DOMINGO, 1 DE
FEVEREIRO DE 2009
Placa de 700 a.C. traz relato de 'destruição de Sodoma e Gomorra.
A trajetória de um meteorito e sua posterior explosão em 3123
a.C.poderiam explicar a lenda bíblica da destruição das cidades de Sodoma
e Gomorra em meio a uma chuva de fogo e enxofre, segundo um cientista da
Universidade inglesa de Bristol.
Os cientistas britânicos Alan
Bond, diretor da empresa de propulsão espacial Reaction Engines, e Mark
Hempsell, especialista em astronáutica da Universidade de Bristol,
decifraram as inscrições cuneiformes de um bloco de argila datado de 700 a.C.
Eles concluíram se tratar do testemunho lavrado por um astrônomo
sumério descrevendo a passagem de um asteróide cujas características se
assemelham à chuva de fogo que arrasou as cidades de Sodoma
e Gomorra.
As informações circularam largamente por órgãos de imprensa como
a BBC Brasil ou diários como o Times de Londres, La Stampa de Turim, ou The
Australian.
Elas são objeto de crítica e análise.
Os especialistas reuniram dados e conclusões no livro “A Sumerian Observation of the Kofels Impact”,
publicado em Londres.
A tabuleta foi descoberta nas ruínas de Nínive por Sir Henry
Layard em meados do século XIX.
Estava exposta no British Museum.
Ela é conhecido como
“Planisfério” e há 150 anos os cientistas vêm disputando sobre seu verdadeiro
significado.
No objeto há anotações de um astrônomo milhares de anos atrás.
O “Planisfério”
é uma cópia feita por volta do ano 700 a.C. de uma tabuleta suméria muito
anterior.
Bond e Hempsell apelaram a tecnologias
computadorizadas para simular a trajetória de objetos celestes.
Assim reconstruíram o céu observado por esse astrônomo há
milhares de anos.
Os cálculos apontaram que o evento descrito aconteceu na noite do
dia 29 de junho de 3123 a.C., de acordo com o calendário
juliano.
Os pesquisadores interpretam que a metade do "Planisfério" informa a posição dos
planetas e das nuvens.
A outra metade descreve a trajetória de um objeto de mais de um
quilômetro de diâmetro.
O objeto teria voado próximo ao chão, e as ondas supersônicas
que produziu impactaram a Terra com força cataclísmica.
Texto retirado do blog Regulae Fidei -http://revavds.blogspot.com/2012/02/placa-de-700-ac-traz-relato-sobre.html#ixzz2AkBBasoI
Blog
do Rev. Ângelo Vieira da Silva, Ministro Presbiteriano
O Juízo
Final veio no 24º. ano, quando Abraão,
acampado perto de Hebron,
estava com 99 anos.
Iahweh lhe apareceu no bosque de Mambré quando ele estava sentado na
entrada da tenda, ao maior calor do dia.
Tendo levantado os olhos, eis que viu três homens em pé, junto
dele.
Logo que os viu, correu da tenda ao encontro deles e se prostrou
por terra.
Subitamente, a partir de uma cena bastante típica do Oriente
Médio -um potentado repousando à sombra de sua tenda -o narrador
do Gênesis 18 leva Abraão, e também o leitor, a um encontro com seres
divinos.
Embora o patriarca estivesse na entrada da tenda, não viu os
três visitantes se aproximando.
De repente estavam "junto
dele".
E, apesar de serem "homens", Abraão
imediatamente reconheceu suas verdadeiras identidades e prostrou-se diante
deles, chamando-os de "meus senhores" e
pedindo-lhes que não se fossem antes que ele tivesse a oportunidade de mandar
preparar para eles uma suntuosa refeição.
Depois que os visitantes comeram e repousaram, o líder perguntou
a Abraão sobre o paradeiro de Sarah e então disse:
"Voltarei a ti no próximo ano;
então tua mulher Sarah terá um filho"
Mas aquela visita não tinha como propósito apenas prometer a Abraão e
Sarah, já muito idosos, o nascimento de um Herdeiro Legítimo.
Havia um objetivo mais agourento nela:
Tendo-se, pois levantado dali, aqueles homens voltaram os olhos
para Sodoma; e Abraão os conduziu e foi com eles.
Então disse o Senhor:
"Acaso poderei eu ocultar de Abraão
o que estou para fazer”?
Recordando-se dos serviços prestados pelo patriarca no passado e
do futuro fecundo que lhe prometera, o Senhor resolveu revelar-lhe o propósito
daquela viagem: verificar as acusações contra Sodoma e Gomorra.
"O grito contra Sodoma e Gomorra
é muito grande.
Seu pecado é muito grave”.
Por isso ele decidira ver in loco o que estava acontecendo.
"Vou descer e ver se eles
fizeram ou não tudo o que indica o grito que, contra eles, subiu até mim”.
Se fossem constatados os pecados das cidades, elas seriam
aniquiladas.
A subseqüente destruição de Sodoma e Gomorra
tornou-se um dos episódios bíblicos mais retratados e descritos em sermões.
Os ortodoxos e fundamentalistas acreditam piamente que Deus
literalmente fez derramar fogo e enxofre dos céus para varrer as cidades
pecadoras da face da Terra.
Os eruditos há muito vêm tentando encontrar explicações "naturais" para a história bíblica.
Teria sido um terremoto, uma erupção vulcânica, um fenômeno da
natureza, que foi interpretado como um ato de Deus, um castigo.
Mas, pelo que diz a narrativa bíblica -e até agora ela é a única
fonte para todas as interpretações -, o evento não foi uma calamidade natural.
Ele é descrito como um feito premeditado: o
Senhor revelou antecipadamente a Abraão o que
ia acontecer.
Ele era evitável, portanto não um desastre causado por forças
naturais irreversíveis, pois só aconteceria se o "grito" contra
Sodoma e Gomorra fosse confirmado.
E, como veremos adiante, ele era adiável, ou seja, poderia
acontecer mais cedo ou mais tarde, dependendo da vontade do Senhor.
Dando-se conta da possibilidade de evitar a calamidade, Abraão
tentou argumentar:
"Talvez haja cinqüenta justos na cidade.
Destruirás e não perdoarás a cidade pelos
cinqüenta justos que estão em seu seio?".
E rapidamente acrescentou:
"Longe de ti fazeres tal coisa: fazer
morrer o justo com o pecador...
Longe de ti!
Não fará justiça o juiz de toda a
Terra?".
Um mortal fazendo um sermão a uma Divindade!
E a súplica era para evitar a destruição -premeditada -, se
houvesse pelo menos cinqüenta pessoas virtuosas nas cidades.
Mas nem bem o Senhor concordou em poupar Sodoma e
Gomorra, caso nelas fossem encontradas essas cinqüenta pessoas, Abraão (que
talvez tenha escolhido o número 50 ciente de que ele tinha um significado
especial para o Senhor) imaginou em voz alta se Iahweh ainda destruiria
as cidades se faltassem apenas cinco para completar esse número.
Quando o Senhor concordou em desistir da destruição se fossem
encontrados 45 justos, Abraão continuou a barganhar, descendo o número para quarenta, trinta,
vinte e depois dez.
"E o Senhor disse:
'Não destruirei se houver dez'.
E Iahweh, tendo acabado de falar a Abraão,
foi-se, e Abraão voltou para seu lugar".
Ao anoitecer, os dois companheiros do Senhor - a Bíblia agora
passa a
chamá-los de Mal'akhim, que costuma ser traduzido por "anjos", mas que de fato significa "emissários" -chegaram a Sodoma com a
missão de procurar confirmação para as acusações de iniqüidade.
Ló, que estava sentado à porta da cidade, reconheceu de imediato
(exatamente como aconteceu com Abraão) a natureza divina dos dois
recém-chegados
Sem dúvida a identidade deles era revelada pela aparência,
trajes ou armas que usavam, ou talvez pela maneira (numa aeronave qualquer?) como tinham chegado.
Foi a vez de Ló insistir na hospitalidade, e os dois aceitaram o
convite para pernoitar em sua casa.
No entanto, não foi uma noite tranqüila, pois a notícia da
chegada dos visitantes agitou toda a cidade.
"Eles ainda não tinham deitado
quando a casa foi cercada pelos homens da cidade, os homens de Sodoma, desde os jovens até os velhos, todo
o povo sem exceção.
Chamaram Ló e lhe disseram: 'Onde estão os homens que vieram para tua casa esta noite?
