quarta-feira, 11 de abril de 2012
BIDI
- 08 de abril de 2012
– 2ª Parte – AUTRES DIMENSIONS
Pergunta: O que é que trava, para
passar simplesmente do Si ao Absoluto?
O Si ele
mesmo.
O que é que
pode travar, se não for o Si ou o ego, eles mesmos?
O ego não
pode conhecer o Desconhecido.
Ele não pode
vivê-lo, ele não pode conceituá-lo, ele não pode percebê-lo, ele não pode
considerá-lo.
Quanto ao Si,
ele é uma contemplação.
E esse
estado de contemplação foi muitas vezes vivido como uma finalidade, como uma
realização.
Conceber o Si
como uma realização e uma finalidade, é o freio.
A
resistência ao Último não é, definitivamente, senão isso.
E isso é,
bem evidentemente, subentendido pelo medo: medo do Desconhecido, medo do que não existe, para aquele que
está no finito e na experiência do Si.
Este medo
não pode ser combatido e, na maioria das vezes, ele não pode mesmo ser visto,
nem integrado.
Não há, num
ato de redenção total, de capitulação total, senão a transcendência que ocorre
O fato de
não existir uma ponte, de um estado ao Último, é certamente o elemento mais
traumatizante, e o mais insatisfatório, para o ego como para o Si.
O paradoxo
do ego e do Si, estando limitados e efêmeros, é o de se considerarem, ambos,
como eternos.
Há uma busca
de permanência, busca de Eternidade, que não poderá, certamente, jamais
conduzir ao seio do eu, como ao seio do Si.
O Absoluto e o Último não
podem coexistir, de maneira nenhuma, com isso, já que isso é a própria negação do Absoluto.
É preciso,
de qualquer maneira, reconsiderar e recolocar o go,
ele mesmo,
ou o Si, ele mesmo, naquilo que eles são, e naquilo que eles nunca serão.
Este
exercício não é uma prática (nem
mental, nem espiritual),
mas antes
uma evidência que é preciso esclarecer, de maneira lógica e total.
Eu o repito
também, para esta questão: Nada
do que te é conhecido, ou reconhecível, te conduzirá ao Absoluto, nem te elevará ao Absoluto.
A aceitação,
para o ego ou o Si, do vazio, do desaparecimento, é um pré-requisito
indispensável à Onda da Vida, testemunha do Absoluto.
Há, portanto
um conjunto de procedimentos, situados no finito,
que
consistem, justamente, em ver o que é finito, e terminal.
A fim de não
aderir a isso, de maneira nenhuma, de não dar peso ao que já é pesado, de não o
alimentar de qualquer maneira.
O mais
frequente, por esta forma de pesquisa extremamente lógica (onde vocês definem, por vocês mesmos, o
que vos é reconhecível ou o que vos é conhecido), esta pesquisa vos conduzirá, necessariamente e muito
logicamente, ao ponto de basculamento.
E, portanto,
o Absoluto se revelará a vocês.
Certamente,
isso não se vai passar sem algumas manifestações de cólera, de tristeza, de
alegria, de perturbações (Interiores
ou exteriores), mas
reconheçam que o que se manifesta, neste momento, é também limitado e
conhecido.
Lembrem-se (e lembra-te) que não há objetivo, que não há mesmo
caminho.
Há somente a
Verdade, nua, sem suporte, sem aperto, sem outra coisa que não ela mesma: a Verdade, incondicionada,
incondicionante.
O Absoluto (do ponto de vista da imagem que pode
dar o ego oi o Si) é Amor e
Luz, e Vibração.
Amor, Luz e
Vibração, são o aparece no seio do ego, implantando o Si.
Mas tudo
isto se tornará supérfluo, mesmo se for vivido, e deverá ser considerado como
tal.
Mesmo se
processos mais violentos da Consciência, ela mesma (como o despertar do Canal do Éter ou Kundalini), em definitivo e em Último, não
representa senão um espetáculo, senão uma representação, senão uma ilusão mais.
