sábado, 15
de junho de 2013
(Eckhart Tolle)
Transformando
as relações viciadas em relações iluminadas
Como os seres humanos têm se identificado cada vez mais com a
mente, a maioria dos relacionamentos não tem as raízes fincadas no Ser.
Por isso se transformam em fonte de sofrimento e passam a ser
dominados por problemas e conflitos.
Se os relacionamentos energizam e elevam os padrões da mente
egóica e ativam o sofrimento do corpo, como está acontecendo agora, por que não aceitar esse fato em vez de tentar escapar dele?
Por que não cooperar com ele em vez de evitar relacionamentos ou
continuar a perseguir a ilusão de uma companhia ideal, como uma resposta para os problemas ou um meio de encontrar
satisfação?
O conhecimento e a aceitação dos fatos trazem também um certo
grau de distanciamento deles.
Por exemplo, quando você sabe que existe desarmonia e retém esse "saber",
significa que surgiu um novo fator através do seu saber, e que a
desarmonia não poderá se manter inalterada.
QUANDO VOCÊ SABE que não está em paz, o seu saber
cria um espaço de serenidade que envolve a falta de paz em um abraço terno e
amoroso, e então transforma a falta de paz em paz.
No que se refere à transformação interior, não há nada que você
possa fazer a respeito. Você não pode transformar a si mesmo, e é claro que não
pode transformar seu companheiro ou qualquer pessoa.
Tudo que você pode fazer é criar um espaço para a transformação
acontecer, para a graça e o amor penetrarem.
Portanto, sempre que o seu relacionamento não estiver bom, sempre
que fizer aflorar a "loucura" em você
e em seu parceiro, fique feliz.
O que estava inconsciente está vindo à luz.
E uma chance de salvação.
SUSTENTE, A CADA instante, o saber de cada momento, em
especial o do seu estado interior.
Se houver raiva, saiba que é raiva.
Se houver ciúme, defesa, um impulso para discutir, uma
necessidade de ter sempre razão, uma criança interior reclamando amor e
atenção, ou uni sofrimento emocional de qualquer tipo, seja o que for, saiba a
realidade do momento e sustente esse conhecimento.
O relacionamento passa a ser o seu sadhana, a sua prática
espiritual.
Se você notar um comportamento inconsciente no parceiro, prenda-o
no abraço amoroso do seu saber, de modo que você não tenha uma reação.
A inconsciência e o conhecimento não conseguem conviver por muito
tempo,
mesmo que o conhecimento esteja só com uma pessoa e a outra não
tenha consciência do que está fazendo.
A forma de energia que existe por trás da agressão e da
hostilidade acha a presença do amor absolutamente insuportável.
Se você reage à inconsciência do seu parceiro, você também fica
inconsciente.
Mas, se você ficar alerta à sua reação, nada está perdido.
Nunca antes os relacionamentos foram tão problemáticos e
oprimidos por conflitos como hoje em dia.
Você deve ter notado que eles não aparecem para nos fazer felizes
ou satisfeitos.
Se você continuar buscando urn relacionamento como forma de
salvação, vai se desiludir cada vez mais.
Mas, se aceitar que o relacionamento está aqui para tornar você
consciente em lugar de feliz, então o relacionamento vai lhe oferecer a
salvação e você estará se alinhando com a mais alta consciência que quer nascer
neste mundo.
Para os que se mantiverem apegados aos padrões antigos haverá
cada vez mais sofrimento, violência, confusão e loucura.
Quantas pessoas são necessárias para
transformar a sua vida em uma prática espiritual?
Não se incomode caso o parceiro não queira cooperar.
É através de você que a sanidade, ou seja, a consciência,
consegue chegar a este mundo.
Você não tem de esperar o mundo se curar, ou alguém se tornar
consciente, antes de poder alcançar a iluminação.
Pode ter de esperar para sempre.
Não acuse o outro de não ter consciência.