Traze-os, para que deles abusemos'”.
Quando Ló serecusou a atender a ordem, os homens tentaram
invadir sua casa,
mas os dois Mal'akhim "os feriram de cegueira, do menor até
o maior, de modo que não conseguiram encontrar a entrada".
Percebendo que de todos os moradores da cidade só Ló era "justo", os dois emissários deram por
terminada a investigação.
O destino da cidade estava selado.
"Os homens disseram a Ló:
'Quem mais tens aqui além de ti?
Teus filhos, tuas filhas, todos os teus que estão na cidade,
faze-os sair deste lugar porque vamos destruí-lo'”.
Ló apressou-se a avisar seus futuros genros, mas só encontrou
descrença e gracejos.
Assim, ao raiar da aurora, quando os emissários insistiram para
que Ló fugisse sem demora, ele partiu levando consigo apenas a mulher e as duas
filhas solteiras.
E como Ló hesitasse, os homens o tomaram pela mão, bem como sua
mulher e suas duas filhas - pela piedade que Iahweh tinha
por ele.
Eles o fizeram sair e o deixaram fora da cidade.
Tendo retirado a família por via aérea, os emissários deixaram
os quatro longe da cidade e avisaram Ló para que fugisse para as montanhas.
"Salva-te pela tua vida!
Não olhes para trás de ti nem te
detenhas em nenhum lugar da planície; foge para a montanha para não
pereceres", explicaram.
Mas Ló, temeroso de não conseguir atingir as montanhas a tempo "Sem que me atinja o mal e eu venha a morrer", sugeriu: a destruição de Sodoma não poderia ser adiada até ele chegar à
cidade de Segor?
Concordando com a ideia, os emissários pediram-lhe que se
apressasse:
"Depressa, refugia-te lá, porque
nada podemos fazer enquanto não tiveres chegado lá".
Portanto, a calamidade não somente era previsível e evitável
como também podia ser adiada.
E mais: podia afligir uma cidade e não outra, bastante próxima.
Nenhuma catástrofe natural se ajusta a esses parâmetros.
No momento em que o sol se erguia sobre a Terra e que Ló entrou
em Segor,
Iahweh fez chover, sobre Sodoma e Gomorra,
enxofre e fogo vindo de Iahweh e destruiu essas cidades e toda a planície, com todos os
habitantes das cidades e a vegetação do solo.
As cidades, as pessoas, a vegetação, tudo foi destruído pela
arma dos deuses.
Seu fogo e calor calcinaram tudo o que havia à frente.
A radiação afetou até mesmo aqueles que estavam a uma certa
distância.
A mulher de Ló, ignorando a instrução de que não deveria olhar
para trás enquanto fugiam, transformou-se num "pilar
de vapor".
O "mal" que Ló
temia a apanhou...
Uma a uma, as cidades que "tinham
ofendido o Senhor" foram sendo destruídas,
e em cada uma delas Ló recebia instruções para continuar
fugindo.
Assim, quando Deus destruiu as cidades na planície, ele se
lembrou de Abraão e retirou Ló do meio da catástrofe, na destruição das cidades em
que Ló habitava.
Ló, seguindo as instruções recebidas, foi "se estabelecer na montanha... e se instalou numa caverna,
ele e suas duas filhas".
Tendo sido testemunhas da destruição pelo fogo e calor de tudo o
que era vivo na planície do Jordão e da ação da morte invisível que vaporizara
sua mãe, o que as filhas de Ló podiam pensar?
Vemos, na seqüência da narrativa, que elas imaginaram que os
três fossem os únicos sobreviventes do mundo e que o único modo de preservar a
espécie humana seria as duas cometerem incesto para conceber filhos de seu
pai...
"A mais velha disse à mais nova: 'Nosso pai é idoso e não há nenhum homem na Terra que venha
unir-se a nós segundo o costume de todo o mundo.
Vem, façamos nosso pai beber vinho e
deitemo-nos com ele, assim suscitaremos uma descendência de nosso pai'”.
Feito isso, as duas engravidaram e tiveram filhos.
A noite anterior ao holocausto deve ter sido de insônia e
ansiedade para Abraão.
Sem dúvida ele se preocupava com o destino de Ló e de sua
família no caso de não serem encontrados os dez justos em Sodoma.
"Levantando-se de madrugada, Abraão foi ao lugar onde estivera na
presença de Iahweh e olhou
para Sodoma, para Gomorra e para toda a planície, e eis que
viu a fumaça subir da terra, como a fumaça de uma fornalha”!
O patriarca estava testemunhando uma "Hiroxima", uma "Nagasáqui" -a destruição de uma planície
fértil e densamente povoada por armas atômicas.
O ano
era 2024 a.C.
Onde estão os restos de Sodoma e Gomorra?
Os antigos geógrafos gregos e romanos afirmavam que o fértil
vale onde antes ficavam as cinco cidades atingidas tinha sido inundado
pelo desastre.
De fato, os estudiosos modernos acreditam que a catástrofe
descrita na Bíblia (qualquer que tenha sido sua causa "natural") provocou uma falha na
margem sul do mar Morto, o que fez suas águas derramarem e cobrirem as regiões
mais baixas a sua frente.
A parte restante da antiga margem passou a ser chamada pelos
nativos da região de el-Lissan ("a
Língua"), nome que conserva até hoje.
O vale onde ficavam as cinco cidades tornou-se uma nova parte do
mar Morto,
apelidada de "mar de
Ló".
Além disso, o derrame das águas para o sul fez descer a margem
norte do mar Morto.
A possibilidade de ter havido uma explosão nuclear na região vem
sendo confirmada por várias pesquisas, que começaram com uma abrangente exploração
da área nos anos 20 do século passado por uma missão científica patrocinada
pelo Pontifício Instituto Bíblico do Vaticano.
Os arqueólogos dessa equipe descobriram que os povoados que
ficavam nas montanhas em torno da área foram abruptamente abandonados no século
21 a.C.
E permaneceram desocupados por muitos séculos.
E mais: até hoje a água das fontes que cercam o mar Morto são
contaminadas por radioatividade, que segundo o I. M. Blake, em "A Cura de Josué e o Milagre de Eliseu", artigo
publicado em The Palestine Exploration Quarterly, "é forte o bastante para provocar a esterilidade e outras
enfermidades em homens e animais que a ingeriram por muitos anos seguidos".
A nuvem da morte que se espalhou sobre as cidades da planície
assustou não apenas Ló e suas filhas, mas também Abraão.
Ele não se sentia seguro nem mesmo nas montanhas de Hebron, a
cerca de setenta quilômetros do local da catástrofe.
A Bíblia nos conta que ele levantou acampamento e mudou-se para o
oeste, indo morar em Gerara.
Abraão também não quis mais se aventurar à península do Sinai.
Mesmo muitos anos depois, quando seu filho Isaac mostrou desejo
de ir ao Egito por causa da seca e da fome em Canaã.
"Iahweh apareceu diante dele e disse:
'Não vás ao Egito; reside na terra
que te mostrarei'”.
Isso sugere que a passagem pela península do Sinai ainda
não era segura.
E por quê?
Cremos que a destruição das cidades da planície foi só um
espetáculo secundário.
Nessa mesma ocasião houve a destruição do Espaçoporto na península
do Sinai e a explosão deixou uma radiação mortal que permaneceu ali por muitos
séculos.
O principal alvo do ataque nuclear foi a península do Sinai.
Mas a verdadeira vítima, no final de tudo, foi a Suméria.
Embora o final de Ur tenha sido rápido, ele veio se aproximando,
tornando-se cada vez mais tenebroso, a partir da Guerra dos Reis.
O ano
do Juízo Final 2024 a.C. -foi o sexto do reinado de Ibbi-Sin, o
último rei de Ur.
Mas, para encontrarmos o motivo da calamidade, explicações sobre
sua natureza e pormenores sobre sua abrangência, temos de estudar os registros
dos 24 anos fatídicos que transcorreram desde aquela guerra.
Tendo falhado em sua missão e sido duas vezes humilhados pelas
forças de Abraão -uma vez em Cades-Barne, depois perto de Damasco -, os reis que pretendiam
invadir Canaã foram prontamente retirados de seus tronos.
Em Ur, Amar-Sin foi sucedido por seu irmão, Shu-Sin.
A grande coalizão não existia mais, e os antigos aliados
agora estavam começando a se apoderar de partes do antigo império de Amar-Sin.
