Há muito tempo, a primeira vez que eu li o antigo Tao Te Ching (pronuncia-se
“Dow Day Jing”), eu passei por tantas contradições
aparentes que senti como se estivesse ficando vesgo com a confusão!
Eu
não estive sozinho neste tipo de sentimento.
Para a maioria das mentes ocidentais, a natureza do Tao é um
grande mistério que faz pouco ou nenhum sentido óbvio.
Eu me deparei com afirmações que sugeriam que o Tao foi
manifestado como tudo no mundo e, no entanto, o Tao era nada e lugar nenhum.
Bem, o que é em toda parte ou em
lugar nenhum?
O
problema está com as limitações colocadas nos tradutores ocidentais, pois eles
são parte de uma tradição cultural que raramente ensina que há um estado
original de ser imutável e perfeito que está por trás até mesmo do Criador.
No
século 6 A.C., diz-se que o sábio Lao Tse escreveu o Tao Te Ching, que se tornou essencial ao Taoísmo
filosófico.
A palavra Tao é geralmente interpretada como significando O
Caminho, embora possa também significar O Princípio ou A Doutrina.
Entretanto, nenhuma destas interpretações aborda a sua
verdadeira natureza.
Lao Tse estava relutante até mesmo em dar nome ao Tao, pois ao lhe dar um
nome enfraquecia o seu conceito básico de imutabilidade silenciosa, assim ele
realmente preferiu se referir a ele como “o inominável”.
Há
mais de 100 traduções do Tao Te Ching, em Inglês.
Uma interpretação apta do
significado do título é:
“O livro do caminho do poder
interior Divino”.
Os
tradutores em Inglês se encontravam forçados além da tradução literal e na
interpretação porque os caracteres escritos no Chinês original, com frequência,
têm múltiplos significados e precisam ser distinguidos no contexto com outro.
Por causa disto, a intenção original da mensagem pode nem mesmo
ser imediatamente aparente.
Por exemplo, eles encontram
traduções literais de frases como esta:
“Nome não eterno/nome imutável”
É
preciso uma compreensão do conceito, em primeiro lugar, antes que o significado
se torne claro.
Esta passagem aponta para o conceito de que o Tao é “o inominável” que abrange o universo, enquanto o próprio
universo está cheio com que o Lao Tse, muitas vezes, refere-se como “as dez mil coisas”, ou as manifestações do Tao.
Damos
nomes aos objetos no mundo material e aquilo que está além de todas as coisas é
referido como “o inominável”.
O
Tao, por definição, existiu antes do Céu e da Terra.
É dito como sem forma, imóvel e imutável.
É a coisa maior do que a coisa mais ampla e está dentro do menor
objeto.
A
parte que realmente surpreende os tradutores ocidentais é a ideia de que o Tao
é simultânea e perfeitamente imóvel e, no entanto,
está em constante movimento.
Na
cultura ocidental, falta-nos geralmente uma apreciação da natureza original de
Deus como um ser imutável.
Em nossa cultura orientada para a ação, pensamos no Criador como
o Deus Único.
Normalmente, a menos que você estudasse as filosofias orientais
ou alguns ramos da metafísica, então, você nunca era informado do estado de ser
que está por trás até mesmo do Criador.
O
Tao é a consciência perfeita e imutável que está por trás de todas as coisas.
O Tao é o estado de ser puro e tranquilo, e formou o Criador como
o aspecto de si mesmo que experienciaria a mudança.
O
Taoísmo não está sozinho ao estudar o estado de ser original,
imutável por trás de todas as coisas.
O mesmo conceito aparece no Hinduísmo, como o silencioso
Brahman, ou a Divindade, por trás da Trindade criativa de Brahma,
Vishnu e Shiva.
O Capítulo 42 do Tao Te Ching dá a versão Taoísta:
O
Tao produziu o Um.
Um
produziu Dois
Dois
produziu Três.
Três
produziu todas as coisas.
Isto
significa que o ser imutável produziu o Criador.
Este aspecto, então, viu que era necessário (usando a terminologia do Gênesis) dividir as
“águas” de sua
consciência em dois aspectos.
Estes aspectos diferentes e complementares foram os princípios do
pensamento e do sentimento.
Um
terceiro aspecto foi ainda necessário, que foi o princípio do movimento, que permitiu o comando:
“Que haja a Luz” para criar o padrão original do
universo.
Os três aspectos da natureza trina do Criador, então,
funcionaram em harmonia para criar o universo e todos os materiais dentro dele.
Estudantes
da metafísica moderna estão familiarizados com o conceito de um estado de ser
que está por trás de todas as coisas. Tem sido referido como O Absoluto, a
Presença Eu Sou e Tudo O Que É, que está por trás de todas as coisas.
Minha própria escolha das palavras é Ser Infinito.
Todos estes termos se referem ao mesmo estado de ser perfeito e
imutável, que está por trás de tudo.
O
universo existe no campo da consciência silenciosa do Ser Infinito, assim a sua
essência está em tudo no mundo.
Esta existência silenciosa é o estado fundamental da consciência
por trás de toda a vida.
Por causa de sua natureza silenciosa e imóvel, ela poderia ser
referida como “nada e lugar algum”, pelo
menos ao nosso sentido físico de consciência.
O
Criador e a sua criação existem no Ser Infinito. Portanto, o Ser Infinito está
em todas as coisas.
O imutável está em tudo, no mundo mutável.
No entanto, os nossos sentidos físicos nunca irão detectar esta
unidade subjacente e imutável.
É somente ao desenvolver uma conexão interior que descobriremos
aquilo que está por trás de todas as coisas.
O
Tao é manifestado como tudo e, no entanto, o Tao, no mundo dos sentidos
materiais, aparece como nada e lugar nenhum.
Assim, a mensagem do Tao Te Ching é
desenvolver uma conexão interior com aquilo que é real e, então, o mundo
manifesto – este mundo que é irreal em comparação – começa a fazer sentido.
Autor: Owen K. Waters
Fonte: http://www.spiritualdynamics.net/
Tradução: Regina Drumond – reginamadrumond@yahoo.com.br
Veja mais Owen K. Waters Aqui
https://www.sementesdasestrelas.com.br/2021/12/decodifigando-o-tao.html
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