Resta-vos
ainda encontrar, encontrarem-se, no não-ser, na não-consciência, naquilo que
vocês podem denominar, do
ponto de vista do ego: o
vazio, que se revelará Absoluto
e Último.
Mas não há
nenhum caminho, nenhum objetivo.
Apenas o Si crê
nisso, apenas o Si estruturou um certo número de ensinamentos.
O Absoluto não conhece nenhum ensinamento, nenhum
confinamento, nenhum limite e nenhuma possibilidade de estrutura.
Mesmo a forma
desse corpo é vivida por aquilo que ele é:
uma ilusão
efêmera e, no entanto, aceite.
Mas vista
tal como ela é.
A Liberdade não
tem preço e não é um preço.
A Liberdade também
não é um estado.
O Absoluto é a única Liberdade, além de um estado,
além de uma etapa.
Examinem
tudo o que é limitador, tudo o que é condição.
Examinem
tudo o que é relação, e mesmo comunicação.
Examinem o
que vocês denominam Amor e Luz, do lado da personalidade ou do Si, e recusem
tudo isso.
O Absoluto não está aí.
Mas o Amor e
a Luz são, certamente e bem evidentemente, a tradução do Absoluto, aqui e em qualquer lugar, mas não o Amor e a Luz vistos
através da personalidade, ou vistos através do Si, mas antes,
na Essência e na própria natureza do
Que É o Absoluto.
Não há nada
a compreender, não há nada a apreender, nada que possa permanecer, porque, por
essência, é efêmero.
Saiam de
toda ideia, de toda bagagem espiritual, deixem-nas onde estão: no Si ou na personalidade.
Vocês têm
que Ser não ser, somente isso.
Nesse
momento, nesse instante, o basculamento se fará, sem nenhuma participação da
vossa parte.
Porque é o
tempo.
Pergunta: Eu tenho consciência que o mental mantém
o ego em perfusão, e quando este mental se retira, é o sono que se instala ou um
estado de semi-consciência.
O Casamento Místico é facilitado por este
estado de sono?
Sim.
Desde o
instante em que ele te parece mergulhar ou partir no que tu denominas sono, tu
nunca estiveste tão próximo do Absoluto.
Porque o
sono é, de qualquer maneira, no limitado, o desaparecimento do mundo e o
desaparecimento do consciente.
Mas um sono
onde não existirá mais o sonho.
O sono é,
portanto, a manifestação, no seio do limitado, de uma forma próxima do sem
forma do Absoluto.
Tudo o que
abranda o mental, tudo o que não luta contra ele,
mas o faz
ver a sua própria presunção, é útil.
Mas não
façam disso uma finalidade.
A meditação
é apenas destinada a ser o observador do vosso próprio mental, vos fazendo ter
uma forma de distância em relação a ele.
Isso,
evidentemente, não chega ao Absoluto, mas poderia fazer parte das condições
prévias para que o Absoluto
se revele em vocês.
Se o mental
desaparece, sem sono, totalmente e inteiramente,
então, a Onda
da Vida nasce.
O medo, as
dúvidas, que estão inscritas no complexo emocional e mental, se manifestarão,
mas o fato do adormecimento do mental e da Consciência, isso poderá viver-se
muito mais facilmente.
É importante
que as questões que vocês se põem, ou que vocês me puseram, tenham uma
resposta.
Não, uma vez
mais, para satisfazer um qualquer ego,
mas antes para vos levar à lucidez, e à estupidez, de vocês mesmos.
Porque não
há nada de mais estúpido do que qualquer coisa, ou uma consciência, que se crê
conduzida no seio do limitado.
A consciência
precisa de limites.
A Consciência
mesmo dita Ilimitada, não separativa,
Da Realização,
conhece o seu próprio limite pelo seu próprio desaparecimento e a sua própria
inscrição no corpo.
