CAMILA
PICHETH
"O MITO E A PSICOLOGIA EM STARGATE SG-1"
quinta FEIRA ,15 DE OUTUBRO DE 2020
No livro "Os Arquétipos e o
Inconsciente Coletivo", de Carl Jung, o autor afirma que “tanto nos mitos e contos de fadas, como nos sonhos, a alma fala de
si mesma e os arquétipos se revelam em sua combinação natural”
Dessa maneira, podemos dizer que em
qualquer tipo de história haverá elementos da alma/psique humana, mesmo que o
autor não tivesse a intenção de colocá-los.
A série de televisão Stargate SG-1 (1997–2007) trata da descoberta de um grande círculo de
metal capaz de criar “buracos de minhoca” estáveis, possibilitando uma viagem
pelo tempo-espaço até outros planetas.
Há várias características da
mitologia grega e egípcia propositalmente colocadas no roteiro, como o encontro
com um grupo de mulheres guerreiras agindo como Amazonas ou a nomeação da primeira
nave espacial da Terra de Prometeu, mas é possível encontrar ainda outros
elementos da psicologia analítica nas entrelinhas.
O mais potente encontra-se no objeto
que dá o nome ao seriado:
o próprio Stargate (Portal das Estrelas).
De várias maneiras ele representa o
inconsciente, forçando uma evolução e uma ampliação da consciência de todos que
passem pelo seu interior.
O simbolismo referente ao Stargate fica claro primeiramente pelo seu formato.
Jung descreve que
“os corpos redondos são formas semelhantes às que o inconsciente
traz à tona através dos sonhos, das visões, etc”.
Além disso, uma vez que é feita uma
conexão entre a Terra e outro planeta, o interior do círculo enche-se com uma
substância semelhante a água, a qual nada mais é o símbolo mais comum do
inconsciente.
Na mitologia grega, a água sempre
foi um forte elemento nas tramas, como visto na gravidez de Etra, na
morte de Egeu ou na aprovação de Minos como rei de Creta.
“É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde
começa o reino “simpático” da alma de todo o ser vivo”.
O grupo
militar da Terra que está em posse do dispositivo o usa para explorar outras
civilizações, tentando trazer conhecimentos e tecnologia que ajudem tanto os
habitantes da Terra quanto na guerra contra os Goa’uld (raça parasita alienígena que usa seres humanos como escravos).
Sempre que os grupos passam pelo
stargate, eles encontram novas sociedades, as quais fazem com que os
personagens e o telespectador reflitam sobre a sua própria.
Jung coloca que,
para se conhecer a fundo, é necessário encontrar-se com a sua sombra.
Ela representa o lado oculto e
reprimido de uma pessoa (para os fãs de Dexter, seu dark passenger).
A sombra será cruel e não poupará
quem a encontrar, mas é vital para que esse autoconhecimento aconteça.
Ao se deparar com terríveis
sociedades que discriminam e matam parte de seus habitantes ou ingênuas
populações que usam tecnologia avançada para se destruir no lugar de viver
pacificamente, os membros que viajaram pelo “inconsciente” percebem não apenas suas sombras projetadas em outros
indivíduos, mas também a sombra da sociedade como um todo.
Sendo forçados a dialogar com essas
pessoas, o grupo toma consciência de suas próprias ações, causando uma
transformação pessoal.
Ao decorrer das temporadas (10 no
total), descobrimos que quem criou a rede de stargates foi uma velha
raça denominada “Os Anciões”.
Eles dominaram as galáxias durante
muito tempo, até serem surpreendidos por uma praga.
Alguns morreram, enquanto outros
ascenderam para um plano de existência superior, tornando-se energia.
Tais fatos se encaixam na Psicologia Junguiana, uma vez que o círculo, a mandala, representa “um símbolo de totalidade por excelência, um redondo, um completo,
um absoluto”
Assim como “Os Anciões”, é algo que sempre foi onipresente.
Tendo essa imagem ligada ao fogo e à
luz, os povos da antiguidade ligariam tais objetos (ou pessoas
que saíssem por eles) com os deuses.
Para manter os humanos em seu
controle, os Goa’uld se passavam por deuses egípcios, como Rá, Apófis, Hathor e Anúbis.
A crença era mantida pelos humanos
justamente porque esses seres se locomoviam por meio dos stargates, sem contar
que também possuíam grandes naves espaciais num formato parecido, novamente ligando o redondo ao
supremo.
Nesse breve texto, escolhi trazer um
pouco da série sob a ótica da Psicologia Analítica, mas quem está mais em contato com
o holístico já deve ter percebido que a narrativa da série traz muitos outros
elementos intrigantes e reais.
Stargate-SG1 é um seriado clássico de ficção científica que revelou muitas
verdades sobre a história humana e galáctica, seja de forma direta ou
metafórica.
Há também um filme homônimo de 1994
que serve como início dessa história, e também outras duas séries
derivadas:
Stargate:
Atlantis e Stargate:
Universe.
Material riquíssimo para quem
assiste com a perspectiva adequada
Nenhuma história existe como tabula
rasa, uma vez que são criações de mentes que possuem um inconsciente
consideravelmente autônomo.
A mitologia, a psicologia analítica
e todo o conteúdo akáshico estão presentes em qualquer coisa desenvolvida pela
mente humana, já que, no mínimo, ela está conectada a arquétipos coletivos (como um
banco de dados de conteúdos que todas as pessoas têm acesso desde seu
nascimento)
Camila Picheth
Autor: Camila
Picheth
Website: https://www.camilapicheth.com.br
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