Sherman impediu que uma garota
se tratasse de câncer; ela morreu
SEXTA-FEIRA, 11 DE JANEIRO
DE 2013
Nos idos de 2002, o pastor Ariel Ben Sherman (foto), de Lenoir City,
Tennessee (EUA), convenceu Jacqueline Crank a manter a sua filha doente distante dos
médicos, porque a cura viria pela fé, dizia ele.
Jessica Crank Lynn,
15, morreu em setembro daquele ano em consequência de um câncer ósseo raro no
ombro.
Sherman morreu aos 78 anos no dia 28 de novembro
de 2012 vítima de parada cardíaca.
Morreu em hospital da Carolina do Sul
onde se internara dois meses antes.
O pastor que pregava a cura pela fé,
proibindo os fiéis de recorrerem à medicina, estava se tratando em segredo com
médicos para tentar se livrar de um câncer, conforme a imprensa descobriu
agora.
O caso de Jessica Lynn ficou famoso nos Estados Unidos porque
a mãe dela e Sherman tiveram de enfrentar a Justiça por
negligência para com a garota.
No dia 6 de maio de 2002, Jacqueline levou
a filha a um pronto-socorro porque Jessica se queixava de dor em um ombro.
Os médicos constataram a gravidade do
caso e pediram que no mesmo dia ela fosse internada em um hospital.
Mas Jacqueline e Jessica sumiram, e os
médicos avisaram a polícia.
A polícia só encontrou Jessica e sua mãe
no dia 26 de junho em uma casa alugada por Sherman, que se dizia ser “pai
espiritual” da garota.
Mas já era tarde: o câncer tinha
avançado, e não mais havia chance de salvar Jéssica.
Seu ombro estava enorme.
O caso foi encaminhado para a Justiça,
onde teve longa tramitação.
Os autos existiam provas de que
Jacqueline, por orientação de pastor,
tinha decidido curar a garota com
orações, em vez de levá-la a um médico.
Em 2009 um juiz do Supremo Tribunal de Tennessee
condenou Sherman e Jacqueline a 11 meses e 29 dias de liberdade condicional.
O advogado do pastor criticou a
condenação porque, disse, a Constituição estadual garante o direito de usar a
fé como cura.
Não se sabe como Jacqueline reagiu à
notícia da internação em um hospital do pastor curandeiro.
A sorte dela é que arrependimento não
mata, pelo menos de repente,
como um infarto fulminante.
Se é que ela teve arrependimento.
Jacqueline, Sherman e Jessica em uma
foto de 2002
setembro de 2011
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