segunda-feira, 16 de abril de 2012
Nós gostaríamos de discutir três importantes atributos
divinos :
amor , poder e serenidade , e como eles se manifestam em suas
formas distorcidas.
Na pessoa saudável , esses três princípios operam lado a lado
,
em perfeita harmonia , alternando-se de acordo com cada
situação específica.
Eles se complementam e se fortalecem uns aos outros.
É mantida a flexibilidade entre eles , de forma que nenhum
desses três atributos jamais pode contradizer a um outro ou interferir com ele.
Contudo , na personalidade distorcida eles se excluem
mutuamente.
Um contradiz o outro , de forma a criar conflito. Isso
acontece porque um desses atributos é inconscientemente escolhido pela pessoa
para ser usado como solução para os problemas da vida.
As atitudes de submissão , de agressividade e de retraimento
são as distorções do amor , do poder e da serenidade.
Agora nós gostaríamos de falar com detalhes sobre o modo como
elas operam na psique , como formam uma suposta solução e como a atitude
dominante cria padrões dogmáticos ,
rígidos , que são então incorporados à auto-imagem
idealizada.
Quando criança , o ser humano encontra decepção , desamparo e
rejeição – reais e imaginários.
Esses sentimentos criam insegurança e falta de autoconfiança
,
que a pessoa tenta superar , infelizmente sempre de maneira
errada.
Para dominar as dificuldades criadas , não apenas na infância
como também mais tarde na vida como conseqüência de se recorrer a soluções
erradas , as pessoas se envolvem cada vez mais em um círculo vicioso.
Sem se dar conta de que a mesma “solução” que elas
assumem traz problemas e decepções , tentam de forma ainda mais árdua levar até
o fim aquilo que consideram como sendo a solução. Quanto menos são capazes de
fazê-lo ,mais duvidam de si mesmas ; e quanto mais duvidam de si mesmas , mais
se perdem na solução equivocada.
AMOR/SUBMISSÃO
Uma dessas soluções falsas é o amor.
O sentimento é :
“Se eu fosse amado , tudo estaria bem.”
Em outras palavras , espera-se que o amor resolva todos os
problemas.
Desnecessário dizer que isso não é verdade , especialmente
quando se considera a maneira como se espera que esse amor seja dado.
Na realidade , uma pessoa perturbada que adota essa solução
dificilmente é capaz de experimentar amor.
Para receber amor , uma pessoa assim desenvolve várias
tendências e padrões de comportamento interior e exterior e de reação , típicos
da personalidade , que tende a tornar o indivíduo mais fraco e indefeso do que
realmente é.
Assumindo mais e mais características de auto-obliteração
para obter amor e proteção , o que por si mesmo parece prometer segurança
contra o aniquilamento , a pessoa atende às demandas reais ou imaginárias dos
outros , encolhendo-se e rastejando ao ponto de vender a alma para receber
aprovação ,
simpatia , auxílio e amor. Inconscientemente , essas pessoas
crêem que a auto-afirmação e o ato de defender os seus desejos e necessidades
equivalem a privar-se do único valor da vida :
aquele de ser cuidado como uma criança – não necessariamente
em questões financeiras , mas emocionalmente.
Essas pessoas alegam uma imperfeição , um desamparo , uma
submissão que não são genuínos.
Elas usam essas falsas fraquezas como uma arma e um meio de
finalmente vencer e dominar a vida.
Para não expor essa falsidade , essas tendências ficam
incorporadas na auto-imagem idealizada.
Assim as pessoas são bem-sucedidas em acreditar que todas
essas tendências são sinais da sua bondade , santidade , do seu altruísmo.
Quando elas se “sacrificam” para finalmente possuir um forte e
amoroso protetor , ficam orgulhosas da sua capacidade de sacrifício altruísta ;
orgulhosas da sua “modéstia” , elas nunca alegam conhecimento , realização , força.
Dessa forma esperam forçar os outros a sentir-se amorosos e
protetores em relação a elas.
Existem muitíssimos aspectos dessa pretensa solução.
Eles têm de ser persistentemente descobertos no trabalho que
você está fazendo.
Não é fácil detectá-las de vez que essas atitudes estão
profundamente arraigadas e parecem ter se tornado uma parte da personalidade “amorosa” da
pessoa.
Além do mais , elas podem ser frequentemente afastadas ,
através de racionalização , por necessidades aparentemente
reais.
