QUINTA-FEIRA, 28
DE MARÇO DE 2013
SÓCRATES
No ano 399 antes da era cristã, o
Tribunal dos Heliastas, composto por representantes das dez tribos que
compunham a democrata Atenas, reunia-se com seus 501 membros para cumprir uma
obrigação bastante difícil.
Representantes do povo, escolhidos
aleatoriamente, estavam ali para julgar o filósofo Sócrates.
O pensador era acusado de recusar os
deuses do Estado, e de corromper a juventude.
Figura muito controversa, Sócrates
era admirado por uns, criticado por outros.
Tinha costume de andar pelas ruas com
grupos de jovens,
ensinando-os a pensar, a questionar
seus próprios conhecimentos sobre as coisas e sobre si mesmos.
Sócrates desenvolveu a arte do
diálogo, a maiêutica, este momento do "parto"
intelectual, da procura da verdade no
interior do homem.
Seus dizeres "Só sei que nada sei" representam a sapiência maior de um ser, reconhecendo sua
ignorância, reconhecendo que precisava aprender, buscar a verdade.
Por isso foi sábio, e além de sábio,
deu exemplos de conduta moral inigualáveis.
Viveu na simplicidade e sempre
reflectiu a respeito do mundo materialista, dos valores ilusórios dos seres, e
das crenças vigentes em sua sociedade.
Frente a seus acusadores foi capaz de
lhes deixar lições importantíssimas, como quando afirmou:
"Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a
todos, tanto velhos como novos, de que cuideis menos de vossos corpos e de
vossos bens do que da perfeição de vossas almas."
O grande filósofo foi condenado à
morte por cerca de 60 votos de diferença.
A grande maioria torcia para que ele
tentasse negociar sua pena,
assumindo o crime, e tentasse
livrar-se da punição capital, com pagamento de algumas moedas.
Com certeza, todos sairiam com as
consciências menos culpadas.
Todos, menos Sócrates que, de forma
alguma, permitiu-se ir contra seus princípios de moralidade íntimos.
Assim, aceitou a pena imposta.
Preso por cerca de 40 dias, teve
chance de escapar, dado que seus amigos conseguiram uma forma ilícita de
dar-lhe a liberdade.
Não a aceitou.
Não permitiu ser desonesto com a lei,
por mais que esta o houvesse condenado injustamente.
Mais uma vez exemplificou a grandeza
de sua alma.
E foram extremamente tranquilos os
últimos instantes de Sócrates na Terra.
Uma calma espantosa invadia seu
semblante, e causava admiração em todos que iam visitá-lo.
Indagado a respeito de tal
sentimento, o pensador revelou o que lhe animava o espírito:
"Todo homem que chega aonde vou agora, que enorme
esperança não terá de que possuirá ali o que buscamos nesta vida com tanto
trabalho!
Este é o motivo de que esta viagem que ordenam me traz tão
doce esperança."
Sim, Sócrates tinha a certeza íntima
da imortalidade da alma, e deixou isso bem claro em vários momentos de seus
diálogos.
A perspicácia de seus pensamentos e
reflexões já haviam chegado a tal conclusão lógica.
O grande filósofo partia, certo de
que continuaria seu trabalho, de que prosseguiria pensando, dialogando, e de
que desvendaria um novo mundo, uma nova perspectiva da vida, que é uma só, sem
morte, sem destruição.
O Codificador da Doutrina Espírita,
Allan Kardec, indagou aos imortais:
"No momento da morte, qual o
sentimento que domina a maioria dos homens?
A dúvida, o medo ou a esperança?"
Ao que os Espíritos lhe respondem:
"A dúvida para os descrentes endurecidos; o medo para
os culpados; a esperança para os homens de bem."
Que possamos todos, a exemplo de
Sócrates, deixar este mundo com o coração repleto de esperança.
Texto da Redação do Momento Espírita com base no livro O
Fédon, de Platão, Colecção Filosofia – Textos nº 4. ed.Porto e no livro
Apologia de Sócrates, de Platão, Colecção Aos pensadores, ed. Nova Cultural
Irene Ibelli
Empreendedora Digital, Humanista e Espiritualista
Eleita Cidadã Planetária Pelo Projeto
Vôo da Águia
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