DESPERTANDO O CONHECIMENTO
AUTOCONHECIMENTO
"Ao nascermos, nos deparamos com
um mundo cheio de nomes e formas que determinam os limites e as diferenças
aparentes entre objetos.
A cada instante vivemos inúmeras
experiências de prazer e desprazer e aprendemos a interpretá-las a partir de
conceitos, valores e significados, que assimilamos dos outros e do ambiente em
que vivemos.
Impulsivamente buscamos realizar os
nossos desejos, repetindo experiências de prazer, e assim nos dizemos felizes;
ou tentamos evitar sensações de desconforto e desprazer, que nascem da
impossibilidade de realizar nossos desejos, e então nos dizemos infelizes.
Esse refúgio no conforto implica num
afastamento da realidade interna (sentimentos,
sensações, etc.) e externa,
que são vividas como conflitantes,
resultando numa percepção distorcida de nós mesmos e do mundo, ancorada numa
série de tensões e resistências físicas e psíquicas.
A partir dessas experiências e
interpretações crescemos,
construindo uma identidade, uma noção
de eu diferente e separado dos outros, e esse eu, por sua vez, torna-se o
sujeito que julgará a si mesmo e as situações.
Assim, a vida é vivida sob a
constante tensão de nos sentirmos inadequados, desejosos sempre de algo
diferente.
Sempre imaginamos que alguém,
diferente de nós, é feliz,
vivendo com confortos.
Isso acontece por valorizarmos e
termos fantasias com relação ao que o outro possui.
Sob essa ilusão, ninguém é
completamente feliz.
A única diferença é que alguns são
infelizes com confortos e outros infelizes sem confortos.
Todo mundo deseja ser diferente do
que é ou que o mundo seja diferente do que ele é.
Este problema é comum a todos os
seres humanos.
Solucionar este problema é o objetivo
da vida.
Não se pode permanecer indiferente a
ele.
Através das várias experiências que
temos em nossa vida,
alcançamos uma maturidade para
reflexão.
Este é o grande momento, quando não
somente vivemos em busca de confortos e prazeres, mas também analisamos o que
desejamos com nossas aquisições.
O mero acúmulo de objetos não produz
felicidade.
A insatisfação da mente não se
resolve, satisfazendo todos os desejos.
O ser humano possui a capacidade de
discernimento, o intelecto, e está consciente de si mesmo e do mundo ao redor.
Diferente neste aspecto dos animais,
que são governados por instintos, o homem possui a grandeza de ser consciente
de si mesmo.
Porém o eu, do qual está consciente,
não lhe parece completo, nem adequado.
Infelizmente ele se sente um ser
inadequado e incompleto
E este ser incompleto, o único
conhecido, cria o constante desejo de ser diferente, através de mudanças na
vida.
Não existe problema algum em desejar
e causar mudanças na vida.
Aliás, as mudanças não podem ser
evitadas; a vida é um processo de constante mudança.
O problema é a expectativa que existe
na mudança.
A expectativa é de que, produzindo
uma nova situação em nossa vida ou modificando nosso passado, estaremos mais
adequados, mais completos.
Tentamos fazer algo, não pela ação ou
pela mudança, mas para sermos felizes, para eliminarmos a insatisfação.
Em todas as mudanças que procuramos
realizar em nossas vidas, o que buscamos é uma mudança em nós mesmos
Buscamos estar bem em qualquer
situação, estar completos, adequados, de forma que nenhuma situação possa nos
perturbar.
Ao analisarmos, percebemos a teia das
fantasias e dos erros de interpretação e julgamento na qual estamos
emaranhados.
O questionamento, a compreensão e a
aceitação do mundo como ele é e o processo de eliminar os conflitos que nascem
dessa ilusão são necessários para atingirmos uma mente clara e tranquila.
Esta mente clara e tranquila é o que
sempre estivemos procurando.Yoga e Vedanta oferecem os meios para este
despertar.Yoga é um conjunto de técnicas que visam o equilíbrio do indivíduo
para que ele possa descobrir-se como ser completo.
A descoberta deste ser completo,
adequado em si mesmo,
que não depende de situações para ser
feliz, é o objetivo de Vedanta.
Descobrir que existe uma busca
fundamental por detrás dos vários desejos é a maturidade espiritual.
É o despertar para o objetivo maior
da vida, o conhecimento do ser pleno que sou eu."
Glória Arieira e Virgínia Maffioletti
em Autoconhecimento
Fonte : Ventos de Paz
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