Por último , elas são sempre contrariadas pelas tendências
opostas ou por outras soluções falsas , que também sempre estão presentes na
alma , embora não sejam tão predominantes.
Da mesma forma , os outros tipos que usam soluções falsas
encontrarão aspectos de submissão em sua psique.
A extensão em que essa pretensa solução é predominante varia
de pessoa para pessoa , assim como a intensidade com que ela é contrariada por
outras soluções.
A pessoa com a atitude predominantemente submissa vai ter um
pouco mais de dificuldade para descobrir o orgulho que prevalece em todas essas
atitudes.
O orgulho nos outros tipos está bem na superfície ; estes
podem ficar orgulhosos do seu orgulho , podem ter orgulho da sua agressividade
e cinismo ; mas , uma vez que o tenham visto , ele não pode mais ser disfarçado
de “amor” , de “modéstia” , ou de qualquer outra atitude “virtuosa”.
O tipo submisso terá que olhar com olhos muito perspicazes
para essas tendências para descobrir como ele as idealiza.
Pode existir uma reação de crítica e desprezo distantes por
todas as pessoas que se auto-afirmam , mesmo que seja apenas uma auto-afirmação
saudável e não uma agressividade que surja de uma distorção ao poder.
Esse tipo de personalidade pode simultaneamente também
admitir e invejar a agressão dos outros , ainda que a despreze ,
apesar de se sentir superior em “desenvolvimento
espiritual” ou “padrões éticos” , e pode dizer ou pensar :
“Se eu pudesse ser assim , conseguiria mais da vida.”
Ao fazê-lo , contudo , uma pessoa desse tipo enfatiza a “bondade” que a
impede de ter o que as pessoas “menos boas” obtêm.
O orgulho do martírio e do auto-sacrifício torna difícil a
descoberta do que está por baixo da superfície.
Só uma visão verdadeira da real natureza desses motivos
revelará o egoísmo e o egocentrismo fundamentais que prevalecem nessa como nas
outras atitudes ligadas a soluções falsas.
Orgulho , hipocrisia e farsa estão presentes em todas elas ,
quando incorporados à auto-imagem idealizada.
O tipo submisso terá mais dificuldade em descobrir o orgulho
,
enquanto o tipo agressivo achará mais difícil descobrir o
fingimento , pois o segundo pretende uma “honestidade” em busca da sua própria vantagem.
A necessidade de amor protetor tem uma certa validade para a
criança , mas se for mantida na idade adulta ela não mais vale. Nessa busca de
ser amado existe um elemento de “eu tenho que ser amado para que possa
acreditar no meu próprio valor.
Então eu posso estar disposto a corresponder a esse amor.”
É , no fim das contas , um desejo autocentrado e unilateral.
Os efeitos de toda essa atitude são graves.
Essa necessidade de amor e dependência realmente o torna
indefeso.
Você não cultiva em si mesmo a faculdade de se manter sobre
as próprias pernas.
Em lugar disso você usa toda a força da sua psique para
corresponder a esse ideal , de forma a obrigar os outros a atender às suas
necessidades.
Em outras palavras , você cede para que outros cedam a você ;
você se submete para dominar , embora tal denominação deva
sempre manifestar-se em desamparo brando e fraco.
Não é de se estranhar que uma pessoa engolfada nessa atitude
torna-se separada do seu Eu Verdadeiro.
Este tem que ser negado , pois a sua afirmação parece
grosseira e agressiva. Isso tem que ser evitado a todo custo.
Mas a indignidade infligida ao indivíduo por tal autonegação
tem o seu efeito no desespero e desagrado por si mesmo.
Como isso é doloroso , além de ser contraditório em relação à
auto-imagem idealizada , que recomenda o esquecimento de si mesmo como virtude
suprema , esses sentimentos têm de ser projetados nos outros.
Esses sentimentos de desprezo e o ressentimento pelos outros
,
por sua vez , contradizem os padrões do eu idealizado.
Consequentemente , eles também têm de ser escondidos.
Essa dupla ocultação causa inversão e tem sérias repercussões
na personalidade , manifestando-se também em todo o tipo de sintomas físicos.
Raiva , fúria , vergonha , frustração , desprezo e ódio por
si mesmo existem por duas razões.
Primeiro , eles existem como resultado da negação
do Eu Verdadeiro e pela indignidade de ser impedido de ser o que realmente se
é.