Embora Nannar/Sin e Inanna também tivessem ficado desacreditados
com o fracasso da investida dos reis, eles foram os primeiros deuses a receber
a lealdade de Shu-Sin.
Segundo as inscrições desse rei, foi Nannar que "chamou seu nome" para torná-lo soberano de Ur.
Shu-Sin também chamava a si mesmo de "amado de Inanna" e afirmava que a deusa em
pessoa o apresentara a Nannar.
Shu-Sin também se vangloriava de que "a santa Inanna", a com extraordinárias
qualidades, a "Primeira Filha de Sin", lhe
dera armas "com as quais combateria os
países inimigos desobedientes"
Todavia, tudo isso foi suficiente para manter coeso o império
sumério, e Shu-Sin achou prudente solicitar o auxílio de deuses maiores.
A julgar pelos formulários de datas -inscrições anuais com
objetivos sociais e comerciais, em que cada ano de um reinado era designado
pela principal realização do rei naquele período -, no seu segundo ano Shu-Sin
tentou obter a graça de Enlil construindo para ele um barco sem igual, capaz de
navegar em mar alto e até atingir o Mundo Inferior.
O terceiro ano também foi de preocupação com o alinhamento
pró-Enki, pois isso talvez resultasse na pacificação dos seguidores de Marduk e
Nabu.
Não se sabe no que deram essas tentativas de troca de
fidelidade, mas tudo indica que elas foram em vão, pois o quarto e o quinto
anos foram marcados pela construção de uma grande muralha na fronteira
ocidental da Mesopotâmia, com o fim específico de conter as incursões dos "ocidentais" seguidores de Marduk.
Com o crescimento das pressões vindas do oeste, Shu-Sin procurou
se aproximar dos grandes deuses de Nippur, pedindo perdão e salvação.
Os formulários de dados, confirmados pelas escavações mais
modernas, revelam que o rei iniciou uma maciça reconstrução do recinto sagrado
de Nippur numa escala sem precedentes desde a era de Ur-Nammu.
As obras culminaram com a colocação de uma estela em honra de Enlil e
Ninlil.
O rei desejava desesperadamente ser aceito pelo casal divino,
mas só Ninlil, a consorte de Enlil, deu ouvidos à sua súplica.
Compadecendo-se de Shu-Sin e desejando "prolongar o bem-estar do rei para ampliar o tempo de sua
coroa", deu-lhe uma "arma cujo
brilho aniquila... cujo assustador relâmpago atinge o céu".
Um texto de Shu-Sin catalogado como "Coleção B" sugere que, em seus esforços
para restabelecer antigos vínculos com Nippur, o rei pode ter tentado uma
reconciliação com os nippurianos que tinham deixado Ur (tal
como a família de Terah) depois da morte de Ur-Nammu.
O texto afirma que, depois de ele ter feito a região onde ficava
Haran "tremer de medo diante de suas
armas", ele fez um gesto de paz mandando para lá uma de suas filhas para
se casar com um chefe local ou seu herdeiro.
A moça em seguida voltou à Suméria, e em seu séquito estavam
aqueles antigos cidadãos de Nippur.
Shu- Sin fez questão de apregoar que era a primeira vez que um
rei fundava uma cidade para esse casal de deuses, sem dúvida esperando elogios
e apoio.
Possivelmente com a ajuda dos nippurianos repatriados, ele
reinstalou as funções sacerdotais no templo de Nippur, concedendo a si mesmo o
título de sumo sacerdote.
Contudo, isso foi em vão.
Em vez de maior segurança, passou a existir maiores perigos no
império.
Agora a preocupação com a lealdade não estava apenas
restrita às províncias distantes.
Havia dúvidas dentro da própria Suméria.
Segundo as inscrições de Shu-Sin, ele considerava o governo do
seu próprio país o seu maior fardo.
Houve um esforço final para tentar convencer Enlil a voltar para
a Suméria, o que colocaria o rei sob sua proteção.
Parece que, seguindo um conselho de Ninlil, Shu-Sin mandou
construir para o casal um "grande barco de
passeio,adequado para os maiores rios...
Enfeitou-o com pedras
preciosas", proveu-o com remos feitos das melhores madeiras, varões e leme
artisticamente entalhados e mobiliou-o com todo o conforto, colocando nele até
mesmo uma cama de casal.
Depois "ancorou o barco de
passeio no lago que ficava diante da Casa de Prazer de Ninlil".
Enlil deve ter ficado tão comovido com o presente que talvez o
tenha feito recordar-se da época em que se apaixonara por Ninlil, a jovem
enfermeira, ao vê-la banhando-se nua no rio, e apressou-se a ir conhecer o
barco.
Quando Enlil soube, apressou-se a cortar o horizonte, de sul a
norte viajou; pelos céus, sobre a Terra ele correu para se rejubilar com
sua amada rainha, Ninlil.
A viagem sentimental, porém, não passou de um breve interlúdio.
Infelizmente, algumas linhas cruciais do final da tabuinha de
argila que contém o texto estão faltando e não temos detalhes sobre o que realmente
aconteceu.
Mas a última linha refere-se a "Ninurta,
grande guerreiro de Enlil, que atordoou o Intruso", o que aconteceu, ao
que tudo indica, depois que uma "inscrição maldosa" foi
descoberta numa efígie no interior do barco, talvez com a intenção de amaldiçoar
o casal divino.
Até agora não se encontrou registros sobre a reação de Enlil,
mas todas as outras evidências sugerem que ele partiu definitivamente de
Nippur, dessa vez levando consigo a esposa.
Logo depois -em fevereiro de 2031 a.C. pelo nosso calendário
-houve um eclipse total da Lua no Oriente Médio, que durou a noite toda.
Os sacerdotes do oráculo nada fizeram para acalmar a ansiedade
de Shu-Sin.
Numa mensagem escrita, disseram que aquilo era um presságio "ao rei que governa as quatro regiões; sua muralha será
destruída.
Ur encontrará a desolação".
Rejeitado pelos grandes deuses, Shu-Sin, num ato de desespero ou
de desafio,
jogou uma cartada final.
Mandou construir dentro do recinto sagrado de Nippur um
santuário para um jovem deus chamado Shara.
Na inscrição dedicatória, afirmou que era o pai do rapaz.
"Ao divino Shara, herói
celestial, filho amado de Inanna: seu pai Shu-Sin, o rei poderoso, rei de Ur,
rei das quatro regiões, construiu para ele o templo Shagipada, seu querido
santuário; que viva o rei”.
Isso aconteceu no nono e último ano do reinado de Shu-Sin.
O novo ocupante do trono de Ur, Ibbi-Sin, não conseguiu impedir
a decadência.
Coube a ele apressar a construção de muralhas e fortificações no
coração da Suméria, isto é, em torno de Ur e Nippur.
O resto do país foi deixado sem proteção.
Seus próprios formulários de dados (os
encontrados até agora só cobrem parte de seu reinado) contam
muito pouco sobre as circunstâncias da época.
Conseguimos muito mais informações a respeito dela a partir da
ausência das habituais mensagens de lealdade de outras cidades e dos
comprovantes de trocas comerciais.
Assim, as primeiras mensagens de lealdade que anualmente
deveriam ser enviadas a Ur e pararam de chegar foram as das capitais dos
distritos ocidentais.
No terceiro ano não chegaram as das províncias orientais.
Também naquele terceiro ano, o comércio internacional "parou de uma hora para outra, de maneira
significativa", como disse C. J. Gadd em History
and Manuments of Ur.
Em Drehem, perto de Nippur, onde ficava o posto de coleta de
impostos sobre bens e gado que eram comercializados e onde, durante toda a
Dinastia, foi mantida uma minuciosa contabilidade, os arqueólogos encontraram
milhares de plaquinhas de argila intactas contendo essas cifras, mostrando que
a contabilidade parou no terceiro ano do reinado de Ibbi-Sin.
Ignorando Nippur depois da partida de seus grandes deuses,
Ibbi-Sin colocou sua confiança em Nannar/Sin e Inanna e, no segundo ano de seu
reinado,instalou-se como sumo sacerdote do templo da deusa em Erech (Uruk).
Repetidamente ele pediu auxílio e orientação, mas só ouvia
presságios de destruição.
No quarto ano de seu reinado foi informado:
"O Filho se erguerá no oeste...
é um presságio para Ibbi-Sin. Ur será julgada".
