QUINTA-FEIRA, 23 DE MAIO DE 2013
LEMBRA-TE SEMPRE.....
- Eu sei quem sou!
E Deus disse:
- Que bom!
Quem és tu?
E a Pequena Alma gritou:
- Eu Sou Luz!
E Deus sorriu.
- É isso mesmo! - exclamou
Deus.
- Tu és Luz!
A Pequena Alma ficou muito
contente, porque tinha descoberto aquilo que todas as almas do Reino deveriam
descobrir.
- Uauu, isto é mesmo bom! -
disse a Pequena Alma.
Mas, passado pouco tempo, saber
quem era já não lhe chegava.
A Pequena Alma sentia-se
agitada por dentro, e agora queria ser quem era.
Então foi ter com Deus (o que não é má ideia para qualquer alma que queira ser Quem
Realmente É) e disse:
- Olá, Deus!
Agora que sei Quem Sou, posso sê-lo?
E Deus disse:
- Quer dizer
que queres ser Quem já És?
- Bem, uma coisa é saber Quem
Sou, e outra coisa é sê-lo mesmo.
Quero sentir como é ser a Luz!
- respondeu a Pequena Alma.
- Mas tu já és Luz - repetiu
Deus, sorrindo outra vez.
- Sim, mas quero senti-lo! -
gritou a Pequena Alma.
- Bem, acho que já era de se
esperar.
Tu sempre foste aventureira -
disse Deus com uma risada.
Depois a sua expressão mudou.
- Há só uma coisa...
- O quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Bem, não há nada para além da
Luz.
Porque eu não criei nada para
além daquilo que tu és.
Por isso, não vai ser fácil
experimentares-te como Quem És, porque não há nada que tu não sejas.
- Hã? - disse a Pequena Alma, que já estava um pouco confusa.
- Pensa assim: tu és como uma vela ao Sol.
Estás lá sem dúvida.
Tu e mais milhões, zilhões de
outras velas que constituem o Sol.
E o Sol não seria o Sol sem vocês.
Não seria um sol sem uma das
suas velas... e isso não seria de todo o Sol, pois não brilharia tanto.
E, no entanto, como podes conhecer-te como a Luz quando
estás no meio da Luz?
- eis a questão.
- Bem, tu és Deus. Pensa em
alguma coisa!
- disse a Pequena Alma mais
animada.
Deus sorriu novamente.
- Já pensei.
Já que não podes ver-te como a
Luz quando estás na Luz, vamos rodear-te de escuridão
- disse Deus.
- O que é a escuridão?
perguntou a Pequena Alma.
- É aquilo que tu não és -
replicou Deus.
- Eu vou ter medo do escuro? - choramingou a Pequena Alma.
- Só se o escolheres.
Na verdade, não há nada de que
devas ter medo, a não ser que assim o decidas.
Porque estamos inventando tudo.
Estamos fingindo.
- Ah! - disse a Pequena Alma,
sentindo-se logo melhor.
Depois, Deus explicou que, para
se experimentar o que quer que seja, tem de aparecer exatamente o oposto.
- É uma grande dádiva, porque
sem ela não poderíamos saber como nada é - disse Deus
- Não poderíamos conhecer o Quente sem o Frio,
o Alto sem o Baixo, o Rápido sem o Lento.
Não poderíamos conhecer a
Esquerda sem a Direita, o Aqui sem o Ali, o Agora sem o Depois.
E por isso, - continuou Deus -
quando estiveres rodeada de escuridão, não levantes o punho nem a voz para
amaldiçoar a escuridão.
Sê antes uma Luz na escuridão,
e não fiques furiosa com ela.
Então, saberás Quem Realmente
És, e os outros também o saberão.
Deixa que a tua Luz brilhe
tanto que todos saibam como és especial!
- Então posso
deixar que os outros vejam que sou especial?
- perguntou a Pequena Alma.
- Claro!
- Deus riu-se.
- Claro que podes!
Mas lembra-te de que "especial" não quer dizer "melhor"!
Todos são especiais, cada qual
à sua maneira!
Só que muitos se esqueceram
disso.
Esses apenas vão ver que podem
ser especiais quando tu vires que podes ser especial!
- Uau - disse a Pequena Alma,
dançando e saltando e rindo e pulando.
- Posso ser tão especial quanto
quiser!
- Sim, e podes começar agora
mesmo - disse Deus, também dançando e saltando e rindo e pulando juntamente com
a Pequena Alma
- Que parte de especial é que queres ser?
- Que parte
de especial? - repetiu a Pequena Alma.
- Não estou entendendo.
- Bem, - explicou Deus - ser a
Luz é ser especial, e ser especial tem muitas partes.
É especial ser bondoso.
É especial ser delicado.
É especial ser criativo.
É especial ser paciente.
Conheces
alguma outra maneira de ser especial?
A Pequena Alma ficou em
silêncio por um momento.
- Conheço imensas maneiras de
ser especial! - exclamou a Pequena Alma
- É especial ser prestativo.
É especial ser generoso.
É especial ser simpático.
É especial ser atencioso com os
outros.
- Sim! - concordou Deus
- E tu podes ser todas essas
coisas, ou qualquer parte de especial que queiras ser, em qualquer momento.
É isso que significa ser a Luz.
- Eu sei o que quero ser, eu
sei o que quero ser!
- proclamou a Pequena Alma com
grande entusiasmo.
- Quero ser a parte de especial
chamada "perdão"
Não é ser especial alguém que perdoa?