O Absoluto vos desinscreve do corpo e vos inscreve numa realidade
qualquer.
Vocês não
são mais tributários de uma qualquer forma.
Vocês não
são mais assimilados, e assimiláveis, a uma personalidade, ou a um Si.
O que há de melhor, para o representar, que
o estado de adormecimento ou de sono?
O sono (que é representado, pelo ego, como a
ignorância) é,
para o Absoluto, a aproximação do verdadeiro Conhecimento, que põe fim à
ignorância.
Estas
palavras que eu emprego podem, no momento, se apresentarem sem sentido, sem
lógica, mas elas imprimem, em vocês, a sua absoluta Verdade, e o Último.
Pergunta: Eu tenho sempre muitas questões em mim,
hoje não me vem nenhuma e, no entanto, estou certo que sempre esperei este
momento.
É isto o medo?
Pode-me ajudar?
Em quê terás tu necessidade de uma ajuda
qualquer?
Não existe
nenhum salvador e nenhuma ajuda.
O Absoluto pode aparecer (de qualquer maneira, reaparecer, já que nunca desapareceu) a partir do instante em que acabem
todas as questões, toda atividade.
Se vocês
forem capazes de parar o ego (se
é que posso empregar esta expressão) durante dez segundos, o Absoluto estará aí.
O que
subentende, evidentemente, que vocês nunca puderam parar o ego.
Vocês podem
transformá-lo e viver o Si.
O Si que
pode representar, de qualquer maneira, uma realização do ego, mas que, como
disse no meu preâmbulo, não vos permitirá jamais serem Absoluto.
No Abandono
do si, ele mesmo, há o basculamento, há o Absoluto que
vos encontra.
É preciso,
portanto, passar do «eu
sou», ou do Si, ao não
«eu sou» e ao não Si.
Se não
existem questões, é porque resta em ti a única questão:
eu tenho medo?
A ausência
de questão, certamente, no seio do ego e da personalidade, não é o fim do
questionamento, mas, bem mais, a dificuldade de se colocar a última questão,
que é a do seu próprio desaparecimento, enquanto ego ou enquanto Si.
E isso se
realiza sozinho, juntando a Crucificação e a Ressureição.
É preciso,
aí também, aquiescer, da mesma maneira que, quando a forma chega ao fim, e isso
é anunciado, vos faz passar por certas etapas.
É então, na
última etapa, que é a aceitação, que há, realmente,
capitulação
e rendição do ego e do Si.
E é nesse
momento que a Liberdade aparece, e que a Libertação reaparece.
Não há
alternativa, não há outra possibilidade senão esta.
Realizar o Absoluto
é, portanto, além de toda Realização, além de toda consciencialização.
É, portanto,
transcender, do efêmero ao Eterno, da forma ao sem forma, do limitado ao
Ilimitado.
Isto não é
simplesmente uma revolução, não é somente uma transformação, não é, também, uma
finalidade, mas o Último.
O Último não
se revela senão quando todo o resto, tudo o que é conhecido, tudo o que vos é
conhecido, enquanto experiência, mesmo enquanto conhecimento ou crença,
resolve-se em si mesmo, no que o ego chama o vazio.
Esta
qualquer coisa não pode ser procurada, porque a partir do momento em que é
procurada, ela foge.
Só pode ser
encontrada na evidência de uma não procura, pondo fim à busca, absurda, do que É,
além de toda projeção, de toda consciência, de todo o mundo, de toda história.
Há, para
aquele que está consciente, a possibilidade de viver isso como um abismo, sem
fim, o que foi denominado o momento em que a Onda da Vida vem pôr fim às
dúvidas e aos medos, inscritos no que são denominados os chacras.
Mas não são
vocês que o realizam, não são vocês que trabalham:
é a Onda da
Vida que trabalha, testemunha do Absoluto e marcador do Absoluto.
