QUARTA-FEIRA, 6 DE FEVEREIRO DE 2013
Infelizmente, desde muito cedo aprendemos não
só a dar nomes a tudo o que conhecemos, mas também a colar rótulos.
Ou seja, atribuir conceitos fechados e com
significados estanques,
permanentes e, muitas vezes, imutáveis por toda
a vida.
Se tivesse de criar uma metáfora para explicar
o quão terrível pode ser esse hábito, eu contaria a seguinte história: imagine
como se todos nós nascêssemos dentro de uma espécie de casa.
Esta casa representa a nossa cultura, os
valores sociais sob os quais somos educados e crescemos e todo o ambiente que
nos rodeia,
influenciando nossa formação enquanto seres
civilizados.
Portanto, poderíamos dizer que essa casa
representa a média de rótulos a que somos apresentados desde que nascemos.
Quanto mais preconceituoso, dogmático e
inflexível for esse ambiente, menos janelas existirão nesta casa.
Ou seja, mais limitada será a nossa visão sobre
o mundo, as circunstâncias e as pessoas.
Menos chances nos daremos para conhecê-las de
verdade.
Esse ambiente fará ainda combinação com outros
dois aspectos muito importantes que, em última instância, juntos determinam
quem somos e como nos relacionamos: nosso universo familiar e,
sobretudo, nosso universo particular - que é sobre o qual podemos ter um mínimo de controle e decidir quantas
janelas abriremos ao nosso redor, a fim de vislumbrar um mundo, o nosso mundo.
Por isso, neste momento convido você a fazer uma rápida autoavaliação: onde você tem vivido a
maior parte do tempo?
Numa caixa, sem janelas e com
apenas uma pequena tampa?
Num casebre, com uma
humilde janela?
Numa mansão, com grandes
e muitas janelas?
Ou num castelo, com
generosas vistas para o horizonte e varandas ao seu redor?
O fato é que é preciso coragem para olhar a
vida de frente, de olhos abertos, disposto a enxergá-la em sua amplitude, o que
inclui o belo e o feio, o agradável e o desagradável, a luz e a escuridão.
E isso inclui não só as situações, mas também e
principalmente as pessoas.
Enquanto insistirmos em rotular as pessoas,
acreditando que quem se comporta assim ou quem faz tais afirmações, ou quem se
veste de determinada maneira é isso ou aquilo, continuaremos condenados a viver
numa prisão, onde existe apenas uma pequena fresta.
E o pior é que fazemos isso muito mais vezes do
que percebemos.
E vivemos na cegueira muito mais do que
supomos.
Que tal mudarmos de casa neste momento?
Que tal sair da caixa e ir para o castelo de si
mesmo?
Que tal olhar adiante, permitir-se ao menos admitir que o diferente não precisa ser melhor nem
pior?
Pode ser apenas diferente!
Lembre-se de que seu direito de escolha
continua preservado e nada tem a ver com a inteligente decisão de parar de
rotular.
Você tem o direito de querer isso ou aquilo, de
gostar ou não gostar de algo ou alguém.
No entanto, isso é absolutamente diferente de julgar,
condenar e sequer se dar a chance de saber do que realmente se trata, de quem
realmente você está falando.
Geralmente, quando conhecemos alguém muito
diferente de nós ou com características sobre as quais desenvolvemos
pré-conceitos,
costumamos chamá-lo de "esquisito".
Sugiro que você troque esta expressão por
outra, muito mais democrática e interessante:
"exótico"
Em vez de enxergar o esquisito, comece a
enxergar o exótico que permeia o diferente e o desconhecido!
Posso apostar que, a partir de então, você
estará correndo o sério risco de se surpreender positivamente e descobrir que,
por entre janelas abertas e o exercício de sua mais nobre perspicácia, existem
pessoas muito especiais que até agora você não havia se dado a chance de
conhecer!
Rosana
Braga
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