20/08/2013
O texto abaixo está no final do capítulo 8 da obra “A Bíblia no 3º
Milênio”,
capítulo que fala sobre a fé, a graça, a caridade e a
justificação da fé:
Mas afinal como podemos definir de forma mais ampla a caridade,
que é a graça, o dom de amar
manifesto em obras, ações?
Muitas vezes a caridade é confundida com conveniência, medo de
ir pro “inferno” ou ser exilado para outro planeta, em outros casos vaidade e
orgulho.
Muitas pessoas doam altas quantias financeiras, mas em muitas
ocasiões é por mera conveniência, apenas porque outras pessoas do mesmo círculo
social de amizades também o fazem ou simplesmente porque aquele dinheiro não
fará falta alguma e servirá ainda para promover a “boa
imagem” do doador.
Sobre esse tipo de “caridade”
Jesus explica bem na parábola do óbulo da viúva.
Existem ainda os “caridosos” temerosos
de irem pro “inferno”
(na tradicional concepção protestante e católica)
ou de serem exilados para um mundo inferior (concepção de espíritas e
espiritualistas)
Os temerosos nesse caso doam como forma de estabelecer um pacto
com Deus: doam, mas querem em troca ter a “salvação”
o que obviamente não transforma a ajuda ou doação em algo sincero, mas
simplesmente um ato sem qualquer sentimento e pior ainda:
eivado de segundas intenções e de caráter egoísta por parte daquele que doa.
Por fim existe o “caridoso” vaidoso
e orgulhoso, que se vangloria demonstrando ter o poder de “ajudar”.
Esse, em verdade, pouco se importa com as necessidades de quem
ajuda, mas sim de mostrar o seu poder em ajudar.
Isso demonstra que nem sempre ao ajudarmos alguém estaremos
realizando um ato de caridade.
Caridade engloba essencialmente fraternidade e empatia, ou seja,
sentir naquele necessitado e suas necessidades como se fossem as
nossas próprias necessidades, não julgando os possíveis equívocos que levaram a
pessoa a essa situação, mas sim enxergando que esses erros podem ser os mesmos
que nós já cometemos no passado ou iremos ainda cometer, algum dia, no futuro.
Quando um mendigo nos pede um dinheiro na rua, ou um prato de
comida, ao darmos a ele, na maioria das vezes está se prestando um ato
humanitário de ajuda, mas raramente um ato de caridade,
de amor verdadeiro.
Muitas vezes uma pessoa dentro do seu carro dá um “trocado”
pra se ver logo livre das “lamúrias”
do pedinte ou até mesmo com medo de sofrer um assalto.
Quantas vezes escutamos os problemas de algum colega ou alguém
próximo sem o menor desejo de buscar ajudar esse colega a encontrar uma
solução, mas sim “rezando” para que o “trololó” acabe
logo?
Jesus esclarece na parábola do bom samaritano o que realmente é
a caridade, o verdadeiro sentimento de fraternidade e misericórdia com o
próximo.
Hoje em dia quantas vezes passamos pelas ruas e vemos pessoas
atiradas na sarjeta, por tristes problemas como as drogas ou o alcoolismo, ou
simplesmente porque não tiveram a chance de um emprego ou de possuir uma melhor
educação e carinho dentro do seio familiar?
Quantas vezes ao passarmos por essas pessoas agimos como o bom
samaritano?
Ou simplesmente quantas vezes sentimos o mínimo de vontade
sincera para prestar ajuda, de colaborar no reerguimento desse irmão falido?
Ajudar sempre que possível é o mínimo que todo ser humano
deveria fazer, se esforçando para aproveitar cada oportunidade colocada por
Deus diariamente no caminhar de cada um de nós.
Entretanto, Ele espera muito mais; espera que consigamos a
partir dessa ação de ajuda, despertar a chama do amor dentro
de nós, a chama da verdadeira caridade, aquele sentimento libertador que deixa
o homem mais próximo de Deus.
Jesus ensinou a caridade em todas as suas parábolas, e sendo a
caridade a exteriorização do amor ao próximo em obras, podemos definir a caridade
como:
Doação
sincera, sem esperar nada em troca.
Assim foi toda a vida de Jesus, uma doação de amor a todo gênero
humano, aceitando com resignação todas as limitações daqueles que o receberam.
Perdão
do fundo do coração, buscando harmonia e reconciliação,
como na parábola do filho pródigo.
Fraternidade,
como a viúva do óbulo, doando uma parte do pouco que possuía, realmente amando
ao próximo como a si própria.
Misericórdia, como
o bom samaritano que socorreu o homem atacado pelos ladrões sem desejar nada em
troca, senão a plena recuperação daquele que apareceu em seu caminho.
Pureza, como
as criancinhas buscando se aproximar de Jesus sem medo ou desconfiança,
exemplificando o poder da fé.
Justiça, como
na parábola da adúltera, quando os acusadores viram nas limitações e erros
daquela mulher os seus próprios erros e limitações.
Confiança
na providência e justiça divina, como na parábola onde Jesus fala dos lírios do
campo e dos pássaros do céu, que vivem como manifestação da glória e amor
divino perante os olhos do mundo.
Discernimento,
para saber a hora certa de bater à porta e orar e vigiar para se lembrar sempre
de entrar pela porta estreita.
Humildade
para aceitar com coragem os desígnios de Deus, aceitar a própria
cruz, se espelhando naquele que nada devia, mas aceitou sem murmurar o desprezo
e a incompreensão daqueles que o puseram na cruz.
Nessa busca, o arrependimento é
o primeiro ato na busca do despertar da caridade: quando nos arrependemos dos
atos contrários a lei de amor ao próximo que praticamos.
É o primeiro passo para tomarmos a consciência daquilo que
precisa ser mudado, melhorado, na busca da reforma moral.
Não devemos confundir, porém, o arrependimento com o sentimento de
culpa, pois a culpa cria uma vibração envolta em depressão e baixa autoestima e
nos faz pensar muito mais no ato errado que praticamos ao invés de pensar numa
nova forma de agir, sustentada na busca da serenidade, alegria de viver e,
sobretudo, uma vontade firme de progredir moralmente, agindo melhor consigo
mesmo e com o nosso próximo.
Por isso que na maioria das religiões cristãs o batismo do
arrependimento ou simplesmente o arrependimento é visto como base fundamental
para o nascimento do novo homem, aquele que descobriu o amor dentro de si
mesmo.
O caminho do despertar da caridade passa pelos 3 batismos
mencionados na Bíblia: o do fogo, arrependimento e Espírito Santo e
ao percorrer esse caminho, o caminho da iluminação que leva a Verdade e a vida
eterna (salvação), o homem finalmente encontra a divindade que sustenta a sua
vida, encontra a verdadeira paz e a verdadeira felicidade.
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Bíblia no 3º Milênio está a venda pelo Clube dos Autores.
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