É a partir
do instante em que vocês aceitam não mais controlar,
não mais
dirigir, que a Onda da Vida e o Absoluto tomam, de qualquer maneira, o
controle, a direção, da Vida.
Vocês não
podem fazer de outra maneira.
Vocês não
podem pretender conhecer o que quer que seja disso.
Há, através
disso, um convite a vivê-lo.
Este convite
à transcendência é, muito exatamente, o que se produz em vocês.
É necessário
banir do vosso vocabulário, como de toda ação, a culpabilidade, os limites, as
condições e, claro, as questões.
E é aí que
quero chegar, para ti: «felizes os simples de espírito», porque a ausência de questões conduz a
isso.
Pergunta: Porque não tenho nenhuma
questão a colocar?
Então,
escuta o teu próprio silêncio e no espaço desse silêncio,
onde não
está nenhuma questão e nenhuma resposta, se estabelece a ressonância do que é
denominado «de coração a
coração», bem além da
localização do teu coração e do meu coração, que é o coração enquanto Centro;
espaço e tempo onde se estabelece a Verdade, além do ego e da personalidade,
além do Si.
Espaço de
Silêncio onde não existe nenhuma reivindicação e nenhuma justificação.
Nesse
momento, pode chegar o que deve chegar.
Agora ou
depois, na perspectiva temporal do ego, se inscreve,
em todo
coração e no meu Centro, o Silêncio, a ausência de questão e o abrasamento dos
teus sentidos te conduzindo à tua essência e à tua natureza.
Silêncio.
A questão
pode ser considerada como ausência de Silêncio.
Toda
questão, como toda resposta, nas nossas entrevistas, que eu denominaria (se assim quiserem) entre ti e mim.
Porque não
há nada entre, nenhuma distância, não há nada que permaneça.
As questões,
como as respostas, mantêm um espaço.
Este espaço,
nele mesmo, não é nada, mas ele é também Ondas que, além deste mundo, são um sinal.
O Silêncio é,
de qualquer maneira, o sinal da resolução.
Ele é
preparação, como o sono, a partir do instante em que ele não é preenchido por
nada, nem desejo, nem projeção.
Então sim,
ele é preparação, ele também.
Pergunta: Nós temos mesmo assim uma personalidade,
por isso estamos sujeitos à doença, à tristeza.
Nesse caso, podemos programar e reentrar no
Absoluto, ou isso não é possível?
Quem está sujeito?
A pessoa.
Enquanto ele
considera, desta maneira, a crença numa doença,
quem está doente?
O Absoluto não conhece nada disso.
Enquanto a consciência
dá crédito a uma qualquer perturbação da pessoa (denominada doença, alegria ou pena), vocês consideram portanto (e esta pessoa considera) que ela está inscrita numa linearidade.
Nada pode
representar um obstáculo ao Absoluto, senão for ele mesmo.
Esta questão
denota um comportamento, de natureza ilusória,
de adesão
aos seus próprios limites, aos seus próprios condicionamentos.
Como se pode
aderir aos seus próprios condicionamentos,
efetivamente, e
conceber mesmo que o Absoluto possa existir?
As
proposições desta questão denotam uma vontade de compreender o incompreensível,
de se apropriar do Absoluto.
Isso não
será, nunca, realizável.
Enquanto não
houver rendição, enquanto o ego quiser compreender, enquanto o ego crer que
está doente, que existe um nascimento, que existe uma morte, ele inscreve-se a
Si mesmo, de
maneira formal e forte, nos seus próprios limites,
nos seus
próprios condicionamentos e na sua própria estupidez.
Não se pode
considerar uma realidade qualquer no nascimento e na morte.
Não se pode
considerar uma qualquer densidade na doença e no sofrimento, se isso não for
colocar-se a si mesmo no seio dos seus próprios limites e reforçando-os, a eles
mesmos, o mesmo é dizer, fechando a porta com duas voltas.
Não há
nenhum lugar para o Absoluto nisso.
A prisão
está fechada.
