Não poderia haver troca de informação entre os dois fótons do
experimento sem violar o limite de velocidade máxima do Universo, a velocidade
da luz.[Imagem:
Ma et al./Pnas
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Causa sem efeito, efeito sem causa
Há cerca de dois meses, físicos demonstraram que causa e efeito não são
coisas tão claras no mundo da mecânica quântica.
O trio propôs que existem situações nas quais um evento pode ser tanto a
causa quanto o efeito de outro, quebrando a tão conhecida "lei
de causa e efeito".
Mas se você acha os experimentos mentais abstratos demais, então vai se
dar melhor com um experimento real, uma experiência feita em laboratório que
acaba de ser anunciada por físicos da Universidade de Viena, na Áustria.
Xiao-Song Ma
e seus colegas mostraram na prática uma situação em que é impossível descrever
a causalidade entre dois eventos correlacionados, ou seja, um afeta o outro, mas é impossível dizer o que é a causa e o que é o efeito.
Interpretações da física quântica
A interpretação mais aceita da física quântica, chamada interpretação de Copenhague,
estabelece que as propriedades de um objeto quântico dependem dos aparelhos e
da forma como esse objeto é medido - ele poderá revelar-se como uma onda ou como uma partícula.
Outro fenômeno bem conhecido é o entrelaçamento quântico, ou
emaranhamento, pelo qual uma partícula quântica que compartilhe propriedades
com outra é afetada instantaneamente por qualquer coisa que aconteça com a
primeira, mesmo que elas sejam levadas para lados opostos da galáxia.
Embora apenas em princípio, em ambos os casos ainda se pode falar em
causalidade, no sentido de que uma partícula influencia a outra ou o aparato de
medição influencia a partícula.
Agora, os físicos mostraram como a medição de uma partícula - um fóton de luz - é
afetada não pela medição feita nela própria, mas pela medição feita em um
segundo fóton.
Em outras palavras, o fóton se comporta como partícula ou como onda
dependendo da medição feita em um segundo fóton que está tão distante do
primeiro que não poderia haver troca de informação entre os dois sem violar o
limite de velocidade máxima do Universo, a velocidade da luz.
Independentes do espaço e do tempo
Os cientistas afirmam que o experimento não é suficiente para derrubar
nenhum pilar da física, mas que é impossível dar uma explicação clara do que
ocorre em termos de causalidade - nem mesmo "em princípio" ou por meio de outros experimentos
mentais.
O primeiro fóton estava no laboratório em Viena, enquanto o segundo
estava nas Ilhas Canárias, mas a "manifestação" como onda ou como partícula do fóton em
Viena depende sempre da medição feita nas Ilhas Canárias.
"Nosso trabalho refuta a visão de que um sistema quântico possa,
em um determinado ponto no tempo, aparecer definitivamente como uma onda
ou definitivamente como uma partícula. Isso exigiria uma comunicação mais
rápida do que a velocidade da luz
- o que está em confronto direto
com a teoria da relatividade de Einstein," disse Anton Zeilinger, coordenador dos experimentos.
"Assim, acreditamos que essa
visão deve ser abandonada completamente. Em certo sentido, eventos quânticos
são independentes do espaço e do tempo," conclui o pesquisador.
Bibliografia:
Quantum erasure
with causally disconnected choice
Xiao-Song Ma,
Johannes Kofler, Angie Qarry, Nuray Tetik, Thomas Scheidl, Rupert Ursin, Sven
Ramelow, Thomas Herbst, Lothar Ratschbacher, Alessandro Fedrizzi, Thomas
Jennewein, Anton Zeilinger
Proceedings of the
National Academy of Sciences
Vol.: Published
online before print
DOI:
10.1073/pnas.1213201110
Fonte: inovacaotecnologica.com.br
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