domingo,
10 de fevereiro de 2013
No dia 18
de junho de 1981, o Gosplan
convocou uma reunião
extraordinária, com a presença de especialistas em UFOs,
cosmonautas e
autoridades soviéticas, inclusive militares.
Seu moderador foi o
próprio chefe do programa espacial soviético,
General Georgi Timofeevict Beregovoy.
Ao seu lado estava Vladimir
Kovalyonok (transliterado
também como Kovalenok), o cosmonauta que,
em companhia de Viktor Savinikh (Savinykh), permanecera 77 dias no
espaço, a bordo da estação Salyut-6. …
A revelação que
fizeram foi de aturdir o mundo.
Trata-se
simplesmente da história de um contato de 2º grau – que só não foi de 3º porque o
comando da missão terra, instruiu:
NYET.
A Salyut-6 fez contato com uma
nave extraterrestre durante 4 dias (com interrupções) e orbitaram juntas, a uma
distância de 400 km de nosso planeta.
O evento envolveu cinco astronautas :
“Kovalyonok,
Savinikh e três ETs a bordo do veículo
desconhecido que tinha a forma de uma esfera".
(Revista Manchete de 24 de setembro de 1984).
É uma história de
contato sensacional.
Ela se estende na
forma como os cosmonautas soviéticos estabeleceram contato com as inteligências
extraterrestres,
tentando
inicialmente flashes de sua lanterna em código Morse,
mas só conseguindo
sucesso com uma suposta mensagem matemática.
Há ainda os detalhes
da descrição física dos ETs – essencialmente seres humanos, ou "parecidos
com seres humanos":
"Usavam capacetes
leves, tipo capuzes apertados.
Eles tinham sobrancelhas
compridas e grossas e narizes retos,
dignos de estátuas gregas.
O que mais impressionou os
cosmonautas foram os olhos
– enormes, azuis, duas vezes maiores que os
nossos- fixos neles,
sem mostrar o menos sinal
de emoção.
Os traços eram bonitos,
muito morenos.
Eles lembravam homens
hindus solenes.
Mas nenhum músculo se mexia
nos seus rostos.
Tinham um ar de
robôs".
Conseguir enxergar o
tamanho e a cor dos olhos de extraterrestres durante um contato em órbita da
Terra é algo fantástico.
O detalhe de que
tudo ainda teria sido fartamente fotografado e mesmo filmado pelos cosmonautas,
e que os registros teriam sido exibidos às mais de 200 pessoas presentes na
reunião no ministério soviético, estando guardados hoje em algum arquivo
ultra-secreto,
sem dúvida ajuda a
alimentar o interesse pela história.
A má notícia é que é
um conto tão sensacional simplesmente porque foi inventado por um tablóide
sensacionalista.
O que dizem os
pesquisadores OVNI russos, e o que dizem os próprios envolvidos, Beregovoy, Kovalyonok e Savinikh a respeito de tudo isso?
Negativas
Encontrei o
principal esclarecimento à história do contato da Salyut-6 na pesquisa de Boris
Shurinov, que critica as
fantasias divulgadas no ocidente sobre casos em seu país.
Quando o caso foi notícia, um periódico de
Moscou questionou Georgi Beregovoi sobre todo o assunto.
Sua resposta:
"Certa vez tentei
investigar o tema por mim mesmo.
Li em um pequeno jornal
ucraniano onde diziam sobre meus contatos com representantes de civilizações extraterrestres.
e um filme que eu teria mostrado a membros do Politburo.
Queria saber de onde tudo
aquilo tinha vindo, e descobri que era uma reprodução de um artigo publicado em
um jornal da Ásia Central que por sua vez havia usado um artigo do estrangeiro.
Este é o grau de
autenticidade dessa informação."