Crer que o
que é efêmero, como uma pessoa (nas
suas alegrias como nas suas penas, na doença como na morte), vai poder superar isso, é a estupidez
total.
Só o ego é
estúpido.
Querer
resolver, querer sair da prisão permanecendo na prisão,
é
verdadeiramente ilógico.
Vocês não
são nem essa prisão, nesse esse corpo, nem essa doença, nem esse nascimento,
nem essa morte.
Enquanto
vocês colocarem esta equação, vocês andam à volta e daí não saem jamais.
Vocês querem mesmo sair daí?
Aí está a
questão.
Seguramente
não.
O que quer
que vocês digam, o que quer que vocês declamem, o que quer que vocês
reivindiquem, vocês se inscrevem, através desta questão, no ego e na
persistência do ego, o que é também ilusório já que o ego não tem nenhuma
persistência.
Mas não é um
paradoxo.
O Absoluto não é, em nenhum caso, uma reflexão, não é, em nenhum
caso, uma compreensão, pelo ego ou pelo Si.
O Absoluto
É.
Vocês não
podem ter uma qualquer pretensão ao Absoluto porque ele É.
Mas enquanto
vocês não calarem o ego (sem
o contrariar, mas simplesmente recusando-o), vocês não estão na lógica da Vida, mas vocês estão na lógica
da negação da Vida.
Vocês estão
presentes no seio de uma ilusão chamada corpo,
vocês estão
presentes no seio de uma sucessão de vidas que vocês chamam reencarnação.
Vocês estão
aí desde tempos imemoráveis.
Vocês alguma vez saíram disso?
Querem sair disso?
Reflitam: onde está a lógica?
Vocês querem
apreender o Não-Apreensível.
Vocês querem
apropriar-se daquilo que vocês São.
Isso é
absurdo, totalmente absurdo.
Vocês dão
peso e densidade ao vosso próprio efêmero ao reivindicar a Eternidade.
Isso não
pode funcionar dessa maneira.
Que procuram vocês?
Não há nada
a procurar.
O que prosseguem vocês?
Não há nada
a prosseguir, nem a seguir.
Parem,
parem-se, perguntem-se e soltem.
O milagre da
vida está aí.
Independentemente
de vocês e felizmente.
Além de toda
história e de toda condição.
O ego representa
um conjunto de reivindicações e quer colocar as suas condições.
O que é
impossível.
Pergunta: Eu tenho um medo extremo da noção de
vazio e a ideia de desaparecer me aterroriza.
Como posso
eu desembaraçar-me deste medo, porque ao mesmo tempo estou muito atraída pela
noção de Absoluto, mas é ainda muito intelectual.
Como me desfazer desta rejeição do que Sou
verdadeiramente?
Não há nada
a rejeitar.
Há uma
incompreensão.
Recusar não
é rejeitar nada, mas justamente tudo aceitar.
Há uma
incompreensão intelectual e mental, total.
O ego joga
ao não compreender, porque ele quer aproveitar-se desta noção de vazio.
Nada
desaparece.
Há muito
mais que aparece.
Apenas o ego
crê nisso.
Este medo é
secretado e tu dás poder a este medo.
Tu tens
prazer, de qualquer maneira, no teu próprio jogo,
reivindicando
a sedução do Absoluto, mas entretendo, pela mesma, a tua
negação do Absoluto.
Diz a ti
mesma que tu desaparecerás um dia, quer tu o queiras quer não.
Tu és
falível e tu és efêmera.
Se tu te
colocas no ego, não pode aparecer senão o medo.
O ego, que
se crê infalível e imortal, é falível e mortal.
E isto não é ridículo e patético?
Não há nada
de permanente no que tu crês:
não há senão o efêmero, não há senão o ilógico.
E tu gostarias de te apoiar nisso para
ultrapassar qualquer coisa?
É
estritamente impossível.
Morre para ti
mesmo.