No quinto ano Ibbi-Sin tentou conseguir mais força, tornando-se
sumo sacerdote de Inanna no santuário da deusa em Ur, mas isso também de nada adiantou.
Naquele ano outras cidades da Suméria deixaram de enviar
mensagens de lealdade e também foi o último em que essas cidades mandaram
os animais sacrificiais para o templo de Inanna em Ur.
Portanto, a autoridade central de Ur, seus deuses e seu
zigurate-templo já não eram reconhecidos.
No início do sexto ano os presságios sobre a destruição foram se
tomando mais urgentes e específicos.
"Quando vier o sexto ano, os
habitantes de Ur ficarão presos numa armadilha",
dizia um deles.
A calamidade profetizada viria, afirmava um outro, "quando, pela segunda vez,
aquele que chama a si mesmo de
Supremo, como alguém cujo peito tenha sido ungido, virá do ocidente"
Naquele mesmo ano, como revelam as mensagens vindas da fronteira, "ocidentais hostis entraram na planície da
Mesopotâmia".
Sem encontrar resistência, eles rapidamente penetraram no
interior, capturando as fortalezas uma após a outra.
A Ibbi-Sin só restava o enclave constituído por Ur e Nippur, mas
antes do final do fatídico sexto ano pararam de chegar abruptamente também
asinscrições nippurianas honrando o rei de Ur.
O inimigo da cidade e de seus deuses, "aquele que chama a si mesmo de Supremo",
atingira o coração da Suméria.
Marduk, como fora pressagiado, voltara à Babilônia pela segunda
vez.
Os 24 anos fatídicos -compreendendo a partida de Abraão de
Haran, a substituição de Shulgi no trono e o exílio de Marduk entre
os hititas resultaram naquele ano do Juízo Final, 2024 a.C.
E agora, depois de termos examinado as histórias separadas,
porém interligadas,
de Abraão e dos infortúnios de Ur e seus últimos três reis, seguiremos os
passos de Marduk.
A tabuinha de argila que conta a autobiografia de Marduk (da
qual já foi citada um trecho anteriormente) prossegue contando sobe a
volta do deus à Babilônia depois de 24 anos de estada no País dos Hatti.
No País dos Hatti perguntei a um oráculo sobre meu trono e minha
soberania;
entre eles perguntei:
"Até quando ficarei”?
Por 24 anos, entre eles, me aninhei.
No 24º. ano, Marduk recebeu um presságio favorável e foi para a
Babilônia.
A tabuinha está muito danificada nessa parte, mas é
possível entender o texto:
Meus dias de exílio estavam terminados; para minha cidade me
dirigi.
Para meu templo, Esagila, que é como um monte, reconstituir,
minha eterna morada estabelecer.
Ergui os calcanhares para ir à Babilônia.
Através de...Terras voltei à minha cidade, para seu futuro,
bem-estar estabelecer,
Para um rei na Babilônia colocar na casa de minha aliança...
No Esagila que é como um monte...
Por Anu criado...
Dentro do Esagila...
Uma plataforma erguer...
Em minha cidade...
Alegria...
Em seguida o texto dá uma lista das cidades pelas quais Marduk
passou a caminho da Babilônia.
Essa parte da tabuinha também está bastante quebrada, mas os
poucos nomes legíveis indicam que a rota da Ásia Menor até a Mesopotâmia o
levou, primeiro, a passar por Hama (Hamat na Bíblia) e depois
por Mari.
Então ele de fato chegou à Mesopotâmia vindo do Ocidente, como
tinham predito os oráculos.
E ele estava acompanhado de partidários amoritas (os
"ocidentais").
Conta Marduk em sua autobiografia que seu desejo era trazer a
paz e a prosperidade, "expulsar o mal e o azar...
trazer amor maternal à humanidade".
Porém, nada disso aconteceu. Um
adversário "despejou sua ira" contra a Babilônia.
O nome desse deus inimigo aparece logo depois no início de uma nova
coluna do texto, mas dele só resta a primeira sílaba:
"Divino NIN...".
Só pode ser Ninurta.
Esse texto pouco nos esclarece sobre as ações desse adversário,
pois todos os versos seguintes estão numa parte muito quebrada da tabuinha,
impossibilitando a compreensão da inscrição.
No entanto, podemos captar mais alguma coisa lendo a terceira
plaquinha dos Textos de Codorlaomor.
Apesar de ser um tanto enigmática, essa inscrição pinta um
quadro de tumulto total, com deuses inimigos marchando uns contra os outros à
frente de suas tropas humanas.
Os amoritas de Marduk caíram sobre o vale do Eufrates, ameaçando
Nippur, e Ninurta organizou as forças dos elamitas para enfrentálos.
À medida que lemos e relemos os registros dessas épocas
difíceis, vamos descobrindo que acusar falsamente um inimigo de cometer
atrocidades não é algo típico do mundo moderno.
O texto
babilônico - e temos de ter sempre em mente que ele foi escrito por um
adorador de Marduk -atribuiu às tropas elamitas a profanação de templos,
inclusive dos santuários de Ishtar e Shamash, e
acusa Ninurta de culpar mentirosamente os seguidores de Marduk pela profanação
do Santo dos Santos de Enlil em Nippur com o objetivo de instigar Enlil a se
posicionar contra Marduk e seu filho Nabu.
Segundo o texto, o saque de Nippur e a profanação do Ekur
aconteceram quando os dois exércitos se enfrentaram naquela cidade.
Ninurta acusou os seguidores de Marduk pelo sacrilégio, mas o
verdadeiro autor do feito foi Nergal!
A crônica babilônica não oferece maiores explicações para o
aparecimento de Nergal/Erra, um irmão de Marduk, como aliado de Ninurta.
Mas nos Textos de Codorlaomor ele é especificamente acusado de
profanar o Ekur: bErra, o impiedoso, entrou no recinto sagrado.
Parou diante dele e contemplou o Ekur.
Abrindo a boca, disse aos jovens guerreiros:
"Levem os despojos do Ekur,
tirem daqui seus valores, destruam suas fundações, derrubem o muro do
santuário”!
Quando Enlil soube que seu templo fora destruído, que "no Santo dos Santos o véu fora rasgado",
apressou-se a ir a Nippur.
"Ele emitia um brilho como se fossem
raios" ao descer do céu, tendo a sua frente "deuses vestidos de esplendor”, e "fez o lugar sagrado se sacudir"
ao se aproximar dele.
O grande deus dirigiu-se a seu filho, "o príncipe Ninurta", querendo saber quem
fora o autor da profanação.
Este, falsamente, apontou um dedo acusador para Marduk e seus
seguidores.
Descrevendo a cena, o texto babilônico garante que
Ninurta agiu sem o devido respeito para com seu pai:
"Sem temer pela vida, ele não
removeu sua tiara".
Ele "contou mentiras a Enlil... não
houve justiça; a destruição foi concebida".
Segundo o cronista, agindo dessa forma Ninurta fez com que Enlil
"causasse mal à babilônia".
Além dos "males" contra
Marduk e sua cidade, foi também planejado um ataque contra Nabu, o filho de
Marduk, e seu templo, o Ezida, situado em Borsippa.
Mas Nabu conseguiu fugir para o oeste, onde procurou abrigo nas cidades
perto do Mediterrâneo que lhe eram fiéis.
Do Ezida...Nabu, querendo liderar todas as suas cidades, voltou
seus passos para o grande mar.
Os versos do texto babilônico que vêm em seguida fazem um
paralelo exato com a história bíblica da destruição de Sodoma e Gomorra:
Mas quando o filho de Marduk estava na terra do litoral, aquele
Malvado Vento Erra com calor a planície calcinou.
Esses versos e a descrição bíblica da destruição com "fogo e enxofre" têm uma fonte comum.
Segundo a Bíblia (por exemplo, Deuteronômio
29:22-27), a "iniqüidade" das
cidades da planície do Jordão foi elas terem "abandonado a aliança com Iahweh",
terem ido "servir a outros deuses".
Pelo texto babilônico ficamos sabendo que o "grito" contra elas era a acusação de
terem tomado o partido de Marduk e Nabu.
Mas, enquanto a narrativa bíblica pára por aí, o texto
babilônico nos oferece importantes detalhes: as cidades cananéias foram atacadas
não somente para eliminar Nabu, que nelas procuraram abrigo.
Todavia, essa segunda meta não foi atingida, porque Nabu
conseguiu fugir para uma ilha no Mediterrâneo, cujos habitantes o
aceitaram prontamente, apesar de ele não ser um deus:
Ele no grande mar entrou, sentou-se num trono que não era
seu,Porque o Ezida,
sua legítima morada, fora arrasado.
