sexta-feira, 28 de outubro de 2022

SETE MANEIRAS PARA PARAR DE VAZAR E PERDER SUA ENERGIA ESPIRITUAL

SETE MANEIRAS PARA PARAR DE VAZAR 
E PERDER SUA ENERGIA ESPIRITUAL 
SEXTA, 28 DE OUTUBRO DE 2022

Na tradição do yoga, encontramos uma metáfora fascinante: diz-se que o leite de uma leoa é tão potente que nenhum recipiente pode contê-lo, exceto ouro puro.

Se o recipiente de ouro tiver impurezas, o leite vai corroer o recipiente como ácido e escorrer.

Da mesma forma, se o praticante tiver muitos vazamentos de energia, então a energia espiritual (shakti) que é gerada pela prática iogue simplesmente vazará de novo.

Você já foi a um retiro de yoga ou meditação que foi tão inspirador e empoderador que teve certeza de que sua vida mudaria radicalmente, apenas para descobrir dias ou semanas depois de voltar para casa que todo aquela energia extra se esvaiu,

retornando-o ao mesmo estado padrão que tinha antes do retiro? 

Se sim, você não está sozinho.

Esta é uma experiência muito comum.

Porque a energia vaza.

Depois de descobrir quais são os principais vazamentos de energia,

você pode começar a consertá-los.

Se conseguir consertar a maioria deles, você experimentará algo surpreendente: as mesmas práticas de yoga que você tem feito ao longo do tempo agora parecem gerar muito mais poder, energia,

prāna.

Na verdade, não é que estão gerando mais energia, é você que não está mais vazando.

Abordar sistematicamente esses “vazamentos” muda radicalmente o campo de atuação da prática espiritual.

Claro, pode levar um tempo para consertá-los – mas é um tempo e um esforço muito bem gastos, que reembolsam seu investimento da forma mais generosa que possa imaginar.

Então, quais são os vazamentos de energia mais comuns?

A lista abaixo segue uma lista criada por Dharmabodhi, professor de Tantra Śākta-Śaiva.

Ofereço aqui minha breve explicação sobre os principais vazamentos de energia.

1. Exaustão por fazer demais/multitasking

Facilmente o vazamento de energia mais comum na sociedade atual, fazer demais significa ter um prato muito cheio, deixando pouco tempo para relaxar, se divertir e para os vínculos sociais com os quais os humanos evoluíram durante a maior parte de sua história.

Estes não são apenas necessários para a saúde, criam um recipiente corpo-mente que pode conter a energia gerada pela prática espiritual.

Em contraste, um corpo-mente exausto está cheio de “buracos”, por onde a energia é drenada.

Sua mente condicionada pode estar convencida de que você não pode se dar ao luxo de fazer menos; mas na verdade, você não pode se dar ao luxo de não fazer menos.

(E, a propósito, se você faz uso de estimulantes [cafeína, etc.] todos os dias, você está exausto, embora possa não se sentir assim).

Como Dharmabodhi diz,

“Acorde do sonho de fazer demais.

Assuma a responsabilidade por sua vida fugitiva.

Examine de perto o transe cultural do excesso, exponha-o e sintonize suas próprias energias.

Siga um modo de vida mais simples e natural, [que na verdade é] um modo de vida mais produtivo”

Ah, e a propósito, por mais orgulhoso que você esteja de sua capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, agora está provado que o multitasking diminui sua eficácia em todas as tarefas (veja o trabalho de John Medina).

Mais importante ainda, de acordo com a tradição do yoga, para ser saudável e são, é preciso ter pelo menos quatro horas de folga por dia, pelo menos um dia inteiro de folga por semana, pelo menos um fim de semana inteiro de folga por mês e pelo menos três semanas inteiras de folga por ano.

Quando digo “folga”, não estou dizendo apenas não estar no trabalho – quero dizer não verificar e-mails, não pensar em coisas para fazer, não fazer nada.

Apenas ser.

Com tempo livre, sem compromissos, a menos que o “compromisso” seja se conectar consigo mesmo, com seus entes queridos, com a natureza e/ou arte.

