QUARTA-FEIRA, 17 DE ABRIL DE
2013
Programada
para lançamento em 2017 a missão visa planetas orbitando estrelas próximas
(Scientific
American Brasil)
A missão Kepler da Nasa foi um sucesso total
Descobriu milhares de prováveis exoplanetas – mundos que orbitam
outras estrelas – e mais de 100 deles já foram examinados e confirmados.
Muitos desses planetas estão entre os menores e mais parecidos
com a Terra conhecidos: dos 25 exoplanetas de menor diâmetro descobertos até o
momento,
só um não foi encontrado pelo Kepler.
Só existe um problema com o trabalho imensamente produtivo do
Kepler:
os planetas estão a centenas ou até milhares de anos-luz da
Terra,
frequentemente muito distantes para serem investigados com
detalhes.
O TESS, Transiting Exoplanet Survey Satellite [NT: Satélite
de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito, em tradução literal], que a
Nasa aprovou em 5 de abril para ser lançado em 2017, varrerá um trecho muito
maior do céu que seu predecessor para descobrir novos exoplanetas próximos que
cientistas poderão analisar com telescópios futuros.
O custo da missão TESS é limitado a US$200 milhões.
O satélite examinará um trecho do céu cerca de 400 vezes maior
que o campo de estrelas que o Kepler observa, explica o principal pesquisador
do TESS, George Ricker, astrofísico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
A partir de uma grande órbita ao redor da Terra, os telescópios
do satélite varrerão a galáxia em uma série de faixas.
“Basicamente, estaremos pintando o céu”, compara Ricker.
“No geral, examinaremos cerca de meio milhão de estrelas”.
E milhares dessas estrelas ficam a até 100 anos-luz do sistema
solar.
Assim como o Kepler e o satélite Corot, da Europa, o TESS
procurará trânsitos planetários: evidenciados por uma breve
redução de luz estelar que ocorre a intervalos regulares e denuncia a presença
de um exoplaneta invisível.
A limitação de varrer uma área tão grande do céu é que o TESS
pode não ver alguns planetas potencialmente habitáveis.
Planetas que seguem órbitas como a da Terra ao redor de estrelas
como o
Sol completam,
aproximadamente, uma órbita por ano, revelando-se brevemente ao Kepler no
processo.
O TESS deixará escapar muitos desses planetas com órbitas mais longas.
“O objetivo do Kepler é descobrir quantas estrelas solares têm
planetas como a Terra na zona habitável de sua órbita”, explica Ricker.
“No caso do TESS, estamos respondendo uma pergunta diferente. Na
verdade, estamos tentando identificar os sistemas planetários na vizinhança do
sistema solar”
Mas muitos desses sistemas planetários também podem conter
mundos habitáveis.
O TESS deve descobrir muitos planetas orbitando as proximidades de
estrelas anãs M, que são mais escuras e frias que o sol.
Um planeta habitável orbitando uma anã M poderia se aninhar
muito mais perto de sua estrela do que um planeta como a Terra orbitando uma
estrela como o Sol, então ele completaria uma órbita com uma frequência muito
maior e se revelaria várias vezes ao TESS.
Ricker estima que o TESS pode descobrir de 500 a 700
planetas com o tamanho da Terra, além das chamadas “super Terras”.
Alguns deles serão potencialmente habitáveis.
“Há muita incerteza nessa estimativa. Pode ser um número
relativamente pequeno”, observa ele.
“Podem ser cinco ou seis. Podem ser 10 ou 20. Mas provavelmente
não será mais que isso”
Quando o TESS compilar uma lista de exoplanetas próximos ao final de sua
missão inicial de dois anos, astrônomos poderão já ter um poderoso observatório
para examinar os novos mundos descobertos com mais detalhes.
O Telescópio Espacial James Webb (JWST), da Nasa,
atualmente programado para lançamento em 2018, pode ser capaz de identificar as
assinaturas de certas moléculas nas atmosferas de planetas próximos.
Esses tipos de assinaturas químicas poderiam ser usadas para
inferir a presença de vida extraterrestre em um planeta – essa tentadora
possibilidade, porém,
pode exceder as capacidades do JWST
De qualquer forma, se o TESS de fato puder localizar
centenas de planetas próximos, astrônomos terão muito o que fazer no futuro
próximo – descobrir como são esses planetas, que tipos de habitats eles podem
suportar e, talvez,
enviar uma sonda futura para algum mundo interessante.
“Esses serão os verdadeiros objetivos das décadas e séculos
futuros”, conclui Ricker.
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