Imagine-se sentado ao redor de uma
fogueira com amigos.
Sente o calor do fogo, mas começa a
ficar paralisado, quase hipnotizado pelas formas mutaveis da fumaça que dançam
acima das chamas.
Na medida em que a fumaça se
movimenta em vários padrões, um rosto pode ser visto.
Esquecendo-se
do ambiente a sua volta, imagina que o rosto que vê na fumaça é você.
Primeiro
pensa:
“Como fui
parar aqui?
Fiz algo
errado?
Estou sendo
punido?”
Talvez, com medo pensa:
“Tenho que sair daqui antes que esse
fogo queime meu rosto em forma de fumaça.”
E comenta em voz alta:
“Ei, vocês estão me vendo aqui na fumaça?”
Ninguém
vê porque, do ponto de vista de cada um, a fumaça assume formas diferentes,
oferecendo uma distinção na experiência.
Como
ninguém além de você vê o seu rosto moldado na fumaça,
sente
tristeza.
“Ninguém me vê nem entende a
singularidade de minha experiência”.
Enquanto a alternância do
rosto em forma de fumaça vai e vem, de repente percebe:
“Não
sou a forma de fumaça que vejo, sou a testemunha dela”.
Então
retorna à sua perspectiva como a dos demais observadores sentados ao redor de
uma fogueira e diz aos outros:
“Acabei de ter a mais louca
experiência espiritual.
Me perdi na forma de um rosto que vi
na fumaça, mas percebi que aquele que a vivencia é muito maior.
Não acho mais que sou a fumaça
prestes a ser queimada pelo fogo.
Ela pode aquecer minha pele, mas não
pode de forma alguma tocar o observador.
Agora entendo a natureza do ego”.
Na medida em que compartilha essa percepção com uma mistura de
ressonância, silêncio e confusão, a experiência se aprofunda.
Tudo o
que acabou de perceber era fundamentalmente verdadeiro,
mas
permanecer ali seria a criação do ego espiritual.
Se o ego
fosse o rosto moldado a partir da fumaça que se vê, o ego espiritual só poderia
ser o rosto daquele que o vê.
Então, ouve uma voz em seu coração:
“Está pronto para ir ainda mais fundo do que essa
percepção?”
Quando está prestes a responder sim,
sua experiência muda.
De repente, percebe que as formas
que entram e saem da fumaça e cada pessoa sentada ao seu redor são todas
expressões iguais do fogo que vê.
É como se a identidade projetada no
rosto moldado a partir da fumaça e até mesmo as identidades dos observadores a
sua volta fossem todas formas únicas do fogo conhecer a si mesmo.
Quando pensava que era um rosto dançando na fumaça, sua
experiência deslizava pela superfície da realidade, onde temia ser queimado
pelo fogo.
Mesmo
quando se via como observador, era um personagem separado do poder da chama,
próximo o suficiente para ser aquecido por seu calor, mas sem uma percepção
direta de seu brilho infinito e poder eterno.
Depois de
se aprofundar no assunto, percebeu que é a chama eterna da existência,
alimentando a alegria da autodescoberta como observador do fogo e das crenças
projetadas na forma que a fumaça assume ao vê-la.
Como o fogo, você é a
Fonte de todas as experiências e o ponto de interseção da conexão que faz de si
e das pessoas ao redor da fogueira uma realidade unida, mesmo que a vivenciem
como testemunhas ou observadores separados.
Então
surge o medo:
“Como vou manter o fogo?
E se os outros começarem a me envolver como seus
observadores separados e me puxarem de volta para o meu corpo?”
Então,
sua experiência se aprofunda:
Se a
fumaça e o observador são expressões iguais do fogo, então não pode ser errado
experimentar a mim mesmo dessa forma.
Era
apenas limitante e denso quando pensava que era apenas o rosto moldado pela
fumaça ou o observador do fogo.
Agora que sei que sou
realmente o fogo dentro de tudo isso, assim como todos os outros, aceito que é
a vontade do fogo explorar as experiências de intercâmbio, seja como fumaça, a
aparência de pessoas aquecidas pelas chamas ou a testemunha aprendendo com suas
observações.
Percebe
que, mesmo que seja puxado de volta para a infância da fumaça ou para a
adolescência da observação, sempre foi o fogo dentro de tudo, expressando o
poder da luz que não sabe obscurecer, diminuir ou brilhar menos intensamente.
Aplicando isso à sua
vida, os rostos moldados pela fumaça são a paisagem em constante mudança do
pensamento.
Você não é o personagem que cada
pensamento sugere, mas a fonte do próprio pensamento – que existe logo abaixo
da superfície de sua experiência.
A crença
de que é esses pensamentos em forma de fumaça e nada mais é a natureza do ego.
Isso é
aprendido pelo ego espiritual, ou o observador da fumaça,
que por
acaso é uma fumaça de formato mais denso que se imagina ainda separada do fogo
presenciado.
O tempo todo, a verdade de sua
natureza infinita existe como um fogo que não pode ser extinto e que
experimenta a si mesmo como um mundo de pensamentos e observadores que ganham
vida a partir de uma dança atemporal de fumaça e cinzas.
Uma vez que saiba que é o fogo que queima intensamente em cada
coração, é a vontade do fogo, além do alcance e da compreensão da vontade
pessoal, que decide se qualquer momento é vivenciado como fumaça, observador ou
o próprio fogo.
A partir desse espaço de clareza,
ser a fumaça ou o observador não contém mais medo ou limitação, pois é apenas a
maneira pela qual um fogo inextinguível de consciência cresce e se expande.
O destino da fumaça pode mudar,
assim como a perspectiva do observador.
O tempo
todo, você é um fogo ardendo intensamente dentro e ao longo de tudo isso, sem
nada para descobrir, processar ou manter em ordem.
Mesmo que
houvesse algo a ser processado, seria apenas a fumaça mental ondulante que o
lembra de como você é um fogo inteligente e poderoso.
Este é o
momento em que está livre.
Não pode retroceder
depois de saber disso.
Não se trata de uma crença a ser
mantida ou de uma ideia a ser defendida.
É assim que as coisas são.
Agora pode realmente
aproveitar a magnitude da fogueira, independentemente das diferentes
experiências das pessoas ao seu redor.
Tudo por Amor,
Matt.
Canal/Autor: Matt Kahn
Fonte: https://eraoflight.com/2024/03/19/lesson-from-the-fire/
Tradução: Sementes
Das Estrelas/Candido Pedro Jorge
https://www.sementesdasestrelas.com.br/2024/03/matt-kahn-a-licao-do-fogo.html