INSÓLITO:
O CÉREBRO HOLOGRÁFICO
20 de
Dezembro de 2013
Onde ficam guardadas as
recordações?
Sabemos como se formam: o grupo de proteínas G, e em particular o sub-grupo
GPCR, está envolvido na formação da memória, com o
receptor M3 que tem a capacidade de mudar para "fixar" a recordação.
Mas fisicamente, onde
reside a memória?
Onde fica o "armazém"?
O Dr. Karl Pribram, neurocirurgião
austríaco, professor de psiquiatria e psicologia em várias universidades
americanas (incluindo a Universidade de Stanford e a
Universidade de Georgetown) fez a mesma pergunta e,
não encontrando uma resposta satisfatória, começou a estudar o assunto.
Durante a pesquisa, enquanto tentava descobrir
quais são as áreas do cérebro utilizadas para este fim, Pribram percebeu que o cérebro humano funciona de
forma holográfica.
O que isso significa ?
Os seus estudos revelaram que as memórias não
são armazenadas numa parte específica do cérebro, tal como acontece com os
ficheiros dum computador, mas sim são distribuídas por todo o cérebro.
Fala-se neste caso duma "complexa rede neuronal"
De fato, algumas pessoas que tenham sido
submetidas a remoção cirúrgica de uma parte do cérebro não mostram perdas
específicas de memórias.
Mas, sendo um médico e não um matemático, Pribram não era capaz de entender o funcionamento deste
sistema: até encontrar o conceito de holografia pela primeira vez.
É assim que funciona um holograma: cada parte
contém toda a informação.
Na prática, acontece que se o holograma for
cortado em duas partes, uma vez iluminadas pelo laser cada uma mostrará sempre
o objeto inteiro.
Simplesmente: cada parte armazena uma versão
completa de todas as informações.
Nasceu assim uma longa colaboração com David Böhm, filósofo e físico norte-americano, que em 1987 levou ao desenvolvimento da teoria do cérebro
holonômico , que consiste numa descrição em termos matemáticos dos processos
neuronais que tornam o nosso cérebro capaz de compreender as informações em
forma de ondas,
e, em seguida, transformá-las em imagens
tridimensionais.
Basicamente, segundo a teoria, não vemos os
objectos "como eles
são" (de acordo com
a teoria da relatividade geral), mas apenas as
suas informações quânticas.
Este termo, "quântico" é importante: os cientistas descobriram a dupla natureza dual
dos electrões que, tal como acontece com outras partículas quânticas, são
percebidos por nós como uma unidade, enquanto que na realidade são formas de
onda presentes em mais pontos simultaneamente.
Um conceito difícil de visualizar, pois
contrário à experiência de cada dia: um objeto costuma ocupar apenas um ponto
no espaço,
não dois ao mesmo tempo.
Mas é preciso aceitar este como um fato
adquirido: ao longo de décadas os cientistas tentaram demonstrar que isso era
impossível,
até que enfim assumiram também a ideia e agora tentam explorar estas
propriedades exóticas da matéria.
Voltamos ao cérebro.
De acordo com quanto escrito no seu livro Universo, mente e matéria, publicado em 1996, Böhm sugere que no
universo existiria uma ordem "implícita", que não conseguimos ver e que ele
compara a um holograma: nesta ordem, a estrutura geral é identificável
em cada uma das suas partes.
Depois haveria uma ordem "explícita",
constituída por aquilo que conseguimos ver: esta segunda ordem seria o
resultado da interpretação que o nosso cérebro dá as ondas de interferência que
compõem o universo.
A colaboração entre os dois pesquisadores
revelou que o cérebro a memória funciona de uma maneira muito similar.
As recordações, em vez de serem armazenados nos
neurónios, são codificadas por impulsos que passam através de todo o cérebro,
da mesma maneira em que o laser atinge o holograma, gerando a imagem
tridimensional.
Cada pequena porção do cérebro parece conter
toda a memória, o que significa que o próprio cérebro é um holograma: todas as partes do cérebro contém a informação necessária
para recuperar uma memória inteira.
John von Neumann, um dos
maiores cientistas do século 20, calculou que o cérebro humano no curso de uma
vida média pode armazenar 280 triliões (280 seguido
de 18 zeros) de bits de informação.
Se o cérebro for realmente um holograma,
significa que cada parte do cérebro que é capaz de conter uma quantidade enorme
de dados.
Talvez, seja essa estrutura a garantir a nossa capacidade de recuperar
rapidamente qualquer informação armazenada na nossa memória.
Bohm e Pribram concordaram
que o cérebro é uma espécie de "super-holograma", que contém asinformações sobre o passado, o presente e o
futuro: portanto, segundos os dois pesquisadores, as memórias armazenadas no
nosso cérebro não são "registadas" nos neurónios, mas são o resultado de figuras
de ondas, explicando assim, a capacidade do cérebro para armazenar grandes
quantidades de informações num espaço relativamente pequeno
Quais as consequências
de tudo isso?
A nossa vida, os nossos
cérebros, não têm valor, é tudo falso? Vivemos numa enorme ilusão?
Atenção: 'holográfico' não significa 'virtual' e nem 'ilusório'.
A holografia é uma técnica de registo de
padrões de interferência de luz, que podem gerar ou apresentar imagens em três
dimensões.
Isso significa que a holografia não é algo que
cria ilusões: é uma maneira de transmitir informações.
Num sentido mais amplo, pode ser entendida como
uma forma de descrever a realidade.
E nós, com o nosso cérebro, podemos ser seres
capazes de interceptar uma determinada frequência deste fluxo de informação,
criando assim a nossa "realidade"
Mas bem podem existir outras realidades, tal
como a ordem implícita de Bohm.
Ipse
dixit.
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