segunda-feira, 14 de novembro de 2011
A LAGARTA PELUDA
Uma parábola de KRYON Canalizado por Lee Carrol
A floresta estava efervescente de vida e, por baixo do tapete de folhagens que cobria o chão, grande e desengonçada lagarta estava falando ao seu grupo de seguidoras.
Nada havia mudado naquela comunidade.
O trabalho da lagartona era monitorar o grupo para que as tradições fossem mantidas e respeitadas.
Afinal de contas, elas eram sagradas.
"Há rumores" , dizia a lagarta entre mastigadas no seu sempre presente lanche de folhas, "de que há um espírito da floresta que está oferecendo a nós lagartas, em todos os lugares, algum grande negócio.
Nham, Nham, Nham.
Eu decidi me encontrar com este espírito e depois contar-lhes o que souber."
"Onde você encontrará este espírito?", perguntou um dos seguidores.
"Ele virá até mim", disse a gorducha.
"Afinal de contas, como vocês sabem, não podemos ir muito longe.
Não há comida para além da vala.
Não podemos ficar sem comida."
Nham, Nham, Nham.
Então quando a lagartona estava sozinha, ela chamou pelo espírito da floresta e depois de algum tempo, o grande e silencioso espírito veio até ela.
O espírito da floresta era belíssimo, mas a lagarta não podia contemplar toda sua beleza, pois preferia não sair de sua aconchegante cama de folhas.
"Não posso ver sua face muito bem" , disse a lagartona.
"Venha um pouco mais para cima" , disse o espírito da floresta com uma voz gentil. "
Eu estou aqui para que você me veja.", mas a lagarta continuou onde estava.
Afinal de contas era sua casa e o espírito da floresta estava lá por meio de um convite.
"Não, obrigada", disse a roliça.
"Dá muito trabalho."
"Diga-me, que estória é essa que tenho escutado sobre um grande milagre oferecido somente para as lagartas
– nem às formigas, nem às centopéias
– apenas às lagartas?"
"É verdade", disse o espírito da floresta .
"Vocês ganharam um presente maravilhoso.
E se vocês decidirem tê-lo, direi-as como."
"Como ganhamos isto?" , perguntou a balofa, ocupada com sua terceira folha desde o início da conversa.
"Não me lembro de ter pedido nada."
"Vocês conquistaram-no através do seu esforço durante toda sua vida para manter a floresta como um lugar sagrado" , disse o espírito.
"Pode apostar!" , exclamou a lagartona .
"Eu faço isso todo o santo dia, todo santo dia.
Eu sou a líder do grupo. Por isso é que está falando comigo em vez de com qualquer outra lagarta."
Ouvindo este comentário o espírito da floresta sorriu para a lagartona,
embora ela não tenha visto, já que havia decidido permanecer entre as folhagens.
"Eu tenho mantido a floresta sagrada por muito tempo.
O que eu recebo?"
"É um presente maravilhoso" , respondeu o espírito da floresta.
" Vocês agora são capazes, através de seu próprio esforço, de se transformarem em uma belíssima criatura alada e voar por aí.
Suas cores serão enebriantes e sua mobilidade irá surpreender a todos que as virem.
Vocês podem ir a qualquer lugar da floresta que desejarem, voando sobre ela.
Vocês poderão encontrar comida em qualquer lugar e também encontrar outras belas criaturas aladas.
Tudo isto vocês podem fazer imediatamente se quiserem."
"Lagartas que voam?", resmungou a gorducha.
"Isto é inacreditável!
Se for verdade então mostre-me algumas destas lagartas voadoras.
Eu quero vê-las."
"É fácil", respondeu o espírito.
"Apenas viaje para um lugar mais alto e olhe à sua volta.
Elas estão em todo lugar planando de galho em galho, tendo uma maravilhosa e abundante vida ao sol."
"Sol ?!", exclamou a lagarta.
"Se você é realmente o espírito da floresta, deve saber que o sol é quente demais para nós lagartas, nos queima, não é bom para nossos pêlos,
você sabe... temos que ficar no escuro.
Nada pior do que uma lagarta com o pelo ruim."
"Quando vocês se transformam na criatura alada, o sol aumenta sua beleza", disse o espírito gentil e pacientemente.
"Os antigos métodos de sua existência irão mudar dramaticamente e vocês irão abandonar a vida antiga no solo da floresta enquanto se familiarizam com o novo jeito dos seres alados."
A lagarta silenciou por um momento.
"Você quer que eu abandone a minha confortável cama e viaje para um lugar alto ao sol para ver uma prova?"
"Se você precisa de provas é isto o que deve fazer.", respondeu o paciente espírito.
"Não", disse a lagarta.
"Não posso fazer isso.
Eu preciso comer, você sabe.
Não posso ir a estranhos lugares altos ao sol, feito uma boba, quando há trabalho aqui.
É muito perigoso!
De qualquer maneira, se você fosse o espírito da floresta, deveria saber que os olhos das lagartas apontam para baixo e não para cima.
