das pessoas mais conscientes e sofisticadas,
familiarizadas com outros aspectos da verdade espiritual e psicológica.
A cada hora do dia, o estado interior e os sentimentos de uma pessoa testemunham se estágio de desenvolvimento.
Na medida em que esse sinais são ouvidos, florescem a interação, os sentimentos e a liberdade de fluxo dentro de cada um e entre os dois.
O relacionamento perfeitamente amadurecido e espiritualmente válido precisa estar sempre profundamente ligado ao crescimento pessoal.
No momento em que o relacionamento é percebido como irrelevante para o desenvolvimento interior e, por assim dizer , abandonado à própria sorte, ele começa a tropeçar.
Somente quando os dois parceiros crescem até o máximo do seu potencial é que o relacionamento pode tornar-se mais e mais dinâmico e vivo.
Esse trabalho precisa ser feito individualmente e em conjunto.
Se o relacionamento é encarado dessa maneira, seus alicerces se apóiam na rocha, não na areia.
Medo nenhum jamais criará raízes em tais circunstâncias.
Os sentimentos se ampliam, e aumenta a segurança de cada um e em cada um.
A qualquer momento, cada parceiro serve como espelho do estado interior do outro e, por conseguinte, do relacionamento.
O conflito ou a apatia indicam sempre que alguma coisa está travada.
Existe não esclarecida entre os dois alguma interação, que precisa ser examinada.
Se ela for entendida e analisada, o desenvolvimento será retornado com velocidade máxima e, no plano dos sentimentos, a felicidade, o contentamento, a experiência profunda e o êxtase serão sempre mais intensos e belos, e a vida adquirirá um novo significado.
Inversamente, o medo da intimidade implica rigidez e recusa em assumir uma parcela da responsabilidade pelas dificuldades do relacionamento.
Qualquer pessoa que ignore esses princípios, ou que os aceite apenas da boca para fora, não está emocionalmente preparada para assumir a responsabilidade pelo seu sofrimento interior – havendo ou não um relacionamento.
Vocês vêem que é da maior importância reconhecer que o contentamento e a beleza, que são realidades espirituais eternas, estão ao alcance de todos os que procuram a chave dos problemas na interação humana, bem como na solidão, no seu próprio coração.
O verdadeiro desenvolvimento é tanto uma realidade espiritual como o são a satisfação profunda, a viva animação e o relacionamento feliz e alegre.
Quando vocês tiverem interiormente preparados para se relacionar com outro ser humano dessa maneira, encontrarão o parceiro adequado, com o qual será possível esse tipo de partilha.
O uso dessa chave poderosíssima já não inspirará temor nem resolverá medos conscientes ou inconscientes.
Vocês jamais se sentirão impotentes ou vitimizados quando ocorrer em sua vida essa importante transição e pararem de culpar os outros pelo que vivem ou deixam de viver.
Nesse estágio de desenvolvimento e de satisfação , a beleza e a vida transformam-se em uma só coisa.
Que vocês levem consigo esse novo material e a energia interior despertada pela boa vontade.
Que essas palavras possam ser o início de uma nova maneira de encarar a vida, para finalmente poderem dizer :
“Quero expor meus bons sentimentos.
Quero procurar a causa dentro de mim , e não do outro, para passar a ser livre para amar”.
Esse tipo de reflexão, sem dúvida, trará frutos.
Se vocês levarem consigo uma semente, uma parcela deste artigo, ela terá sido realmente proveitosa.
“SE TORNEM OS DEUSES QUE POTENCIALMENTE VOCÊS SÃO”
SHAUMBRA E NAMASTÊ !!!


Este artigo continua tratando dos relacionamentos e de sua grande importância do ponto de vista espiritual  
– o do desenvolvimento individual e da unificação.
Primeiramente , gostaríamos de ressaltar que , no plano humano da manifestação, há unidades distintas de consciência , que às vezes se harmonizam, mas com muita freqüência são conflitantes, gerando atrito e crise.
No entanto, além desse plano de manifestação, não existem unidades fragmentárias de consciência.
Existe apenas uma consciência, da qual toda entidade criada é apenas uma manifestação diferente.
