Fringe é uma série que durou cinco temporadas (2008-2013) e que
trouxe muitos conceitos interessantes.
A cada episódio, um novo caso era trazido para uma equipe
especial do FBI que investigava
casos sem explicações óbvias, e dessa maneira, muito foi debatido sobre física
quântica e suas vertentes; desde fenômenos manifestados pela mente humana até
realidades paralelas.
A série também trazia muitas reflexões relacionadas com a
psicologia, principalmente referente ao inconsciente coletivo e sobre os
arquétipos.
Quando o personagem Peter Bishop diz que “a realidade é só uma questão de percepção”, ele não
está somente reafirmando a ideia base da série, mas também discutindo um dos
pontos do psiquiatra suíço Carl Jung, criador
da psicologia analítica.
Uma
das características do sistema junguiano, é que ele se baseia em vários
autores.
O filósofo Immanuel Kant aplicava
em sua teoria o conceito de “conhecimento a priori”, algo que
o indivíduo herda de seus antepassados.
Um exemplo está na infância: muitos pais têm a impressão que
seus filhos já nasceram sabendo mexer no computador.
Na primeira temporada da série, Olivia afirma
que sempre foi boa com números.
Esse é o conhecimento prévio do qual se trata; como se essas
informações estivessem armazenadas na “nuvem do seu
dispositivo”, passando inclusive de geração para geração.
Jung então vem a utilizar esse conceito, que irá fazer parte da
concepção da realidade subjetiva, algo largamente propagado por Fringe.
Um
conceito importante para entender essa relatividade é o de arquétipo.
Ele corresponde a uma visão pré-concebida de símbolos, um
conjunto de imagens primordiais e universais que sempre existiram,
vindas daquela mesma informação “dos antepassados”
É uma forma inicial, uma ideia a qual cada um irá preencher de
acordo com as pessoas que venha a conhecer e com a sua experiência de vida.
Jung
afirma no livro “Os arquétipos e o
inconsciente coletivo”:
“O arquétipo representa
essencialmente um conteúdo inconsciente,
o qual se modifica através de sua
conscientização e percepção,
assumindo matizes que variam de
acordo com a consciência individual na qual se manifesta”
Ele também coloca que essas representações estão “presentes todo tempo e em todo o lugar”.
São “temas”.
Os
mitos e contos de fadas também são uma forma da expressão dos arquétipos, e
podemos expandir esse formato para outros tipos de histórias, como as de filmes
e séries.
Estamos sempre cercados por elementos que contam as etapas da
jornada de desenvolvimento, que diante da nossa elaboração consciente pessoal,
se manifesta de várias formas em diferentes situações da vida.
Entendendo
como os arquétipos funcionam, podemos não somente lidar melhor com aqueles que
estão presentes em nossa vida, mas também começar a integrar novos por escolha
consciente.
Perceber qual elemento ou força precisamos em algum momento, e
então se conectar com a figura representante desse “código”.
Os arquétipos, por serem autônomos, precisam ser integrados
através de um processo dialético, ou seja, através de um diálogo interior, o
qual muitas vezes pode se dar através da meditação
(que Jung coloca como um processo
alquímico).
Esses
conceitos são parte da teoria do subjetivismo de Jung e o ponto de partida para
vários episódios da série.
Como o conhecimento a priori e os arquétipos se manifestam de
forma diferente em cada pessoa, isso faz com que cada evento signifique algo
distinto para cada um, e que cada manifestação em Fringe tome uma proporção única dependendo do
referencial do personagem:
Olivia, Peter, Broyles, Nina ou Walter.
Assim sendo, cada indivíduo enxergará a realidade baseada no que
sua psique permite.
Por
isso é tão importante a questão do não julgamento e do respeito quanto as
visões de mundo das outras pessoas.
A “lente” com a
qual enxergamos a realidade é moldada por vários aspectos diferentes.
Como disse anteriormente, esses diferentes elementos são
autônomos, ou seja, eles estão em movimento independente da nossa consciência
sobre eles.
O grande salto é quando começamos a entender que eles existem e
estão atuando, para que possamos integrá-los e ressignificá-los de maneira
harmônica, para que eles se tornem nossos aliados, no lugar de possíveis
inimigos.
Aqueles
por trás da produção da série também são responsáveis por várias outras ótimas
obras de “ficção científica”, como Star Trek, Star Wars, Watchmen e Lost (Alex Kurtzman, Roberto Orci, J.J. Abrams,
Jeff Pinkner). Fringe, que no
Brasil tem o nome “Fronteiras”, pode ser
assistido no streaming da GloboPlay (https://globoplay.globo.com/fronteiras/t/TgWhFYSMft/detalhes/)
Trailer:https://youtu.be/T2Knh3M65Ww
Autor: Camila Picheth
Website: https://www.camilapicheth.com.br
Instagram: https://instagram.com/camilapicheth
Veja mais Camila Picheth Aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.