MOMENTO HISTÓRICO:
ENCONTRAMOS OUTRA TERRA NO UNIVERSO
em abril 17 |em Astronomia,
Ciência, Notícia | por Weslem
Por Salvador
Nogueira
Desde a descoberta do primeiro planeta a orbitar uma estrela similar ao
Sol, em
1995, a humanidade estava à espera deste anúncio.
Finalmente ele chegou, com toda pompa e circunstância, num artigo
publicado no periódico científico “Science”: encontramos
um planeta praticamente idêntico à Terra orbitando outra estrela numa região
que o torna capaz de abrigar água líquida
— e vida — em sua superfície.
O anúncio foi feito na tarde de hoje numa entrevista coletiva conduzida pela Nasa (uma
reportagem mais completa sobre o achado, produzida por este escriba, estará
amanhã nas páginas da Folha)
O planeta orbita uma estrela chamada Kepler-186 e tem, segundo as
estimativas, praticamente o mesmo diâmetro da Terra — 1,1 vez o do nosso mundo.
Até onde se sabe, ele é o quinto a contar de seu sol e leva 129,9 dias
terrestres para completar uma volta em torno de sua estrela.
Ou seja, um ano lá dura mais ou menos um terço do que dura o nosso.
A estrela-mãe desse planeta é uma anã vermelha com cerca de metade do
diâmetro do nosso Sol, localizada a cerca de 490 anos-luz daqui.
Um dos aspectos interessantes dessa descoberta em particular é que, além
de estar na chamada zona habitável — região do sistema em que o planeta recebe
a quantidade certa de radiação de sua estrela para manter uma temperatura
adequada à existência de água líquida na superfície –, o planeta está
suficientemente distante dela para não sofrer uma trava gravitacional.
Caso fosse esse o caso, o Kepler-186f, como foi batizado, teria sempre a
mesma face voltada para a estrela, como acontece, por exemplo, com a Lua, que
sempre mostra o mesmo lado para a Terra.
Embora modelos mostrem que a trava gravitacional não é um impeditivo
definitivo para ambientes habitáveis (a atmosfera trataria de distribuir o
calor), é sempre melhor ter um planeta com dias e noites, em vez de um em que
um hemisfério é sempre aquecido pelo Sol e outro passa o tempo todo na fria
escuridão.
Numa nota pessoal, lembro-me de ter já conversado antes com Elisa Quintana, pesquisadora da Nasa que é
a primeira autora da descoberta.
Em 2002, ela produziu uma série de simulações que mostravam que o sistema Alfa
Centauri — o trio de estrelas mais próximos de nós, sem contar o Sol — podia
abrigar planetas de tipo terrestre na zona habitável.
Imagino a realização pessoal dela de, depois de “conceber” por tantos
anos mundos como esse em computador, finalmente poder reportar uma descoberta
dessa magnitude.
Não de uma simulação, mas da fria realidade da observação!
Trata-se de um momento histórico.
A partir de agora, os astrônomos devem se concentrar cada vez mais na
busca de outros mundos similares à Terra e a Kepler-186f, gerando alvos
para futuras observações de caraterização
— a efetiva análise da composição
desses mundos e suas atmosferas –, em busca, quem sabe, de evidências de uma
outra biosfera.
Nosso planeta está prestes a ganhar muitas companhias.
Weslem
Contribuição: Morazotti
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