SÁBADO, 11 DE AGOSTO DE 2012
Estudo de
Harvard mostra, pela primeira vez, que a prática pode aumentar a concentração
de massa cinzenta
Ressonância magnética
exibiu variações em áreas ligadas a estresse, aprendizagem e à regulação de
emoções
De olhos fechados, em silêncio e, de
preferência, sentados, os praticantes da meditação de atenção plena devem se
concentrar em apenas uma coisa: a respiração.
A técnica é antiga, da tradição budista, mas
começou a ser mais difundida depois de ter sido usada em um curso não religioso
de redução de estresse, criado em 1979 por Jon Kabat-Zinn, professor da Escola Médica da Universidade de Massachussets.
Os benefícios da técnica, conhecida também como
"mindfulness",
já foram relatados em vários estudos.
A lista vai da melhora de sintomas de esclerose
múltipla
(como diz estudo publicado na "Neurology") à prevenção de novos episódios de depressão (demonstrada em artigo na "Archives
of General Psychiatry").
Mas, agora, um estudo mostra, pela primeira
vez, os efeitos provocados por essa meditação no cérebro.
A pesquisa, publicada hoje na "Psychiatry Research: Neuroimaging", foi feita pela Harvard Medical School, nos EUA, em conjunto
com um instituto de neuro imagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets.
E o mais importante: as mudanças ocorreram em
apenas oito semanas de meditação em praticantes adultos iniciantes.
As conclusões
foram feitas após comparações entre as ressonâncias magnéticas dos que
praticaram a meditação e de um grupo-controle que não fez as aulas.
Outros estudos já haviam sugerido que a
meditação causa mudanças no cérebro.
Mas eles não excluíam a possibilidade de haver
diferenças preexistentes entre os grupos de meditadores experientes e não
meditadores.
Ou seja, não era possível afirmar se os efeitos
eram causados pela prática.
MENOS
ESTRESSE
Todos os 16 participantes da pesquisa, com idades de 25 a 55 anos, deveriam obedecer a um critério: não ter feito nenhuma aula
de meditação "mindfulness" nos últimos seis meses ou mais de dez aulas em toda a vida.
Eles frequentaram oito encontros semanais, com
duração de duas horas e meia.
Também foram instruídos a fazer 45 minutos de exercícios
diários e a praticar os ensinamentos da meditação em
atividades do dia a dia, como andar, comer e tomar banho.
Para avaliar as mudanças, todos os
participantes e o grupo-controle fizeram ressonâncias magnéticas antes e depois
do período de aulas.
Os exames iniciais não indicaram diferenças
entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na
concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam
meditado.
Análises do cérebro todo revelaram mais quatro
aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção
temporo-parietal e mais dois no cerebelo.
BENEFÍCIOS
O aumento da massa cinzenta no
hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki,
do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da
Academia Brasileira de Neurologia.
"Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios
durante a vida.
Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e
determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar."
Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz
de ser moldado.
No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da
massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao
estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas.
Mas qualquer um que começar a meditar amanhã
terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas?
"Provavelmente sim", diz a neurologista Sonia
Brucki.
Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa
é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com
pessoas de todas as idades.
Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como
essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das
pessoas.
"Essa é uma área nova, e pouco
se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele.
Mas os resultados até agora são
animadores."
do
jornal Folha de São Paulo
Informações sobre o treinamento da mente:
Britta Hölzel, pesquisadora da Harvard Medical School e uma
das autoras do estudo, disse à Folha
que
isso pode significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem,
memória,
emoções e estresse.
http://luzindigocristal.blogspot.com.br/2012/08/meditacao-muda-estrutura-do-cerebro.html?utm_source=
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