Acredita-se então que o mundo impede a auto-realização e
abusa e tira vantagem da sua “bondade”.
Isso é pura e simples projeção.
Em segundo lugar , esses sentimentos existem porque a
pessoa é incapaz de se adequar aos ditames do seu próprio eu idealizado “amoroso” , segundo
os quais nunca se deve sentir ressentimento , desprezo , desagrado , vergonha ;
jamais se deve acusar ou achar defeitos nos outros , e assim por diante.
Como resultado , não se é tão “bom” quando se deveria ser.
Num esboço bastante breve , esse é o quadro de uma pessoa que
escolheu o “amor” , com todas as suas subdivisões de compaixão , compreensão ,
perdão , união , comunicação ,
fraternidade , sacrifício , como uma solução rígida ,
unilateral.
Essa é uma distorção do atributo divino do amor.
Uma auto-imagem idealizada desse tipo terá os ditames e
padrões correspondentes.
A pessoa tem sempre que ficar na sombra , nunca se afirmar ,
sempre ceder , nunca achar defeitos nos outros , amar a todos
, e assim por diante.
Na superfície essa parece , na verdade , uma figura muito
santa ,
mas , isso é apenas uma caricatura do amor , compreensão ,
perdão ou compaixão verdadeiros.
O veneno dos motivos subjacentes distorce e destrói aquilo
que realmente poderia ser genuíno.
PODER/AGRESSIVIDADE
Na segunda categoria está aquele que busca o poder.
Essa pessoa pensa que poder e independência em relação aos
outros resolverão todos os problemas.
Esse tipo , assim como o outro , pode apresentar muitas
variações e subdivisões.
Tal atitude pode ser predominante ou subordinada a uma ou
ambas das outras.
Aqui , a criança em crescimento acredita que a única maneira
de ficar segura é tornando-se tão forte e invulnerável , tão independente e sem
emoção que nada nem ninguém pode tocá-la.
O próximo passo é cortar todas as emoções humanas.
Quando , porém , ela vem à luz , a criança se sente
profundamente envergonhada de qualquer emoção e a considera uma fraqueza , seja
ela real ou imaginária.
O amor e a bondade também seriam considerados fraqueza e
hipocrisia , não apenas nas suas formas distorcidas , como acontece no tipo
submisso , mas também na sua forma verdadeira e saudável.
Calor , afeição, comunicação , altruísmo: tudo isso
é desprezível e sempre que suspeita da existência de um impulso dessa natureza
, o tipo agressivo sente-se tão profundamente envergonhado quanto o tipo
submisso diante do ressentimento e das qualidades auto-afirmativas que ficam
por baixo.
O impulso de poder e agressividade pode manifestar-se sob
muitas formas e em muitas áreas da vida e da personalidade.
Ele pode ser dirigido principalmente à realização , quando a
pessoa com o impulso de poder vai competir e tentar ser melhor que todos os
outros.
Qualquer competição será encarada como uma injúria à elevada
posição especial necessária para essa solução particular.
Ou então pode ser uma atitude mais geral e menos definida em
todas as relações humanas da pessoa.
Cultivando artificialmente uma dureza que não é mais real que
a doçura desamparada da pessoa submissa , o tipo do poder é igualmente desonesto
e hipócrita , porque essa pessoa também precisa de calor e afeição humanas , e
sem isso sofre com o isolamento.
Ao não admitir o sofrimento , esse tipo é tão desonesto
quanto os outros.
Essa auto-imagem idealizada em particular dita padrões de
perfeição divina em relação à independência e ao poder.
Acreditando em completa auto-suficiência , essa pessoa não
sente necessidade de ninguém , ao contrário dos outros meros seres humanos ,
que precisam um dos outros.
Tampouco são o amor , a amizade ou a ajuda reconhecidos como
importantes.
Nessa imagem , o orgulho é muito óbvio , mas a desonestidade
será mais difícil de detectar , porque um tipo assim a esconde sob a
racionalização de que hipócrita é o tipo “bonzinho”.
Uma vez que essa auto-imagem idealizada exige poder e
independência em relação aos sentimentos e emoções humanas , tais como nenhum
ser humano pode ter , é constantemente provado que a pessoa não pode
corresponder a esse Eu ideal.