Basta olhar as crianças que ainda não se tornaram viciadas em telas brilhantes, se conseguir encontrar uma: elas exploram o mundo ao redor delas com admiração, com os olhos arregalados, e a energia criativa delas flui através de brincadeiras vívidas e imaginativas.

Não devemos perder isso.

Faz parte do nosso estado natural.

Precisamos dessa energia criativa, dessa curiosidade, desse encanto, para sentir que a vida vale a pena ser vivida.

Você acessa lentamente cada vez mais dessa energia se criar tempo para uma conexão livre de compromissos.

2. Mal-estar do corpo físico

O segundo vazamento de energia está, obviamente, intimamente relacionado ao primeiro.

Quando fazemos demais, desenvolvemos mal-estar (ou doenças) com muita facilidade.

Quando uma doença se instala, nossa atenção é desviada, vazando nosso prāna (vitalidade ou força vital).

Doença é diferente de deficiência; é possível ter uma deficiência ou uma condição crônica sem ter uma doença.

Tudo depende de como a pessoa se relaciona com a deficiência (por exemplo, o quanto se concentra nela, se forma uma autoimagem a partir dela e em que estrutura mental a veem).

3. Excesso de reatividade emocional

Este é um assunto delicado de se discutir.

Como um neurocientista cognitivo recentemente escreveu:

“A capacidade de regular a força da resposta emocional de uma pessoa é altamente adaptativa: ela nos impede de investir muita energia em [certas] coisas.”

Embora não haja um grau de emoção que seja “demais” na Visão Tântrica, é importante notar que algumas emoções são geradas ou amplificadas quando se acredita em uma “história” construída mentalmente sobre alguma situação.

Este vazamento de energia muito comum pode ser descrito como a perda de contato com sua natureza-essência, sua Presença natural, por meio da crença em uma história associada a uma forte resposta emocional, que muitas vezes resulta em jogar sua energia em outra pessoa (geralmente a pessoa que você está culpando pela maneira como está se sentindo).

Um bom exemplo de reatividade emocional é quando você fala com raiva, diz certas coisas e depois quer se retratar (“Não foi isso que quis dizer!”).

O oposto de reatividade emocional é quando você se senta (move ou dança) com seus sentimentos, sem possuí-los nem rejeitá-los,

apenas estando com eles como uma forma de energia pura.

Quando suas suposições parecem fatos indiscutíveis e você está cheio de indignações hipócritas, isso é reatividade emocional. 

Quando você está curioso sobre de onde vêm essas emoções intensas e pode rir de si mesmo em admiração, é o oposto.

Quando você aceita um comentário depreciativo de um colega e entra em um mundo de mágoas, atormentado por repetitivos pensamentos dolorosos 

(“Como pode?”, “Que idiota!”, “Não posso acreditar que ele/ela me odeia!”, etc.), isso é reatividade emocional.

Quando você mantém o coração aberto e se permite sentir a dor da outra pessoa e de si mesmo, sem pegar para si a história dessa pessoa e talvez até vendo beleza e oportunidade na dor, é o contrário.

O oposto da reatividade emocional, então, é apenas a Presença humana natural.

Permanecer nessa Presença é o objetivo do caminho.

Assim, emoções fortes podem surgir sem a reatividade emocional que prejudica você e os outros.

Obviamente, a reatividade emocional merece um workshop só para ela.

Está intimamente relacionada ao item 9 logo abaixo.

4. Perder contato com a Presença natural através de pensamentos/fantasias/devaneios

Aqueles que têm o costume de habitar o mundo mental dificilmente conseguem imaginar quanta alegria e vitalidade não são disponibilizadas para eles.

Infelizmente, esta é a maior parte do planeta.

Estar perdido em vikalpas (fantasias/devaneios/imagens mentais) é uma forma primária de nos divorciarmos da doce e simples permanência em nosso estado natural.

Aqui estamos falando de:

a) imaginar possíveis cenários futuros em que talvez você seja mais feliz (fantasia);

b) imaginar possíveis cenários futuros em que talvez você sofra (ansiedade);

c) relembrar apenas das coisas boas do passado, desejando que as coisas pudessem ser assim novamente (devaneio); e lembrar dos “erros” do passado, pensando no que “poderia” ou “deveria” ter feito (arrependimento/culpa).