O quadro pintado a partir dos textos bíblicos e babilônicos fica
mais clarocom a leitura do Épico de Erra.
Composto a partir de fragmentos encontrados na biblioteca de
Assurbanipal, esse texto assírio foi tomando forma e sendo mais bem
compreendido à medida que outras versões fragmentadas iam sendo descobertas em
diferentes sítios arqueológicos.
Hoje sabe-se que ele foi escrito em cinco tabuinhas de argila, e
do texto total só faltam algumas poucas linhas.
Existem duas traduções completas e minuciosas desse épico:
Das Era-Epos, de P. F. Gõssmann, e L'Epopea di Erra, de L.
Cagni.
O Épico de Erra não apenas explica a natureza e as causas do
conflito que redundou no uso da Arma Máxima contra cidades habitadas (com a
intenção de aniquilar um deus que nelas se escondia), como
também deixa claro que essa medida extrema não foi tomada de maneira apressada
e irresponsável.
Sabemos a partir de vários outros textos que naquele momento de
grave crise os grandes deuses permaneciam reunidos num contínuo Conselho de
Guerra, mantendo um constante contato com Anu.
"Anu para a Terra falava as
palavras,a Terra para Anu as palavras pronunciava
" O Épico
de Erra acrescenta a informação de que, antes de serem usadas as terríveis
armas, houve um confronto entre Nergal/Erra e Marduk, em que o primeiro usou de
ameaças para persuadir o irmão a deixar a Babilônia e desistir de sua ambição
de conquistar a supremacia.
Dessa vez a tentativa de persuasão falhou. Ao voltar diante do Conselho
dos Deuses, Nergal recomendou o uso da força contra Marduk.
O texto conta que as discussões foram acaloradas e amargas:
"por um dia e uma noite", sem cessar,
eles argumentaram.
Houve uma discussão violenta entre Enki e seu filho Nergal, em que
o primeiro tomou o partido de seu primogênito, Marduk:
"Agora que o príncipe Marduk se
ergueu, que o povo pela segunda vez levantou sua imagem, por que Erra continua
sua oposição”?
Finalmente, perdendo a paciência, Enki gritou para Nergal sair
de sua presença.Furioso, Nergal voltou a seus domínios.
"Consultando-se consigo
mesmo", ele decidiu usar as terríveis armas:
"As terras destruirei,
transformando-se num monte de pó; as cidades arrasarei, as transformarei em
desolação; os mares agitarei, o que neles pulula eu dizimarei; as pessoas farei
sumir, suas almas se transformarão em vapor,
ninguém será poupado"...
Por um texto conhecido como CT-xvi-44/46,
sabemos que foi Gibil, o irmão cujos domínios africanos faziam fronteira com os
de Nergal, quem avisou Marduk sobre a destruição que Nergal estava tramando.
Era noite, e os grandes deuses tinham se retirado para repousar.
Gibil foi procurar Marduk e contou sobre as "sete armas" que tinham sido criadas por
Anu...
"A maldade dessas sete está
voltada contra ti”
Assustado, Marduk perguntou ao irmão onde eram guardadas essas
armas:
"ó Gibil, aquelas sete... onde
nasceram, onde foram criadas”?
Ao que Gibi respondeu: quelas sete na montanha habitam; elas moram
numa cavidade dentro da terra.
Desse lugar, com um brilho elas se arremeterão, da Terra para o
Céu, vestidas de terror.
Mas onde exatamente ficava esse lugar?
Marduk repetiu a pergunta várias vezes, mas tudo o que Gibil
pôde informar foi: "Até mesmo para os sábios deuses
isto é desconhecido".
Marduk apressou-se em transmitir o
assustador relatório a seu pai, que já estava deitado, preparando-se para
dormir.
"Meu pai, Gibil, assim me falou: ele descobriu a vinda das sete [armas]”.
Depois de dadas as explicações necessárias, rogou ao pai, aquele
que muito sabia:
"Apressa-te, procura onde estão”!
Imediatamente Enki convocou o Conselho dos Deuses.
Todavia, ficou surpreso ao constatar que nem todos estavam tão
chocados como ele diante da possibilidade de se usar aquelas armas terríveis.
Então pediu que fossem tomadas sérias medidas contra Nergal,
salientando:
"As terras ficarão desoladas, o
povo perderá".
Nannar e Utu estavam hesitantes, mas Enlil e Ninurta defendiam
uma ação decisiva.
Por não haver unanimidade, a decisão final foi deixada a cargo
de Anu.
Quando Ninurta por fim chegou ao Mundo Inferior para comunicar a
decisão de Anu, descobriu que Nergal já ordenara a instalação dos "venenos"
(as ogivas nucleares) nas "sete armas assustadoras".
Embora o Épico de Erra refira-se constantemente a Ninurta como
Ishum
("O Calcinador"), ele explica com grandes
detalhes que esse deus deixou bem claro ao seu aliado que as armas só poderiam
ser usadas contra alvos especificamente aprovados.
Também, antes de elas serem disparadas, os Anunnaki que estavam
nos
lugares condenados tinham de ser evacuados, e os Igigi que tripulavam a plataforma espacial e os ônibus espaciais precisavam ser avisados.
lugares condenados tinham de ser evacuados, e os Igigi que tripulavam a plataforma espacial e os ônibus espaciais precisavam ser avisados.
E, por último, mas não menos importante, a humanidade deveria
ser poupada,
pois, "Anu, o senhor dos deuses, teve
piedade da Terra".
De início Nergal foi contra a idéia de dar qualquer tipo de
aviso, e o texto demora-se relatando a troca de palavras ásperas entre os dois
deuses.
No final, contudo, Nergal concordou em alertar os Anunnaki e os
Igigi, mas não Marduk, Nabu e seus seguidores humanos.
Foi então que Ninurta, tentando dissuadir Nergal de provocar um
aniquilamento indeterminado, usou palavras idênticas às que a
Bíblia atribui a Abraão quando tentou poupar Sodoma:
Valoroso Erra, destruirás os justos com
os injustos?
Destruirás os que contra ti pecaram junto
com os que contra ti não pecaram?
Usando de lisonjas, ameaças e lógica, os dois deuses discutiram
sobre a extensão da destruição.
Nergal, muito mais que Ninurta, estava tomado pelo ódio
pessoal:
"Aniquilarei o filho e deixarei
o pai enterrá-lo; depois matarei o pai, mas não deixarei ninguém enterrá-lo”!
Ninurta com muita dificuldade, recorrendo à diplomacia,
salientando a injustiça da destruição indiscriminada e os méritos de alvos
predeterminados, finalmente conseguiu dobrar Nergal.
"Ele ouviu as palavras de Ishum;
elas lhe pareceram tão atraentes como o óleo fino”.
Depois de concordar em não mexer nos mares e deixar a
Mesopotâmia fora do ataque, ele formulou um novo plano: a destruição seria
seletiva; a meta tática seria destruir as cidades onde Nabu poderia estar
escondido; a meta estratégica seria negar a Marduk seu mais cobiçado prêmio -o
Espaçoporto, "o lugar de onde os Grandes
ascendem"
De cidade em cidade enviarei um emissário;O filho, semente de
seu pai, não escapará; sua mãe parará de rir...
Ele não terá acesso ao lugar dos deuses.O lugar de onde os
Grandes ascendem,
eu destruirei.
Quando Nergal terminou de falar, Ninurta estava boquiaberto,
chocado com a idéia de destruir o Espaçoporto.
Mas, como afirmam outros textos, Enlil aprovou o plano assim que
ele lhe foi comunicado.
Sem perder tempo, Nergal pediu a Ninurta para eles iniciarem
rapidamente a ação:
Então o herói Erra foi à frente de Ishum, recordando-se de suas
palavras; Ishum também avançou de acordo com a palavra dada, mas com um aperto
no coração.
O primeiro alvo era o Espaçoporto, cujo complexo de comando
ficava escondido no "Mais Supremo dos Montes", enquanto
os campos de pouso espalhavam-se pela planície adjacente:
Ishum dirigiu seu curso para o Mais Supremo dos Montes; as terríveis
sete [armas], sem paralelo, flutuavam atrás dele.
Ao Mais Supremo dos Montes o herói chegou:
Ele ergueu a mão...
O monte foi esmagado;
A planície do Mais Supremo dos Montes ele não obliterou.
