O ASSASSINO
SILENCIOSO
DOMINGO, 16 DE
NOVEMBRO DE 2014
art by Marco Brambilla
(...) E o que é estresse?
Não há ainda
uma definição para o mesmo nos compêndios de patologia médica
É o
dicionário Aurélio que nos diz que o estresse (em bom português) é
"o conjunto de reações do organismo a agressões de ordem
física, psíquica, infecciosa, e outras capazes de perturbar a homeostase" (equilíbrio)
Hoje o termo
estresse é amplamente usado na linguagem atual e nos meios de comunicação
Designa uma
agressão, que leva ao desconforto, ou as conseqüência desta agressão.
É uma
resposta a uma demanda, de modo certo ou errado.
(...)
Segundo a colocação dada ao estresse por este autor, num congresso realizado em
Munique, em 1988, "o estresse é o resultado do
homem criar uma civilização, que, ele, o próprio homem não mais consegue
suportar" (...)
O Que Provoca o Estresse ?
São os
grandes problemas da nossa vida que, de modo agudo, ou crônico,
nos lançam
no estresse
Diversos
pesquisadores notaram que a mudança é um dos mais efetivos agentes estressores.
Assim,
qualquer mudança em nossas vidas tem o potencial de causar estresse, tanto as
boas quanto as más.
O estresse
ocorre, então, de forma variável, dependendo da intensidade do evento de
mudança, que pode ir desde a morte do cônjuge, o índice máximo na escala de
estresse, até pequenas infrações de trânsito ou mesmo a saída para as tão
merecidas férias.
Certos
eventos em nossas vidas são tão estressantes, que caracterizam a situação de
trauma (lesão ou dano) psíquico.
Recentemente
as ciências mentais reconheceram uma nova síndrome,
batizada de
Distúrbio de estresse pós-traumático, uma verdadeira doença, pertencente ao
estudo da angústia.
(...)
vejam-se os crescentes índices de violência urbana e as suas vítimas,
que vivem
quadros de desespero permanente, quando não atendidos adequadamente em serviço
psiquiátrico de reconhecida competência na área.
Bombas,
acidentes automobilísticos ou aéreos, desabamentos, assaltos com extrema
violência, sequestros prolongados, estupros, etc. são causas comuns do
distúrbio de estresse pós-traumático.
O tratamento
costuma ser demorado, mas tende a um bom prognóstico.
(...) Assim,
reconhece-se que o estresse tem três fases, que se sucedem quando os agentes estressores continuam de forma
não interrompida em sua ação:
A fase aguda
Esta é a
fase em que os estímulos estressores começam a agir
Nosso
cérebro e hormônios reagem rapidamente, e nós podemos perceber os seus efeitos,
mas somos geralmente incapazes de notar o trabalho silencioso do estresse
crônico nesta fase.
A fase de resistência
Se o
estresse persiste, é nesta fase que começam a aparecer as primeiras
consequências mentais, emocionais e físicas do estresse crônico.
Perda de
concentração mental, instabilidade emocional, depressão, palpitações cardíacas,
suores frios, dores musculares ou dores de cabeça frequentes são os sinais
evidentes, mas muitas pessoas ainda não conseguem relacioná-los ao estresse, e a síndrome pode prosseguir até a sua
fase final e mais perigosa:
A fase de exaustão
Esta é a
fase em que o organismo capitula aos efeitos do estresse, levando à instalação
de doenças físicas ou psíquicas.
Problemas Causados pelo Estresse
O estresse
pode ser causador e/ou agravador de uma série de doenças,
que vão da
asma, às doenças dermatológicas, passando pelas alérgicas e imunológicas; todas
elas relacionadas de alguma forma à ativação excessiva e prolongada do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal.
Na área do
sistema digestivo, é sabido por todos que o estresse pode desencadear desde uma
simples gastrite, até uma
úlcera:
o famoso cirurgião Alípio Corrêa Neto, da USP
e da Escola Paulista de Medicina (hoje
Universidade Federal de São Paulo), dizia que se alguém afirmasse, há 20 anos atrás, que a úlcera
péptica era psicossomática
(leia-se
somatoforme), ririam dele;
hoje, se deixasse de dizê-lo, ririam dele.