Quando a pessoa mostra seu verdadeiro valor, ela experimenta esta verdade sem, contudo, perder o senso de individualidade.
Isso pode ser nitidamente sentido quando vocês lidam com suas desarmonias internas; pois ali também se aplicam exatamente o mesmo princípio.
DESENVOLVIMENTO DESIGUAL DE PARTES DA CONSCIÊNCIA
No seu estado atual, uma parte do ser mais íntimo está desenvolvida e rege o que vocês pensam, sentem, desejam e fazem.
Há outras partes ainda em condições de menor desenvolvimento, que também regem e influenciam os pensamentos, os sentimentos, os desejos e a atuação.
Assim, vocês estão divididos, o que sempre gera tensão, dor e ansiedade, além de dificuldades internas e externas.
Alguns aspectos da personalidade são autênticos, e outros apresentam erros e distorções.
A confusão conseqüente provoca sérias perturbações.
O que as pessoas geralmente fazem é ignorar um desses aspectos e identificar-se com o outro.
No entanto, negar uma parte de si mesmo não resulta em unificação.
Pelo contrário, aumenta a divisão.
O que se deve fazer é trazer à tona o lado divergente e conflitante e encará-lo
– encarar a ambivalência por inteiro.
Só então é possível encontrar a realidade última do eu unificado.
Como vocês sabem, a unificação e a paz surgem na medida em que a natureza do conflito interior è admitida, aceita e entendida.
Exatamente a mesma lei se aplica à unidade ou dissensão entre entidades visivelmente separadas e diferentes.
Elas também são uma só coisa, além do nível da aparência.
A dissensão é provocada, não apenas por diferenças reais entre as unidades de consciência mas, como também acontece com cada um, por diferenças no desenvolvimento da consciência universal manifestada.
Embora o princípio da unificação seja exatamente o mesmo dentro das pessoas e entre elas, ele não pode ser aplicado a outro ser humano se primeiramente não tiver sido aplicado ao eu interior.
Se as partes divergentes do eu não forem aproximadas, de acordo com esta verdade, se a ambivalência não for encarada,
aceita e entendida, o processo de unificação pode não ser colocado em prática com outra pessoa.
Este é um fato muito importante, que explica a grande ênfase dada pelo Trabalho do Caminho à prioridade das questões do eu.
Somente nessas condições o relacionamento pode ser cultivado de maneira significativa e eficaz.
ELEMENTOS DE DISSENSÃO E DE UNIFICAÇÃO
O relacionamento constitui o maior desafio para a pessoa, pois é apenas no relacionamento com os outros que os problemas não-resolvidos, ainda presentes na psique individual, são afetados e ativados.
Muitas pessoas evitam a interação com seus semelhantes, para poder conservar a ilusão de que os problemas decorrem do outro, já que é só na presença deste, não do isolamento, que surge a sensação de perturbação.
No entanto, quanto menos contato for cultivado, mais acentuado se torna o anseio por ele.
Trata-se, aqui, de um tipo diferente de dor
– a dor da solidão e da frustração.
No entanto, o contato torna difícil manter a ilusão, pelo tempo que for, de que o eu interior não tem defeitos e é harmonioso.
É preciso haver uma anomalia mental para alegar por muito tempo que os problemas de alguém no relacionamento são causados exclusivamente pelos outros.
É por isso que os relacionamentos são simultaneamente uma satisfação, um desafio e uma medida de avaliação do estado interior.
O atrito decorrente do relacionamento com os outros pode ser um penetrante instrumento de purificação e autoconhecimento para quem quer usá-lo.
Ao recuar diante desse desafio e sacrificar a realização do contato íntimo, muitos problemas internos jamais serão ativados.
A ilusão da paz e da unidade internas proporcionadas pela fuga ao relacionamento resultou até mesmo na crença de que o crescimento espiritual é intensificado pelo isolamento.
Nada poderia estar mais distante da verdade.
É preciso não confundir essa afirmação com a noção de que períodos de solidão são necessários para a concentração interior e auto-exame.
Mas esses períodos devem sempre ser alternados com períodos de contato
– quanto mais íntimo for esse contato, maior grau de maturidade espiritual ele indica.
