quarta-feira,
22 de maio de 2013
Por Neale Donald Walsch,
Autor do
livro "Conversando com Deus"
(Nota Stela - para quem não assistiu ao filme
"Conversando com Deus",
- Eu sei quem sou!
E Deus disse:
- Que bom!
Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
-Eu Sou Luz!
E Deus sorriu.
-É isso mesmo!- exclamou Deus.
-Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito contente, porque tinha descoberto
aquilo que todas as almas do Reino deveriam descobrir.
-Uauu, isto é mesmo bom!- disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber quem era já não lhe chegava.
A Pequena Alma sentia-se agitada por dentro, e agora queria ser quem era.
Então foi ter com Deus (o que não é má ideia para
qualquer alma que queira ser Quem Realmente É) e disse:
-Olá, Deus!
Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
-Quer dizer que queres ser Quem já És?
-Bem, uma coisa é saber Quem Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo.
Quero sentir como é ser a Luz!- respondeu a Pequena Alma.
-Mas tu já és Luz- repetiu Deus, sorrindo outra vez.
-Sim, mas quero senti-lo!- gritou a Pequena Alma.
-Bem, acho que já era de se esperar.
Tu sempre foste aventureira- disse Deus com uma risada.
Depois a sua expressão mudou.
-Há só uma coisa...
-O quê?- perguntou a Pequena Alma.
-Bem, não há nada para além da Luz.
Porque eu não criei nada para além daquilo que tu és.
Por isso, não vai ser fácil experimentares-te como Quem És,
porque não há nada que tu não sejas.
-Hã?- disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
-Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol.
Estás lá sem dúvida.
Tu e mais milhões, zilhões de outras velas que constituem o Sol.
E o Sol não seria o Sol sem vocês.
Não seria um sol sem uma das suas velas... e isso não seria de
todo o Sol, pois não brilharia tanto.
E, no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando estás
no meio da Luz? - eis a questão.
-Bem, tu és Deus.
Pensa em alguma coisa!- disse a Pequena Alma mais animada.
Deus sorriu novamente.
-Já pensei.
Já que não podes ver-te como a Luz quando estás na Luz, vamos
rodear-te de escuridão- disse Deus.
-O que é a escuridão?
perguntou a Pequena Alma.
-É aquilo que tu não és- replicou Deus.
-Eu vou ter medo do escuro -
choramingou a Pequena Alma.
-Só se o escolheres.
Na verdade, não há nada de que devas ter medo, a não ser que
assim o decidas.
Porque estamos inventando tudo.
Estamos fingindo.
-Ah!- disse a Pequena Alma, sentindo-se logo melhor.
Depois, Deus explicou que, para se experimentar o que quer que
seja, tem de aparecer exatamente o oposto.
-É uma grande dádiva, porque sem ela não poderíamos saber como
nada é- disse Deus
-Não poderíamos conhecer
o Quente sem o Frio, o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento.
Não poderíamos conhecer a Esquerda sem a Direita,
o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois.
E por isso,- continuou Deus -quando estiveres rodeada de
escuridão, não levantes o punho nem a voz para amaldiçoar a escuridão.
Sê antes uma Luz na escuridão, e não fiques furiosa com ela.
Então, saberás Quem Realmente És, e os outros também o saberão.
Deixa que a tua Luz brilhe tanto que todos saibam como és
especial!
-Então posso deixar que os outros vejam que sou especial-
perguntou a Pequena Alma.
-Claro!
- Deus riu-se.
-Claro que podes!
Mas lembra-te de que "especial" não quer dizer "melhor"!
Todos são especiais, cada qual à sua maneira!
Só que muitos se esqueceram disso.
Esses apenas vão ver que podem ser especiais quando tu vires que
podes ser especial!
-Uau- disse a Pequena Alma, dançando e saltando e rindo e
pulando.
-Posso ser tão especial quanto quiser!
-Sim, e podes começar agora mesmo- disse Deus,
também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com a
Pequena Alma
-Que parte de especial é que queres ser?
-Que parte de especial?- repetiu a Pequena Alma.
-Não estou entendendo.
-Bem,- explicou Deus -ser a Luz é ser especial, e ser especial
tem muitas partes.
É especial
ser bondoso.
É especial
ser delicado.
É especial
ser criativo.
É especial
ser paciente.
Conheces alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em silêncio por um momento.
-Conheço imensas maneiras de ser especial!
- exclamou a Pequena Alma
-É
especial ser prestativo.
É especial
ser generoso.
É especial
ser simpático.
É especial
ser atencioso com os outros.
-Sim!- concordou Deus
-E tu podes ser todas essas coisas, ou qualquer parte de
especial que queiras ser, em qualquer momento.
É isso que significa ser a Luz.
-Eu sei o que quero ser, eu sei o que quero ser!
- proclamou a Pequena Alma com grande entusiasmo.
-Quero ser a parte de especial chamada "perdão".
Não é ser especial alguém que perdoa?
-Ah, sim, isso é muito especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
-Está bem.
É isso que eu quero ser.
Quero ser alguém que perdoa.
Quero experimentar-me assim- disse a Pequena Alma.
-Bom, mas há uma coisa que devias saber- disse Deus.
A Pequena Alma já começava a ficar um bocadinho impaciente.
Parecia haver sempre alguma complicação.
-O que é?
- suspirou a Pequena Alma
-Não há ninguém a quem perdoar.
-Ninguém?
A Pequena Alma nem queria acreditar no que tinha ouvido.
-Ninguém!- repetiu Deus.
Tudo o que Eu fiz é perfeito.