Espaçoporto foi arrasado com um único golpe nuclear.
E esse feito, como atestam todos os registros, foi obra de
Ninurta.chegou a vez de Erra/Nergal dar vazão a seu voto de vingança.
Seguindo para as cidades cananéias orientando-se pela Estrada do
Rei, ele destruiu as cidades da planície do Jordão.
As palavras usadas no Épico de Erra são quase idênticas às
empregadas na história de Sodoma e Gomorra:
Então, imitando Ishum,
Erra seguiu a Estrada do rei.
Com as cidades acabou, transformando-se em desolação.
Nas montanhas causou fome, pois seus animais matou.
Os versos que se seguem podem bem estar descrevendo a criação da
nova parte sul do mar Morto e o fim de toda a vida marinha que havia nele:
Ele cavou o mar, sua inteireza dividiu.
Aquilo que mora nele, até os crocodilos, fez definhar.
Como se usasse fogo, queimou os animais, os grãos transformou em
poeira.
Dessa forma o Épico de Erra abrange todos os três aspectos do
evento nuclear: a destruição do Espaçoporto no Sinai; a destruição das cidades
da planície do Jordão; e o rompimento da margem do mar Morto, que resultou em
sua ampliação para o sul.
Um acontecimento único e tão devastador como esse deveria estar
registrado em mais do que um único texto.
E isso realmente é o que acontece.
Existem outras crônicas descrevendo ou recordando a catástrofe
nuclear.
E um desses textos (catalogado como K.5001 e publicado na
Oxford Editions of Cuneiforms Textes, vol. VI) é de especial valor,
pois está escrito em sumério, e cada linha vem acompanhada de uma tradução para
o acadiano.
Isso mostra que, sem dúvida, ele é uma das primeiras crônicas
sobre o assunto
e deve ter sido uma das fontes para a narrativa bíblica.
Dirigido a um deus cuja identidade não fica clara, devido às
falhas na tabuinha, ele diz:
Senhor, portador do Calcinador, que queimou o adversário, que
obliterou a terra desobediente; que definhou a vida dos seguidores da Má
Palavra; que fez chover pedra e fogo sobre os adversários.
A fuga dos Anunnaki que guardavam o Espaçoporto, alertados para
o perigo iminente, está lembrada num texto babilônico em que um rei fala de eventos
acontecidos "no reinado de um monarca
anterior".
Naquela época, no reinado de um monarca anterior, as condições
mudaram.
O bem partiu, o sofrimento era habitual.
O Senhor enfureceu-se e concebeu a ira.Ele deu a ordem.
Os dois, decididos a cometer o mal, fizeram os guardiões se
afastar; os protetores subiram para a cúpula do céu.
Os Textos de Codorlaomor, que identificaram Ninurta e
Nergal pelos seus epítetos,
contam o ocorrido da seguinte maneira:
Enlil, entronizado em altura, estava consumido de raiva.
Os devastadores novamente sugeriram o mal.
Aquele que calcina com fogo Ishum/Ninurta e aquele do vento mau [Erra/Nergal],
juntos, executaram sua maldade.
Os dois fizeram os deuses fugir, fizeram-nos fugir da
calcinação.
O alvo, o local de onde eles tinham feito os deuses fugir, era o
Local de Lançamento:
Aquilo que estava levantando na direção de Anu para lançar eles
fizeram definhar;
seu rosto fizeram desaparecer, do lugar fizeram desolação.
E foi assim que o Espaçoporto, a causa de tantas guerras anteriores,
foi varrido da face da Terra.
O monte que abrigava o equipamento foi arrasado; as plataformas
de lançamento sumiram; a planície de solo duro, usada como pista, foi liquidada
e nela não restou nem mesmo um arbusto.
Essa grande instalação jamais seria vista novamente...
Mas a cicatriz que essa destruição deixou na Terra pode ser
vista até hoje!
É uma vasta cicatriz, tão imensa que só pode ser vista por
inteiro do espaço.
Por isso sua existência só foi revelada ao mundo recentemente,
quando os satélites começaram a fotografar a Terra do espaço.
Essa é uma marca para a qual nenhum cientista encontra
explicação.
Estendendo-se para o norte desse enigmático acidente geográfico
está a planície central da península do Sinai, que em outras eras geológicas
era o fundo de um lago.
O solo duro e plano é ideal para a aterrissagem de veículos
espaciais.
Foi uma geografia semelhante que fez a Base Aérea Edwards, no deserto
de Mojave, na Califórnia, ser escolhida para pouso dos ônibus espaciais.
Quando estamos em pé na grande planície da península do Sinai,
cujo terreno foi palco de combates entre tanques nas guerras modernas, podemos
ver a distância as montanhas que o cercam, dando-lhe a forma oval.
O calcário de que elas são constituídas fazem com que elas
brilhem muito brancas no horizonte.
Porém, na borda da imensa cicatriz existe um forte contraste
entre o negro do terreno e a brancura que o cerca.
O preto não é uma cor natural da península do Sinai, porque ali
predominam a brancura do calcário e os tons avermelhados do arenito, que podem
chegar ao marrom-escuro, mas jamais ao preto, pois este só é encontrado na
natureza quando existe o basalto, que não ocorre naquela área.
No entanto, ali, na parte norte-noroeste da enigmática cicatriz,
o solo é preto.
Essa cor é provocada por milhares de pedacinhos de rocha
enegrecida, que se espalham pela área como se tivessem sido atiradas por uma
mão gigantesca.
Até hoje, desde que a cicatriz foi fotografada por satélites,
não há explicação para ela.
Até hoje também não existe explicação para os pedacinhos de
rocha enegrecida que cobrem essa área.
Não existe justificativa, a não ser para qum lê os versos dos
antigos textos e aceita nossa conclusão de que, na época de Abraão, Nergal e Ninurta destruíram completamente o
Espaçoporto ali situado com armas nucleares.
“Aquilo que estava levantado na
direção de Anu para lançar, eles fizeram definhar; seu rosto fizeram
desaparecer; do lugar fizeram desolação”.
Bem distante, a leste, na Suméria propriamente dita, as
explosões não foram vistas nem sentidas, mas mesmo assim existem registros dos
feitos de Ninurta e Nergal porque tiveram um profundo efeito sobre a região e
seu povo.
Apesar de todos os esforços de Ninurta em tentar impedir que
Nergal ferisse a humanidade, o sofrimento não foi evitado.
A explosão nuclear deu origem a uma imensa ventania, que
começou como um turbilhão:
Uma tempestade, o Vento Mau, gritou pelos céus.
Então esse remoinho começou a se espalhar para leste, empurrado
pelos ventos vindos do Mediterrâneo
Logo depois os presságios que previam o fim da Suméria se
realizaram.
A Suméria propriamente dita tornou-se a grande vítima da
catástrofe atômica.
A calamidade que caiu sobre a região no final do sexto ano do
reinado de Ibbi-Sin está descrita em vários textos, as Lamentações, longos
poemas que choram a morte da majestosa Ur e de outros centros da civilização
suméria.
Como esses textos fazem lembrar muito o Livro das Lamentações da
Bíblia, que fala da destruição de Jerusalém pelos babilônicos, os
primeiros tradutores dos poemas sumérios partiram da hipótese de que a
catástrofe mesopotâmica também fora resultado de uma invasão, nesse caso de
tropas elamitas e amoritas.
De início, quando os arqueólogos encontraram as primeiras
tabuinhas com as Lamentações, os estudiosos imaginavam que somente Ur fora
destruída.
Mas, à medida que mais textos foram sendo descobertos, foi ficando
claro que Ur não havia sido a única cidade afetada nem o ponto central da
catástrofe.
A descoberta de tabuinhas com um lista das cidades afetadas
demonstrou que a destruição pareceu começar a sudoeste, estendendo-se para o
nordeste, abrangendo todo o sul da Mesopotâmia, e que uma catástrofe súbita e
geral caiu sobre todas as cidades ao mesmo tempo.
A destruição não aconteceu numa vagarosa sucessão, como teria
ocorrido se tivesse havido uma invasão progressiva.
Estudiosos como Th. Jacobsen (The Reign of Ibbi-Sin) concluíram
que "invasores bárbaros" não
tiveram nada a ver com a "terrível calamidade" que
atingira a Mesopotâmia e considerou essa catástrofe algo "muito, muito intrigante"
"Só o tempo dirá se um dia
veremos com plena clareza o que aconteceu naquela época", escreveu
Jacobsen.
