quinta-feira, 16 de maio de 2013
Recomendamos
a Leitura:
Livro:
Conversa
Sobre Fé e Ciência
Autores: Frei Betto, Marcelo Gleiser e Waldemar
Falcão
Editora: Agir
Assim
que o homem começou a reflexão sobre a sua existência, uma questão milenar e
sem resposta definitiva surgiu: quem tem a resposta sobre o início da vida e o
seu sentido, a fé ou a ciência?
Dois
dos maiores pensadores brasileiros se debruçam sobre essa pergunta e suas
questões decorrentes num diálogo envolvente e fraterno que nos prova que a
razão está em manter a razão.
Ao
ouvir falar de uma conversa sobre a fé e a ciência, muitos esperariam
desentendimentos.
Mas
nesta troca de ideias entre Frei Betto
— frade dominicano — e
Marcelo Gleiser — físico
brasileiro radicado nos Estados Unidos
—, ao contrário, os leitores poderão desfrutar
de um diálogo franco e transparente,
permeado
pela simplicidade dos dois autores e de tudo que existe em comum entre eles.
A
difícil interação entre ciência e fé, suas relações com o poder e com o
fundamentalismo, o respeito aos espaços de cada saber, tudo isso foi abordado
com muita clareza e, quando necessário, com as devidas críticas, sem nenhum
constrangimento.
Ainda
que não estivessem presentes para interagir com os autores, todos os leitores
se beneficiarão desta enriquecedora conversa sobre a fé e a ciência.
QUANDO CIÊNCIA E FÉ DIALOGAM
O
tema é antigo, mas a abordagem surpreende.
O
teólogo Frei Betto e
o astrofísico Marcelo Gleiser mais concordam do que discordam em novo livro que traz
um diálogo sobre questões científicas e religiosas.
Discussões
sobre ciência e fé não costumam acabar bem.
Muitas vezes a dicotomia esconde outra polaridade: o ateu versus o
religioso.
Mas
esse não é o caso do diálogo travado entre o astrofísico Marcelo Gleiser e o teólogo Frei
Betto,
mediado por Waldemar Falcão no livro Conversa sobre a fé e a ciência.
Gleiser,
físico brasileiro radicado nos Estados Unidos, se considera judeu agnóstico; Frei
Betto, frade
católico, escritor e jornalista nascido e residente no Brasil, vê Deus e
espiritualidade como amor e doação.
Ambos
fazem da meditação uma prática diária.
No
livro, trazem reflexões consoantes acerca do lugar que esses temas ocupam na
sociedade.
Muitas
vezes, não se sabe quem está em defesa de qual.
A
narrativa começa com Gleiser
e Frei Betto
contando suas trajetórias de vida e como, por linhas tortas, receberam os
rótulos de homem de ciência e homem de fé.
Gleiser
relata que seu primeiro desejo era ser músico, mas, aos 14 e 15 anos, os livros
do físico alemão Albert Einstein (1879-1955) o consumiram.
O
menino desejava experimentar, assim como o cientista, o mistério e o
desconhecido.
Enquanto
Gleiser
lia os físicos, Frei Betto,
com a mesma idade, se engajava politicamente em encontros periódicos mediados
por frades dominicanos e nos quais discutiam teologia,
filosofia
e temáticas sociais.
O
livro, escrito na forma de diálogos, mantém uma linguagem leve e coloquial e
nos aproxima dos interlocutores, como se estivéssemos com eles nos jardins do Hotel
Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
A
obra foi consumada lá, ao longo de quatro dias, e o fluxo de assuntos ocorre
como na troca de ideias cotidiana.
A
conversa se encaminha para as supostas divergências e as aproximações entre as
ciências – com ênfase para a pluralidade,
destacada
pelos dois – e a fé.
Ao
contrário do esperado, é difícil encontrar um ponto de discordância ao longo do
diálogo;
os
argumentos são em geral complementares.
Gleiser
tenta desmistificar o estereótipo do cientista como ser mais racional que os
demais e vê, em sua atividade, uma relação espiritual com a natureza.
“Não existe uma incompatibilidade entre espiritualidade e
ciência”,
afirma
E explica:
“Muito pelo contrário, o cientista é uma pessoa que dedica toda
uma vida ao estudo da natureza, justamente porque é apaixonado por ela.
Senão qual seria a graça?”
Conversas
sobre a fé e a ciência nada mais é do que uma deliciosa partida de frescobol entre
três amigos:
Waldemar Falcão
(músico, astrólogo e escritor), Frei Betto (frade
dominicano, teólogo e escritor) e Marcelo Gleiser (físico teórico e escritor)
As
334 páginas desta publicação registram um clima de profundo respeito, abertura,
cordialidade
e dialogicidade entre três figuras pertencentes a tradições culturais bastante
distintas.
Em
um tempo em que as intolerâncias, de todos os tipos, vão ficando cada vez mais
na moda, Conversas sobre a fé e a ciência acaba se tornando um testemunho
fantástico da necessidade da difícil tarefa de dialogar com os diferentes.
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