Esse “fracasso” atira a pessoa em crises de depressão e desprezo por si
próprio que , novamente , têm de ser projetados nos outros para que ele possa
permanecer inconsciente da dor e da auto-punição.
A incapacidade de ser a sua auto-estima idealizada sempre
causa esse efeito.
Quando se analisa de perto as exigências de qualquer
auto-imagem idealizada , sempre se descobre que a onipotência está contida
nela.
Contudo , essas reações emocionais são tão sutis e esquivas e
tão encobertas pelo conhecimento racional que é preciso um exame muito
persistente de certos sentimentos , em certas ocasiões , para obter consciência
de tudo isso .
Só o trabalho que você fará com esse artigo pode revelar como
qualquer dessas atitudes existe em você.
Elas são , naturalmente , mais fáceis de descobrir quando um
tipo é bastante dominante.
Na maioria dos casos , contudo , as atitudes estão mais
ocultas e estão em conflito com atitudes dos outros tipos.
Outro sintoma do tipo agressivo , que pensa que o poder é a
solução , é a visão artificialmente cultivada de “Como o mundo e as pessoas são más !”
Uma pessoa que procura provas dessa visão negativa recebe
muitas confirmações , e se orgulha de ser “objetiva” e o oposto de crédula – o que serve
como razão para não gostar de ninguém.
A imagem idealizada , nesse caso , determina que o amor é
proibido.
Amar ou , em outras ocasiões , mostrar a sua verdadeira
natureza , é uma grande violação da auto-imagem idealizada e produz profunda
vergonha.
Ao contrário , o tipo submisso orgulha-se de amar a todos e
de considerar bons todos os outros seres humanos.
Essa perspectiva é necessária para manter e seguir a atitude
submissa.
Na realidade , a pessoa desse tipo não se importa realmente
se os outros são bons ou maus , contanto que eles a amem ,
aprovem , e protejam.
Toda a avaliação das outras pessoas baseia-se nisso , não
importa quão bem possa ser “explicado”.
Uma vez que todos têm virtudes e defeitos , cada um desses
pode ser identificado conforme a atitude predominante da outra pessoa para com
o tipo submisso.
Aquele que busca o poder jamais deve falhar em nada.
Ao contrário do tipo submisso , que glorifica o fracasso
porque ele prova o desamparo da pessoa e força os outros a dar-lhe amor e
proteção , o tipo que procura o poder sente orgulho de nunca falhar em nada.
Em certas combinações das falsas soluções o fracasso pode ser
permitido porque em alguma área específica a atitude prevalente pode ser a
submissão.
De forma semelhante , o tipo submisso pode em certos casos
recorrer à solução do poder.
Ambas são igualmente rígidas , irreais e irrealizáveis.
Qualquer dessas “soluções” é uma constante fonte de dor e
desilusão em relação ao Eu , e portanto produz uma falta ainda maior de
respeito próprio.
Nós dissemos anteriormente que sempre existe uma mistura de
todas as três “soluções” em uma pessoa , embora uma possa ser predominante.
Por conseguinte , a pessoa não pode fazer justiça mesmo às
determinações da solução escolhida.
Ainda que fosse nunca falhar , ou amar a todos , ou ser
inteiramente independente dos outros , isso se torna mais e mais impossível
quando os ditames da auto-imagem idealizada de uma pessoa simultaneamente exige
que ela ame a todos e seja por todos amada e que os vença.
Para atingir esse objetivo a pessoa tem que ser agressiva e
comumente impiedosa.
Uma auto-imagem idealizada pode , portanto , simultaneamente
exigir de uma pessoa que de um lado ela seja sempre altruísta ,
de forma a obter amor ; e de outro , que seja sempre egoísta
, para obter poder.
Além disso , a pessoa tem também que ser completamente
indiferente e distante de todas as emoções humanas de forma a não ser
perturbada.
Você pode
imaginar que conflito isso representa na alma?
Quão dilacerada será uma alma !
O que quer que ela faça é errado e causa culpa , vergonha ,
inadequação e portanto , frustração e desprezo por si mesma.
SERENIDADE/RETRAIMENTO
Consideremos agora o terceiro atributo divino , a
serenidade,
escolhido como solução e , por isso , sendo distorcido.
Originalmente , uma pessoa pode ter estado tão dividida entre
os dois primeiros aspectos que uma saída teve que ser encontrada , recorrendo a
uma fuga dos problemas internos e ,
portanto , da vida como tal. Sob essa retirada ou falsa
serenidade , essa alma ainda está partida ao meio , mas não tem mais
consciência disso.