Mas, é
principalmente a nível de coração, ou mais precisamente, a nível das
coronárias, que o estresse pode ser um matador silencioso
(...) Outros sintomas
No campo
clínico (somático) os distúrbios ainda ditos 'neuro-vegetativos' são comuns: quadro de astenia (sensação de fraqueza e fadiga), tensão muscular elevada com cãibras e
formação de fibralgias musculares (nódulos dolorosos nos músculos dos ombros e das costas, por
exemplo), tremores,
sudorese (suor intenso), cefaléias tensionais (dores de cabeça provocas pela tensão
psíquica) e enxaqueca,
lombalgias e braquialgias (dores
nas costas e nos ombros e braços), hipertensão arterial, palpitações e batedeiras, dores
pré-cordiais, colopatias (distúrbios
da absorção e da contração do intestino grosso) e até dores urinárias sem sinais de infecção
O
laboratório clínico fornece outros detalhes indicativos da intensa ativação
patológica no estresse:
aumento da concentração do sangue e do conteúdo de plaquetas (células responsáveis pela coagulação
sangüínea),
alteração do
nível de cortisol, alterações de catecolaminas urinárias e alterações de
hormônios hipofisários e sexuais, além dos aumentos de glicemia (açucar no sangue) e colesterol, este por conta do LDL, ou
o 'mau
colesterol'
Sintomas psíquicos
(...) Os
problemas ansiosos com a sintomatologia clínica, além de irritabilidade,
fraqueza, nervosismo, medos, ruminação de idéias,
exacerbação
de atos falhos e obsessivos, além de rituais compulsivos,
aumentam
sensivelmente.
A angústia é
comum e as exacerbações de sensibilidade com provocações e discussões são mais
freqüentes.
Do ponto de
vista depressivo, a queda ou o aumento do apetite, as alterações de sono, a
irritabilidade, a apatia e adinamia, o torpor afetivo e a perda de interesse e
desempenhos sexuais são comumente encontrados.
Existem
também as "fugas", que todos conhecemos.
Quando não
se apela para a auto-medicação com ansiolíticos (um perigo!), a pessoa refugia-se na bebida e mesmo no consumo de drogas
ilícitas de uso e abuso, além de aumentar a quantidade de cigarros fumados,
quando for fumante.
São estas as
condições da derrocada à qual o estresse leva a pessoa, principalmente quando
esta tiver uma personalidade hiperativa.
Como Diminuir
o Estresse?
Em um
excelente artigo sobre estresse, principalmente no trabalho
(e a maior
parte de nós trabalha), o
psiquiatra Cyro Masci sugere medidas profiláticas iniciais,
secundárias e terciárias.
Mas, em
resumo, quando possível, devemos parar para pensar; para nos darmos a liberdade
de termos um tempo para refletir sobre cada um de nós e seus esquemas pessoais,
familiares, sociais, de trabalho, de estudos e até econômico-financeiros.
Devemos
reformular a vida, procurando reduzir as áreas geradoras de estresse.
Um bom
psiquiatra pode nos ajudar nesta tarefa.
Muitas vezes
haverá a necessidade de uso concomitante de um tratamento medicamentoso,
geralmente através dos modernos antidepressivos serotoninérgicos (ISRS) com ou sem ansiolíticos e/ou beta-bloqueadores por um
tempo definido: começo, meio e fim.
Quando já
existe um quadro orgânico instalado, desde uma simples gastrite a asma ou
alteração cardiorrespiratória, a busca de atendimento clínico é fundamental
A correção
da alteração clínica é imprescindível
E esta pode
ir de um simples a complexo tratamento ou resumir-se somente às necessárias
mudanças do modo de viver, incluindo lazer ou uma pequena prática esportiva
constante (porque não uma
caminhada diária?, que faz
bem a qualquer um de nós).
Mas, a
principal atitude ainda é um alerta ao modo de viver e de trabalhar com as
vivências e com as emoções que a vida nos proporciona.
E aí está
verdadeira e milenar sabedoria.(...)
DR. VLADIMIR BERNIK, Médico
psiquiatra
Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n03/doencas/stress.htm
http://saintgermanchamavioleta.blogspot.com.br/2014/11/estresse-o-assassino-silencioso.html
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