SEGUNDA-FEIRA,
28 DE MAIO DE 2012
Por
Suzanne Lie PhD
Em 27
de maio de 2012
MYTRE
FALA:
"Por onde andou?" eu falei
asperamente, talvez para encobrir a intensidade da emoção que senti ao toque
dela.
"Seus amigos
estão preocupados com você e me enviaram para encontrá-la."
Eu disse numa voz
mais suave.
"Como sabe que é a mim por quem procura?" ela respondeu com uma
ressonância em sua voz que instantaneamente amansou meu comportamento.
"Desculpe ter
sido tão áspero com você.
É que já faz muito
tempo que estou procurando por você.
Como foi se perder tão longe?"
"Não estou
perdida.
Eu moro aqui
perto."
"Mora?"
Eu disse tentando
controlar minhas intensas emoções.
"Não há onde morar por aqui."
"Siga-me",
ela disse.
"Vou lhe mostrar minha casa."
Ela foi andando e eu
a segui sem questionar.
Caminhamos numa
escuridão quase total, mas nunca hesitei.
Enquanto eu seguia
sua forma estranhamente familiar, fiquei mais e mais encantado com ela.
Quem era
ela?
Por que eu
sentia como se a conhecesse?
Nunca havia tido
essa sensação com ninguém na minha vida, e eu mal vi seu rosto.
Andamos por um bom
tempo em silêncio total, enquanto eu tentava conter minhas emoções e enxergar
na escuridão.
As luas ainda não
tinham surgido e o céu estava nublado, e ainda assim todos os passos dela eram
seguros como se ela tivesse feito esse percurso muitas vezes.
Enquanto isso, eu
estava tentando manter minha dignidade e não tropeçar nem cair.
Eu, que tinha
tremendo orgulho por ser um líder, seguia cada passo dela.
Como que temporalizadas
por alguma fonte invisível, as luas surgiram justamente quando nos aproximamos
de uma rocha enorme e entramos numa pequena área cheia de flores, plantas,
uma pequena lagoa e
até algumas rochas chatas que estavam posicionadas como cadeiras.
Como ela
moveu essas pedras?
Porém, eu não disse
nada.
Eu não queria me
embaraçar de novo falando precipitadamente.
Entretanto,
obviamente, ela NÃO estava perdida, e
eu tinha me enganado muito a respeito dela.
"Agora está
esfriando.
Gostaria de entrar?" ela disse como se confiasse totalmente em mim.
"AAh, sim", eu balbuciei de uma maneira muito pouco digna.
"Vou acender um fogo para que você possa enxergar aqui
dentro",
ela disse enquanto
ia para uma coleção de pedras que formavam uma pequena braseira do lado de fora
da gruta numa pequena área abrigada.
Ela reuniu alguns
gravetos e o que parecia musgo, raspou duas pedras e instantaneamente uma
pequena chama deu ignição aos gravetos.
Com toda certeza ela
acendeu esse fogo muitas vezes.
Então ela pegou o
que parecia uma grade e colocou sobre as pedras.
"Vou fazer um chá para nos aquecer."
Ela disse
gentilmente.
"Você tem chá?"
Eu disse de uma
maneira rudemente surpresa.
"Ah, sim", ela respondeu enquanto me guiava pra dentro da gruta onde vi
muitas ervas penduradas para secar.
"Onde você encontrou isso?" - perguntei novamente com uma voz que
apresentava muita surpresa.
Ela ignorou meu
comportamento rude e virou-se para mim para responder.
Porém, quando nossos
olhos se encontraram na luz bruxuleante,
nenhum de nós pôde
falar pelo que pareceu uma eternidade.
Foi ela quem falou
primeiro.
"Eu conheço você", ela disse sem qualquer
timidez.
"Sim", foi tudo que eu pude dizer.
Eu a conhecia, mas
eu também sabia que nunca a tinha encontrado.
Ela se virou
novamente e escolheu algumas ervas, partiu-as e colocou numa pequena panela de
metal.
Ela encheu a panela
com água daquele riachinho cristalino que corria pela gruta e colocou a panela
na grade.
"Aceita mel?" ela perguntou.
"Você tem mel?"
Ela sorriu em
resposta à minha pergunta.
"Ahh, claro", eu balbuciei de novo.
Ao invés de me
embaraçar mais ainda, eu observei a pequena gruta para me recompor e acalmar.
Eu não podia
acreditar em meus olhos.
Ela tinha realmente
criado um lar ali e ela parecia estar sozinha.