(Ver pág. 138 do livro Tantra Illuminated)

Esses quatro são, na visão iogue, simplesmente as formas mais comuns de insanidade.

Os humanos são péssimos em prever com precisão como se sentirão em qualquer situação futura, mesmo quando estão convencidos do contrário (como Dan Gilbert provou), e também são terríveis em lembrar do passado com precisão (o que você considera serem memórias precisas são, em grande parte,

expressões de sua psicologia individual, bem como sonhos tecidos com elementos de experiências passadas).

Uma quinta versão de estar perdido em vikalpas é focar atentamente em dados de qualquer tipo para amortecer sua angústia existencial ou para se distrair do que você e os outros estão sentindo.

Alguém fazendo palavras cruzadas, jogando um videogame desafiador ou lendo todas as notícias do dia pode alegar que está no momento presente, mas também está “no seu mundinho”

 – e, portanto, divorciado da Presença fluída – tanto quanto alguém perdido em pensamentos de possíveis futuros ou passados relembrados.

Habitar mundos mentais e realidades imaginadas é um significativo vazamento de energia para um yogī, e é algo onipresente em nossa sociedade.

5. Crenças ou opiniões fortes

Está intimamente relacionado ao item 4.

Pode ser difícil acreditar que isso é um vazamento de energia até que você experimente por si mesmo o influxo de energia vital que chega quando finalmente admite de maneira profunda a verdade de que realmente não sabe de nada com certeza.

Que quase todas as suas crenças e opiniões fortemente arraigadas são pensamentos de desejo ou de medo.

Que o mundo é muito, muito complexo, e as variáveis muito numerosas para que nossos pequenos cérebros tenham uma opinião justificadamente fixa sobre qualquer coisa (além de sua própria experiência interior, talvez).

Observe que ter crenças/opiniões não é um vazamento de energia; é se agarrar firmemente a essas opiniões, tendo atitudes inflexíveis e duras, em vez de suaves e abertas, estando tão convencido de que está certo e de que sabe como as coisas realmente são

(em oposição à outra pessoa) que é o vazamento de energia.

A realidade é muito mais do que qualquer um de nós pode ver; reconhecer isso o ajuda a ser mais suave, mais aberto e, assim,

você se conecta melhor com os outros.

6. Relacionamentos confusos / limites confusos

Como toda a gama de normas sociais referentes a todos os tipos de relacionamentos íntimos está em fluxo no século 21, o item 6 é bem importante.

Claro, quando estamos apenas conhecendo alguém, é normal que a natureza do relacionamento seja indefinida.

No entanto, ficar muito tempo no escuro, sem ter certeza do que a outra pessoa quer, precisa ou sente, mas na expectativa de que ela aceite sua maneira de ver o relacionamento, é um poderoso vazamento de prāna.

Da mesma maneira, ser claro sobre sua posição, mas manter a outra pessoa no escuro por não querer se comprometer com uma forma específica de relacionamento, estabelecendo acordos ou limites claros, também é um vazamento de energia (porque usar outras pessoas esgota sua shakti).

Obviamente, a solução é comunicação, mas poucos de nós sabem como comunicar nossos sentimentos e necessidades sem lançá-los na forma de uma narrativa sobre o que a outra pessoa está fazendo de errado (ou o que você está fazendo de errado).

O que não ajuda.

Um diálogo esclarecedor contínuo (que não regrida a picuinhas,

pseudoanálises ou acusações) sobre o que você quer e aceita, e o que seu ente querido quer e aceita, é crucial para criar uma base forte para relacionamentos que não vazem energia.

Mas às vezes a solução não é a comunicação; às vezes, você se apega a um relacionamento que já passou da “validade” por medo ou apego. Isso é um enorme vazamento de energia

A solução é soltar e ir embora.

Se você precisar de ajuda para isso, pesquise Desacoplamento Consciente.

7. Fala inconsciente/fala excessiva/fofoca

Outro vazamento de energia muito comum em nossa sociedade, é muito difícil de mudar por causa da enorme pressão social para se adequar à forma como os outros ao nosso redor usam a linguagem.

