sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Dando continuidade ao post anterior veremos
agora o que causa estados alterados de consciência e alguns efeitos dos mesmos, a partir do que encontrei em pesquisas e de minha própria
vivência.
A alteração da consciência se dá através de:
drogas chamadas de psicotrópicas, rituais xamânicos, fervor religioso (principalmente
em indivíduos com características histéricas, indução hipnótica (seja
por hipnólogo ou pastores de algumas religiões),
às vezes pela bebida alcoólica,
terapias de regressão, meditação, treinamento
por intermédio de práticas e exercícios.
Talvez algum outro método que desconheço.
Nos rituais xamânicos são alcançadas ondas Alfa
e Teta por intermédio de tambores e/ou chocalhos e/ou
cantos.
Nos templos religiosos, através do ritmo da
fala do pastor e da música é alcançado o estado Alfa.
Na hipnose propriamente dita, no transe leve é
alcançado o estado Alfa e no transe profundo pode se chegar às ondas
Teta.
Quanto aos transes de fervor religioso, pelo
que se tem de informações dos relatos de santos e místicos parece que ambos os
estados Alfa e Teta são alcançados.
Já as drogas psicotrópicas e as plantas
chamadas de alucinógenas induzem a estados alterados Alfa e também Teta.
Veja
abaixo uma descrição feita sobre o uso da planta Ayahuasca (Santo Daime):
“A
gama de alterações cognitivas (efeitos psíquicos)
produzidas pela adição do composto, assim como para os demais psicodélicos,
varia de acordo com o ambiente (condição externa) e o
estado de espírito e personalidade (condição interna) do
usuário: as experiências ruins e potencialmente danosas são frequentes entre os
usuários recreacionais (ilícitos) enquanto o uso positivo é sumamente verificado no
contexto religioso (lícito).
Os
efeitos são similares aos efeitos desencadeados pelos químicos pertencentes ao
mesmo grupo:
alterações na percepção visual que podem incluir visões caleidoscópicas,
hiper-coloridas e zoons em texturas ou padrões de formação dos objetos;
sensibilização sensorial; experiências de despersonalização onde o indivíduo
perde a identidade com seu próprio corpo e com os limites do próprio corpo;
alteração da noção temporal e espacial; sensação de plenitude consciencial, de
unicidade com o universo (cosmovisão); sensações tanto de paz suprema quanto de intenso
terror que pode levar a quadros de pânico (má viagem, bad trip);
taquipsiquismo (pensamento
rápido);
pensamento confuso e desordenado; perda do controle emocional etc. (...)
Já
os efeitos fisiológicos incluem alterações variáveis como o aumento da pressão
sanguínea, taquicardia, midríase (dilatação da pupila) e
atividades er
meticas(vômito).”
As plantas alucinógenas quando consumidas com
objetivos espirituais ou religiosos, vai provavelmente ocasionar visões dentro
desta temática,
entretanto quando consumidas com objetivo
investigativo (como foi o caso de Aldous Huxley, livro As
Portas da Percepção) irá proporcionar outras visões diferenciadas,
dependendo da personalidade e das crenças do usuário.
As chamadas alucinações produzidas pela plantas
não podem realmente ter este nome, pois não são produto da mente, mas visões de
uma diferente realidade alcançada por outra parte do ser humano que embora a
ciência não admita, existe e atua.
Neste sentido posso dar minha declaração pelo
consumo de peiote (mescalina):
mantive a consciência e lucidez o tempo todo que durou a experiência.
Algo que percebi foi que houve diminuição da
autocrítica.
Nos estados alterados de consciência o que
acontece é termos uma percepção ampliada, onde podemos estabelecer contato com
outras realidades que os nossos cinco sentidos não percebem, o que não elimina
o fato de elas existirem.
“Nossas expectativas usuais acerca da realidade
são criadas por um consenso social.
Nos ensinam como ver e perceber o mundo.
O truque da socialização consiste em nos
convencer que as descrições que estamos de acordo definem os limites do mundo
real.
O que chamamos de realidade é apenas um modo de
ver o mundo, um modo que é sustentando pelo consenso social.
Nós sempre vemos o desconhecido nos termos do
conhecido.”
(Carlos
Castaneda)
Sobre a incompreensão ou não aceitação de
realidades alternativas:
“Esta questão pode ter, também, ligações com o
que Narby denomina de olhar racional ou aproximação racional, que “tende a minimizar aquilo que não se compreende”.
Diz o antropólogo que o melhor dos campos de
treinamento para esta arte muito conveniente, é a sua
profissão: a
antropologia.
E explica o porquê.
“Os primeiros antropólogos consideravam a todos
aqueles que viviam na periferia do mundo dito “civilizado e racional”
de primitivos e pertencentes a sociedades inferiores.
Os xamãs foram categorizados como doentes
mentais.
A aproximação ou olhar racional é o resultado
da idéia de que tudo o que é inexplicável e misterioso é, em um determinado
senso, o inimigo.
Isto significa que se prefere o pejorativo, e
mesmo o erro, a responder demonstrando a ausência de compreensão”.
“Aprendi durante a minha investigação que vemos
somente aquilo no que acreditamos e, para mudarmos a nossa visão, torna-se
necessário, algumas vezes, mudarmos aquilo no que acreditamos”
O melhor material que conheço para conhecer
sobre estados alterados de consciência é a coletânea de livros do antropólogo Carlos
Castaneda.
É riquíssimo em informações que, contudo,
necessitam um prévio conhecimento dos assuntos chamados de ocultismo ou transcendentais
para que seja entendido o que realmente acontece com o protagonista nas suas
diferentes experiências.
Por
último uma advertência: não recomendo a ninguém consumir plantas
psicoativas sem acompanhamento especializado (psicólogo,
psiquiatra ou mesmo um xamã) e nem se tiver ego
não bem estruturado.
As conseqüências podem ser danosas!
Imagem: http://www.cineconhecimento.com/
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