Série
de textos escritos por Jean Luc Ayoun durante seu acesso ao Absoluto
*DO EGO AO AMOR DE FOGO*
11.04.2012
Cada sopro vem encher de vivacidade este corpo que
canta a alegria da Vida,
o coração vibrando e sendo aquecido pelo Fogo da
Verdade e da Graça oferece-se, sem limites, a quem quiser vivê-lo!
E, no entanto, o humano, revolvido em seus medos e
suas dúvidas, não chega a conceber esta verdade.
O coração está além dos afetos, dos sentimentos,
ele é o indizível êxtase do Absoluto, a plenitude da vida, nenhuma concepção
mental pode se aproximar disso, o medo é o seu veneno que vem frear a sua
elevação, a dúvida é o diabo interior que recusa a evidência sob pretexto de
correr o risco de perder, este Ego, que é apenas perdição e carência, que
constrói suas próprias barricadas ao Amor, finge buscá-lo, desejá-lo, para
possuí-lo.
E o Amor, que não pode conhecer a mínima prisão, a
mínima posse, mantém-se distante do Ego, a sua falta torna-se uma pseudo
presença que vem criar e tecer o medo de perder, como o Amor poderia ser
perdido, ser extinto? Só
o Ego acredita que é indispensável expressá-lo, possuí-lo, sem dar-se contar de
que ele mesmo apenas existe porque ele se afastou do Amor!
Nada, um vazio de pensamentos, uma ausência de
reivindicação, uma clara compreensão de que o Ego, ainda presente antes do Fogo
do êxtase, era apenas sofrimento pela falta de Amor, inclusive e especialmente
quando ele é reivindicado!
O êxtase do Amor afasta qualquer falta e faz parar
de existir o medo da falta, este Amor indizível coloca tudo no mesmo nível e na
mesma doação, dele próprio, mesmo o outro amado em uma carne fica livre e
liberado dos entraves da ligação afetiva, ele é amado para ele, e não para si.
Este Amor de Fogo é liberdade e nutre aquele que o
recebe, não pode ser de outra forma, não existindo mais o Ego e, então, a
falta, o Amor de Fogo se basta a ele mesmo, ele jamais é dependente de
reciprocidade ou de qualquer acordo passado, ele é espontâneo e incontrolável,
ele se regenera permanentemente sozinho e não através de outro, porque aquele
que ama no Fogo está em qualquer outro, ele eliminou a distância e a separação
que são próprias do Ego, ele vive também em cada consciência, ele pode viver e
dizer que o que é feito para um é feito para ele, isso não é um ideal, mas uma
vivência indescritível, a felicidade de ser qualquer consciência é de tal
felicidade absoluta, de tal Graça que o Espírito se apreende de todo horror da
separação, de toda desgraça desta vida no Ego, nessa falta.
O Amor de Fogo é um indizível deleite, como o Ego poderia ainda aceitar viver e vibrar
assim?
Ele não pode, alegando que isso não pode existir,
que isso é impossível, e isso o é definitivamente para ele, o Ego sequer pode
esperar aproximar-se desse Fogo, que para ele firma o horror do seu fim, então
ele elabora mitos,
arquétipos, laços de sangue e de carne, vindo
aliviar essas faltas, ele cria algo escondido para encontrar um ideal que não
pode ser alcançado, porque ele procura em todos os lugares e por toda parte
evitar o seu próprio desaparecimento, e a consciência vai aderir a esta
insuficiência, a esta busca Maquiavélica do que jamais ele irá conhecer, tanto
neste corpo como nesta alma, o paraíso e o inferno são as suas únicas
preocupações, acusando aquele que proclama o Amor verdadeiro porque ele vive
como ser herético,
possuído, tudo é bom e é pretexto para recusar ver
e viver o Amor Absoluto, então o Liberado Vivente pode apenas permanecer no
Amor, no Fogo, o que quer que diga, o que quer que façam os Egos, porque ele
sabe o que atravessa aquele que não vive esse Divino Amor, as angústias, as
dúvidas, que eram também a sua cota diária, não julgando e não condenando
aqueles que se desviam desta felicidade, ele permanece na Graça e na Paz,
porque ele sabe que o Ego apenas tem um tempo,
enquanto que ele é eterno.
DESFRUTEM.
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Tradução para o português: Zulma Peixinho
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