Foi construída uma fachada tão forte de falsa serenidade que
enquanto as circunstâncias da vida o permitirem , essa pessoa está convencida
de ter atingido a verdadeira serenidade.
Mas basta que as tempestades da vida a toquem para que os
efeitos do conflito que ferve , oculto , finalmente venham à superfície , e
deixem claro quão falsa era a serenidade.
Então será mostrado que na verdade ela foi construída sobre a
areia.
O tipo retraído e o tipo que busca o poder parecem ter algo
em comum : distanciamento das suas emoções , ausência de apego aos outros e uma
forte necessidade de independência.
Muito embora as motivações emocionais subjacentes possam ser
similares – medo de ser ferido ou decepcionado , medo de ser dependente dos
outros e por isso sentir-se inseguro - , as determinações da auto-imagem
idealizada desses tipos são muito diferentes.
Enquanto o tipo que busca o poder se vangloria da hostilidade
e do espírito de luta agressivo , o tipo retraído é completamente inconsciente
desses sentimentos , e sempre que eles emergem fica chocado com eles por
violarem os ditames da solução de retirada.
Esses ditames são :
“Você deve olhar de forma benigna e desapegada para todos os
seres humanos , sem porém ser incomodado ou afetado por nenhum deles.”
Isso , caso fosse verdadeiro , seria mesmo serenidade , mas
nenhum ser humano jamais é tão sereno assim.
Portanto tais determinações são irreais e irrealizáveis.
Os ditames também incluem orgulho e hipocrisia ; orgulho ,
porque esse distanciamento parece muito divino em sua justiça
e objetividade.
Na realidade , a visão da pessoa pode ser tão afetada pelo
que pensam os outros quanto a do tipo submisso.
Mas sendo orgulhoso demais para admitir que alguém tão
excelso possa ser tocado por tais fraquezas humanas , uma pessoa desse tipo
tenta elevar-se sobre todos.
Isso não é possível.
Uma vez que também esses tipo é tão dependente dos outros
quanto os outros dois , a desonestidade é exatamente a mesma.
E uma vez que a independência serena desse tipo não é
verdadeira , e jamais poderá ser , já que falamos de seres humanos , uma pessoa
assim necessariamente deve falhar quanto os padrões e a imposição da
auto-imagem idealizada particular que a faz sentir tanto desprezo por si mesma
, tanta culpa e frustração quanto os dois outros tipos quando são incapazes de
sustentar seus respectivos padrões.
Esses três tipos básicos foram esboçados aqui de forma muito
breve , muito geral.
Não é preciso dizer que existem muitas variações.
De acordo com a força , a intensidade e distribuição dessas “soluções” , a tirania
da auto-imagem idealizada se manifesta.
Tudo isso tem que ser descoberto no trabalho individual.
Não se deve jamais esquecer que tais atitudes nascidas do Eu
Idealizado dificilmente poderiam ser a pessoa total.
A atitude pode estar presente em grande medida em certas
áreas de personalidade , e em menor grau em outras ; ainda em outras facetas da
vida ela simplesmente não aparece.
A parte mais importante desse trabalho é sentir as emoções ,
experimentá-las de verdade.
É impossível ver-se livre da auto-imagem idealizada , que
bloqueia a vida , se você simplesmente observar de modo distanciado , com o seu
intelecto , o que existe em você.
É necessário tornar-se agudamente consciente de todas essas
tendências , frequentemente contraditórias , e isso vai ser doloroso.
A
NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
A dor que sempre existiu em você , mas estava escondida ,
contra a qual você se “protegeu” depositando-a sobre os outros ,
sobre a vida e sobre o destino , tornar-se-á uma experiência
consciente da qual você absolutamente precisa.
À primeira vista isso passará por uma recaída.
Você vai acreditar que está em situação ainda pior do que
antes de começar o trabalho deste artigo.
Mas não é assim.
Foi o seu próprio progresso que tornou possível que todas
essas emoções , até aqui ocultas , viessem à tona de forma que você pudesse
realmente usá-las para análise.
De outro modo não lhe seria possível dissolver a
superestrutura do seu tirano , a sua auto-imagem idealizada e todo o mal
desnecessário que ela lhe causa.
