sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A REVOLUÇÃO REAL NUNCA FOI TENTADA DA RELIGIÃO, OSHO

MAGNÍFICO TRECHO DE OSHO, QUE NOS REMETE A TREMENDA REFLEXÃO AO GIGANTE DESAFIO QUE É CRESCERMOS...
O tempo URGE e cada um comanda o seu...
A REVOLUÇÃO REAL
NUNCA FOI TENTADA
Noutro dia, eu lhes disse que todas as revoluções fracassaram, todas, exceto uma.
Mas essa jamais foi tentada, trata-se DA RELIGIÃO, a revolução não tentada.
Por que ela ainda não foi tentada?
E ela é a única revolução real possível, então,
por que ainda não foi tentada?
Ela é real e pode de fato mudar o mundo inteiro, por isso não foi tentada.
As pessoas desejam falar sobre mudança e revolução, desejam brincar com essas palavras e adoram filosofar, mas não querem realmente penetrar na revolução; elas não são muito corajosas e se apegam a seus passados.
É seguro falar, mas penetrar na revolução é muito arriscado.
Por isso o real foi evitado até agora e os irreais foram tentados.
A política, a social, a econômica — essas revoluções foram tentadas, pois no fundo as pessoas sabem que elas estão destinadas a fracassar.
Elas podem ter a alegria de ser revolucionárias e ainda poder continuar apegadas ao passado. Não há risco envolvido.
As chamadas revoluções tentadas e que fracassaram, todas são fugas da revolução real.
Soará muito estranho a você, mas o que estou dizendo é isto: todos os seus chamados revolucionários são escapistas.
Para evitar o real, eles criam o falso, o pseudo.
A sociedade não pode ser mudada a menos que as pessoas também mudem — essa é uma verdade fundamental, não há como evitar,
esquivar-se ou fugir dela.
A sociedade é uma abstração; ela não existe.
O que existe é o indivíduo, não a sociedade.
O ser humano existe e a sociedade é apenas uma abstração, um conceito, uma ideia.
Você já encontrou a sociedade?
Você já encontrou a nação?
Sempre que você se depara com algo, você se depara com um indivíduo concreto, vivo e respirando.
"Sociedade" é uma palavra morta.
Ela tem utilidade, mas é apenas um símbolo.
Ao mudar o símbolo você não estará absolutamente mudando coisa alguma.
Você precisa mudar a matéria real, e a sociedade é feita da matéria chamada ser humano, o qual é o tijolo da sociedade.
A menos que o ser humano seja mudado, nada é mudado; você pode apenas fingir, acreditar,
esperar, imaginar e continuar a viver em sua miséria.
Você pode sonhar, e esses sonhos são confortantes e confortáveis; eles o mantêm dormindo.
Na verdade, as pesquisas modernas sobre os sonhos dizem que é assim, exatamente assim — esta é a função dos sonhos: eles o mantêm dormindo.
Você está sentindo fome à noite e então sonha que se dirige à geladeira, e em seu sonho você começa a comer e o sono permanece tranquilo.
Se o sonho não acontecer, então a fome será demasiada e não permitirá que você continue a dormir; a fome o acordará.
Sua bexiga está cheia e apertada e você começa a sonhar que foi ao banheiro.
Se você não sonhar com o banheiro, a pressão será muito grande e você terá de acordar.
A função do sonho é ajudá-lo a permanecer dormindo.
E esta é a função de todos os outros sonhos
 — o sonho de que a sociedade um dia não terá classes, que a utopia virá, que um dia não haverá miséria, que um dia a terra se tornará o paraíso.
Esses são sonhos, e são muito consoladores e confortantes.
Eles são como unguento sobre feridas, mas o unguento é falso.
Por cinco mil anos o ser humano tem sonhado desta maneira — que a sociedade mudará, que mais cedo ou mais tarde as coisas serão boas,
que a noite logo terminará.
Mas a noite continua, o sono continua.
A sociedade continua mudando, mas nada realmente muda, somente as formas.
Uma escravidão torna-se outra escravidão, um tipo de opressão transforma-se em outro tipo de opressão, um tipo de governante é substituído por outros tipos de governantes,
mas a opressão, a exploração e a miséria continuam.
Afirmo que a religião é a única revolução, pois ela muda as pessoas, a consciência e o coração delas.
Depende do indivíduo, pois o indivíduo é real e concreto.
A religião não se importa com a sociedade.