Também consultei o
pesquisador russo Mikhail Gershtein, que comentou:
"No
documentário ‘V Poiskah Prisheltzev’ (‘Em Busca de Extraterrestres’, 1988, em russo), o produtor mostrou um
recorte de jornal do ‘National Enquirer’ (com a história) ao cosmonauta Viktor Savinikh e traduziu algumas partes
dela.
Savinikh declarou
que era mentira pura:
‘Eles (os
criadores dessa história) nos fazem de bobos, os leitores,
a seu
bel-prazer."
Mentira pura.
E quanto à
testemunha que resta, de fato a mais citada,
Kovalionok?
Confirmação?
Curiosamente há um
núcleo de verdade na lenda do contato da Salyut-6.
"Eu vi um objeto", contou Kovalionok em uma entrevista a
Giorgio Bongiovanni, presenciada por Shurinov.
"De fato era diferente
daqueles que vi pelo cosmos: espaçonaves,
estações orbitais.
Era um corpo de forma
ovóide.
Em sua frente estava algo
que lembrava um sólido de revolução, um cone."
Kovalionok confirmaria seu
avistamento em outras ocasiões, como em 2002 e 2004, chegando a traçar mesmo um
esboço do objeto que teria visto:
"O caso de que você me
pergunta aconteceu em 5
de maio de 1981,
por volta das 6 horas da
tarde, durante a missão Salyut. …
Eu havia acabado de fazer
exercícios de ginástica, quanto vi em minha frente, pela portinhola, um objeto
que não podia explicar.
O objeto tinha o tamanho de
um dedo.
Fiquei surpreso em ver que
era um objeto em órbita.
É impossível determinar o
tamanho e distância de um objeto no espaço, por isso não posso dizer que
tamanho de fato tinha.
Savinikh se preparou para capturar uma foto dele, mas o OVNI subitamente
explodiu.
Apenas nuvens de fumaça
sobraram.
O objeto se dividiu em duas
peças interligadas, lembrando um peso de ginástica."
Algo muito diferente
da lenda de contato por quatro dias com extraterrestres de narizes retos.
Em outras
declarações Kovalionok deixa mais claro que o evento durou alguns minutos, o
que explica por que nenhum registro pôde ser feito do que teriam visto.
O tão desejado filme
não existe.
"A imprensa soviética
noticiou o evento amplamente.
Jornais e revistas
soviéticos publicaram muitos artigos e mensagens sobre ele", contou ainda Kovalenok, "mas eram principalmente artigos críticos".
Como o avistamento
por alguns minutos de algo que os cosmonautas mal puderam descrever se
transformou em um extenso relato a respeito de uma esfera com metade do tamanho
da estação espacial e o contato com
extraterrestres de capacete, código Morse e tanto mais?
Lembre-se de que Beregovoi comentou que ao ler sobre
a fantástica lenda em um jornal ucraniano, descobriu que a fonte era um jornal
estrangeiro.
Lembre-se de que foi
mostrado a Savinikh um recorte do
National Enquirer com a história.
Resulta que a única
e primeira fonte a respeito da suposta conferência no Gosplan, com todos os detalhes
sobre o contato, é mesmo o National Enquirer, um tablóide americano hoje
mais dado a fofocas de celebridades, mas que à época apostava suas fichas na
ufologia e histórias fantasiosas sobre extraterrestres.
Contos de
alienígenas "por trás da
cortina de ferro" enviadas por seus
correspondentes especiais, entre eles Henry Gris, sempre cobertas pelo
suposto sigilo soviético eram um grande filão.
Foi em um artigo de Gris, que comentava ser "o primeiro jornalista
a trazer esta notícia ao ocidente" que o singelo e rápido avistamento de Kovalenok
e Savinikh
se transformaria na
lenda que rodou o mundo, e ironicamente, retornou mesmo a Rússia.
Tudo que você leu,
pela rede, seja na revista Manchete, em publicações sobre discos voadores no
Brasil ou em outras línguas é apenas uma versão da nota original de Gris para o
tablóide americano.
Colaboração: Douglas
Rodrigues.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.