O contato e a falta de contato com os outros podem ser observados em vários estágios.
Há muitos graus de contato entre os extremos absolutos do completo isolamento externo e interno, de um lado, e a mais íntima e profunda relação, de outro.
Existem aqueles que desenvolveram certa capacidade superficial de se relacionar, mas mesmo assim fogem da revelação mútua mais significativa, aberta, sem disfarces.
Nós poderíamos dizer que o ser humano médio da atualidade oscila em torno de algum ponto entre os dois extremos.
A REALIZAÇÃO COMO GABARITO DO DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Também é possível medir o senso pessoal de realização por meio da profundidade da capacidade de se relacionar e de ter contato íntimo, por meio da força dos sentimentos que a pessoa se permite ter e pela disposição em dar e receber.
A frustração indica a falta de contatos, o que , por sua vez, é um indício preciso de que o eu recua diante do desafio do relacionamento, sacrificando assim a realização pessoal, o prazer, o amor e a alegria.
Quando alguém quer compartilhar apenas recebendo de acordo com seus termos mas, na verdade, secretamente, não deseja compartilhar, seus anseios não são satisfeitos.
As pessoas fariam bem em considerar seus anseios insatisfeitos desse ponto de vista, em vez de concordar com a suposição comum de que elas não têm sorte e que a vida é má.
O contentamento e a realização de cada um no relacionamento é um gabarito muito negligenciado para aferir o desenvolvimento pessoal.
O relacionamento com os outros reflete o estado de cada um e ,dessa forma, contribui diretamente para a purificação de si mesmo.
Inversamente, só a total honestidade e capacidade de se enxergar podem conservar o relacionamento, ampliar os sentimentos e fazer o contato florescer no convívio prolongado.
Assim, você pode ver que os relacionamentos representam um aspecto de enorme importância no crescimento humano.
O poder e a importância do relacionamento muitas vezes apresentam sérios problemas para os que ainda sofrem por causa de seus conflitos internos.
O anseio insatisfeito torna-se insuportavelmente doloroso para quem prefere isolar-se porque tem dificuldades de contato.
A situação só pode ser resolvida quando a pessoa decide seriamente procurar dentro de si a causa do conflito, sem lançar mão de defesa de culpa aniquilante e sem se culpar, o que naturalmente elimina qualquer possibilidade de chegar de fato ao cerne do conflito.
Essa busca, junto com a vontade interna de mudar, precisa ser cultivada, para fugir ao doloroso dilema em que as duas alternativas possíveis
– o isolamento e o contato – são insuportáveis.
É importante lembrar que o retraimento pode ser muito sutil e não ser exteriormente perceptível, manifestando-se apenas como certa circunspecção e auto proteção deturpada.
O bom companheirismo nem sempre implica a capacidade e a vontade de permitir maior intimidade.
Para muitos, a intimidade é pesada demais.
À primeira vista pode haver uma relação com o fato de os outros serem muito difíceis, mas na realidade a dificuldade está no eu, por mais imperfeitos que os outros também possam ser.
QUEM É RESPONSÁVEL PELO RELACIONAMENTO ?
Quando duas pessoas de níveis diferentes de desenvolvimento espiritual se envolvem, aquela que está mais desenvolvida é sempre responsável pelo relacionamento.
Especificando, aquela pessoa que tem a responsabilidade de sondar as camadas profundas de interação que geram atrito e desarmonia entre as partes.
A pessoa menos desenvolvida não tem a mesma capacidade de levar adiante essa busca, pois ainda está na fase de culpar o outro e depender da conduta “correta” do outro para evitar os desentendimentos ou a frustração.
Além disso, a pessoa menos desenvolvida está sempre presa ao erro fundamental da dualidade.
De sua perspectiva, qualquer atrito significa que “apenas um de nós está certo”.
Essa pessoa se sente automaticamente inocentada quando o outro tem algum problema, embora na realidade na sua participação negativa possa ser infinitamente mais grave que a do parceiro.
A pessoa espiritualmente mais desenvolvida é capaz de ter uma percepção não dualista, realista.
Ela sabe que qualquer um dos dois pode ter um problema grave, mas isso não elimina a importância de um problema possivelmente muito menor do outro.
