sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Uma série de fortes terremotos em abril na região
costeira de Sumatra, no Oceano Índico, seria um indício da futura quebra em
dois da placa tectônica Indo-Australiana, de acordo com um estudo publicado na
revista científica Nature desta semana.
Pesquisadores afirmam que a análise dos
tremores, cujo mais forte teve magnitude de 8,7
pontos, indica que a placa que hoje é uma só deve se
romper, criando um novo bloco.
A mudança deve levar milhões de anos para
acontecer, no entanto.
(atenção ao efeito dominó)
"Este
é um processo que provavelmente começou há 10
milhões de anos, então você pode imaginar quanto tempo ainda vai
ser necessário para chegarmos a ter uma fronteira clássica", afirmou Matthias Delescluse, da Escola Normal Superior, de Paris.
Delescluse é autor de
um dos três estudos que tratam dos terremotos de abril na última edição da Nature.
A ilha de Sumatra, no oeste do arquipélago
indonésio, se encontra em cima do ponto de encontro entre as placas tectônicas Indo-Australiana e a de Sonda.
Estas enormes porções da crosta rígida exterior
da Terra se deslocam uma contra a outra a uma velocidade de cerca de 5 cm a 10 cm por ano.
A placa Indo-Australiana, mais alongada,
abrange a maior parte do fundo do Oceano Índico, e afunda para baixo da de
Sonda, que sustenta a ilha de Sumatra.(quando
esta ilha afundar, então haverá um processo sequencial de placas!)
O atrito na fronteira, travando e destravando,
além da súbita liberação de energia acumulada, são a causa de grande parte dos
terremotos violentos, como o de magnitude 9,1, que provocou o
catastrófico tsunami de 26 de dezembro de 2004.
Escala poderosa
Mas os tremores de 11 de abril de 2012, embora tenham sido tão poderosos quanto o de 2004, não
tiveram o mesmo impacto nem geraram um tsunami.
A explicação para isso está na natureza do
acidente geológico, na forma como bloco rochoso se movimenta horizontalmente de
cada lado da quebra, em vez de um movimento vertical, que leva à geração de
tsunamis.
Os sismos de abril também estavam mais a oeste, diretamente sobre a placa Indo-Australiana, em uma área de
deformação em grande escala e diversas falhas.
Delescluse disse ser
evidente que o movimento registrado nas fronteiras da placa esteja forçando a parte
central dela.
"A Austrália já
se movimenta em relação à Índia, e a Índia já se movimenta em relação à
Austrália", disse à BBC o pesquisador francês.
"Ambas estão separadas por uma série de falhas.
Se você olhar a Terra hoje, entre as placas tectônicas, verá
apenas uma falha.
Ou seja, o processo que identificamos começa com várias
falhas e termina com apenas uma."
Para os pesquisadores a questão é descobrir
quanto tempo é necessário para que uma dessas falhas fique tão frágil a ponto
de concentrar toda a deformação da placa nela, tornando as outras inativas.
Tremores secundários
Em outro estudo da Nature, Thorne Lay e equipe,
da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, detalham as relações entre essas
falhas e como elas se romperam no último dia 11 de
abril.
A análise sísmica dos cientistas indica que pelo
menos quatro falhas tiveram participação no evento de magnitude 8,7, que durou
cerca de 160 segundos.
O evento foi considerado pelo grupo "provavelmente o maior já registrado" em apenas uma placa tectônica.
O terceiro estudo sobre o sismo publicado na
revista científica descreve como o terremoto provocou outros tremores ao redor
da Terra.
Esse efeito já era conhecido, mas o grupo
liderado por Fred Pollitz, do
US Geological Survey, ficou surpreso com a demora nestas consequências.
"Para
a maioria dos terremotos, espera-se que a zona de tremor secundário não passe
de mil km. Mas também sabemos que tremores principais muito grandes, como o
evento do ano passado no Japão, de magnitude 9, podem provocar outros
terremotos menores", afirmou Politz.
A diferença foi que o terremoto de abril deste
ano acabou levando a outros tremores mais fortes e potencialmente mais
perigosos,
com intervalos de algumas horas ou até vários
dias depois do tremor principal.
"Com
efeito, isso estendeu a zona de tremores secundários ao mundo inteiro", disse.
Fontes:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/09/120927_nova_placa_tectonica_ebc.shtml
http://www.newscientist.com/article/mg21528843.500-earth-cracking-up-under-indian-ocean.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.