"Estou convencido de que a
história completa ainda está muito longe de nossa compreensão”.
Mas o enigma pode ser resolvido, e a história compreendida,
quando relacionamos a catástrofe que se abateu sobre a Mesopotâmia com a
explosão nuclear na península do Sinai.
As Lamentações, notáveis por sua extensão e, no geral, pelo
excelente estado de conservação, começam deplorando a súbita partida dos vários
deuses de seus recintos sagrados, deixando os templos "abandonados ao vento".
Em seguida começam uma rica descrição da desolação causada pela
calamidade.
Os versos seguintes são um exemplo:
Fazendo cidades ficarem desoladas, fazendo casas ficarem
desoladas, fazendo currais ficarem desolados, os redis vazios.
Os bois da Suméria já não ficam em seus estábulos, seus
carneiros já não correm nos redis; em seus rios corre água amarga, nos campos
cultivados só nasce mato.
Nas estepes só crescem plantas murchas.
Nas cidades e aldeias "a
mãe não cuida de seus filhos, o pai não diz:
'Ó minha esposa'... a criança não
nasce forte, a ama não canta cantigas de ninar... a realeza foi tirada da
terra”...
Antes da
Segunda Guerra Mundial, antes de Hiroxima e Nagasaki serem destruídas com
bombas atômicas caídas do céu, alguém ainda podia ler a história
de Sodoma e Gomorra e aceitar a tradicional chuva de "fogo e enxofre"
por falta de melhor explicação.
Os primeiros tradutores das Lamentações, que não tinham idéia do
que era uma catástrofe nuclear, deram-lhe títulos como "A Destruição de Ur" ou "A Destruição da Suméria".
Todavia, não é isso que os textos descrevem.
Eles falam em desolação, não em destruição.
As cidades continuaram lá, mas sem seus habitantes; os currais continuavam
lá,
mas não havia gado; os redis continuavam lá, mas não existiam
mais carneiros.
Invasão, guerra, morte -todos esses males são bem conhecidos
pela humanidade,
mas como uma das Lamentações afirma claramente, o mal
que atingiu a Suméria foi único e jamais tinha sido experimentado antes:
Sobre a Terra [Suméria] caiu uma calamidade; uma
desconhecida para o homem;
uma que ninguém jamais vira antes; uma que não pôde ser suportada.
A morte não veio pela mão de um inimigo, foi uma morte invisível
"que vaga pelas ruas, que está solta nas estradas.
Ela pára ao lado do homem, mas ninguém
consegue vê-la; quando entra numa casa, sua aparência é desconhecida".
Não havia defesa contra "esse
mal que assolou a cidade como um fantasma...
pelas muralhas mais altas, pelas
muralhas espessas ela passa como se fosse uma inundação; nenhuma porta consegue
deixá-la de fora, nenhuma trava a impede;
pelas frestas ela desliza como uma
serpente; como vento, ela penetra pelo batente".
Todos os habitantes foram atingidos e morreram ali mesmo onde
estavam.
"Tosse e catarro enfraqueceram o
peito; a boca ficou cheia de saliva e espuma... torpor e tontura os afligiram,
um entorpecimento doentio... uma maldição, uma dor de cabeça... seus espíritos
abandonaram seus corpos”.
A morte era horrível:
As pessoas, aterrorizadas, mal conseguiam respirar; o Vento Mau
as agarrou, não lhes concedendo nem mais um dia...
Bocas estavam encharcadas de sangue, cabeças atoladas em
sangue...
O Vento Mau fazia empalidecer o rosto.
A fonte da morte invisível era uma nuvem que apareceu nos céus
da Suméria e "cobriu a terra como uma capa,
estendeu-se sobre ela como um lençol".
Pardacenta, durante o dia "o
sol no horizonte obliterou com sua escuridão".
À noite, luminosa nas bordas ("Orlada com terrível
brilho ela encheu a ampla Terra"), ela escondeu a Lua.
Indo de oeste para o leste, a nuvem mortal foi levada para a
Suméria por um vento furioso, "um grande
vento que sopra muito alto, um vento mau que derrota a Terra"
Aquilo não foi considerado um fenômeno natural:
"Uma grande tempestade dirigida
por Anu... viera do coração de Enlil".
Era um produto das sete armas assustadoras:
"Nasceu numa única cria... como
o amargo veneno dos deuses; no oeste foi gerada".
O Vento Mau, "trazendo
sofrimento de cidade em cidade, carregando densas nuvens que trazem tristeza do
céu", era resultado de um "relâmpago
de tempestade".
"Do meio das montanhas ele
desceu sobre a terra,da Planície Sem Piedade ele veio”.
Embora a população estivesse confusa, os deuses sabiam muito bem
qual era a causa do Vento Mau:
Um estrondo cruel foi o arauto da chorosa tempestade, um
estrondo cruel foi precursor da chorosa tempestade; poderosos descendentes,
valentes filhos, foram os arautos da pestilência.
Os dois filhos valentes -Ninurta e Nergal -soltaram "numa única cria" as sete terríveis armas
criadas por Anu, "arrancando tudo, destruindo
tudo" no loca da explosão.
As antigas descrições são tão vívidas e exatas como as feitas por
testemunhas oculares de explosões atômicas.
Logo que as "terríveis
armas" foram lançadas dos céus, houve um imenso fulgor.
Como conta um texto, "elas
espalharam raios assustadores na direção dos quatro cantos da Terra, calcinando
tudo como fogo".
Um outro descreve a formação do cogumelo atômico:
"Uma densa nuvem que traz
tristeza" subiu aos céus e foi seguida por "rajadas
de vento... uma tempestade que furiosamente queima os céus".
Não um, mas vários textos atestam que o Vento Mau, que carregava
a nuvem da morte, foi causado por gigantescas explosões ocorridas num dia que
seria para sempre lembrado:
Naquele dia, quando o céu foi esmagado e a Terra aniquilada, sua
face obliterada pelo remoinho...
Quando os céus escureceram, cobertos por uma sombra.
As Lamentações identificam o local dos assustadores estrondos
como sendo
"no oeste", perto
do "seio do mar" -uma descrição gráfica
da curva do litoral do Mediterrâneo na região da península do Sinai -, numa planície "no meio das montanhas", que
passou a ser chamada de "Lugar Impiedoso", mas
que antes era o local de onde os deuses "ascendiam
aos céus".
O monte que ficavaperto dessa planície, que no Épico de Erra tem
o nome de
"O Mais Supremo", numa
das Lamentações é chamado de "Monte dos
Túneis Uivantes" -epíteto que nos traz à mente as descrições encontradas nos
Textos das Pirâmides, que contam a viagem dos faraós para a Outra Vida quando
eles entravam numa montanha cheia de passagens subterrâneas.
Essa viagem está amplamente comentada em A
Escada para o Céu, livro em que também identificamos essa montanha como sendo aquela
que Gilgamesh encontrou em sua viagem para a Terra dos Foguetes, na península
do Sinai.
Segundo uma Lamentação, a nuvem mortal criada pela explosão do
monte foi levada pelos ventos na direção leste, "até
a fronteira de Anzan", nas montanhas Zagros, afetando toda a
Suméria desde Eridu, ao sul, até a Babilônia, mais ao norte.
A passagem da "morte
invisível" durou 24 horas:
"Naquele dia, num único dia;
naquela noite, numa única noite... a tempestade, criada no estrondo de um raio,
deixou prostrado o povo de Nippur".
O Lamento de Uruk descreve com detalhes a confusão entre a
população e os próprios deuses.
Explicando que Anu e Enlil prevaleceram sobre Enki e sua
consorte, Ninki, ao consentirem no uso das sete armas, deixa
claro que nenhum dos deuses antevia o terrível resultado:
Os grandes deuses empalideceram diante de sua grandiosidade ao
assistir à explosão, cujos "raios gigantescos
atingiram o céu e fizeram a Terra estremecer até seu âmago".
À medida que o Vento Mau ia "se
espalhando para as montanhas como uma rede", os deuses iam fugindo
de suas amadas cidades.
O poema Lamentações sobre a Destruição de Ur dá uma lista de
todos os grandes deuses e grandes templos da Suméria.
Um outro, intitulado Lamentação sobre a Destruição da Suméria e
Ur, nos conta mais detalhes sobre essa retirada apressada.
"Ninharsag chorou lágrimas
amargas" enquanto fugia de Isin; Nanshe gritou:
"Ó, minha cidade devastada”!
