19 JUNHO 2012
- Evangelho de 19.06.2012
1 – Bem-aventurados os mansos, porque eles
possuirão a Terra.(Mateus, V: 4).
2 – Bem-aventurados os pacíficos, porque serão
chamados filhos de Deus.(Mateus, V: 9)
3 – Ouvistes que
foi dito aos antigos:
Não matarás, e quem matar será réu no juízo.
Pois eu vos digo que todo o que se irá contra o
seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: raça, será réu no
conselho; e o que disser: és louco, merecerá a condenação do fogo do inferno.(Mateus, V: 21e 22).
4 – Por essas máximas, Jesus estabeleceu como
lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência.
E, por conseqüência, condenou a violência, a
cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes.
Raça era entre os hebreus uma expressão de
desprezo, que significava homem reles, e era pronunciada cuspindo-se de lado.
E Jesus vai ainda mais longe, pois ameaça com o fogo do inferno aquele que disser a seu
irmão:
És louco.
Mas por que uma simples palavra pode ter tamanha gravidade, para merecer
tão severa reprovação?
É que toda palavra ofensiva exprime um
sentimento contrário à lei de amor e caridade, que deve regular as relações
entre os homens,
mantendo a união e a concórdia.
É um atentado, à benevolência recíproca e à
fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade.
Enfim, porque depois da humildade perante Deus,
a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.
5 – Mas o que
dizia Jesus por estas palavras:
“Bem-aventurados os mansos, porque eles
possuirão a Terra?”
Não ensinou ele a renúncia aos bens terrenos, prometendo os do céu?
Ao esperar os bens do céu, o homem necessita
dos bens da terra para viver.
O que ele recomenda, portanto, é que não se dê
a estes últimos mais importância que aos primeiros.
Por essas palavras, ele quer dizer que até
agora os bens da terra foram açambarcados pelos violentos, em prejuízo dos
mansos e pacíficos.
Que as estes falta frequentemente o necessário,
enquanto os outros dispõem do supérfluo.
E promete que justiça lhes será feita, assim na
terra como no céu,
porque eles serão chamados filhos de Deus.
Quando a lei de amor e caridade for à lei da
humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais
explorados nem espezinhados pelo forte e o violento.
Será esse o estado da Terra, quando, segundo a
lei do progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo
feliz,
pela expulsão dos maus.
IV – A Cólera
9 – O orgulho vos leva a vos julgardes mais do
que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos
considerardes, ao contrário, de tal maneira acima de vossos irmãos, seja na
finura de espírito, seja no tocante à posição social, seja ainda em relação às
vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e vos fere.
E o que acontece, então?
Entregai-vos à cólera.
Procurai a origem desses acessos de demência
passageira, que vos assemelham aos brutos, fazendo-vos perder o sangue frio e a
razão: procurai-a, e encontrareis quase sempre por base o orgulho ferido.
Não é acaso o orgulho ferido por uma
contradita, que vos faz repelir as observações justas e rejeitar,
encolerizados,
os mais sábios conselhos?
Até mesmo a impaciência, causada pelas
contrariedades,
em geral pueris, decorre da importância
atribuída à personalidade, perante a qual julgais que todos devem curvar-se.
No seu frenesi, o homem colérico se volta
contra tudo, à própria natureza bruta, aos objetos inanimados, que espedaça,
por não o obedecerem.
Ah!, se nesses momentos ele pudesse ver-se a
sangue frio,
teria horror de si mesmo ou se reconheceria
ridículo!
Que julgue por isso a impressão que deve causar
aos outros.
Ao menos pelo respeito a si mesmo, deveria
esforçar-se,
pois, para vencer essa tendência que o torna
digno de piedade.
Se pudesse pensar que a cólera nada resolve, que
lhe altera a saúde, compromete a sua própria vida, veria que é ele mesmo a sua
primeira vítima.
Mas ainda há outra consideração que o deveria
deter: o pensamento
de que torna infelizes todos os que o cercam.
Se tiver coração, não sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas
que mais ama?
E que mágoa mortal não sentiria se, num acesso
de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de recriminar-se por toda a
vida!
Em suma:
a cólera não exclui certas qualidades do
coração, mas impede que se faça muito bem, e pode levar a fazer-se muito mal.
Isso deve ser suficiente para incitar os
esforços por dominá-la.
O espírita, aliás, é incitado por outro motivo:
o de que ela é contrária à caridade e à humildade cristãs.
UM ESPÍRITO PROTETOR Bordeaux, 1863
Bem Aventurados os que são Brandos e Pacificos IX
Do Evangelho segundo o Espiritismo.
Allan Kardec
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