Não há uma única alma em toda a Criação menos perfeita do que
tu.
Olha à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma reparou na multidão que tinha se
aproximado.
Outras almas tinham vindo de todos os lados
- de todo o Reino - porque
tinham ouvido dizer que a Pequena Alma estava tendo uma conversa extraordinária
com Deus, e todas queriam ouvir o que eles diziam.
Olhando para todas as outras almas ali reunidas, a Pequena Alma
teve de concordar.
Nenhuma parecia menos maravilhosa, ou menos perfeita do que ela.
Eram de tal forma maravilhosas, e a sua Luz brilhava tanto, que
a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
-Então, perdoar quem?
- perguntou Deus.
-Bem, isto não vai ter graça nenhuma!- resmungou a Pequena Alma
-Eu queria experimentar-me como Aquela que Perdoa.
Queria saber como é ser essa parte de especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma Amiga destacou-se da multidão e
disse:
-Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou ajudar-te
- disse a Alma Amiga
-Vais?
- a Pequena Alma animou-se.
-Mas o que é que tu podes fazer?
-Ora, posso dar-te alguém a quem perdoares!
-Podes?
-Claro!- disse a Alma Amiga alegremente.
-Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa
para tu perdoares.
-Mas por quê?
Por que é que farias isso?
- perguntou a Pequena Alma.
-Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito!
Tu, que vibras a uma velocidade tão rápida a ponto de criar uma
Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar para ti!
O que é que te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade
tal que tornasse a tua Luz brilhante numa luz escura e baça?
O que é que levaria a ti, que danças sobre as estrelas e te moves
pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te
tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
-É simples- disse a Alma Amiga.
-Faço-o porque te amo.
A Pequena Alma pareceu surpreendida com a resposta.
-Não fiques tão espantada- disse a Alma Amiga
-tu fizeste o mesmo por mim.
Não te lembras?
Ah, nós já dançamos juntas, tu e eu, muitas vezes.
Dançamos ao longo das eternidades e através de todas as épocas.
Brincamos juntas através de todo o tempo e em muitos lugares.
Só que tu não te lembras.
Já fomos ambas o Todo.
Fomos o Alto e o Baixo, a Esquerda e a Direita.
Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e o Depois.
Fomos o Masculino e o Feminino, o Bom e o Mau
- fomos ambas a vítima e
o vilão.
Encontramo-nos muitas vezes, tu e eu; cada uma trazendo à outra
a oportunidade exata e perfeita para Expressar e Experimentar Quem Realmente
Somos.
-E assim,- a Alma Amiga explicou mais um bocadinho -eu vou
entrar na tua próxima vida física e ser a "má" desta vez.
Vou fazer alguma coisa terrível, e então tu podes
experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
-Mas o que é que vais fazer que seja assim tão terrível?
- perguntou a Pequena Alma, um pouco nervosa.
-Oh, havemos de pensar em alguma coisa
- respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então, a Alma Amiga pareceu ficar séria, e disse numa voz mais
calma:
-Mas tens razão acerca de uma coisa, sabes?
-Sobre o quê?
- perguntou a Pequena Alma.
-Eu vou ter de abrandar a minha vibração e tornar-me muito
pesada para fazer esta coisa não-muito-boa.
Vou ter de fingir ser uma coisa muito diferente de mim.
E, por isso, só te peço um favor em troca.
-Oh, qualquer coisa, o que tu quiseres!
- exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a
cantar:
-Eu vou poder perdoar, eu vou poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a Alma Amiga estava muito quieta.
-O que é?
-perguntou a Pequena Alma.
-O que é que eu posso fazer por ti?
És um anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
-Claro que esta Alma Amiga é um anjo!
- interrompeu Deus, -são todas!
Lembra-te sempre: Não te
enviei senão anjos.
E, então, a Pequena Alma quis mais do que nunca satisfazer o
pedido da Alma Amiga.
-O que é que posso fazer por ti?
- perguntou novamente a Pequena Alma.
-No momento em que eu te atacar e ferir,
- respondeu a Alma Amiga -no momento em que eu te fizer a pior
coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...
-Sim?
- interrompeu a Pequena Alma
-Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais quieta.
-Lembra-te
de Quem Realmente Sou.
-Oh, não me hei de esquecer!
- gritou a Pequena Alma
-Prometo!
Lembrar-me-ei sempre de ti tal como te vejo aqui e agora.
-Que bom,- disse a Alma Amiga -porque, sabes, eu vou estar
fingindo tanto, que eu própria vou me esquecer.
E se tu não te lembrares de mim tal como eu sou realmente, eu
posso também não me lembrar durante muito tempo.
E se eu me esquecer de Quem Sou, tu podes esquecer-te de Quem
És, e ficaremos as duas perdidas.
Então, vamos precisar que venha outra alma para nos lembrar as
duas de Quem Somos.
-Não vamos, não!
- prometeu outra vez a Pequena Alma.
-Eu vou lembrar-me de ti!
E vou agradecer-te por esta dádiva - a oportunidade que me dás
de me experimentar como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito.
E a Pequena Alma avançou para uma nova vida,
entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial,
e entusiasmada por ser aquela parte especial a que se chama
Perdão.
E a Pequena Alma esperou ansiosamente pela oportunidade de se experimentar
como Perdão, e por agradecer a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa nova vida, sempre que uma nova
alma aparecia em cena, quer essa nova alma trouxesse alegria ou tristeza
- principalmente se
trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.
"Lembra-te
sempre,"
- Deus aqui tinha sorrido -"não te enviarei senão anjos"
Eu não esqueci....
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