No entanto, a fala excessiva drena tanta energia que, no Āyurveda,

diz-se que leva a várias formas de doença (principalmente através da exacerbação do vāta dosha).

Você já notou que os mestres de yoga e meditação falam pouco e de maneira cuidadosa?

Swāmī Muktānanda disse uma vez:

O poder de suas palavras aumenta em proporção direta ao silêncio que você mantém

O ideal seria que, antes de iniciar uma conversa, perguntemos a nós mesmos quatro coisas, as chamadas Quatro Portas da Fala:

1) O que quero dizer é verdade?

2) É necessário ou útil dizê-lo?

3) Tenho uma maneira amorosa para dizer?

4) O momento é oportuno?

(Isso ajuda a lembrar os quatro termos-chave: verdade, necessidade, amorosidade, momento oportuno).

Para saber mais sobre este importante tópico, veja os dois capítulos sobre “Disciplina ao falar” do livro A yoga da disciplina.

Então, como consertar esses vazamentos de energia?

Sugestões e pistas foram dadas acima, e podem ser complementadas por meio de sua própria pesquisa, conhecimento intuitivo e da prática com um professor qualificado.

Particularmente, a tradição do Yoga Tântrico tem muitas ferramentas para consertar vazamentos de energia.

Há muito mais que pode ser dito sobre todos esses tópicos do que temos espaço aqui!

Abaixo, você encontrará outros sete principais vazamentos de energia, que espero abordar em outro texto.

E se você se identifica com o que leu aqui e quer saber mais, assista a estes vídeos.

Com base em tudo que recebi de meus professores ao longo de 26 anos, fiz uma lista das oito armadilhas mais perigosas do caminho espiritual que, quando abordadas, também são, na minha opinião, as oito chaves para um despertar saudável.

O tópico dos Vazamentos de Energia constitui apenas um desses oito.

Alguns dos outros são óbvios, como a compreensão distorcida da relação aluno-professor, e alguns não são tão óbvios, como a falta de alinhamento entre Visão, Prática e Objetivo, ou motivo impuro para a prática.

Estas “Oito Grandes Armadilhas”, que podem se tornar as “Oito Chaves para o Despertar Sustentável”, são discutidas com mais detalhes neste vídeo.

Outros vazamentos de energia incluem:

8. Vícios

9. Outros hábitos e padrões de comportamento alimentados e alimentando ainda mais samskāras

10. Mau uso da energia sexual

11. Submeter-se ao fatalismo e ao uso incapacitante de ferramentas de adivinhação (por exemplo, confiar mais em astrologia, tarô ou leituras psíquicas do que em sua capacidade intuitiva inata)

12. Realização incorreta de práticas espirituais (geralmente devido à instrução incorreta)

13. Tornar-se “possuído” pela energia e pelos padrões de pensamento de outros Reinos (“reino” é um termo técnico na psicologia tântrica)

14. Acreditar que a visão condicionada da realidade é realmente como as coisas são (ajñāna)

ADVERTÊNCIA IMPORTANTE:

Se você conseguiu consertar os vazamentos de energia, mas não aprendeu a dissolver autoimagens e não se conscientizou das armadilhas descritas nos ensinamentos dos Seis Reinos (item 13 acima), então o grande aumento de energia e poder disponível a você pode aumentar tendências nocivas latentes, bem como virtudes.

Como Dharmabodhi tão apropriadamente colocou, “Sem ter dissolvido o padrão central de como se vê e “sabe” ser (nossa autohistória/conceito) e como se relacionar, o poder liberado através de shakti sādhanā inflará os já existentes [egóicos] padrões de pensamento, sentimento e ação, muitas vezes causando danos ao praticante, desviando-o com obstáculos ou habilidades/sucessos/poderes”.

Isso será abordado em futuro texto intitulado “A prática do yoga automaticamente faz de você uma pessoa melhor?”

~ Que todos os seres percebam sua liberdade! ~

Autor: Christopher Wallis

Fonte: https://hareesh.org/

Fonte secundária: https://eraoflight.com/

Tradução: Sementes das Estrelas/Mariana Spinosa

https://www.sementesdasestrelas.com.br/2022/10/sete-maneiras-para-parar-de-vazar-e-perder-sua-energia-espiritual.html

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