quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Essa pode ser considerada a boa notícia do ano,
ou melhor da década, quem sabe do século!
Já fazem mais de dez anos que venho afirmando
isso.
Viajei e morei no lindo e rico país do México
justamente para conviver e trabalhar diariamente com os golfinhos.
Lá constatei pessoalmente muitas das coisas que
falam sobre eles, reconhecendo em primeira mão que os golfinhos são gente como
a gente.
Porém ao voltar do México, ainda cursando a
faculdade de psicologia aqui no Brasil, procurei aliar o meu curso com o estudo
dos golfinhos e qual não foi a minha surpresa ao perceber que a maioria dos
professores e até a diretora do curso se mostraram não só céticos quanto as
minhas experiências, como também irônicos (o que certamente não é uma postura científica!) não me apoiando de maneira alguma.
E quanto a professora de neuroanatomia na época
que deveria estar melhor informada quanto a isso, ela chegou a debochar de mim.
Lembro que ela se considerava muito
inteligente…mas infelizmente não foi inteligente a ponto de buscar pesquisar
sobre o assunto antes de desestimular um aluno em suas idéias.
Mas a paixão e o amor que desenvolvi pelos
golfinhos foi o que me deu forças para colocar de lado aquele curso a fim de me
dedicar exclusivamente a mostrar as pessoas que os golfinhos são gente como a
gente, que eles pensam, sentem e raciocinam igual ou quem sabe melhor do que
nós homo sapiens.
Todo esse trabalho resultou em um livro sobre
os golfinhos que será finalmente publicado este ano.
Fiquem de olho!
Depois de todo este tempo e esforço, hoje me
sinto realizado ao saber que os maiores especialistas em golfinhos, na maior
conferência científica do mundo não só falam aquilo que digo há anos, como
também já lutam para assegurar direitos aos cetáceos.
Principalmente o direito à liberdade e à vida!
Essa notícia e principalmente essa
conscientização que virá nos próximos anos trará uma transformação radical na
maneira como a nossa espécie vê e se relaciona com o planeta e com a vida como
um todo.
Certamente temos muito a aprender com os
golfinhos.
Segue notícia abaixo:
Cientistas sugerem que estes seres são tão
brilhantes que devem ser tratados como “pessoas não humanas“.
Estudos sobre o comportamento dos golfinhos
relevaram a similitude de suas comunicações à dos seres humanos,
ultrapassando à dos chimpanzés.
Isto foi respaldado por pesquisas anatômicas
que mostram que os cérebros dos golfinhos têm muitas características chaves
associadas com uma alta inteligência.
Os pesquisadores sustentam que seus estudos
demonstram que é moralmente inaceitável manter estes animais inteligentes em
parques de atrações, matá-los para comer, ou que estes tenham que morrer por
acidentes de pesca.
Cerca de 300 mil baleias, golfinhos e botos
morrem desta maneira a cada ano.
- “Muitos dos cérebros dos
golfinhos são maiores que o nosso e o segundo em massa -após o cérebro humano-
ao ser correlacionados com o tamanho do corpo”, disse Lori Marinho, uma zoóloga da Universidade de Emory em Atlanta,
Georgia, que utilizou imagens por ressonância
magnética para traçar o cérebro das espécies de golfinhos e compará-los com o
dos primatas.
“A neuroanatomia sugere uma continuidade psicológica entre os seres
humanos e os golfinhos, o qual tem profundos envolvimentos na ética das
interações dos humanos com os golfinhos”,
acrescentou.
Os estudos mostram como os golfinhos têm
personalidades diferentes, um forte senso de si mesmos e podem pensar no
futuro.
Também ficou claro que são animais “culturais”, o que significa que novos tipos de comportamentos podem ser rapidamente
aprendidos por um golfinho de outro.
Em um estudo, Diana Reiss, professora de
psicologia no Hunter College, de Nova York, demonstrou que os golfinhos comuns
podem se reconhecer em um espelho e inclusive utilizá-lo para inspecionar as
diversas partes de seu corpo, uma habilidade que se cria limitada aos seres
humanos e aos grandes símios.
Em outro estudo, descobriram que os animais em
cativeiro também têm a capacidade de aprender uma linguagem rudimentar baseada
em símbolos.
Outras pesquisas mostraram que os golfinhos que
vivem em cativeiro podem resolver problemas difíceis, enquanto os golfinhos que
vivem em estado silvestre cooperam em formas que implicam estruturas sociais
complexas e um alto nível de sofisticação emocional.
Em um caso recente, ensinaram a um golfinho
resgatado de seu habitat a “caminhar sobre o rabo” enquanto
recuperava-se de uma lesão durante três semanas em um parque aquático na
Austrália.
Após ser liberado, os cientistas
surpreenderam-se ao ver outros golfinhos silvestres fazendo o mesmo.
Obviamente aprenderam com aquele que foi
treinado enquanto estava em cativeiro.
Há muitos exemplos similares, como os golfinhos
que vivem na Austrália ocidental, os quais aprenderam a cobrir seus focinhos
com esponjas para se protegerem na busca de peixes espinhosos que vivem no
fundo do oceano.
Estas observações, junto com outras que
mostram, por exemplo,
como os golfinhos cooperam com precisão militar
em estratégias para encurralar bancos de peixes que lhes servirão de alimento,
estão propondo diversas interrogações a
respeito das estruturas do cérebro dos golfinhos.
O tamanho é só um fator.
Os pesquisadores descobriram que o tamanho do cérebro
varia enormemente -de umas 200 gramas para espécies de cetáceos pequenos, como
o golfinho do rio Ganges, a mais de 8 kg para os cachalotes, cujos cérebros são
os maiores do planeta.
O cérebro humano, ao contrário, varia entre 1 a
1,8 kg, enquanto o cérebro de um chimpanzé pesa ao redor de 350 gramas.
Quando se trata de inteligência, no entanto, o
tamanho do cérebro é menos importante que seu tamanho em relação ao corpo.
O que Marinho e seus colegas descobriram foi
que o córtex cerebral e o neocórtex dos golfinhos são tão grandes que “as relações anatômicas
responsáveis pela capacidade cognitiva colocam-nos no mínimo em segundo lugar
após o cérebro humano”.
Também descobriram que o córtex cerebral dos
golfinhos nariz de garrafa, tem as mesmos dobras arrevesadas que estão
fortemente vinculadas com a inteligência humana.
As dobras aumentam o volume do córtex e a
capacidade das células do cérebro para interconectar entre si.
“Apesar da evolução ao longo de uma trajetória neuroanatômica diferente
dos seres humanos, os cérebros dos cetáceos têm várias características que se
correlacionam com a inteligência complexa”, disse Marinho.
Marinho e Reiss, exporão suas conclusões em uma
conferência em San Diego, Califórnia, no próximo mês, concluindo que as novas provas
sobre a inteligência dos golfinhos torna repugnante os maltrato a este animal.
Thomas White, professor de ética da Loyola
Marymount University, na Califórnia, quem escreveu uma série de
estudos acadêmicos que sugerem que os golfinhos têm direitos, falará na mesma
conferência.
“A pesquisa científica sugere que os golfinhos são pessoas não humanas
que são qualificadas para o status moral de indivíduos”,
disse
White.
Fonte: Times Online
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