No momento em que a discussão começar, é sinal de que você passou
a se identificar com uma posição mental e a defender não só aquela posição, mas
também o seu sentido do eu interior.
O ego está no comando, Você acabou de ficar inconsciente.
Às vezes, isso pode servir para apontar certos aspectos do
comportamento do parceiro.
Se você estiver muito alerta, muito presente, pode agir sem o
envolvimento do ego: sem culpar, acusar ou fazer o outro se sentir errado.
Se o outro se comportar de modo inconsciente, abandone qualquer
julgamento.
O julgamento tanto serve para as pessoas confundirem o
comportamento inconsciente com quem elas são de verdade quanto para projetar a
própria inconsciência sobre a outra pessoa e se enganar por causa disso sobre
quem elas são.
Abandonar qualquer julgamento não significa não reconhecer a
disfunção e a inconsciência quando se deparar com ela.
Significa "ser o saber", e não "ser a reação" e o juiz.
Você não vai nem querer reagir ou poderá reagir e ainda assim ser
o saber, o espaço no qual a reação é observada e onde ela se permite existir.
Em vez de brigar com o escuro, você traz a luz.
Em vez de reagir a uma desilusão, você vê a desilusão, mas, ao
mesmo tempo,
enxerga através dela.
Ser o saber cria um espaço nítido de presença amorosa que permite
a todas as coisas e pessoas serem como são.
Não existe maior catalisador para que a transformação aconteça.
Se você adotar essa prática, o outro não conseguirá ficar com
você e permanecer inconsciente.
Se os dois concordarem em fazer do relacionamento uma prática
espiritual do casal, tanto melhor.
Podem contar ao outro os pensamentos e sentimentos tão logo
apareçam, ou assim que uma reação desponte, de forma que não haja tempo para
surgir um espaço em que uma emoção não dita, ou desconhecida, ou uma queixa
possam se agravar e se desenvolver.
APRENDA
A EXPRESSAR os seus sentimentos sem culpar ninguém.
Aprenda a ouvir o parceiro de um modo aberto, sem reservas.
Dê ao parceiro espaço para se expressar.
Esteja presente.
Acusar, defender, atacar - todos esses padrões destinados a
fortalecer ou proteger o ego ou a atender às necessidades dele irão se tornar
supérfluos.
Dar espaço aos outros - e a si mesmo - é fundamental.
O amor não consegue florescer sem isso.
Quando você tiver removido os dois fatores que destroem os
relacionamentos
- transformado o
sofrimento e deixado de se identificar com a mente e as posições mentais - e o
seu parceiro tiver feito o mesmo, vocês vão sentir a alegria do desabrochar do
relacionamento.
Em vez de refletir o sofrimento e a inconsciência, em vez de
satisfazer as necessidades mútuas viciadas do ego, vocês vão refletir para o
outro o amor que sentem lá no fundo, que surge com a realização da unidade de
cada ser com tudo o que existe.
Esse é o amor que não tem opositores.
Se o seu parceiro continua identificado com a mente e com o
sofrimento, mas você já se libertou deles, vai ser um grande desafio.
Não para você, mas para ele.
Não é fácil conviver com uma pessoa iluminada, ou melhor, é tão
fácil que o ego acha extremamente ameaçador.
Lembre-se de que o ego precisa de problemas, disputas e "inimigos" para fortalecer o sentido de
separação de onde tira a sua identidade.
A mente do parceiro não iluminado ficará profundamente frustrada
porque não encontrará resistência às suas posições rígidas, o que significa que
ela vai se tornar insegura e enfraquecida, além do "perigo" de essas posições desabarem
todas juntas, resultando na perda do eu interior.
O sofrimento do corpo pedirá uma resposta, mas não irá obtê-la.
Sua necessidade de discussões, dramas e disputas não estará sendo
atendida.
* Eckhart Tolle *
______________
Lisa
Teixeira
Junho /
2013
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