quarta-feira,
27 de fevereiro de 2013
Alguns meses atrás, o físico Harold White chocou o mundo da aeronáutica quando
anunciou que ele e sua equipe da NASA começou a trabalhar no desenvolvimento de um motor
de dobra que pode viajar mais rápido do que a luz.
O ambicioso projeto faria com que uma
nave chegasse à outras estrelas em questão de semanas –
isso sem violar a teoria da relatividade de Einstein.
A ideia está baseada nas equações do
físico Miguel Alcubierre.
Em seu artigo intitulado “Dobra espacial: Velocidade Ultra-Rápida Dentro da Relatividade
Geral”, de 1994, o físico sugeriu um mecanismo no qual o
espaço-tempo pode ser distorcido em dois na proa e na popa da espaçonave.
“o passaporte para o universo”.
Ela tira proveito de um truque no
código cosmológico que permite a expansão e contração do espaço-tempo, e
permite a viagem ultrarrápida para outros sistemas planetários.
Basicamente, o espaço vazio atrás da
nave espacial seria desenvolvido para se expandir rapidamente, empurrando a
nave para frente.
Os tripulantes da nave perceberiam
isso como um movimento, apesar da total falta de aceleração.
Segundo White,
poderíamos realizar uma viagem interestelar para Alpha Centauri em meras duas semanas – apesar dos
mais de 4 anos-luz que a separa do nosso sistema solar, algo que uma nave comum
levaria dezenas de milhares de anos para efetuar.
Falando da engenharia do motor
responsável por essa façanha, um objeto esférico
(a nave) seria colocado
entre duas regiões do espaço tempo (uma expansão e uma contração).
Uma “bolha de dobra” geraria o que se
move no espaço-tempo ao redor do objeto, efetivamente reposicionando-o.
Como resultado, teríamos uma viagem
mais rápida do que a luz, sem que a nave tenha que se mover em relação à sua
estrutura local de referência, ou seja, o motor irá comprimir o espaço à frente
e expandir o espaço atrás de si, movendo-o para um outro lugar sem sofrer
nenhum dos efeitos adversos dos métodos de viagem mais rápida que a luz.
Desse modo, não há uma violação da relatividade de Einstein.
“Lembre-se que nada localmente excede
o limite da velocidade da luz, mas o espaço pode ser expandido e contraído em
qualquer velocidade”, disse
White.
“Contudo, o espaço-tempo é realmente
rígido, então para criar o efeito de expansão e contração de uma forma útil
para nós é necessário uma boa quantidade de energia”.
E de fato, cálculos preliminares sugeriam
que era necessário uma grande quantidade de energia para distorcer o
espaço-tempo.
Mais ou menos a mesma massa-energia do
gigante gasoso Júpiter (que
é 1.9 × 1027 ou 317 vezes a massa do nosso planeta)
Assim, a ideia se torna muito impraticável.
Embora a natureza permita uma
velocidade de dobra, ainda não seríamos capazes de criá-la.
“Contudo,” disse White, “baseado em analises dos últimos 18 meses, existe
alguma esperança. A chave está na alteração da geometria da própria dobra
espacial.
Em outubro do ano passado, White estava se preparando para dar uma
entrevista para o 100 Year
Starship, em Orlando (EUA), quando notou que se otimizasse a espessura da bolha de dobra e
oscilasse sua intensidade para diminuir a rigidez do tecido do
espaço-tempo, seria possível diminuir
a quantidade de energia para fazer isso.
Para se ter uma ideia, a quantidade de
energia que seria exigida é menor do que a Voyager I precisou.
E de fato, muita energia será
economizada.
De 317 vezes a massa do planeta Terra
até um objeto de somente 700 kg.
Assim, a ideia se torna muito mais próxima
da realidade.
Na teoria tudo está muito claro e
funcional.
Os primeiros experimentos práticos
estão começando agora.
Engenheiros da NASA estão simulando uma bolha de dobra em
miniatura para simular a distorção no espaço-tempo em escalas muito reduzidas.
Ainda não é certo se será possível
realizar viagens interestelares mais rápido que a velocidade da luz, através de
uma brecha na relatividade.
Ainda os efeitos para a nave e seus
tripulantes também não são conhecidos.
Em teoria, está tudo perfeito, mas na
prática ainda levará algum tempo para que esse sonho se torne realidade.
[io9]
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