Você está tão condicionado pelas reações emocionais com as
quais se acostumou , está tão envolvido por elas , que não pode enxergar o que
está bem na sua frente.
Enquanto procura por reconhecimento novos e ocultos , você dá
livre acesso às reações emocionais relacionadas com certas situações aparentemente
sem importância , simplesmente porque elas já se tornaram parte de você.
Mas são justamente essas reações que fornecerão a pista , uma
vez que a sua atenção tenha o seu foco dirigido para elas. Isso seria
impossível se você não fosse incomodado.
Portanto , o incômodo é obrigado a vir para campo aberto e é
nesse momento que você pode chegar a um acordo com ele.
Portanto , comece a ver suas emoções sob essa luz.
Você descobrirá então como são impossíveis as exigências que
lhe faz a sua auto-imagem idealizada ; você verá que é a sua auto-imagem
idealizada , e não o Criador , a vida ou as outras pessoas , que exige tudo
isso.
Começará também a ver que , por causa dessas demandas da
personalidade , você precisa que os outros o ajudem a atendê-las. Isso faz com
que você inconscientemente exija dos outros o que eles são incapazes de dar.
Então você fica muito mais dependente do que precisa ser ,
malgrado todo o seu esforço em direção a uma independência
distorcida do tipo agressivo ou retirado.
Você também tem que descobrir as causas e os efeitos dessas
condições.
Você verá a sua vida e as suas dificuldades passadas e
presentes com uma nova perspectiva.
Você vai compreender que criou muitas dessas dificuldades ,
senão todas , só por causa da sua “solução”.
Não é o bastante compreender intelectualmente que quanto mais
estiver envolvido nas suas falsas soluções , menos o seu Eu Verdadeiro pode se
manifestar.
É preciso experimentar isso também.
Essa experiência deve ocorrer se você permitir que as suas
emoções venham para a luz e se você trabalhar com elas.
Então , você começará a sentir o valor intrínseco do seu Eu
Verdadeiro.
Só aí será possível abrir mão dos falsos valores do seu eu
idealizado.
Esse é um processo recíproco : permitindo-se ver os falsos
valores , por mais doloroso que isso possa ser , os seus verdadeiros valores
emergem gradualmente , de forma tal que você não mais precisa dos falsos.
Uma vez que o eu idealizado o aliena do seu Eu Verdadeiro ,
você está completamente inconsciente dos seus reais valores.
Ao longo de toda a sua vida você se concentra
inconscientemente nos valores falsos : seja naqueles que você não tem , mas
pensa que deveria ter enquanto finge para si mesmo e para os outros que os
possui ; ou você se encontra em valores que existem potencialmente , mas que
não foram ainda desenvolvidos a ponto de poderem ser reclamados como seus por
direito.
Visto que o seu eu idealizado não admite que esses valores
ainda precisam de desenvolvimento , você não os desenvolve e ainda assim os
reclama para si como se estivessem plenamente maduros.
Porque usa todos os seus esforços para concentrar-se nesses
valores falsos ou imaturos , você não vê os valores reais.
E porque você não pode vê-los , fica temeroso de abrir mão
deles , com medo de então não ter mais nada.
Assim os seus valores reais não contam , você não sente que
eles existem , seja porque eles contradizem as exigências do seu eu idealizado
, seja porque tudo o que vem naturalmente e sem esforço não parece real.
Você está tão condicionado a esforçar-se pelo impossível que
não lhe ocorre que não há pelo que se esforçar , porque o que é realmente
valioso já está lá.
Mas quando você não utiliza esses valores , eles
frequentemente quedam inertes.
Isso é uma grande pena , pois afinal de contas você estabeleceu
a auto-imagem idealizada porque não acreditava no seu verdadeiro valor.
Porque constrói o eu idealizado e tenta ser esse Eu , você
não pode ver em si mesmo aquilo que merece aceitação e apreciação.
A princípio , é doloroso desenrolar esse processo , pois a
ansiedade , a frustração , a culpa , a vergonha , e assim por diante , têm que
ser agudamente experimentadas.
Mas à medida que prossegue com coragem , você vai obter uma
perspectiva muito diferente de tudo.
Finalmente , você começará a ver o seu Eu Verdadeiro pela
primeira vez.
Você verá as suas limitações.