"Você vive sozinha aqui?"
"Ah, não! Não vivo sozinha.
Eu vivo com a Natureza."
Novamente passei os
olhos pela casa.
À direita eu vi o
que provavelmente era a sacola dela.
Parecia velha e
muito usada.
"Sim, vejo que
sim.
Desculpe minha
rudeza.
Eu subestimei muito
você.
Eu esperava
encontrá-la ferida ou pior e correndo grande perigo.
Ao invés disso, vejo
que você montou uma casa adorável.
Como você fez tudo
isso?"
"Eu pedi ajuda para a Grande Mãe" - ela me disse como se eu soubesse
o que significava.
"Grande Mãe?"
"Sim, você
conhece o Elohim Alcyone com quem nos encontramos no Coração."
"Mas aquilo foi
somente um sonho.
Como você sabia do meu sonho?"
Na verdade, fiquei
muito surpreso porque o "sonho"
instantaneamente
retornara à minha memória.
Ela escolheu ignorar
completamente minha pergunta e se virou para fazer uma pequena refeição
composta de alimentos que eu jamais tinha visto.
Ela pegou duas meias
cuias, que ela parecia usar como pratos e me levou até um pequeno ressalto.
Na frente do
ressalto uma pequena prancha feita de galhos trançados que serviam de mesa.
Em completo espanto,
eu sentei onde ela indicou e em silêncio observei-a pôr os pratos na "mesa" e ir buscar o chá.
"Infelizmente só tenho uma xícara.
Tudo bem tomarmos juntos?"
Eu silenciosamente
concordei com a cabeça enquanto ela me passava o chá.
"Ah!" disse ela enquanto ia até outro ressalto onde havia um pequeno
recipiente de metal.
Ela o trouxe e me ofereceu dizendo:
"Quer um pouco deste mel?"
Novamente em
silêncio afirmei com a cabeça, enquanto ela despejava um pouco do líquido doce
no chá fumegante.
"Por favor, coma", ela disse e me ofereceu meu prato.
"Não quero ser rude", eu disse - tardiamente - pois eu já tinha sido inacreditavelmente
rude, "mas como você soube que essas plantas não são venenosas?"
"Elas me disseram." - ela simplesmente
respondeu.
"Hã, como elas lhe disseram?" - eu perguntei.
"Eu
simplesmente as cheirava e punha-as sobre meu coração.
Se fossem venenosas,
eu sentia medo e se eram nutritivas, eu sentia amor."
"Mas não era perigoso?
E se você se enganasse?"
"Eu confiei em
mim e confiei na Natureza."
Eu não disse mais
nada.
Compartilhei o chá
delicioso e comi os saborosos vegetais.
Eu considerei que se
ela pôde confiar o suficiente em mim para me trazer à sua casa, eu poderia
confiar o suficiente nela para comer sua comida.
Confiar?
Eu refleti sobre esse
conceito enquanto tentava pensar na última vez que eu havia confiado em alguém.
O despertar de
Mytria ocorreu antes de nos encontrarmos, enquanto que o meu despertar começou
naquela noite.
Tudo que parecia ser
importante em minha vida não o era comparado com a paz singela que ela
compartilhou comigo naquela primeira noite.
Eu era motivado pela
ambição e não confiava em ninguém no meu esforço de me tornar um líder e um
Protetor em nosso novo mundo.
Interessante era que
muitas pessoas confiavam em mim, mas eu não confiava em ninguém.
Porém, eu confiei
nela.
Comi sua comida
provavelmente venenosa e bebi seu chá de uma "erva" desconhecida sem
hesitação.
De fato, quando
sentei naquele pequeno ressalto, eu sabia que minha vida tinha mudado para
sempre.
Eu jamais seria a
mesma pessoa outra vez, o que era uma coisa boa.
Eu não estava muito
satisfeito comigo ultimamente.
Como se estivesse lendo minha mente, ela olhou em meus olhos e
disse:
"Eu estava quase morta quando cheguei aqui.
A Mãe me curou e tem me dado esta vida maravilhosa."
Então ela pegou os
pratos e nossa xícara e saiu para lavá-los.
Eu não disse nada e
nem me ofereci para ajudá-la.
Eu tinha vindo para
salvá-la, mas estava claro que seria ela quem me salvaria.
Eu, Mytre, voltarei para continuar minha história...
Tradução para os Blogs SINTESE e DE
CORAÇÃO A CORAÇÃO:
Respeite os Créditos
LUZ!
STELA
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