O grande espírito da Terra nos deu bons olhos que apontam para baixo para que possamos achar comida.
Qualquer lagarta sabe disso.
O que você diz não parece muito o jeito das lagartas", disse a desconfiada lagartona.
"Olhar para cima não é uma coisa que fazemos muito".
A lagarta ficou quieta por um instante.
"Então como podemos nos tornar essa coisa voadora?"
O espírito da floresta então explicou o processo da metamorfose.
Ele explicou como as lagartas teriam que se comprometer com as mudanças, desde que ele não poderia revertê-las após seu início.
Ele explicou como a lagarta usaria sua própria biologia, enquanto no casulo, para se transformar em uma criatura alada.
Ele explicou como a mudança requeria um esforço, um pequeno período de escuridão enquanto no casulo até que tudo estivesse pronto para a graduação para uma bonita e multicolorida criatura voadora.
A lagarta escutou silenciosamente, exceto pelos barulhos da mastigação.
Nham, Nham, Nham.
"Deixe-me ver se entendi", disse finalmente a lagarta de forma irreverente.
"Você quer que todas nós nos deitemos e criemos a intenção para que alguma coisa biológica, da qual nunca ouvimos falar, nos circunde. Então deixaremos esta nova coisa biológica nos envolver totalmente no escuro por meses?"
"Sim", respondeu o espírito da floresta sabendo muito bem o rumo que a conversa tomaria.
" E você o grande espírito da floresta não fará isto por nós?
Teremos que fazê-lo por nós mesmos?
Eu pensei que havíamos ganhado isso."
"Mas vocês ganharam", disse o espírito calmamente.
"E vocês ganharam também o poder de se transformarem com a nova energiada floresta.
Mesmo quando estão sentadas nas folhas seu próprio corpo está equipado para fazer tudo isto."
"O que aconteceu aos dias quando a comida caía do céu, as águas se repartiam e os muros das cidades caíam
– coisas assim?
Eu não sou estúpida.
Posso ser grande e desengonçada, mas tenho estado por aí por um bom tempo.
O espírito da Terra sempre faz os grandes trabalhos, e tudo o que temos que fazer é seguir instruções.
De qualquer forma, se todos nós fizéssemos o que pede, morreríamos de fome!
Qualquer lagarta sabe que temos que comer o tempo todo...
Nham, Nham, Nham...
para permanecermos vivas.
Sua grande boa nova parece suspeita para mim".
A lagarta pensou por um tempo e disse "Dispensado!!!", enquanto se virava procurando o lugar para a próxima mordida.
O espírito da floresta partiu calmamente, como foi pedido, enquanto escutava a lagarta resmungando para si mesma.
"Lagartas que voam!
Essa é boa!", Nham, Nham, Nham.
No dia seguinte, a lagartona providenciou uma proclamação e reuniu seus seguidores para uma conferência.
Tudo corria calmo enquanto a multidão escutava o que a lagartona tinha a dizer sobre seu futuro.
"O espírito da Floresta é mal", proclamou a lagarta a seus seguidores.
"Ele quer nos enganar e nos levar para um lugar muito escuro, onde fatalmente morreremos.
Ele quer que acreditemos que de alguma forma nossos próprios corpos irão nos transformar em lagartas voadoras.
Tudo o que teríamos que fazer era parar de comer por uns poucos meses!".
Uma grande gargalhada ecoou no ar.
"O senso comum e a história podem mostrá-los como o grande espírito da Terra sempre trabalhou", continuou a lagarta.
"Nenhum bom espírito nunca irá levá-los a um lugar escuro.
Nenhum bom espírito irá pedí-los para fazer coisas que são tarefas de Deus!
Tudo isso é um truque do demônio da floresta".
A lagartona suspirou com um ar de arrogância, pronta para o próximo comentário.
" Eu me encontrei com o maligno e o reconheci!".
As outras lagartas ficaram enlouquecidas e gritaram em apoio à lagartona, e carregaram-na em suas costas enquanto a adoravam por tê-los salvo da morte certa.
Deixamos agora este festival de lagartas e subimos sutilmente em direção à floresta.
Enquanto a comoção abaixo começa a se distanciar de nossos ouvidos, passamos através do tapete de folhas que protege o chão da floresta das luzes do sol.
Gentilmente nos movemos através da escuridão das folhagens para a área reservada àqueles que voam.
Depois que o burburinho das lagartas deixa nossos ouvidos, experienciamos a grandiosidade dos seres alados.
Planando de árvore para árvore em plena luz do sol estão miríades de gloriosas, coloridas, voadoras e livres lagartas chamadas borboletas,
cada uma vestida com o esplendor das cores do arco-íris, e algumas até que eram amigas da grande, roliça e escura lá embaixo, cada uma com um sorriso na face em meio à abundância
– cada uma transformada pelo magnífico presente do espírito da floresta.
E assim é.
Tradução para o português: Gustavo Amorim
Mensagem enviada por Thais Marzagão
Boa reflexão!
LUZ!
STELA!
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