A pessoa mais desenvolvida sempre está pronta e disposta a apurar sua própria participação, sempre que é negativamente afetada, por mais flagrantemente errado que o parceiro possa estar.
A pessoa imatura e primitiva, sob o aspecto espiritual e emocional sempre põe o grosso da culpa no outro.
Tudo isso se aplica a qualquer tipo de relacionamento:
um casal, pais e filhos, amigos, contatos profissionais.
A tendência a tornar-se emocionalmente dependente dos outros
– cuja superação é um aspecto muito importante do processo de crescimento
– deriva, em grande medida, do desejo de eximir-se de culpa ou de evitar dificuldades durante a formação e a manutenção de um relacionamento.
Parece tão mais fácil jogar a maior parte dessa carga sobre os outros!
Mas a que preço!
Essa conduta torna a pessoa verdadeiramente impotente e cria o isolamento , ou a sequência interminável de dor e de conflito com os outros.
Apenas quando cada um começa realmente a assumir a responsabilidade que lhe cabe, examinando os seus próprios problemas no relacionamento e demonstrando vontade de mudar, é que se instala a liberdade e os relacionamentos se tornam proveitosos e felizes.
Se a pessoa de maior desenvolvimento se recusar a assumir o dever espiritual de responsabilidade pelo relacionamento e procurar o núcleo interior de dissensão, ela jamais entenderá de fato a interação, a interligação dos problemas.
A relação, nesse caso, começará a se deteriorar, deixando as duas partes confusas e menos capazes de conviver consigo mesmas e com os outros.
Por outro lado, se a pessoa espiritualmente desenvolvida aceitar essa responsabilidade, ela também ajudará, sutilmente ,o parceiro.
Se conseguir resistir à tentação de constantemente ridicularizar os evidentes pontos fracos de outros e olhar para dentro de si, ela aumentará consideravelmente seu desenvolvimento e espalhará paz e alegria.
O veneno do atrito logo será eliminado.
Também será possível encontrar outros parceiros de um processo de crescimento realmente recíproco.
Quando dois iguais se relacionam, ambos são inteiramente responsáveis pelo relacionamento.
Este é, de fato, um belo empreendimento, um estado de reciprocidade profundamente gratificante.
A menor variação de humor será interpretada de acordo com seu significado interno e, assim, o processo de crescimento será mantido.
Ambos se verão como co-autores da imperfeição passageira
– seja um atrito real ou uma apatia transitória.
A realidade interior da interação se tornará cada vez mais significativa.
Com isso, o relacionamento fica em geral a salvo de danos.
Queremos ressaltar, agora , que quando falamos em responsabilidade pela pessoa menos desenvolvida, não queremos dizer que um ser humano possa sempre arcar com as dificuldades reais dos outros.
Isso nunca pode acontecer.
O que queremos dizer é que as dificuldades da interação num relacionamento não costumam ser exploradas em profundidade pela pessoa cujo desenvolvimento espiritual é mais rudimentar.
Esta responsabilizará os outros pela sua infelicidade ou pela desarmonia de uma determinada interação, não tendo capacidade ou vontade de ver o quadro todo.
Assim, ela não está em condições de eliminar a desarmonia.
Só os que assumem a responsabilidade de encontrar a perturbação interior e seu efeito sobre as duas partes são capazes de ver esse quadro.
Por conseguinte, a pessoa espiritualmente mais primitiva sempre depende da mais evoluída.
O relacionamento no qual a destrutividade do parceiro menos evoluído torna impossível o desenvolvimento, a harmonia e os bons sentimentos, ou no qual o contato é predominantemente negativo, deve ser rompido.
Via de regra, a pessoa mais desenvolvida deve tomar a iniciativa.
O fato de ela não romper indica alguma fraqueza ou medo não reconhecidos que precisam ser enfrentados.
Se o relacionamento for terminado por esse motivo, ou seja,
porque é mais destrutivo e causador de sofrimento do que construtivo e harmonioso, isso deve ser feito quando os problemas internos e as ações recíprocas foram plenamente reconhecidas pela parte que tomar a iniciativa de cortar um antigo vínculo.
