A Surpresa da Renuncia
Esta semana fomos surpreendidos com a renuncia do Papa.
Algo totalmente inesperado.
Acho que estávamos acostumados com a segurança da figura gentil
e carismática de Papa João Paulo II, que carregou o peso da idade
com muita dignidade, e com certeza, por conta de sua postura cativou ainda mais
o carinho dos fiéis.
Pensando em tudo
isso, sinto que seria mesmo difícil substitui-lo.
Na minha visão
leiga, sempre imaginei o cargo do Pontifice comparável ao de um rei.
Função vitalícia de importância internacional, um enorme poder
que vai muito além do aspecto religioso, e da pequena, e rica cidade do
Vaticano, pois engloba enorme riqueza material, e a política internacional.
Acho que por conta
de fortes memórias de vidas passadas, fui carregada por antipatias, aos homens
de saia, como costumava me referir de forma pejorativa aos padres.
Havia em mim um grande ressentimento aos dogmas, que remontava à
inquisição, e a mortes traumáticas que tive nesse passado negro da humanidade.
Impressioante que essa dor tão antiga não tivesse sido curada...
Foi há tanto tempo,
mas para minhas emoções, e mediunidade, parecia algo bem mais recente.
Confesso que foi preciso muito trabalho emocional, e de cura
espiritual para expandir a consciência, e aceitar as coisas como são.
Sempre gostei de
rezar, e da atmosfera tranqüila de uma igreja,
mas nunca me senti
confortável numa missa.
Achava sempre algum defeito, e como não era minha religião,
achava que tinha o direito de criticar, de chamar de hipócrita o culto
religioso, que carregava consigo tantas mortes.
Esse sentimento
cheio de vingança se transformou numa sensação tão ruim, que achei melhor me
afastar, parar de criticar, e amar a Deus do meu jeito.
Não precisava desse culto formal.
Descobri então o hinduísmo, e ao mesmo tempo o poder do sagrado
feminino, das deusas.
E em cada momento de
estudo, e aprofundamento na mitologia, na magia, ia me sentindo cada dia mais
em paz com o que acreditava,
um mundo espiritual
cheio de amor, e tolerância entre todos os povos.
Aprendi o poder dos mantras, desenvolvi a mediunidade, e fui
cada vez mais abrindo o leque e estudando outras religiões, e culturas.
Tudo isso me trouxe uma visão mais natural da religião.
Descobri uma forte
conexão com a natureza, com a energia do planeta, com o amor.
Fez muito mais sentido pensar em Deus como uma energia.
Para mim Deus vibrava mais no feminino.
Talvez por associar ao colo da mãe, ao conforto, carinho,
aconchego.
Tudo aquilo que
sempre desejei encontrar no divino.
E foi engraçado esse percurso, pois quando passei amar à Deusa
como Iemanjá, Saraswati, Lakshmi, Durga, Afrodite, Atenas, mãe Maria e tantas
outras, que são a mesma...
Uma única energia
vibrando com diferentes nomes, comecei fazer as pazes com o mundo.
Passei aceitar este mundo cheio de coisas estranhas, de famílias
complicadas, de ricos e pobres, de pais separados, filhos abandonados, e o pior
de tudo isso, gente sem amor.
Quando comecei me
conectar com este amor maior da grande mãe, fui entendendo que o mundo é assim,
e sempre foi.
Meio estranho, sem regras perfeitas, feito de gente em evolução!
E pessoas sempre foram, e sempre serão complexas, cheias de
surpresas, de desafetos, raivas e resgates.
E é claro, que
imagino, que o Papa também tenha seus aprendizados e desafios.
Também imagino, que as religiões formais também passam por
transformações.
A energia do mundo
está mudando, os conceitos, as idéias, a forma das pessoas viverem.
E grandes instituições não tem como se isolar, e se manter
fechadas, refratarias ao movimento cósmico.
Mas vale refletir
que as mudanças são muito maiores internamente, nas consciências despertas.
Cada um de nós, que segue o caminho espiritual deve olhar para
fora, e naturalmente também olhar para dentro, pois tudo o que acontece ao
nosso redor vibra em nós, e nos exige entendimento.
Por isso, quando vi
nos noticiários a perplexidade dos jornalistas, achei que uma postura mais
respeitosa sobre a atitude do Papa, era mesmo a mais adequada.
Porque, como vamos criticar algo que não
sabemos?
Mesmo que o ocorrido nos recorde do filme Anjos e Demônios,
inspirado no livro do Dan Brown, o que podemos falar do assunto,
sem correr o risco de soltar afiadas farpas carregadas de
mágoas e críticas ao poder da igreja?
Como nada é ao acaso, fico pensando que há um aprendizado
interessante para mim também envolvendo essa história, quando
exatamente na mesma semana publiquei um artigo no Stum, cujo tema é bem
oportuno:
"Porque criticamos as
pessoas?"
Penso que está no meu tempo aprender não criticar aquilo que não
conheço, e sei que esta atitude está me libertando cada vez mais da roda de
samsara, eterno ciclo de vida e morte.
Quero desenvolver um
olhar sábio sobre a vida.
Não quero mais ser
impulsionada pela dor, pelas memórias tristes do inconsciente.
Quero colaborar para o novo mundo, aquele que está surgindo
dentro de cada um de nós que trilhamos o caminho da verdadeira espiritualidade,
um mundo de mais amor.
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