Considera o
teu aspeto efêmero, aceita-o na totalidade.
Aceitar a
condição efêmera do ego é a única forma de lá chegar.
A Unidade,
para não falar do Absoluto e Último, não pode existir enquanto o ego
joga esse gênero de jogo.
Porque tu
não existes antes do teu nascimento e tu não existes depois da tua morte.
Como é que
podes pensar que no seio disso tu podes considerar viver o Absoluto já que tu te inscreves a ti próprio no teu próprio desaparecimento
e no teu próprio medo de desaparecer?
Agora que
falei de aparecimento e não de desaparecimento.
O ego inverte
e retorna tudo.
Aí está o
seu problema.
Mas tu não
podes lutar contra isso: tu
não podes senão rir disso.
Isso quer
dizer pôr uma distância e não uma rejeição, porque isso é e faz parte daquilo
que tu vives.
Mas isso não
é a vida.
Aceitar
isso, é já rir de si e rir do seu ego.
Não lhe dar
mais peso do que ele já tem, não lhe dar crédito e sobretudo não crer nele.
Sobretudo
quando ele te afirma que tu vais encontrar ou que tu és atraído pelo Absoluto.
Não se pode
ser atraído por aquilo que se É: Só o ego nos faz crer nisso.
Convém,
portanto, mudar de olhar, mudar de estratégia e não crer em tudo o que te diz o
teu ego, porque ele fará tudo o que está ao seu alcance (e ele sabe que tem todo o poder para o
fazer) para te afastar
daquilo que tu És.
Ele não te
será de nenhum recurso, nem de nenhuma utilidade,
para o Absoluto.
Tu não podes
portanto considerar, de maneira nenhuma,
encontrar
uma qualquer solução enquanto permaneceres onde estás.
Não há senão
tu para aceitar e acreditar na estupidez do teu ego,
sem no
entanto o rejeitar.
Vê-lo,
mostrá-lo, não é rejeitar.
Simplesmente
o compreender, e talvez domá-lo e, sobretudo,
não o
restringir, porque ele irá repropor sempre o medo do Absoluto, considerado, por
ele, como o vazio.
Pergunta: Porque ser Tudo e Nada é tão
difícil e tão fácil ao mesmo tempo?
Se esse é o
caso, realmente, na tua vivência, então não me ponhas, e não te ponhas, a
questão.
Porque se
esta questão emerge, se isso é ao mesmo tempo simples e se isso não é somente
uma afirmação mental, então não haveria esta questão.
Então esta
questão não faz senão traduzir o jogo do teu próprio mental entre o Tudo e o Nada.
Tu podes
falar do Absoluto até secar, tu poderias escrever uma
enciclopédia, não é por isso que tu o viverias porque tu não podes prestar um
testemunho mental do Absoluto.
Tu não podes
senão descrever os efeitos, os sintomas, se preferires, que proporciona no seio
dessa forma.
Todos os que
viveram o Absoluto empregaram a mesma linguagem: a linguagem do Amor, da Liberdade, a linguagem da Onda da Vida.
Colocar a
questão do Tudo e do Nada, que é tão simples e tão difícil, não é senão uma
forma de aceitação ou de acepção mental de uma interrogação que permanece nesse
nível.
Isso é
simples, mas isso se torna extremamente complicado desde que o mental se
envolva, porque ele se envolverá necessariamente nos seus próprios argumentos e
não poderá jamais daí sair porque o Absoluto não é nenhum argumento, ele é apenas
lógico e simples.
Ele é lógico
e simples, o que te permite mesmo exprimir esse corpo, essa língua, essa boca.
Há alguma existência para lá do nascimento e
da morte?
Reflete
sobre isso.
Será que poderias colocar esta questão
estando morto?
Que questão poderia emergir do sono ou da
morte?
O Tudo e o Nada
permanecem um conceito mental que são os dois extremos do teu próprio limite.
O Tudo não é
o Absoluto, sem isso ele se chamaria o Tudo.
