14 de fevereiro de 2011
Desde que o mundo é mundo há um feedback contínuo entre os seres e suas criações. O mesmo vale para o ser humano em seu processo evolutivo pela Terra. Se nós atestamos que a Matrix tem influência aguda sobre o comportamento, conceitos e ideais humanos, devemos todavia não nos focar apenas neste lado da moeda. Se há um feedback, então há um processo inicial, e se há um processo inicial, há uma solução para a raiz primeva de todo o problema.
A Matrix não surgiu sozinha, ela foi criada com o intuito de controle e manipulação, todavia só foi implantada devido a uma abertura no comportamento humano presente no período de seu florescer. Deste modo, sua alimentação ao longo dos séculos e, mais intensivamente, nas últimas décadas, foi feita pela própria humanidade e sua total apatia em reconhecer quem de fato é. Eis o principal motivo pela manipulação estar tão fundamentada e enraizada na consciência humana.
"Todos nós nascemos originais e morremos cópias." (Carl Sagan)
Não há como mudar a Matrix pela Matrix. Mudanças de governos, moedas, ONGs, protestos, novas formas de ensino, campanhas conscientizadoras, nada disso vai mudar o padrão já existente na psique humana. Podemos mudar uma forma de pensamento, mas não podemos mudar uma consciência e como ela identifica a si mesma. Podemos mudar os sonhadores, mas eles continuarão sonhando. A única maneira é ir no cerne da questão, na raíz da realimentação existencial.
A raiz para uma mudança é aquilo que muitos de nós estamos fazendo neste instante, dando as ferramentas necessárias para que cada um possa identificar sua própria essência e dividade. Isso se dá justamente por ser o esquecimento o fator primário que desencadeou todo o drama que vivemos neste planeta desde há muito tempo. Sem saber de sua natureza e da verdade por detrás das cortinas, acabamos favorecendo aqueles que sabem sobre nós, mais do que nós mesmos, e que usam isso em favor de seu poder.
O Sistema é um reflexo de quem nós somos, de quem a humanidade é como um todo. Portanto, é inútil querer acreditar que simples protestos, que tentativas de derrubar governos ditatoriais ou que ações subversivas visando um bem em comum possam mudar o mundo. Eles ajudam a quebrar o padrão apático vigente, mas isso é apenas uma solução provisória e paliativa, que não gerará frutos de verdadeira importância. Apesar de serem ações que ajudem a cada um poder notar a força que tem, ainda assim não mostram a verdade por detrás daquela força: algo muitíssimo maior e ilimitado.
Essa falta de compreensão leva a equívocos no que tange às atitudes para mudar o mundo. O externo nunca mudará o mundo. Ações externas apenas criam soluções superficiais. A violência no mundo é um reflexo da violência presente em nós. A Matrix não cria a violência. Ela recebe a violência que enviamos a ela e devolve em dobro, ludibriando a cegueira humana, fazendo com todos creiam que tal violência é algo externo, criação do Sistema e que apenas ele, o Sistema, é quem pode detê-la. O mundo de hoje é apenas um reflexo do que a humanidade se tornou. Nada mais, nada menos.
A Origem do Drama
Ao adentrarmos na fisicalidade e começarmos a experenciar tudo o que ela podia nos oferecer, aprendemos novas formas de compreender o mundo e a nós mesmos, e por algum tempo, mantívemos o equilíbrio. Todavia, à medida que o conhecimento aumentava, nos eram mostradas diversas formas diferentes de pensamentos e prazeres materiais. Em um deles adentramos de cabeça: o sexo. A distorção sexual criou a primeira faísca da limitação física: a frustração. Uma vez que o mel fora provado, sua falta iniciava o processo contínuo de ambientar a mente humana num período ilusório chamado futuro. O futuro, uma invensão de nossas mentes, o estado da espera, o estado da impotência diante do mundo, trazia agora uma dor não palpável, mas que crescia vertiginosamente no coração do homem. Nascia o sofrimento.
O sofrimento por sua vez trazia consequências incertas. Muitas vezes a satisfação de nossas necessidades nos era presentiada, então o sofrimento acabava adquirindo uma aura enigmática, um prazer inconsciente e, por conseguinte, algo cada vez mais aceito e por vezes respeitado. E na medida que a intelectualidade florescia, mais atenção era dada ao sofrimento e ele acabou virando sinônimo do que é ser um humano.
A frustração levava ao sofrimento e este, apesar de tudo, nunca foi algo que conscientemente agradava. Para lidar com esse vazio, florescia então a agressividade desproporcional, a animalidade racional, nascia então a violência. Engana-se quem diz que a violência é algo natural da vida. A agressividade é natural, mas a violência não. Ambas não são a mesma coisa. A primeira é a maneira instintiva de sobrevivência, a segunda é a maneira limitada de lidar com a frustração.