Se o indivíduo for diferente, automaticamente a sociedade e o mundo serão diferentes.
E não se pode mudar o interior ao mudar o exterior, pois o exterior está na periferia.
Mas se pode mudar o exterior ao mudar o centro, o interior, pois o interior está no seu próprio âmago.
Ao mudar os sintomas não se mudará a doença.
É preciso penetrar fundo no ser humano.
De onde vem essa violência, essa exploração,
todas as artimanhas do ego?
De onde?
Todos eles vêm da inconsciência.
O ser humano vive dormindo, mecanicamente.
Esse mecanismo precisa ser quebrado e o ser humano, refeito.
Esta é a revolução religiosa que não foi tentada.
Você dirá:
"Então o que dizer de todas essas religiões?
— cristianismo, hinduísmo, islamismo?"
Elas também são fugas do real.
Quando um Jesus vem ao mundo, ele traz o real; ele deseja mudar o indivíduo.
Jesus insiste que o Reino de Deus está dentro de você:
"Não estou falando sobre o reino deste mundo, mas do além.
A menos que você renasça, nada acontecerá".
Ele fica dizendo às pessoas que o interior de sua existência precisa ser mudado e transformado e que ele pode ser transformado se você for mais atento e amoroso.
Estas duas coisas, amor e consciência, podem transformar totalmente sua alquimia interior.
Jesus é crucificado porque não podemos permitir pessoas tão perigosas sobre a terra.
Elas não nos permitem dormir; elas nos sacodem, chocam e tentam nos despertar.
Estamos sonhando tantos sonhos, belos e doces, e elas ficam gritando.
A presença delas torna-se um incômodo muito grande.
Jesus deve ter sido um incômodo, Sócrates,
idem.
Sócrates deve ter ofendido e aborrecido às pessoas.
Ele estava continuamente colocando o seu nariz nos assuntos dos outros, tentando provocar e seduzir, e encontrando oportunidades para sacudi-los até levá-los a um estado de vigília.
Ele precisou ser envenenado.
Mas crucificar Jesus, envenenar Sócrates ou venerar Buda, é a mesma coisa.
Venerar é também uma maneira de fugir, e muito mais refinada.
Se Jesus tivesse nascido na índia, um país muitíssimo velho, ele não teria sido crucificado.
Os indianos conhecem melhores maneiras de destruir — eles o teriam venerado!
Eles teriam dito:
"Você é um avatar, é Deus vindo à terra.
Nós o adoraremos para sempre, mas jamais o seguiremos.
Como poderíamos segui-lo?
Somos simples mortais, e você vem do além.
No máximo podemos tocar os seus pés e venerá-lo.
E sempre veneraremos — prometemos!
Mas não nos diga para mudar; isso não é possível.
Somos simples seres humanos e você é super-humano".
Este é o significado de avatar.
Quando você chama uma pessoa de avatar
 — um Buda, um Krishna — está dizendo:
"Está perfeitamente bem para você falar sobre revolução e mudança radical e viver em amor e consciência, mas somos pessoas comuns.
Você não nos pertence, você vem de Deus.
Nós surgimos da terra e você veio do céu.
Podemos apenas venerá-lo; através dos tempos, admiraremos, louvaremos e cantaremos canções sobre você.
Faremos qualquer coisa, mas não nos diga para nos transformarmos.
Isso não é possível".
Este é o significado quando você chama alguém de avatar; você está dizendo:
"Você não nos pertence.
Naturalmente, você vem de Deus, então você pode ser bom.
Como podemos ser bons?
Não viemos de Deus e somos pecadores.
Você tem uma bondade que lhe é intrínseca;
não podemos ter essa bondade intrínseca,
mas tentaremos".
E adiamos e nunca tentamos e continuamos a adiar.
Essa novamente é uma maneira de crucificar
 — mais sutil, esperta, astuta e sofisticada, mas ainda a mesma.
O resultado, a conseqüência, é a mesma.
Os cristãos não são o que Cristo queria que eles fossem; os hindus não são o que Krishna queria que eles fossem; os budistas não são o que Buda queria que eles fossem.
Eles são exatamente opostos.
A religião nunca foi tentada.
De vez em quando houve pessoas religiosas,
mas a religião jamais foi tentada.
Nunca foi dada uma oportunidade para transformar a mente inconsciente que existe sobre a terra e que cria todos os tipos de problemas.
