O homem nasce escravo e permanece escravo
durante toda a sua vida — escravo dos desejos, da luxúria, do corpo ou da
mente, mas sempre o mesmo escravo
Desde o nascimento até a morte, há um longo combate contra a
escravidão.
A religião consiste de seres livres.
Religião é liberdade, libertação da
escravatura.
Mas o homem continua jogando consigo mesmo, enganando a si mesmo, porque isso é fácil.
Ser completamente livre é muito difícil.
É necessária uma cristalização do interior, é
necessário um centro.
Até agora, não existe nenhum centro em seu
interior, você não é um ser cristalizado
— é apenas um caos.
Pode ser que seja uma assembleia, mas um
indivíduo não.
Algumas vezes, um desejo o domina e torna-se
o presidente da assembleia.
Pouco mais tarde, o presidente vai embora ou
é descartado e outro desejo o domina.
Você se
identifica com cada desejo e diz:
“Eu sou isto.”
Quando o sexo está na presidência, você se
torna o sexo; quando a raiva está na presidência, você se torna a raiva; quando
o amor está na presidência, você se torna o amor.
Nunca se lembra de que você não pode ser isto ou aquilo — sexo, raiva, amor
Não!
Você não pode ser, mas identifica-se com a presidência, com qualquer coisa que esteja sendo poderosa
num determinado momento.
E esse presidente vai mudando, porque quando
um desejo é preenchido temporariamente é arremessado para fora da presidência.
Então outro, o que está mais próximo em
exigência — fome, sede, amor — torna-se o presidente.
E você identifica-se
com cada desejo, com cada escravidão.
Essa identificação é a raiz-causal de toda escravidão e, a menos que a identificação desapareça, você nunca será
livre.
Liberdade significa desaparecimento da
identificação com o corpo, com a mente, com o coração ou com qualquer coisa
assim denominada.
Este é o fato básico a ser compreendido: o
homem é um escravo, nasce escravo, nasce chorando e gritando pela satisfação de
alguns desejos.
A primeira coisa que uma criança faz ao
nascer é chorar.
E isso permanece
durante toda a sua vida.
Você está sempre chorando por isto ou por
aquilo.
A criança chora pelo leite — você pode estar
chorando por um palácio, por um carro ou por qualquer outra coisa, mas o choro continua.
Só pára quando você está morto.
Toda sua vida é um longo choro — eis porque existe tanto sofrimento.
A religião lhe dá as chaves para torná-lo
livre, mas se a vida de escravidão lhe é conveniente, confortável, você cria
falsas religiões que não lhe dão qualquer liberdade,
que simplesmente acrescentam outros tipos de escravidão.
O cristianismo, o budismo, o hinduísmo ou o
islamismo, do modo como são organizados,
estabelecidos, são novos tipos de aprisionamento.
Jesus é liberdade,
Maomé é liberdade,
Krishna é liberdade,
Buda é liberdade, mas o budismo, o
maometanismo, o cristianismo, o hinduísmo não são — apenas imitam a
liberdade.
Então, uma nova escravidão nasce: você não é
escravo apenas dos seus desejos, dos seus pensamentos, dos seus sentimentos,
dos seus instintos, é escravo dos sacerdotes também.
Mais escravidão acontece a partir das suas
falsas religiões, e nenhuma modificação ocorre em você.
Osho, em "A Semente de
Mostarda"
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