Isso impedirá que essa pessoa entre em outros relacionamentos onde existam correntes e ações recíprocas semelhantes.
Também significa que a decisão de romper foi tomada tendo em vista o crescimento, e não por despeito, medo ou fuga.
INTERAÇÕES DESTRUTIVAS
Explorar a interação subjacente e os diversos efeitos de um relacionamento no qual são escancaradas e aceitas as dificuldades dos dois parceiros não é nem um pouco fácil.
Mas nada pode ser mais belo e gratificante.
Qualquer um que atinja o estado de iluminação em que isso se torna possível já não precisa ter medo de nenhum tipo de interação.
As dificuldades e os medos surgem na medida exata em que um continua projetando seus problemas no outro, ao relacionar-se, e continua considerando os outros responsáveis por tudo o que não seja do seu agrado.
Esse fenômeno pode assumir muitas formas sutis.
Pode ser que alguém se concentre sistematicamente nos defeitos dos outros, porque, à primeira vista, essa atitude lhe parece justificada.
Pode ser que alguém sutilmente exagere a ênfase dada a um dos lados da interação ou que exclua o outro.
Distorções como essas indicam projeção e repúdio da responsabilidade pessoal pelas dificuldades do relacionamento.
Esse repúdio fomenta a dependência da perfeição da outra parte, o que por sua vez gera medo, hostilidade e decepção sempre que o outro não corresponde ao padrão de perfeição.
Não importa o erro que a outra pessoa cometa; se isso for motivo de perturbação, é porque vocês deixaram de ver alguma coisa em si mesmos.
Usamos a palavra perturbação neste sentido.
Não estou falando da raiva bem definida, que se expressa sem culpa e que não tem nenhum resíduo de confusão interna ou de dor.
Queremos falar do tipo de perturbação que nasce de um conflito e fomenta outros conflitos.
As pessoas mostram forte tendência a dizer:
“Você está me fazendo tal coisa“.
O jogo que envolve tornar os outros culpados é tão difundido que dificilmente é notado.
Um ser humano culpa o outro, um país culpa o outro , um grupo culpa o outro.
Este é um processo constante no atual nível de desenvolvimento da humanidade.
Na realidade, é um dos processos mais prejudiciais e ilusórios que se pode imaginar.
As pessoas têm um prazer com isso, embora a dor e os conflitos insolúveis que se seguem sejam infinitamente desproporcionais à insignificância de um prazer momentâneo.
Os que jogam esse jogo prejudicam de fato a si mesmos e aos outros, e recomendamos enfaticamente que vocês comecem a se conscientizar do envolvimento cego nesse jogo de acusações.
E o que dizer da “vítima”?
Como ela deve agir ?
Para a vítima, o primeiro problema é que ela nem sequer tem ciência do que está acontecendo.
Na maioria dos casos, o processo que envolve a transformação de outros em vítimas acontece de maneira sutil, emocional e não traduzida em palavras.
Lança-se a culpa silenciosa e encoberta sem se pronunciar uma palavra.
Ela é expressa indiretamente, de muitas formas.
Pois bem, é evidente que a primeira necessidade é a consciência concisa e articulada; caso contrário, a resposta inconsciente virá de maneira igualmente destrutiva, como uma suposta autodefesa.
Nesse caso, nenhuma das pessoas conhece de fato os intricados níveis de ação, reação e interação, até que os fios ficam tão emaranhados que parece impossível desembaraçá-los.
Muitos relacionamentos tropeçam por causa dessa interação inconsciente.
A responsabilização dos outros espalha o veneno, o medo e uma dose de culpa pelo menos igual àquela que se tenta projetar.
Os alvos da acusação podem reagir de muitas formas diferentes, de acordo com seus próprios problemas e conflitos não-solucionados.
Desde que a reação é cega e a projeção de culpa é inconsciente , a contrapartida também é neurótica e destrutiva.
Só a percepção consciente pode pôr fim a esse padrão.
Só então será possível recusar um ônus que tentam colocar sobre os seus ombros.
Só então é possível traduzir a questão em palavras e dar-lhe contornos definidos.
