QUINTA-FEIRA, MAIO 10,
2012
Da EFE
Pesquisadores
descobriram também pinturas de reis em paredes de ruínas.
Registros do século 9 são os mais antigos já encontrados da
civilização.
Uma equipe de pesquisadores
dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (10) a descoberta do calendário maia mais
antigo documentado até o momento.
A descoberta
desmonta a teoria nada científica dos que preveem o fim do mundo em 2012, com base no calendário maia.
Essa teoria se
baseia na existência de 13 ciclos no calendário maia, conhecidos como “baktun”.
Porém, os novos
dados mostram que o sistema possui, na verdade, 17 “baktun”.
Ciclos da Lua e,
possivelmente, de planetas, feitos pelos maias em Xultún (Foto: William Saturno/David Stuart/National
Geographic/Divulgação)
“Isto significa que há
mais períodos que os 13 (conhecidos até agora)”, ressaltou o arqueólogo David Stuart, da
Universidade do Texas-Austin, um dos autores do artigo publicado pela revista “Science”.
Ele apontou que o
conceito foi “manipulado”, e disse que o calendário maia continuará
com seus ciclos por mais milhões de anos.
As pinturas encontradas em paredes de
ruínas da cidade de Xultún, na Guatemala, foram feitas no século 9.
O calendário
documenta ciclos lunares e o que poderiam ser ciclos planetários, explicaram
Stuart e seu colega William Saturno, da Universidade de Boston.
A escrita pintada no
que seria um templo são vários séculos mais antigos que os "códices maias".
Esses livros
escritos em papel de crosta de árvore eram os registros escritos mais antigos
da cultura maia e foram produzidos por volta do século 13.
'Primeira vez'
“Nunca tínhamos
visto nada igual”, assinalou Stuart,
professor de Arte e
Escritura Mesoamericana,
encarregado de
decifrar os hieróglifos.
Ele destacou que se
tratam das primeiras pinturas maias encontradas em paredes.
A sala, segundo os
especialistas, faz parte de um complexo residencial maior.
Os pesquisadores
lamentam que parte do quarto tenha sido danificada por saqueadores, mas foi
possível conservar várias figuras humanas pintadas e hieróglifos escritos em
preto e vermelho.
Em uma delas,
aparece a figura do rei com penas azuis e glifos perto de seu rosto que,
segundo decifraram,
significam “irmão menor”.
Desenhos encontrados
nas paredes de Xultún
(Foto: Tyrone Turner/National Geographic/Divulgação)
Outra parede contém
uma série de cálculos que correspondem ao ciclo lunar.
Os hieróglifos de
uma terceira parede estariam relacionados aos ciclos de Marte, Mercúrio e, possivelmente, Vênus, segundo os pesquisadores.
Os autores indicam
que o objetivo de elaborar esses calendários, segundo os estudos realizados a
partir dos códices maias encontrados previamente, era o de buscar a harmonia
entre as mudanças celestes e os rituais sagrados,
e acreditam que
essas pinturas poderiam ter tido o mesmo fim.
“Pela primeira vez, vemos o que podem ser registros
autênticos de um escrivão, cujo trabalho consistia em ser o encarregado oficial
de documentar uma comunidade maia”, assinalou William Saturno.
Em sua opinião,
parece que as paredes teriam sido utilizadas como se fossem um quadro-negro,
para resolver problemas matemáticos.
De acordo com os
cientistas, poderia se tratar de um lugar onde se reuniam astrônomos,
sacerdotes encarregados do calendário e algum tipo de autoridade, pela riqueza
na decoração das pinturas nas paredes, que também utilizaram para fazer suas
anotações.
A pesquisa continua
aberta para determinar de que tipo de ambiente se tratava – se era uma casa ou um local de
trabalho, e
se era utilizado por uma ou várias pessoas.
“Ainda nos resta explorar 99,9% de
Xultún”, lembrou Saturno,
que afirmou que a
grande cidade maia descoberta em 1915 proporcionará novas descobertas nas
décadas vindouras.
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