Série
de textos escritos por Jean Luc Ayoun durante seu acesso ao Absoluto
*VÃO EM PAZ*
12.04.2012
A vida é um ciclo permanente, nenhuma manifestação
sobre este mundo conheceu a permanência, tudo começa e tudo termina, nada pode
esperar ser infinito, ou permanecer inalterado na eternidade, o homem é
naturalmente dependente na totalidade.
E, no entanto, há, realmente, algo que deve
permitir esses ciclos sem ser ele próprio afetado por esses ciclos, por esses
eternos recomeços, e se justamente o que é permanente e imanente estivesse
escondido, invisível, acima de qualquer suspeita, do nosso ponto de vista, e se o jogo da consciência fosse apenas um pretexto
para observar todos os fenômenos deste mundo?
E se além da consciência
existisse algo que subtendesse absolutamente tudo?
Algo que justamente não
fosse cíclico, que não estivesse nem começando, nem terminando?
Como poderíamos
simplesmente estar seguros e certos disso?
Algo que não fosse de forma alguma afetado nem
pela consciência, nem por qualquer ação ou reação, e se esta coisa
principiante, que nos é indetectável,
estivesse sempre estado aí, imóvel?
Sempre presente, mas não
inscrita em uma possibilidade de se ver ou de ser vista?
Nem mesmo de ser pensada
ou sonhada?
Como estar certo disso?
Bem,
alguns homens perspicazes além da média, sempre tentaram comunicar o
incomunicável por meio de ações usuais, por escritos, por representações
indiretas, todos eles tentaram nos falar do Amor, da Luz, da Graça, de algo que
eles tinham alcançado e de que eles tinham se dado conta, Buda, Cristo, Mani,
os santos, os poetas, e muitos desconhecidos não somente se aproximaram disso,
mas também penetraram esta coisa que, na falta de um nome real, foi nomeado
Pai, Absoluto, Fonte, Princípio, e tantos outros nomes, o ponto comum de todos
esses seres é de mudança total, além de qualquer ciclo, de qualquer fim ou
começo, esta mudança não estando mais inscrita na lógica deste mundo sensível,
mas transfigurando e transcendendo isso totalmente, o mais surpreendente é que
todos, sem exceção, amavam prodigiosamente todas as coisas, todas as vidas, a
passagem deles sobre a Terra prosseguiu na mesma Graça, no mesmo Amor Absoluto!
E o que eles alcançaram deste modo, parecia tão
distante e presente ao mesmo tempo, fora do comum e, no entanto, tão simples,
eles estavam enriquecidos e plenos do que se desenrolava ao mesmo tempo neles,
e também por toda parte, todos eles testemunharam à sua maneira, como eles
puderam, o mais flagrante sendo a certeza deles da eternidade apesar da sua
efêmera e, por vezes, dolorosa presença no seu corpo!
Eles estavam vivendo além deste mundo, vivendo
apesar do efêmero, apesar das alegrias ou tormentos provados ou suportados.
Hoje esta Graça é acessível, talvez como nunca
antes, isso passa pela vivência de que nenhum finito pode dar acesso ao
infinito e, no entanto, este infinito deve estar inscrito também no finito, é
preciso, aliás, amar além de qualquer contingência desse finito, e tomar
inteiramente consciência de que o finito jamais será infinito, esta humildade
total resulta então na vivência de que existe um observador, uma testemunha
deste infinito, e que esta testemunha apenas pode ser nós mesmos, a partir do
momento em que essa testemunha aceita conceber-se e viver como um simples retransmissor,
então pode nascer o último estado antes do que não
é mais estado, mas da própria Vida que não está mais identificada ou localizada
seja onde que for,
deixando-se viver a transparência mais total, a
espontaneidade mais evidente.
Esse basculamento ou esse ponto de inflexão para
dar uma imagem bem pálida, mas necessária, culmina, por sua vez, no
desaparecimento do sujeito como de qualquer objeto, como do próprio mundo, não
mais como uma recusa ou negação, mas, sim, como um abandono total do Si e do Eu
a isso, tornando o finito infinito, transferindo o que estava perto de um ser
humano ao Absoluto, a isso que nada pode exprimir o que ele é exatamente,
exceto vivê-lo na sua totalidade! Assim nasce a Verdade absoluta em cada um,
quer queira ou não!
DESFRUTEM.
Tradução para o português: Zulma Peixinho
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