COMO ALCANÇAR SATISFAÇÃO E PRAZER
Num relacionamento prestes a florescer, é preciso ficar de sobreaviso com respeito a esse perigo, que é ainda mais difícil de detectar por causa da grande disseminação do hábito de projetar a culpa.
Portanto, os envolvidos deveriam procurar esses hábitos em si mesmos bem como na outra pessoa.
Não estamos falando de confronto direto por causa de algum erro cometido pelo outro.
Estamos nos referindo à sutil responsabilização do outro pela infelicidade pessoal.
É isso que precisa ser questionado.
A única forma de evitar tornar-se vítima da responsabilização e da projeção da culpa é evitar fazer isso com os outros.
Quem adota essa atitude sutilmente negativa
– e o jeito de agir de uma pessoa pode ser diferente do jeito da outra
– deixa de perceber o que lhe fazem e, assim, transforma-se em vítima.
O simples fato de se conscientizar muda tudo
– independentemente de se passar ou não para a expressão verbal e para o confronto com o outro.
Somente o fato de a pessoa explorar, sem defensividade, e aceitar as próprias reações problemáticas e distorções, o negativismo e a destrutividade, pode desarmar a projeção da culpa no outro.
É somente nessas circunstâncias que a pessoa não é arrastada para um labirinto de falsidade e confusão, onde a incerteza, a defensividade e a fraqueza podem fazê-la recuar ou partir para o excesso de agressividade.
Só então termina a confusão entre auto-afirmação e hostilidade, entre flexibilidade para fazer concessões e submissão doentia.
Estes são os aspectos que determinam a capacidade de lidar com os relacionamentos.
Quanto mais profundamente entendidas e vividas forem essas novas atitudes, tanto mais íntima, satisfatória e bonita se tornará a interação humana.
Como vocês podem afirmar seus direitos e abrir-se ao mundo de satisfação e de prazer ?
Como podem amar sem medo, se não abordarem o relacionamento da maneira delineada acima?
A menos que vocês se purifiquem, aprendendo a agir assim,
sempre haverá uma ameaça à intimidade: o risco de um dos parceiros, ou de ambos, recorrer ao uso do açoite da culpa.
O amor, a aceitação, a intimidade profunda e gratificante com os outros podem ser uma força unicamente positiva, sem qualquer ameaça, se esses embustes forem examinados,
revelados e desfeitos.
É da máxima importância, procurar por eles dentro de vocês.
O tipo de relacionamento mais desafiante, bonito,
espiritualmente significativo e propício ao desenvolvimento é o relacionamento entre um casal.
A força que reúne duas pessoas no amor e na atração, e o prazer envolvido, são um aspecto do ser na realidade cósmica.
É como se cada entidade criada conhecesse inconscientemente a ventura desse estado e buscasse concretizá-la da forma mais poderosa que a humanidade tem a seu alcance: o amor e a sexualidade do casal.
A força que os une é a mais pura energia espiritual, que dá uma idéia do mais puro estado espiritual.
Quando um casal fica junto num relacionamento mais duradouro e comprometido, a capacidade de conservar e até mesmo de aumentar a felicidade depende totalmente da forma como um se relaciona com o outro.
Ambos estão cientes da relação direta entre o prazer duradouro e o desenvolvimento interior?
Usam as inevitáveis dificuldades do relacionamento como gabarito de suas próprias dificuldades internas?
Comunicam-se de maneira mais profunda, honesta e auto-reveladora, expondo os problemas interiores, ajudando-se mutuamente ?
As respostas a essas perguntas determinam se o relacionamento tropeça, termina, estaciona
– ou floresce.
Examinando o mundo à nossa volta, vocês verão, sem dúvida,
que muito poucos seres humanos se desenvolvem e se revelam com tanta transparência.
Um número igualmente pequeno percebe que crescer com o outro e através dele determina a solidez dos sentimentos do prazer, do amor e respeito duradouros.
Portanto, não é de surpreender que os sentimentos, quase sempre, fiquem mais ou menos amortecidos nos relacionamentos prolongados.
As dificuldades que surgem no relacionamento sempre são sinais de algo que não foi cuidado.
Elas são uma mensagem clara para quem quiser ouvir.
