sábado, 13 de abril de 2013
O desapego é um dos mais importantes
ensinamentos budistas.
Muitos dos problemas da vida são
causados pelo apego.
Ficamos com raiva, preocupados,
tornamo-nos ávidos, fazemos queixas infundadas e temos todos os tipos de
complexos.
Todas estas causas de infelicidade,
tensão, teimosia e tristeza são devidas ao apego.
Se você tem algum problema ou
preocupação, examine a si mesmo e descobrirá que a causa é o apego.
Existe uma famosa história zen sobre
um mestre e seu discípulo.
Os dois estavam a caminho da aldeia
vizinha quando chegaram a um rio caudaloso e viram na margem, uma bela moça
tentando atravessá-lo.
O mestre zen ofereceu-lhe ajuda e,
erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem.
E depois cada qual seguiu seu
caminho.
Mas o discípulo ficou bastante
perturbado, pois o mestre sempre lhe ensinara que um monge nunca deve se
aproximar de uma mulher, nunca deve tocar uma mulher.
O discípulo pensou e repensou o
assunto; por fim, ao voltarem para o templo,
não conseguiu mais se conter e disse ao mestre:
— Mestre, o senhor me ensina dia após
dia a nunca tocar uma mulher e, apesar disso, o senhor pegou aquela bela moça
nos braços e atravessou o rio com ela.
— Tolo – respondeu o mestre – Eu
deixei a moça na outra margem do rio.
Você ainda a está carregando.
Desapego não é desinteresse,
indiferença ou fuga.
Não devemos nos tornar indiferentes
aos problemas da vida.
Não devemos fugir da vida; não se
pode fugir dela quando somos sinceros.
A vida e seus problemas devem ser
encarados e lidados de frente, mas não são coisas às quais devamos nos apegar.
É verdade que o dinheiro tem sua
importância, mas a pessoa que se apega a ele torna-se avarenta e escrava do
dinheiro.
É muito fácil nos apegarmos à nossa
beleza, às nossas aptidões ou às nossas posses, e assim nos sentirmos
superiores aos outros.
É igualmente fácil nos apegarmos à
nossa feiúra, à nossa falta de aptidões ou à nossa pobreza, e assim nos
sentirmos inferiores aos outros.
O apego às condições favoráveis leva
à avidez e ao falso otimismo,
enquanto que o apego às condições
desfavoráveis leva ao ressentimento e ao pessimismo.
Sem dúvida, nosso apego às coisas,
condições, sentimentos e idéias é muito mais problemático do que imaginamos.
Quando adoecemos, chegamos até mesmo
a nos apegar à doença.
É melhor não fazermos isso.
Todas as doenças serão curadas,
exceto uma, que é a morte.
Quando você estiver doente, aceite a
doença e faça o possível para se recuperar.
Aceite a doença e a transcenda… ou
melhor, aceite-transcendendo.
A vida é mutável; todas as coisas são
mutáveis; todas as condições são mutáveis.
Por isso, “deixe ir” as coisas.
Todos os abusos, a raiva, a censura – deixe
que venham e que se vão.
Tudo o que fazemos, devemos fazer com
sinceridade, com honestidade e com todas as nossas forças; e uma vez feito,
feito está.
Não nos apeguemos a ele.
Muitas pessoas se apegam ao passado
ou ao futuro, negligenciando o importante presente.
Devemos viver o melhor “agora”, com plena responsabilidade.
Quando o sol brilha, desfrute-o;
quando a chuva cai, desfrute-a.
Todas as coisas nesta vida – deixe
que venham e deixe que se vão.
Este é um segredo da vida que nos
impede de ficar aborrecidos ou neuróticos.
Buda disse que todas as coisas na
vida e no mundo estão em constante mutação; por isso, não se torne apegado a
elas.
Contribuição Brígida Serafim
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