QUARTA-FEIRA, 2 DE ABRIL
DE 2014
Olá amigos!
Confesso que sempre tive dificuldades em relação ao
que chamam de disciplina.
É quase impossível manter um esquema
de perseverança, ritmo e constância a respeito de algo que não nos estimula,
que não nos inspira ou entusiasma
Pra mim, a disciplina é consequência
da motivação que vem do coração.
No texto que compartilho a seguir,
Osho nos trás um conceito novo, mais lúcido e abrangente sobre a disciplina.
Muito esclarecedor! Vamos a ele:
"Disciplina
é uma bela palavra, mas, assim como, no passado, o foram todas as belas
palavras, ela tem sido mal empregada.
A palavra
disciplina tem a mesma raiz da palavra discípulo - o significado da raiz é
“processo de aprendizagem”
Aquele que se mostra disposto a
aprender é um discípulo, e a atitude de estar disposto a aprender é
disciplina.
A pessoa douta nunca está disposta a
aprender, pois acha que já sabe muito;
ela se mantém muito centrada no que
chama de conhecimento.
Seu conhecimento não é nada senão
alimento para o ego.
Ela não é capaz de ser um discípulo,
de se manter sob verdadeira disciplina.
Sócrates disse: “Só sei que nada sei” — esse é o
princípio da disciplina.
Quando você não sabe nada, claro,
claro que lhe sobrevém o desejo intenso de inquirir, explorar, investigar.
E, assim que começa a aprender, surge
inevitavelmente outro fator: qualquer coisa que você tenha aprendido tem que
ser abandonada sempre; em caso contrário, ela se tornará conhecimento, e
conhecimento impede a aprendizagem de outras coisas.
O homem realmente disciplinado jamais se prende a
nada; a cada momento, ele morre para
qualquer coisa que tenha vindo a saber e volta a ser ignorante
Essa ignorância é verdadeiramente
luminosa.
Concordo com Dionísio quando ele
afirma que a ignorância é luminosa.
Uma das experiências mais belas da
existência é estar num estado de luminosa ignorância.
Quando está nesse estado de luminosa
ignorância, você está aberto, não há barreira em seu ser, você está disposto a
investigar.
A disciplina tem sido mal-interpretada.
As pessoas têm dito às outras que
disciplinem sua vida, que façam isso, que não façam aquilo.
Têm sido imposto ao homem milhares de
deves e não-deves.
E, quando o homem vive com inúmeros
deves e não-deves, ele não consegue ser criativo.
Ele se torna prisioneiro; em toda
parte, ele deparará uma barreira.
A pessoa criativa tem que eliminar todos os deves e
não-deves
Ela precisa de liberdade e de espaço,
muito espaço; ela precisa do céu inteiro e de todas as estrelas que existem
nele.
Só assim sua espontaneidade pode
começar a florescer.
Portanto, lembre-se: minha ideia de
disciplina não envolve nenhum dos dez mandamentos; não estou impondo-lhes nenhum tipo de disciplina; estou
simplesmente tentando fazê-lo discernir a ideia de como continuar a aprender e
jamais arvorar-se em douto.
Sua disciplina tem que vir de seu próprio coração; ela tem que ser inteiramente sua - e há uma grande
diferença nisso.
Quando alguém lhe impõe algum tipo de
disciplina, talvez ela jamais lhe sirva;
será como vestir as roupas de outrem.
Ou elas ficarão grandes demais ou
muito apertadas, e você sempre se sentirá um tanto idiota nelas.
Maomé
legou um corpo de disciplina aos muçulmanos; talvez isso tenha sido bom para
ele, mas
não pode ser bom para todos.
Buda
legou um corpo de disciplina a milhões de budistas; talvez isso tenha sido bom
para ele, mas não pode ser bom para todos.
A disciplina é um fenômeno que se dá
no âmbito da individualidade; toda vez que a adota de outrem, você começa a
viver de acordo com princípios pré-estabelecidos, preceitos mortos.
E a vida jamais é morte; a vida é
transformação incessante
A vida é movimento.
Heráclito está certo:
você não pode entrar no mesmo rio duas vezes.
Aliás, gostaria de dizer-lhe que você
não pode entrar no mesmo rio uma única vez sequer, pois ele se move muito
rapidamente!
A pessoa tem que estar atenta a cada
situação e suas nuanças, observando-a,
e é necessário que a pessoa reaja à
situação de acordo com o momento, e não conforme a algum tipo de respostas
prontas, fornecidas por outrem.
Você percebe a
estupidez da humanidade?
Há cinco mil anos, Manu transmitiu um corpo de disciplina aos hindus, e,
até hoje, eles o seguem.
Três mil anos atrás, Moisés deixou um corpo de disciplina aos judeus, e ainda
hoje eles o seguem.
Há cinco mil anos, Rsabhanatha transmitiu seu corpo de disciplina aos jainistas, e
eles ainda o seguem.
O mundo está sendo levado à loucura com essas
doutrinas!
Elas são ultrapassadas; elas deveriam
ter sido enterradas há muito, muito tempo.
Vocês estão carregando defuntos nas
costas, e esses defuntos fedem.
E, quando você vive cercado por
defuntos, que tipo de
vida você pode levar?
Eu lhes ensino o momento, e a
liberdade do momento, e a responsabilidade do momento.
Algo pode ser correto neste momento e
pode tornar-se errado no momento seguinte.
Não tente ser imutável, pois, nesse caso, você
estará morto.
Só os mortos são imutáveis.
Procure estar vivo, com todas as suas
inconstâncias, e viva cada momento sem nenhuma ligação com o passado nem com o
futuro
Viva o momento, e suas reações serão
plenas.
Essa plenitude é sublime, essa
plenitude é criatividade.
Com isso, tudo que você fizer terá
beleza própria."
Osho, em "Criatividade : Libertando Sua Força Interior"
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