Quanto mais cedo ela for ouvida, mais energia espiritual será liberada, possibilitando a ampliação do estado de felicidade e do eu interior dos dois parceiros.
Existe um mecanismo, no relacionamento de um casal, que pode ser comparado a um instrumento calibrado com muita precisão, mostrando os aspectos mais delicados e sutis da relação e o estado das duas pessoas envolvidas.
Este fato não tem o reconhecimento que merece nem mesmo por parte das pessoas mais conscientes e sofisticadas,
familiarizadas com outros aspectos da verdade espiritual e psicológica.
A cada hora do dia, o estado interior e os sentimentos de uma pessoa testemunham se estágio de desenvolvimento.
Na medida em que esse sinais são ouvidos, florescem a interação, os sentimentos e a liberdade de fluxo dentro de cada um e entre os dois.
O relacionamento perfeitamente amadurecido e espiritualmente válido precisa estar sempre profundamente ligado ao crescimento pessoal.
No momento em que o relacionamento é percebido como irrelevante para o desenvolvimento interior e, por assim dizer , abandonado à própria sorte, ele começa a tropeçar.
Somente quando os dois parceiros crescem até o máximo do seu potencial é que o relacionamento pode tornar-se mais e mais dinâmico e vivo.
Esse trabalho precisa ser feito individualmente e em conjunto.
Se o relacionamento é encarado dessa maneira, seus alicerces se apóiam na rocha, não na areia.
Medo nenhum jamais criará raízes em tais circunstâncias.
Os sentimentos se ampliam, e aumenta a segurança de cada um e em cada um.
A qualquer momento, cada parceiro serve como espelho do estado interior do outro e, por conseguinte, do relacionamento.
O conflito ou a apatia indicam sempre que alguma coisa está travada.
Existe não esclarecida entre os dois alguma interação, que precisa ser examinada.
Se ela for entendida e analisada, o desenvolvimento será retornado com velocidade máxima e, no plano dos sentimentos, a felicidade, o contentamento, a experiência profunda e o êxtase serão sempre mais intensos e belos, e a vida adquirirá um novo significado.
Inversamente, o medo da intimidade implica rigidez e recusa em assumir uma parcela da responsabilidade pelas dificuldades do relacionamento.
Qualquer pessoa que ignore esses princípios, ou que os aceite apenas da boca para fora, não está emocionalmente preparada para assumir a responsabilidade pelo seu sofrimento interior – havendo ou não um relacionamento.
Vocês vêem que é da maior importância reconhecer que o contentamento e a beleza, que são realidades espirituais eternas, estão ao alcance de todos os que procuram a chave dos problemas na interação humana, bem como na solidão, no seu próprio coração.
O verdadeiro desenvolvimento é tanto uma realidade espiritual como o são a satisfação profunda, a viva animação e o relacionamento feliz e alegre.
Quando vocês tiverem interiormente preparados para se relacionar com outro ser humano dessa maneira, encontrarão o parceiro adequado, com o qual será possível esse tipo de partilha.
O uso dessa chave poderosíssima já não inspirará temor nem resolverá medos conscientes ou inconscientes.
Vocês jamais se sentirão impotentes ou vitimizados quando ocorrer em sua vida essa importante transição e pararem de culpar os outros pelo que vivem ou deixam de viver.
Nesse estágio de desenvolvimento e de satisfação , a beleza e a vida transformam-se em uma só coisa.
Que vocês levem consigo esse novo material e a energia interior despertada pela boa vontade.
Que essas palavras possam ser o início de uma nova maneira de encarar a vida, para finalmente poderem dizer :
“Quero expor meus bons sentimentos.
Quero procurar a causa dentro de mim , e não do outro, para passar a ser livre para amar”.
Esse tipo de reflexão, sem dúvida, trará frutos.
Se vocês levarem consigo uma semente, uma parcela deste artigo, ela terá sido realmente proveitosa.
“SE TORNEM OS DEUSES QUE POTENCIALMENTE VOCÊS SÃO”
SHAUMBRA E NAMASTÊ !!!
http://andromedalive.blogspot.com/2012/01/os-relacionamentos-sob-perspectiva.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.