AS PESSOAS ESTÃO DORMINDO
OSHO
”Deus não é
uma teoria, não é um argumento.
É uma experiência
importante na vida.”
Um garotinho estava brincando com seus blocos de madeira,
quando o pai entrou no seu quarto.
“Quieto, papai, estou construindo uma igreja.”
O pai, querendo testar o conhecimento religioso do filho, disse:
“Por que devemos estar quietos na igreja?”
“Nós devemos, porque as pessoas estão dormindo.”
O homem está dormindo.
Este sono não é o sono comum, é um sono
metafísico.
Mesmo quando você pensa que está acordado, você permanece
adormecido.
Com os olhos abertos, andando na rua, trabalhando em seu
escritório, você permanece adormecido.
Não é apenas na igreja que você está adormecido, você está adormecido
em todo lugar.
Você está simplesmente adormecido.
Esse sono metafísico tem de ser quebrado, esse
sono metafísico tem de ser completamente abandonado.
A pessoa tem do tornar-se uma chama de consciência.
Somente então a vida co meça a ser significativa, somente então
a vida ganha significado, somente então é vida, não a vida do dia-a-dia, comum,
rotina maçante - a vida tem poesia em si e mil e uma flores de lótus no
coração.
Então há Deus.
Deus não é uma teoria, não é um argumento.
É uma experiência importante na vida.
E a importância só pode ser sentida quando você não está
adormecido.
Como você pode sentir a im portância da vida estando adormecido?
A vida é significante, imensamente significante.
Cada momento dela é precioso.
Mas você está adormecido.
Apenas olhos despertos podem ver essa importância, viver essa
importância.
Um desses dias houve uma pergunta.
Alguém indagou:
Osho, você fica nos dizendo para celebrar a vida.
O que há para celebrar?
Eu posso entender.
A pergunta é relevante.
Parece não haver nada para celebrar.
O que há para celebrar?
A pergunta dele é a sua pergunta, é a pergunta de todo mundo.
Mas a realidade é exatamente o contrário.
Há tudo para celebrar.
Cada momento é tão imenso, tão fantástico, cada momento traz
tanto êxtase. . .
Mas você está adormecido.
O êxtase vem, paira ao seu redor e se vai.
A brisa vem, dança ao seu redor e se vai. E você permanece
adormecido.
As flores desabrocham e a fragrância vem a você, mas você
está adormecido.
Deus fica cantando de mil e uma formas, Deus dança ao seu redor,
mas você está adormecido.
Você me pergunta:
O que há para celebrar?
O que não há para celebrar?
Tudo que uma pessoa pode imaginar está aí.
Tudo que alguém pode desejar está aí.
E é mais do que você pode imaginar.
É em abundância.
A vida é um luxo!
Pense num homem cego.
Ele nunca viu uma rosa desabrochar.
O que ele tem perdido?
Você sabe?
Você não pode sentir nenhuma compaixão por ele?
Ele tem perdido algo, algo divino.
Ele não vê o arco-íris.
Ele não vê o nascer nem o pôr-do-sol.
Ele não vê as folhagens das árvores.
Ele não vê a cor.
Que escura é a consciência dele!
E você tem olhos e diz:
O que há para celebrar?
O arco-íris está aí, o pôr-do-sol está aí, as árvores verdes
estão aí,
uma existência tão colorida...
Mesmo assim eu entendo.
Sua pergunta é relevante.
Entendo que sua pergunta tem algum sentido.
O arco-íris está aí, o pôr-do-sol está aí, o oceano, as nuvens,
tudo está aí — mas você está adormecido.
Você nunca viu uma rosa.
Você passou por ela, você olhou a rosa — não estou dizendo que
não a tenha olhado, você tem olhos, assim, você olha — mas você não a viu, não
meditou sobre ela, você não deu nem um único momento de sua meditação a ela,
você nunca esteve em sintonia com ela, você
nunca esteve ao lado dela, sentado perto, em comunhão, você nunca disse ‘oi’ para ela, você nunca
participou com ela.
A vida passa, você continua aí, sem participar.
Você nunca está em harmonia com a vida, por isso sua pergunta é significativa.
Você tem olhos mas não vê, tem ouvidos e não ouve, tem
coração e não ama — você está profundamente adormecido.
Isso tem de ser entendido, eis porque continuo a repetí-lo
muitas vezes.
Se você entende que está adormecido, o primeiro raio do
despertar entra em você.
Se você pode sentir que está adormecido, então você não está
mais, então você está exatamente à beira de onde o dia se rompe — a manhã, a
alvorada.
Mas a primeira coisa essencial é entender que “eu
estou adormecido”.
Se você pensa que não está adormecido, você nunca estará
acordado.
Se pensa que essa vida que você tem levado até agora é a vida de
um ser acordado, por que então você deveria buscar e procurar
caminhos para acordar a si mesmo?
Quando um homem sonha e sonha que está acordado, por que ele
deveria tentar acordar?
Ele já acredita que está acordado.
Esse é o maior truque da mente e todos estão sendo enganados por
ele.
O maior truque da mente é dar a você a ideia de ser aquilo que
você não é, é ajudá-lo a sentir que você já é aquilo.
Osho, em
"Sufis:
O
Povo do Caminho"
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