Reformas políticas, econômicas, sociais e as chamadas religiões — todas elas são fugas da revolução real.
A revolução real foi comentada, somente comentada.
Jesus diz:
"Peça e lhe será dado.
Procure e encontrará.
Bata e a porta lhe será aberta".
Alguém perguntou a Mister Eckhart
— uma pessoa realmente religiosa:
"Quando Jesus diz Peça e lhe será dado', por que as pessoas não pedem
Se for apenas uma questão de pedir, por que as pessoas não pedem?
Se ele diz, 'Procure e encontrará, bata simplesmente e as portas serão abertas para você', então, por que as pessoas não batem?"
Eckhart riu e disse:
"Por duas razões, primeiro, você pode pedir e não lhe ser dado, assim, as pessoas não desejam ficar frustradas, E SEGUNDO, E A RAZÃO MAIS PROFUNDA, VOCÊ PODE PEDIR E LHE SER DADO.
Isso é mais amedrontador"
Por isso as pessoas não tentam; elas simplesmente prestam louvor da boca para fora.
E você sabe de certa maneira o mundo inteiro parece ser religioso.
AS PESSOAS VÃO AO TEMPLO, ÀS MESQUITAS, ÀS IGREJAS, LÊEM A BÍBLIA, O ALCORÃO, O GITA, RECITAM OS VEDAS, ENTOAM MANTRAS, MAS AINDA ASSIM PARECE NÃO HAVER ABSOLUTAMENTE CONSCIÊNCIA RELIGIOSA.
A terra está envolta por uma nuvem muitíssimo escura de inconsciência.
Parece não haver luz; a noite parece completamente escura, sem ao menos uma única estrela.
Você precisa estar muito, muito consciente disso, pois você pode fazer o mesmo que as pessoas vêm fazendo através dos tempos.
CRISTIANISMO, HINDUÍSMO, ISLAMISMO, BUDISMO, JAINISMO — elas não são religiões verdadeiras, e sim pseudo, simulações.
Cristo é verdadeiro, o cristianismo é falso.
Buda é verdadeiro, o budismo é falso.
O budismo é criado por nós, Buda não é criado por nós; mas criamos o budismo de acordo com as nossas necessidades, ideias e preconceitos.
Nós criamos Buda, o budismo, um mito de Buda.
O Buda real não é criado por nós; ele vem à existência apesar de nós.
Ele precisa lutar para ser!
Ele precisa encontrar maneiras e meios para existir, encontrar um modo de sair da prisão que chamamos sociedade.
Mas quando alguém se torna desperto, nos juntamos a ele e começamos a fiar e a tecer um sistema à sua volta, todo feito por nós mesmos.
Ele não tem absolutamente nada a ver com a pessoa.
As histórias contadas sobre Buda não são verdadeiras; o mesmo acontece com as histórias sobre Cristo; a pessoa real é perdida.
Criamos tal névoa e poeira à volta que ninguém pode ver a pessoa real.
Esse é o trabalho dos teólogos.
Por dois mil anos os teólogos cristãos têm criado tamanha poeira que é impossível ver Jesus.
Ele está completamente perdido em suas grandes lógicas, teorias, filosofias e especulações.
Palavras, palavras e palavras; eles criaram Himalaias de palavras.
Ninguém está preocupado sobre quem realmente é este homem, sobre qual é a sua mensagem.
A mensagem é muito simples; ela não é complicada.
A MENSAGEM NÃO É QUE VOCÊ DEVERIA VENERAR JESUS OU BUDA, E SIM QUE VOCÊ DEVERIA SE TORNAR UM CRISTO OU UM BUDA — menos que isso não vai adiantar.
Não se torne um cristão, torne-se um Cristo.
Se você tiver algum respeito por você mesmo,
torne-se um Cristo, não um cristão; tome-se um Buda, não um budista.
Nenhum "ismo" pode conter Buda, nenhuma igreja pode conter Cristo.
Mas o coração humano pode conter Buda,
somente o coração humano pode contê-lo, pois o coração humano é tão infinito como a própria existência.
Não o venere fora.
Se você compreendeu Buda, respeite a si mesmo!
Sinta reverência pelo seu próprio ser; isso será reverência para com Buda.
Se você compreendeu Cristo, comece a olhar para dentro — você o achará ali.
Ele não está fora, não está nas igrejas, mas no âmago mais íntimo de seu ser.
OSHO, EM "A SABEDORIA DAS AREIAS

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