No início , será um choque ter que aceitar essas limitações
que estão muito distantes do eu idealizado , mas à medida que aprende a fazê-lo
, você começa a enxergar valores que nunca havia realmente visto , dos quais
nunca esteve consciente.
Então um sentimento de força e autoconfiança fará com que
você visualize tanto a vida com a si mesmo de um modo muito diferente.
Gradualmente o processo de crescimento em direção ao seu Eu
Verdadeiro se dará em você.
Ele vai fortalecer a sua verdadeira independência , não a
falsa ,
de forma que o fato de ser apreciado pelos outros não será
mais o padrão para o seu senso de valor.
A avaliação alheia só assume tamanha importância porque você
não se avalia honestamente e , assim , a avaliação alheia torna-se um
substituto.
Quando você começa a confiar no seu próprio Eu e a gostar
dele , o que as outras pessoas pensam a seu respeito não tem metade dessa
importância.
Você terá segurança interior e não mais precisará construir
falsos valores com orgulho e pretensão.
Você não se apoiará mais em um eu idealizado que não é
realmente digno de confiança e que , por conseqüência , o enfraquece.
A liberdade de abandonar esse fardo não pode ser descrita em
palavras.
Mas esse é um processo lento : ele não vem da noite para o
dia.
Resulta do exame constante de si mesmo e da análise dos seus
problemas , atitudes e emoções.
Ao avançar nesse caminho, o seu Eu Verdadeiro e os seus reais
valores e capacidades vão evoluir através de um processo de crescimento interno
e natural.
Sua individualidade então ficará cada vez mais forte. Sua
natureza intuitiva se manifestará sem inibições , com uma espontaneidade
natural e confiável.
É assim que você vai extrair o melhor da vida.
Não com perfeição , não estando livre de todo fracasso , não
excluindo a possibilidade de cometer erros.
Contudo os fracassos e os erros ocorrerão de uma forma bem
diferente do que era antes.
Você combinará cada vez mais as atitudes de amor , poder e
serenidade de forma saudável , em oposição à forma distorcida.
O amor não será um meio para alcançar um fim.
Ele não será uma necessidade que o salva da aniquilação e ,
portanto , deixará de girar ao redor de si mesmo.
Sua própria capacidade de amar vai combinar poder e
serenidade.
Ou , para colocar de maneira diferente , você vai se
comunicar em amor e compreensão , ao mesmo tempo que será verdadeiramente
independente.
O amor , o poder e a serenidade não serão usados fornecer-lhe
o respeito próprio que está ausente.
O amor genuíno , não centralizado em si mesmo , então não vai
mais interferir com o poder sadio , que não é o poder do orgulho e do desafio ,
nem o poder do triunfo sobre os outros, mas o poder de dominar a si mesmo e às
suas dificuldades sem provar nada a ninguém.
Quando busca o domínio distorcendo o atributo poder ,você o
faz para provar a sua superioridade.
Quando obtém o domínio através do poder saudável , você o faz
em nome do crescimento.
Não ter o domínio ocasionalmente não representará uma ameaça
como quando você estava em distorção. Isso não diminuirá o seu valor aos seus
próprios olhos.
Assim você vai realmente crescer com cada experiência de
vida. Você vai aprender , realizar e obter o poder verdadeiro.
Não existirá qualquer ambição , compulsão ou pressa
distorcida.
A serenidade sadia não fará com que você se esconda das
emoções da experiência , da vida e dos seus próprios conflitos ; o amor e o
poder , nas suas formas divinas originais , vão dar-lhe um distanciamento
saudável quando olhar para si mesmo , de forma que você se torne realmente mais
objetivo.
A verdadeira serenidade não equivale a evitar experiências e
emoções que talvez sejam dolorosas no momento , mas que podem representar
importante chave quando existe a coragem para atravessá-las e ver o que há por
detrás.
Amor , poder e serenidade podem caminhar juntos.
De fato, quando são saudáveis , eles se complementam uns aos
outros.
Mas eles podem causar a maior guerra em seu interior , caso
distorcidos.
Possam estas palavras dar-lhe alimento , não apenas para
pensamento , mas para percepção e compreensão ; que vocês possam assim avançar
mais um passo para a luz e a liberdade. Prossigam no seu caminho de felicidade.
Conquistem mais e mais força e permitam que nossas bênçãos e
nosso amor os auxiliem e revigorem. Somos todos aprendizes da evolução.
SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.