sábado, 9 de
fevereiro de 2013
Mais uma discussão sobre os transgênicos onde os interesses
econômicos são mais importantes que a saúde do homem e do Meio Ambiente.
Alguns trechos foram grifados para que os leitores percebam como
estamos à mercê e sem direito de escolha.
Minha
pergunta sempre será:
"Se não fazem mal à saúde porque o símbolo dos transgênicos vem
tão pequeno e disfarçado nas embalagens?
Não seria motivo de orgulho???"
Fonte:BBC
Thomas Pappon
Da BBC Brasil em Londres
Atualizado em 8 de fevereiro, 2013 - 06:04 (Brasília) 08:04 GMT
No final de dezembro passado, a agência que zela pela segurança
alimentar nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou para
consumo um tipo de salmão geneticamente modificado, reacendendo o debate sobre
a segurança dos transgênicos e suas implicações éticas, econômicas sociais e
políticas.
É a primeira vez que um animal geneticamente modificado é
aprovado para consumo humano.
Boa parte do público ainda teme possíveis efeitos negativos dos
transgênicos para a saúde e o meio ambiente.
Mas muitos consumidores nos Estados Unidos, Europa e Brasil,
regiões em que os organismos geneticamente modificados (OGMs) em questão de poucos anos
avançaram em velocidade surpreendente dos laboratórios aos supermercados,
passando por milhões de hectares de áreas cultiváveis,
continuam desconfiados da ideia do homem cumprindo um papel
supostamente reservado à natureza ou à evolução - e guardam na
memória os efeitos nocivos, descobertos tarde demais, de "maravilhas"
tecnológicas como o DDT e a talidomida.
Pesquisas de opinião nos Estados Unidos e na Europa, entretanto,
indicam que a resistência aos OGMs tem caído, refletindo, talvez, uma
tendência de gradual mudança de posição da percepção pública.
As principais academias de ciências do mundo e instituições como
a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a
Organização Mundial da Saúde (OMS) são unânimes em dizer que os
transgênicos são seguros e que a tecnologia de manipulação genética realizada
sob o controle dos atuais protocolos de segurança não representa risco maior do
que técnicas agrícolas convencionais de cruzamento de plantas.
Vários produtos GM já estão nos supermercados, um fato que pode
ter escapado a muitos consumidores - apesar da (discreta) rotulagem
obrigatória, no Brasil e na UE, de produtos com até 1% de componentes
transgênicos.
A
BBC Brasil preparou uma lista com 10 produtos e derivados que busca revelar
como os transgênicos entraram, estão tentando ou mesmo falharam na tentativa de
entrar na cadeia alimentar.
MILHO
Dezoito variedades de milho transgênico são aprovadas para consumo
no Brasil.
Com as variantes transgênicas respondendo por mais de 85% das
atuais lavouras do produto no Brasil e nos Estados Unidos, não é de se espantar
que a pipoca consumida no cinema, por exemplo,
venha de um tipo de milho que recebeu, em laboratório, um gene para
torná-lo tolerante a herbicida, ou um gene para deixá-lo resistente a insetos,
ou ambos.
Dezoito variantes de milho geneticamente modificado
foram autorizadas pelo CTNBio, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia que
aprova os pedidos de comercialização de OGMs.
O mesmo pode ser dito da espiga, dos flocos e do milho em lata
que você encontra nos supermercados.
Há também os vários subprodutos – amido, glucose – usados em
alimentos processados (salgadinhos, bolos, doces, biscoitos, sobremesas) que obrigam
o fabricante a rotular o produto.
O milho puro transgênico não é vendido para consumo humano na
União Europeia, onde todos os legumes, frutas e verduras transgênicos são
proibidos para consumo – exceto um tipo de batata, que recentemente foi
autorizado, pela Comissão Europeia, a ser desenvolvido e comercializado.
Nos
Estados Unidos, ele é liberado e não existe a rotulação obrigatória.
ÓLEOS DE COZINHA
Óleo de soja é o principal subproduto do cultivo transgênico para o
consumidor.
Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, os três
campeões entre as culturas geneticamente modificadas – e cujas
sementes são uma mina de ouro para as cerca de dez multinacionais que controlam
o mercado mundial – chegam às prateleiras com a reputação “manchada” mais pela
sua origem do que pela presença de DNA ou proteína transgênica.
No processo de refino desses óleos, os componentes transgênicos
são praticamente eliminados.
Mesmo
assim, suas embalagens são rotuladas no Brasil e nos países da UE.
SOJA
No mundo todo, o grosso da soja transgênica, a rainha das
commodities, vai parar no bucho dos animais de criação - que não ligam muito se
ela foi geneticamente modificada ou não.
O subproduto mais comum para consumo humano é o óleo (ver acima), mas há
ainda o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta misso, todos
com proteínas transgênicas
(a não ser que tenham vindo de soja não transgênica).
No Brasil, onde a soja transgênica ocupa quase um terço de toda
a área dedicada à agricultura, a CTNBio liberou cinco variantes da planta,
todas tolerantes a herbicidas – uma delas também é resistente a insetos.
MAMÃO PAPAYA
Os Estados Unidos são o maior importador de papaya do mundo – a
maior parte vem do México e não é transgênica.