Deste modo, querido leitor, toda a violência do mundo tem uma base fundamental bem sólida. Então, seja o marido que espanca a mulher, o assaltante que mata mesmo sem a vítima reagir, o pai que mata o filho, o motorista que xinga no trânsito, a mulher que faz barraco no supermercado, o traficante que só é macho com uma arma na mão, a criança que faz malcriação, adolescentes que agridem uns aos outros na escola por motivos cada vez mais tolos, tudo isso faz parte da mesma equação.
Todavia, tal padrão violento já não faz mais parte apenas da mente construída. Ao longo dos séculos ela simplesmente penetrou em nossos genes e cada vez mais fica vísivel não apenas a apatia, mas também a frieza humana ao agredir ou tirar uma vida. Estamos vivendo rodeados de zumbis, pois os seres humanos cada vez mais se comportam como tais.
Um Novo Alento
Sendo a violência advinda única e exclusivamente da frustração e do sofrimento, sua cura está justamente na mudança consciencial de cada ser humano. Não se trata apenas da mudança de pensamento, isso ainda é superficial, mas sim de uma mudança total da consciência física e extra-fisica. Não se trata apenas de fazer-se entender que a violência é ruim, que a vida é sagrada, ou qualquer afetação do tipo. Estamos falando de dar as ferramentas adequadas para que cada ser humano consiga ter a plena consciência de si mesmo, de seu espírito e da realidade que transcende as barreiras vísiveis.
Uma dessas ferramentas é uma das primeiras coisas que foram postadas neste blog: a ilusão do tempo. Sendo a frustração baseada no conceito do futuro, e dela vindo tanto o sofrimento quanto a violência, apenas no reconhecimento, na lembrança de que o tempo não existe é que as primeiras portas para a divindade serão abertas. O futuro é imaginação, o passado é fantasia, o presente é o que existe de fato. A espera sempre deixou o homem em maus lençóis, por isso é imprescindível que ele aprenda de uma vez por todas a viver apenas e tão-somente apenas no agora.
Não podemos ajudar todas as pessoas do mundo a tornarem-se conscientes, mas não é necessário. Basta um número significativo de pessoas despertas (não me refiro a pseudo-despertos) de verdade para que o consciente coletivo mude e a própria humanidade também o faça. É algo trabalhoso, pois o tempo é uma corrente resistente na existência humana, mas é necessário que todos em seus caminhos evolutivos não tenham mais limitações de entendimento a respeito dele. Quem não entende isso, nunca encontrará a liberdade.
"O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel." (Platão)
Estamos inseridos no tempo por estarmos em corpos físicos, mas não somos reféns dele. Não pertencemos ao tempo e portanto se rebaixar a ele é a primeira negação de nossa divindade. Na matéria estamos sujeitos a ele e a seus caprichos, mas nossas consciências devem ficar alheias. É como alguns jogos de videogame, por exemplo. Muitos transcorrem durante um dia fictício em que 24 horas reais se dão em 10, 15 minutos. Quem joga o jogo deve se submeter àquele tempo fictício? Deve se encolher e acreditar que um dia dura realmente 15 minutos? Claro que não. Para nós é o mesmo.
Desperto é aquele que joga o jogo, mas difere o que é real do que é ilusão. É aquele que está passando pelo tempo tridimensional físicamente, vivendo a experiência, mas que na consciência está no eterno e perpétuo.
Vamos na Paz.
Nota: Algumas pessoas perguntaram do porquê de eu ter parado de responder a todos os comentários. A razão é que preciso me dedicar mais a mim mesmo. Nos últimos dois meses, as visitas, os comentários e os emails quadruplicaram e minha doação acabou excedendo seu limite. Passei tempo demais no externo, e agora preciso voltar ao normal. Deste modo, só responderei alguns comentários que por ventura necessitem de uma resposta ou complemento. E pelo mesmo motivo, a moderação também foi suspensa, pois me tomava muito tempo (físico, hein! XD). Como mestres, sei que vão saber lidar com os futuros spams e trolls que surgirem nos comentários. Apenas os ignorem, que é a atitude mais sábia.
Comentem mais, interajam mais uns com os outros, aprendam a tirar suas dúvidas com vocês mesmos. Não sabem o quanto perdem ao não darem créditos a vocês mesmos.
Quanto aos emails, infelizmente a notícia não agradará a muitos, mas precisei tomar esta decisão. Não responderei mais a nenhuma dúvida, a não ser algo realmente profundo e complexo, pois estamos em tempos decisivos, e preciso olhar um pouco mais para meu interior. A Internet é uma ferramenta maravilhosa quando usada sabiamente. A maioria de suas dúvidas exteriores podem ser respondidas facilmente. E as dúvidas interiores podem ser respondidas aquietando a mente e ouvindo o que vem de dentro. Não tem segredo. Nessas semanas tenho passado mais tempo respondendo emails que escrevendo postagens para os blogs, além de não ter tido tempo para minhas queridas leituras.
Reintero que me é necessário tomar essa atitude. Como cada um de vocês, eu também tenho minha evolução e preciso dar mais atenção a ela. Sei que entenderão. No mais, continuemos que está bom demais.
HigherThanEagle
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