Tu
assimilas, de forma perigosa, o Tudo e o Nada, no Absoluto,
porque isso
agrada ao teu mental que se proporciona, assim, um álibi e um pretexto de
interrogação ao nível mental.
Mas enquanto
permaneces neste limite do Tudo e do Nada, é como se permanecesses no limite do
bem e do mal.
Esta equação
é insolúvel no mundo da ação e da reação.
Tu não podes
resolver esta equação no nível em que estás situado.
O bem e o
mal, o Tudo e o Nada, podem ser exprimidos através de noções filosóficas,
morais ou outras, mas elas permanecem no interior de um quadro.
A personalidade
não pode conhecer senão a personalidade.
Ela pode
descrever todo o funcionamento, todos os mecanismos,
mas conhecer
os mecanismos e o funcionamento não permitirá jamais escapar do mecanismo e do
funcionamento.
Reflitam
nisso.
O próprio
título da tua questão reforça os teus próprios limites e os teus próprios
freios.
Tu te
colocas, da qualquer maneira e em definitivo, num limite que eu chamaria
mental, inscrito nessa lógica de bem e mal,
De Tudo e
Nada.
Este mental espera
controlar, reduzir, de qualquer maneira,
O Absoluto, a sua própria medida.
Mas mais uma
vez, não é o teu mental que vai encontrar o Absoluto, é
o Absoluto que vai dissolver o teu mental, a partir
do instante em que tu aceites capitular, o mesmo é dizer, perder a cabeça.
Aquele que
tem medo da loucura não faz senão refletir a sua própria loucura.
Aquele que
tem medo do vazio não faz senão refletir o seu próprio vazio.
É uma
questão de projeção, ou se tu preferes, de fantasma, que não é real senão no
seio da personalidade, que vem reforçar a personalidade.
E é o seu
fim.
Reflitam
nisso.
Pergunta: Acontece-me ainda ficar desestabilizada
depois de ter sido espontânea ou na simplicidade, constatando que a pessoa não
me compreendeu, ou compreendeu exatamente o inverso daquilo que eu pensava ter
exprimido.
Eu perco
então todos os meus meios, sou cada vez menos clara nas minhas explicações,
tomada pelo medo de passar por incredível.
Eu continuo
apesar de tudo a me deixar ir na espontaneidade e na simplicidade e, depois de
algum tempo, a não me justificar no momento mas depois.
Como encontrar o que há de errado na minha
forma de ser espontânea?
Quem tem necessidade de ser justificado no
exterior de si?
Quem quer ser compreendido tal como se
exprimiu?
Tu és
responsável pelo que tu exprimes, mas tu não és de forma nenhuma responsável
pelo que é compreendido.
Enquanto tu
associas uma importância ao que é compreendido,
tu estás
numa projeção e, portanto, dentro de uma necessidade de aprovação ou uma
necessidade de recompensa.
O que é que em tu precisa de recompensa, de
aprovação e de reconhecimento?
O que é que em ti está ferido pela ausência
de reconhecimento,
senão o ego?
O ego que
tem necessidade de ser reconhecido como válido.
Mas será que
um ego pode validar um outro ego, quer o tenha compreendido ou não?
Enquanto tu
te mirares no olhar do outro, através de uma compreensão (o outro não é senão um ego como tu), nenhum ego te pode tranquilizar, ao
teu como ao de um outro.
Esta equação
não pode ser resolvida porque o ego estará sempre insatisfeito.
Aí também,
ele te faz crer que tu podes chegar a uma perfeição.
É
impossível.
E mesmo
quando houver o sentimento de uma perfeição, esta perfeição não te fará, de
forma nenhuma, sair do teu próprio ego.
Isso o
reforçaria porque nesse momento ele teria reconhecimento, ele teria recompensa
e ele teria afastamento do Absoluto.
Portanto, o
como fazer para chegar a isso não é certamente um conselho que eu te poderia
dar.
