DOMINGO, 7 DE ABRIL DE 2013
O ser humano positivamente nasceu para ser feliz.
Mas, no padrão de consumo da cultura ocidental, parece ter havido uma
inversão de valores onde o ter tornou-se muito mais importante do que o ser.
Se eu consumo, logo existo.
Nós deveríamos usar as coisas e amar as pessoas, mas, na prática, amamos
as coisas e usamos as pessoas.
Por quê?
Quanta coisa nós possuímos, entulhando as nossas casas e depósito, que em
nada contribuem para a nossa felicidade ou concorrem
para o nosso bem estar?
Vestuário, sapatos, móveis, livros, eletrônicos, ferramentas,
adornos, lembranças, etc.
Quinquilharias inúteis ocupando lugar
e conservando uma energia escura contribuindo para o mofo do envelhecimento da
nossa vida.
Os escoteiros tem uma boa norma.
Ao retornar dos acampamentos, dividem a tralha em três montes: usei
muito, usei pouco e não usei.
Os primeiros, seguramente estarão na mochila do próximo ano.
Os pouco usados devem ser repensados se vale a pena levar novamente.
E dos últimos, somente algo como primeiros socorros, que sempre é bom ter
e não precisar usar.
Luiz Alca de Sant´Anna afirma, em sua
crônica semanal, que a Lei da Circulação e Compensação consiste exatamente em não se guardar para si as experiências adquiridas,
os talentos vindos na individuação, o desenvolvimento e a compreensão do que
realmente estamos fazendo aqui.
Fazer circular a fé, a esperança e a caridade não são coisas fáceis de
praticar, mas pode ser algo extremamente gratificante.
Há um movimento americano muito bonito, hoje com milhares de adeptos pelo
mundo, chamado Reversão do Privilégio e que ensina as pessoas que a melhor forma de agradecer as graças é
abrindo para os outros, aquilo que ganhamos, considerando a graça e a bondade
do Grande Mestre em nos dar algo em proporção maior do que a nossa necessidade.
Isso foi bem retratado num filme americano intitulado
A Corrente do Bem.
Precisamos avaliar se não estamos saturados de coisas e rótulos
descartáveis e de importâncias que nada valem em nossa mente.
Um copo transbordando não permite nem mais uma gota d´água.
Abrir espaço para o novo, desapegar e não se prender tanto ao que não
vale a pena, para não atravancar o verdadeiro fluxo do Bem.
Tenhamos a certeza de que fazer circular nossos bens e dons não diminui
os nossos recursos, muito pelo contrário.
A infelicidade do individualista, do egocêntrico, do ególatra é nítida e
definida no campo espiritual, embora possa parecer vantajoso no cotidiano
concreto percebido apenas pelos medíocres.
Desapegue-se, partilhe, faça circular, reverta, passe à frente e assim
compense o privilégio de toda uma vida.
Como dizia São Francisco, “é dando
que se recebe”.
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