QUINTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2012
Por Bel
Cesar
Como é verdadeiro o fato de que basta seguirmos um ínfimo
pensamento negativo para desencadearmos uma série de dúvidas e frustrações!
Nossos pequenos pensamentos negativos são como um vírus, que
rapidamente se multiplica e cresce, causando-nos febre e mal-estar.
É preciso manter nossa mente sob uma lente de aumento de
microscópio.
Como são tantos os pensamentos que fluem em nossa mente, na
maioria das vezes não nos damos conta do quanto somos invadidos por atitudes
mentais destrutivas.
É como a gripe: na maioria das vezes, só percebemos que estamos
gripados quando começamos a nos sentir mal.
Mas assim como é possível reverter um processo gripal se
soubermos identificar seus menores sintomas, podemos reverter a mente negativa
ao aprender a identificá-la assim que ela surgir.
Lama Gangchen Rinpoche nos ensina a reconhecer
os menores sinais de mudança de nossa mente nas diversas expressões de rosto: elas
refletem as mudanças de cada forma-pensamento.
Para tanto, ele nos estimula a usar nossa capacidade de manter a
atenção como um espelho.
Isto é, se estivéssemos vendo nossa imagem 24 horas refletida
num espelho, ficaríamos surpresos ao ver quantas de nossas expressões faciais
não são tão belas quanto aquelas que tentamos fazer quando nos olhamos no
espelho rapidamente para nos arrumar.
Se não queremos mais ter faces feias, temos que começar por
admitir que costumamos fazê-las, alertou Lama Gangchen Rinpoche
em seus ensinamentos.
Mas, por que fazemos faces
feias?
Rinpoche nos lembra que estas faces expressam nossa fome e sede interior
que se agravam à medida que não fazemos nada para saciá-las!
Costumamos perder mais tempo nos lamentando da fome do que
gerando recursos para supri-la. Isso ocorre porque conhecemos pouco os
alimentos da alma.
O que torna nossa mente
sutil satisfeita?
São atitudes que nutrem nosso corpo e mente sutil: orar, recitar
mantras, fazer visualizações criativas, assim como mover o corpo com gestos
pacíficos.
Temos que admitir que nossas atitudes habituais não nos nutrem
verdadeiramente, pois são o resultado de uma mente pequena que quer apenas se
proteger, se defender.
Mas possuímos também uma mente grande, que busca naturalmente
por evolução.
Thomas Moore, em seu livro "O
que são almas gêmeas"
(Ed. Ediouro), comenta que por mais verdadeiros que sejam
os problemas da vida prática, eles nunca são idênticos às preocupações da alma.
Por isso, escreve: Para nos devotarmos à alma,
talvez seja preciso soltar outros vínculos, e para permitir que a alma expresse
sua própria intencionalidade e propósitos, talvez tenhamos que abrir mão de
antigos valores e expectativas.
De fato, as exigências da alma podem nos parecer paradoxais.
Por exemplo, quem não conhece o desejo
de querer se libertar das atitudes baseadas no apego, como o ciúme?
Apesar da alma não querer viver sob a tensão do controle, nossa
mente pequena encontra apenas segurança quando controla tudo e todos...
Por isso, sentir a satisfação interior é uma tarefa difícil
demais para uma mente pequena!
Lama Gangchen nos ensina a diferenciar as atitudes
mentais entre uma pequena e uma grande mente.
Quanto estamos sob os ditames da mente pequena, dizemos:
Eu não sei... eu não
quero... eu não posso...
Mas quando atuamos com nossa mente grande, proclamamos sem
dificuldade:
OK, eu posso lidar
com esta situação, seja ela agradável ou não.
A mente grande não rejeita nenhuma experiência da vida.
Afinal, ela não está contaminada por atitudes covardes ou
indulgentes.
Se passarmos a observar honestamente quantas situações podemos
enfrentar se não seguirmos nossa mente pequena,
ficaremos surpresos e felizes em notar que podemos fazer muito
mais do que estamos habituados.
Temos que admitir que as atitudes mentais de uma mente pequena
não nos nutrem verdadeiramente, pois são o resultado da insegurança.
Uma mente pequena diz que não sabe, mesmo antes de se
questionar.
Diz que não quer, sem ter consultado seus desejo mais profundos.
Baseadas na carência, são atitudes que buscam se defender sem
até mesmo terem sido atacadas.
Uma mente pequena é tendencialmente competitiva.
Apesar de ser uma mente baseada na crença de ser excluída e
solitária, não busca por união.
Já a mente grande busca naturalmente evoluir, unir, comungar.
A mente pequena nutre o sofrimento, enquanto que a mente grande
sabe como absorvê-lo.
O sofrimento perde sua força ao passo que é reconhecido pela
mente grande.
Por isso, os mestres budistas nos incentivam a dialogar com o
nosso sofrimento.
Lama Gangchen nos fala:
Deixe a sua
sabedoria conversar com a sua ignorância.
Dê tempo e espaço
para sua sabedoria de expressar.
Ela não deve ficar
oprimida pela ignorância.
A agitação interior é um reflexo do movimento de uma mente
pequena.
Se nos determinarmos a não segui-la e, cultivarmos uma atitude
de calma e a atenção, já estaremos manifestando naturalmente nossa mente
grande!
LUZ!
STELA
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