domingo, 1 de setembro de 2024

ACOLHENDO A QUIETUDE: O PODER DO DESAPEGO

ACOLHENDO A QUIETUDE: 
O PODER DO DESAPEGO 
DOMINGO , 01 DE SETEMBRO DE 2024

Vivemos em uma época em que somos constantemente incentivados a consertar, melhorar e diligenciar.

Agir é equiparado a progredir e, em muitos casos, isso é verdade: trabalho árduo e iniciativa costumam levar ao sucesso.

Porém, há momentos em que o melhor a se fazer é não fazer nada, ficar quieto e ver o que acontece.

Esta ideia – a de ficar quieto – parece contraditória. Não fazer nada certamente significa que nossos objetivos não darão certo.

Que falharemos.

A habilidade está em saber quando não fazer nada e por quê.

Pode ser que, nos momentos em que escolhemos ficar quietos, temos os melhores insights e as circunstâncias progridem.

Porque a verdade é que talvez você não precise consertar tudo; às vezes, consertar atrapalha.

A cultura do consertar

Desde cedo, somos ensinados a resolver problemas.

A educação enfatiza o pensamento crítico e as habilidades de resolução de problemas, e o mundo profissional recompensa aqueles que conseguem identificar e corrigir problemas rapidamente.

Essa mentalidade é extremamente valiosa!

Mas, e esse é um grande “Mas”… também pode ser exaustiva e contraproducente, principalmente quando aplicada indiscriminadamente a todos os aspectos de nossas vidas.

Por exemplo, em nossas vidas pessoais, o desejo de consertar pode se manifestar de várias maneiras – tentando melhorar constantemente os relacionamentos, buscando incessantemente o autoaperfeiçoamento ou nos esforçando incansavelmente para alcançar nossos objetivos. Embora estes esforços sejam, obviamente, nobres, eles também podem levar ao esgotamento, ansiedade e a um sentimento perpétuo de inadequação.

Existe uma sabedoria antiga na prática da quietude.

As tradições espirituais, do Budismo ao Tao e ao Estoicismo, defendem a força de estar presente e permitir que as coisas aconteçam naturalmente. Isso não significa ser passivo ou apático.

Pelo contrário, trata-se de reconhecer que nem todas as situações requerem a nossa intervenção.

A chave é fazer da quietude uma ação, uma escolha consciente de abandonar a necessidade de consertar ou controlar.

Quando isso é feito, benefícios naturais se revelam.

Aqui estão alguns:

1.   Clareza e perspectiva

Quando damos um passo para trás e nos permitimos ficar quietos, ganhamos clareza e perspectiva.

Quando as coisas na vida parecem estar caóticas, é fácil ficar sobrecarregado e perder de vista o que é realmente importante.

Quando fazemos uma pausa, criamos espaço para refletir e observar, o que muitas vezes leva a insights que certamente não surgiriam no calor do momento.

O que evolui naturalmente a partir disso é algo como uma ação – pausar e ficar quieto – ação – pausar e ficar quieto – ação… etc.

2.   Resolução natural

Alguns problemas se resolvem sozinhos, sem a nossa interferência, e tentar consertar só atrapalha.

Os relacionamentos, por exemplo, muitas vezes se beneficiam de um período para se acalmar, em vez do confronto imediato.

Ao dar aos outros – e a nós mesmos – espaço para processar as emoções e pensamentos, os conflitos por vezes se dissolvem naturalmente.

3.   Conservação de energia

Acho que a maioria de nós concorda que tentar consertar tudo o tempo todo é desgastante.

Ao escolher seletivamente quando agir e quando ficar quietos, podemos concentrar nossos esforços naquilo que terá o impacto mais significativo.

Passos práticos para acolher a quietude

Então como acolhemos a quietude?

Principalmente quando nos foi ensinado o mantra “Agir! Agir! Agir!”.

A verdade é que é preciso prática e intenção.

Temos que ter claro em nossas mentes por que devemos ficar quietos. Temos que decidir que não fazer nada pode ser a melhor das ações, e que ficar quieto pode levar a insights e soluções profundos e importantes.

E pode recarregar nossas baterias.

Aqui estão alguns passos práticos para ajudar a integrar essa abordagem em sua vida:

1.   Meditação mindfullness (atenção plena)

Incorpore a meditação mindfullness em sua rotina diária.

Mesmo alguns minutos por dia podem ajudar a cultivar uma sensação de calma interior e presença quando a agitação da vida estiver acontecendo ao seu redor e em sua vida.

A atenção plena nos ensina a observar nossos pensamentos e sentimentos sem reagir imediatamente.

É uma habilidade extremamente útil que desenvolve presença de espírito, força e foco para permanecer imóvel em situações desafiadoras.

2.   Estabelecer limites

Aprenda a estabelecer limites para seu tempo e energia.

Apesar da urgência, nem todo problema requer sua atenção imediata e nem todo problema pode ser resolvido por você.

Priorize o que realmente importa (incluindo sua saúde mental!) e permita-se soltar o resto.

3.   Pratique a aceitação

Aceitação não significa resignação ou desistência.

Trata-se de reconhecer a realidade como ela é no momento. Isso interrompe o desejo de agir e cria uma pausa momentânea.

Mas é o suficiente, porque a aceitação é uma escolha consciente.

Ao aceitar as situações, pessoas e a nós mesmos, reduzimos o desejo de mudar e controlar tudo constantemente.

Permitimos o fluxo natural das coisas.

4.   Reflita e escreva

Reserve um tempo para refletir sobre suas experiências e escreva seus pensamentos.

Isso ajuda a reforçar a importância e a força da quietude.

E cria um registro no qual podemos ver como as situações evoluem ao longo do tempo, mostrando-nos que, muitas vezes, os problemas se resolveram sozinhos, sem a nossa intervenção.

Escrever também pode ser uma ferramenta poderosa para processar emoções e obter mais insights.

E para onde vamos a partir disso?

A prática da quietude é um ato radical de autocuidado e sabedoria, principalmente porque o mundo parece tão obcecado em consertar e melhorar.

Mas, ao nos permitirmos ficar quietos e ver o que acontece, acessamos uma compreensão mais aprofundada dos ritmos e resoluções naturais da vida.

Aprendemos que nem todo problema exige a nossa intervenção e que, às vezes, a melhor ação é a não-ação, apenas estar presente e confiar no processo.

A chave para tudo isso é o equilíbrio.

Algumas coisas exigem ação e outras funcionam melhor quando as consertamos.

Mas aplicar esta noção a tudo é onde nos deparamos com problemas. Trata-se de escolher quando agir e quando ficar quieto e deixar as coisas acontecerem.

E isso depende da situação e depende de você.

Quando aprendemos a habilidade da quietude e o poder do desapego, naturalmente percebemos que não precisamos prestar atenção a tudo o tempo todo.

E há uma grande liberdade nisso.

Portanto, acolha o poder da quietude e descubra a paz e clareza profundas que ela pode trazer à sua vida.

Autor: David R. Hamilton

Fonte: https://drdavidhamilton.com/

Fonte secundária: https://eraoflight.com/

Tradução: Sementes das Estrelas/Mariana Spinosa

https://www.sementesdasestrelas.com.br/2024/09/acolhendo-a-quietude-o-poder-do-desapego.html

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