Enquanto sua "amada
residência era entregueao infortúnio".
Inanna partiu apressadamente de Uruk, zarpando para a África num
"navio submergível",
queixando-se de que precisava deixar para trás suas jóias e outros bens...
Chorando por Uruk, Inanna-Ishtar lamentou a desolação causada em
sua cidade e em seu templo pelo Vento Mau que, "num
instante, num piscar de olhos, foi criado no meio das montanhas" e
contra o qual não havia defesa.
Uma comovente descrição do medo e da confusão que tomaram conta
de deuses e homens diante da aproximação do Vento Mau é encontrada no texto Lamento
de Uruk, que foi escrito anos depois, durante a restauração da Suméria.
Enquanto os "leais cidadãos
de Uruk eram tomados de terror", as deidades residentes, as
encarregadas da administração e do bem-estar da cidade, deram o alarme.
"Acordem”!
Gritaram para a população no meio da noite.
"Fujam! Escondam-se na estepe”!
Em seguida os próprios deuses fugiram, "tomaram caminhos desconhecidos".
Tristemente o texto acrescenta:
Assim todos os deuses saíram de Uruk; ficaram longe dela;
esconderam-se nas montanhas, fugiram para as planícies distantes.
Em Uruk a população, indefesa e sem liderança, ficou entregue ao
caos.
"O pânico caiu sobre Uruk... seu
bom senso estava distorcido”.
Desesperado, o povo invadiu os santuários, quebrando
tudo o que encontrava lá dentro, perguntando:
"Por que os deuses nos esqueceram?
Quem causou tanto sofrimento e
lamentação”?
Mas suas perguntas ficaram sem resposta e, quando o Vento Mau
passou,
"as pessoas estavam amontoadas
em pilhas... o silêncio cobriu Uruk como se fosse uma capa".
Como nos conta o Lamento de Eridu, Ninki fugiu de sua cidade
para procurarabrigo na África:
"Ninki, sua grande senhora,
voando como um pássaro, deixou sua cidade".
Enki, porém, só se afastou o suficiente para ficar fora do raio
de ação do Vento Mau:
"O senhor ficou fora de sua
cidade...
Pai Enki parou fora da cidade...
chorou lágrimas amargas diante do infortúnio de sua cidade ferida".
Vários de seus súditos o seguiram, e eles ficaram acampados nos
arredores, de onde, por um dia e uma noite, assistiram a tempestade "pôr a mão" sobre Eridu.
Quando a tempestade passou, Enki foi inspecionar Eridu e
encontrou uma cidade "afogada em silêncio... os
residentes empilhados em montes".
Os sobreviventes lamentaram:
"Ó Enki, tua cidade foi
amaldiçoada, foi transformada em território desconhecido”!
Mas embora o Vento Mau tivesse passado, o lugar continuava
inseguro, e Enki "ficou fora de sua cidade como
se ela fosse uma terra estrangeira"
Em seguida, "esquecendo-se
da Casa de Eridu", Enki conduziu "os que tinham
sido desalojados" para o deserto, na direção de uma "terra
inimiga", onde usou seus conhecimentos científicos para tornar
comestível a "árvore suja".
Marduk, da Babilônia, enviou urna mensagem urgente a seu pai,
Enki, enquanto a nuvem da morte se aproximava de sua cidade.
"O que devo fazer?"
Enki aconselhou a todos que pudessem para deixar a cidade, mas
tomando unicamente a direção norte.
Uma das instruções é idêntica à dada a Ló.
O povo da Babilônia não deveria "nem
virar nem olhar para trás".
Além disso, ninguém deveria levar nenhum tipo de comida e bebida,
pois poderiam estar "tocadas pelo fantasma".
Se a fuga fosse impossível, deveriam procurar um abrigo
subterrâneo:
"Sigam para uma câmara abaixo da
terra, penetrem numa escuridão", até o Vento Mau passar.
O vagaroso avanço da tempestade enganou alguns deuses, que
pagaram caro por seu atraso na fuga.
Em Lagash, Bau, a consorte de Ninurta, hesitava em fugir de sua
amada cidade.
"Mãe Bau chorava amargamente por
seu templo”.
A demora quase custou-lhe a vida:
Naquele dia, a senhora...
A tempestade a apanhou; Bau, como se fosse mortal...
A tempestade a apanhou...
Pelas lamentações em relação a Ur, uma das quais composta pela
própria deusa Ningal, sabemos que ela e Nannar/Sin recusaram-se a acreditar que
o fim da cidade fosse inexorável.
Nannar fez um longo e emocionado apelo a seu pai, Enlil,
procurando algum meio de evitar a calamidade.
Mas Enlil respondeu que o destino não poderia ser mudado:
A Ur foi concedida a realeza...
Não lhe foi concedido um reino eterno.
Desde os dias de antanho, quando a Suméria foi fundada, até o
presente,quando o povo se multiplicou.
Quem já viu uma realeza de um reino
eterno?
Enquanto o apelo era feito, diz o poema de Ningal, “a tempestade avançava, seu rugido cobria tudo”.
O Vento Mau chegou a Ur durante o dia.
“Embora eu ainda trema por aquele
dia, do fedor daquele dia não fugimos”.
Ao chegar a noite, “um
amargo lamento levantou-se de Ur”, mas ainda assim o deus e
a deusa continuaram na cidade:
“Do fedor daquela noite não fugimos”
Então a nuvem atingiu o grande zigurate, e Ningal se deu conta
de que Nannar “fora apanhada pela tempestade cruel”
O casal passou uma noite de pesadelo, que Ningal jurou jamais
esquecer,
escondidos na “casa do cupim” (uma
câmara subterrânea) no interior do zigurate
Somente no dia seguinte, “quando a
tempestade foi carregada para fora da cidade”, os dois partiram da
cidade que tanto amavam.
Enquanto eles saíam, viram morte e desolação:
“Amontoa dos como cacos de cerâmica,
os habitantes enchiam as ruas; perto dos grandes portões, ondeantes o povo
costumava passear, agora só havia cadáveres; nas praças onde se faziam
celebrações, eles estavam espalhados;
em todas as ruas em que costumavam
passear havia cadáveres; nos locais onde antes havia festividades, pessoas
jaziam amontoadas”.
Os mortos não foram enterrados:
“Os cadáveres, como gordura deixada
ao sol, derreteram-se por si mesmos”
Então Nergal levantou a voz no seu grande lamento por Ur, a
antes majestosa cidade, o principal centro sumério, a capital de um império:
Ó casa de Sin em Ur, amarga é tua desolação...
Ó Ningal, cujas terras pereceram, fazendo teu coração virar
água.
A cidade tornou-se um lugar estranho,
como agora alguém pode existir?
A casa tornou-se uma casa de lágrimas e faz meu coração virar
água...
Ur e seus templos foram entregues ao vento.
Todo o sul da Mesopotâmia estava liquidado.
As águas e o solo tinham sido envenenados pelo Vento Mau:
“Nas margens do Tigre e do Eufrates
só crescem plantas doentias...
Nos pântanos nascem caniços doentes
que logo apodrecem...
Nos pomares e jardins nada brota,
tudo murcha rapidamente...
Os campos cultivados já não são mais
arados, não se planta sementes, não existem mais alegres canções nos campos”.
Os animais da área rural foram dizimados:
“Na estepe, todo tipo de gado, grande e pequeno, todas as
criaturasvivas pereceram”.
Os animais domésticos também morreram:
“Os redis foram entregues ao vento...
o zumbido da batedeira já não ecoa no redil...
Os estábulos já não fornecem manteiga
e queijo...
Ninurta levou embora o leite da
Suméria”.
“A tempestade arrasou a terra, varreu
tudo; rugiu como um grande vento;
ninguém dela conseguiu escapar;
esvaziando as cidades, esvaziando as casas...
Ninguém caminha pelas ruas, ninguém
procura as estradas”.
A devastação da Suméria foi completa.
FONTE: TRECHO
DO LIVRO "A GUERRA ENTRE DEUSES E
HOMENS"
ZECHARIA SITCHIN
TRECHO DO LIVRO
VIMANA AERONAUTICA DA ÍNDIA ANTIGA, DAVID HATCHER CHILDRESS
FONTE
Giants Upon the
Earth - por Jason Martell, ANCIENT-X - Planet X: Past and Present - ANCIENT-X -
Zecharia Sitchin - ANCIENT-X
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