Mas muitos americanos apreciam a papaya local, produzida no
Havaí, Flórida e Califórnia.
Cerca de 85% da papaya do Havaí, que também é exportada para
Canadá, Japão e outros países, vem de uma variedade geneticamente modifica para
combater um vírus devastador para a planta.
Não é vendida no Brasil, nem na Europa.
QUEIJO
Aqui não se trata de um alimento derivado de um OGM, mas de um
alimento em que um OGM contribuiu em uma fase de seu processamento.
A quimosina, uma enzima importante na coagulação de lacticínios,
era tradicionalmente extraída do estômago de cabritos – um
procedimento custoso e "cruel".
Biotecnólogos modificaram micro-organismos como bactérias,
fungos ou fermento com genes de estômagos de animais, para que estes
produzissem quimosina.
A enzima é isolada em um processo de fermentação em que esses
micro-organismos são mortos.
A quimosina resultante deste processo - e que depois é inserida
no soro do queijo – é tida como idêntica à que era extraída da forma
tradicional.
Essa enzima é pioneira entre os produtos gerados por OGMs e está
no mercado desde os anos 90.
Notem que o queijo, em todo seu processo de produção, só teve
contato com a quimosina - que não é um OGM, é um produto de um OGM.
Além disso, a quimosina é eliminada do produto final.
Por isso, o queijo escapa da rotulação obrigatória.
PÃO, BOLOS e BISCOITOS
Bolos e pães têm componentes derivados de milho e soja transgênicos
Trigo e centeio, os principais cereais usados para fazer pão,
continuam sendo plantados de forma convencional e não há variedades
geneticamente modificadas em vista.
Mas vários ingredientes usados em pão e bolos vêm da soja,
como farinha (geralmente, nesse caso, em
proporção pequena), óleo e agentes emulsificantes como lecitina.
Outros componentes podem derivar de milho transgênico,
como glucose e amido.
Além disso, há, entre os aditivos mais comuns, alguns que podem
originar de micro-organismos modificados, como ácido ascórbico, enzimas e
glutamato.
Dependendo da proporção destes elementos transgênicos no produto
final (acima de 1%), ele terá que ser rotulado.
ABOBRINHA
Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus
são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canada.
Ela não é vendida no Brasil ou na Europa.
ARROZ
Uma das maiores fontes de calorias do mundo, mesmo assim, o
cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto,
na promessa.
Vários tipos de arroz estão sendo testados, principalmente na
China, que busca um cultivo resistente a insetos.
Falou-se muito no golden rice, uma variedade enriquecida com
beta-caroteno, desenvolvida por cientistas suíços e alemães.
O "arroz dourado", com potencial de reduzir
problemas de saúde ligados à deficiência de vitamina A, está sendo testado em
países do sudeste asiático e na China, onde foi pivô de um recente escândalo:
dois dirigentes do projeto foram demitidos depois de denúncias de que pais de
crianças usadas nos testes não teriam sido avisados de que elas consumiriam
alimentos geneticamente modificados.
FEIJÃO
Feijão transgênico deve ser distribuído no Brasil em 2014
A Empresa Brasileira para Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
conseguiu em 2011 a aprovação na CTNBio para o cultivo comercial
de uma variedade de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, tido como o
maior inimigo dessa cultura no país e na América do Sul.
As sementes devem ser distribuídas aos produtores brasileiros
- livre de royalties – em
2014, o que pode ajudar o país a se tornar autossuficiente no setor.
É o primeiro produto geneticamente modificado desenvolvido por
uma instituição pública brasileira.
SALMÃO
O salmão transgênico, que pode chegar às mesas de jantar em
2014, será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo
homem.
Após a aprovação prévia da FDA, o público e instituições
americanos têm um prazo de 60 dias (iniciado em 21 de dezembro) para se
manifestar sobre o salmão geneticamente modificado para crescer mais rápido.
Em seguida, a agência analisará os comentários para decidir se
submete o produto a uma nova rodada de análises ou se o aprova de vez.
Francisco Aragão, pesquisador responsável pelo laboratório de engenharia
genética da Embrapa, disse à BBC Brasil que tem acompanhado o caso do salmão "com
interesse",
e que não tem dúvidas sobre sua segurança para consumo humano.
"A
dúvida é em relação ao impacto no meio ambiente.
(Mesmo
criado em cativeiro) O salmão
poderia aumentar sua população muito rapidamente e eventualmente eliminar
populações de peixes nativos.
As
probabilidades de risco para o meio ambiente são baixas, mas não são zero...na
natureza não existe o zero".
E ESTES NÃO DERAM CERTO…
A primeira fruta aprovada para consumo nos Estados Unidos foi um
tomate modificado para aumentar sua vida útil após a colheita, o "Flavr
Savr tomato".
Ele começou a ser vendida em 94, mas sua produção foi encerrada
em 97, e a empresa que o produziu, a Calgene, acabou sendo comprada pela
Monsanto.
O tomate, mais caro e de pouco apelo ao consumidor, não
emplacou.
O mesmo ocorreu com uma batata resistente a pesticidas,
lançada em 95 pela Monsanto: a New Leaf Potato.
Apesar de boas perspectivas iniciais, ele não se mostrou
economicamente rentável o suficiente para entusiasmar fazendeiros e foi tirada
do mercado em 2001.
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