Mas bem, se
eu te posso dar um conselho, é:
não te agarres mais a isso.
Porque tu te
fechas em ti mesma numa relação e esta relação é uma relação de distância.
Há, através
do que tu colocas, a necessidade de reconhecimento,
mas além
disso, a necessidade de ser reconhecida, e ainda, além disso, a necessidade de
empatia, que não será jamais a fusão do Absoluto, e
ainda menos a União Mística.
Enquanto não
tiveres rejeitado (e aí eu
falo de rejeitar e não de recusar) este mecanismo de funcionamento, nem o Si, nem o Absoluto, poderão aparecer.
Ti
consideras a perfeição no seio do conhecido.
Nenhum
conhecido pode ser perfeito porque ele é efêmero.
E a perfeição
não pode pertencer, de forma nenhuma, a um efêmero.
Ele pode dar
um sentimento, o sentimento de qualquer coisa que foi perfeitamente realizada,
como numa relação, como o fato de ser compreendido naquilo que foi exprimido.
Eu te
repito: Tu és responsável
pelo que tu exprimes, mas tu não és responsável pelo que foi compreendido.
Assim, tu
crias, tu mesma, as próprias circunstâncias da tua própria ferida e em vez de
fechar a ferida, tu a reabres a cada vez.
Eu garanto
que o Absoluto não tem que fazer este jogo.
Mas enquanto
tu jogas isso, através dessa necessidade de reconhecimento, dessa necessidade
de ser reconhecida, tu te colocas incessantemente sob a esfera do ego, porque o
Absoluto não tem necessidade de ser reconhecido.
Cabe a ti
saber qual o jogo e qual a parte que tu queres jogar.
Mas tu não
podes pretender estar nas duas partes.
Não pode
existir nenhum Absoluto numa relação verbal, numa relação
afetiva.
Pelo
contrário, o que é Absoluto pode considerar estabelecer uma relação
Absoluta, mas que não será mais uma comunicação,
nem um
afetivo.
Mas entre
estas duas consciências se estabelecerá então, aí também, uma transcendência
que se estabelece de coração a coração, de cabeça a cabeça, de bacia a bacia,
de perna a perna,
de corpo a
corpo, até ao ponto em que o outro se torna si.
Isso não é
mais uma relação, não é mais uma comunicação, isto é uma União Mística que não
concorda com nenhum julgamento,
com nenhuma
necessidade de reconhecimento, ou de ser reconhecido e, sobretudo, com nenhuma
necessidade de justificação.
É, portanto,
urgente apreender que não há nada a provar no exterior de si.
Que toda a
busca de provas ou de aquiescência não é
(como já te
disse) senão o reflexo dos
teus próprios medos de seres tu mesma, independentemente do olhar do outro,
independentemente
da compreensão do outro.
Existe,
portanto, uma forma de dependência do outro.
Porque tu
esperas encontrar-te no olhar do outro, ou no consentimento do outro, o que é
estritamente impossível e te afasta de ti mesma.
Não há,
portanto, nada a querer resolver nesta questão que tu colocas.
Há apenas a
ver claramente no que tu questionas, e, portanto, o que há a guardar, o ser Livre
e considerar a Liberdade.
Nós não
temos mais questões.
Nós vos
agradecemos.
Eu vos
agradeço, portanto, pelos nossos “entre ti e mim”.
Certamente
até muito breve, segundo a fórmula consagrada.
BIDI
- 1ª Parte
Mensagem de
BIDI no site francês:
http://www.autresdimensions.com/article.php?produit=1408
08 de abril de 2012 – Parte 2
(Publicado
em 09 de abril de 2012)
Tradução para o
português: Cristina
Marques e António Teixeira
http://minhamestria.blogspot.com/
Postado por
Zulma Peixinho em 11 abril 2012
Transcrição
e edição: Zulma Peixinho
http://portaldosanjos.ning.com
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