- Ah, sim, isso é muito
especial, assegurou Deus à Pequena Alma.
- Está bem.
É isso que eu quero ser.
Quero ser alguém que perdoa.
Quero experimentar-me assim -
disse a Pequena Alma.
- Bom, mas há uma coisa que
devias saber - disse Deus.
A Pequena Alma já começava a
ficar um bocadinho impaciente.
Parecia haver sempre alguma
complicação.
- O que é? - suspirou a Pequena Alma.
- Não há ninguém a quem
perdoar.
- Ninguém?
A Pequena Alma nem queria
acreditar no que tinha ouvido.
- Ninguém! - repetiu Deus.
Tudo o que Eu fiz é perfeito.
Não há uma única alma em toda a
Criação menos perfeita do que tu.
Olha à tua volta.
Foi então que a Pequena Alma
reparou na multidão que tinha se aproximado.
Outras almas tinham vindo de
todos os lados - de todo o Reino - porque tinham ouvido dizer que a Pequena
Alma estava tendo uma conversa extraordinária com Deus, e todas queriam ouvir o
que eles diziam.
Olhando para todas as outras
almas ali reunidas, a Pequena Alma teve de concordar. Nenhuma parecia menos
maravilhosa, ou menos perfeita do que ela.
Eram de tal forma maravilhosas,
e a sua Luz brilhava tanto, que a Pequena Alma mal podia olhar para elas.
- Então,
perdoar quem? - perguntou Deus.
- Bem, isto não vai ter graça
nenhuma! - resmungou a Pequena Alma
- Eu queria experimentar-me
como Aquela que Perdoa.
Queria saber como é ser essa
parte de especial.
E a Pequena Alma aprendeu o que
é sentir-se triste.
Mas, nesse instante, uma Alma
Amiga destacou-se da multidão e disse:
- Não te preocupes, Pequena
Alma, eu vou ajudar-te - disse a Alma Amiga.
- Vais? - a Pequena Alma animou-se.
- Mas o que é
que tu podes fazer?
- Ora, posso dar-te alguém a
quem perdoares!
- Podes?
- Claro! - disse a Alma Amiga
alegremente.
- Posso entrar na tua próxima
vida física e fazer qualquer coisa para tu perdoares.
- Mas por
quê?
Por que é que
farias isso?
- perguntou a Pequena Alma. -
Tu, que és um ser tão absolutamente perfeito!
Tu, que vibras a uma velocidade
tão rápida a ponto de criar uma Luz de tal forma brilhante que mal posso olhar
para ti!
O que é que
te levaria a abrandar a tua vibração para uma velocidade tal que tornasse a tua
Luz brilhante numa luz escura e baça?
O que é que levaria a ti, que
danças sobre as estrelas e te moves pelo Reino à velocidade do pensamento, a entrar na minha vida e a tornares-te
tão pesada a ponto de fazeres algo de mal?
- É simples - disse a Alma
Amiga.
- Faço-o porque te amo.
A Pequena Alma pareceu
surpreendida com a resposta
- Não fiques tão espantada -
disse a Alma Amiga - tu fizeste o mesmo por mim.
Não te
lembras?
Ah, nós já dançamos juntas, tu
e eu, muitas vezes.
Dançamos ao longo das
eternidades e através de todas as épocas.
Brincamos juntas através de
todo o tempo e em muitos lugares.
Só que tu não te lembras.
Já fomos ambas o Todo.
Fomos o Alto e o Baixo, a
Esquerda e a Direita.
Fomos o Aqui e o Ali, o Agora e
o Depois.
Fomos o Masculino e o Feminino,
o Bom e o Mau - fomos ambas a vítima e o vilão.
Encontramo-nos muitas vezes, tu
e eu; cada uma trazendo à outra a oportunidade exata e perfeita para Expressar
e Experimentar Quem Realmente Somos.
- E assim, - a Alma Amiga
explicou mais um bocadinho - eu vou entrar na tua próxima vida física e ser a "má" desta vez.
Vou fazer alguma coisa
terrível, e então tu podes experimentar-te como Aquela Que Perdoa.
- Mas o que é
que vais fazer que seja assim tão terrível? - perguntou a Pequena Alma,
um pouco nervosa.
- Oh, havemos de pensar em
alguma coisa - respondeu a Alma Amiga, piscando o olho.
Então, a Alma Amiga pareceu
ficar séria, e disse numa voz mais
calma:
- Mas tens
razão acerca de uma coisa, sabes?
- Sobre o
quê? - perguntou a Pequena Alma.
- Eu vou ter de abrandar a
minha vibração e tornar-me muito pesada para fazer esta coisa não-muito-boa.
Vou ter de fingir ser uma coisa
muito diferente de mim.
E, por isso, só te peço um
favor em troca.
- Oh, qualquer coisa, o que tu
quiseres! - exclamou a Pequena Alma, e começou a dançar e a cantar:
- Eu vou poder perdoar, eu vou
poder perdoar!
Então a Pequena Alma viu que a
Alma Amiga estava muito quieta.
- O que é? - perguntou a Pequena Alma.
- O que é que
eu posso fazer por ti? És um
anjo por estares disposta a fazer isto por mim!
- Claro que esta Alma Amiga é
um anjo! - interrompeu Deus, - são todas!
Lembra-te sempre: Não te enviei senão anjos.
E, então, a Pequena Alma quis
mais do que nunca satisfazer o pedido da Alma Amiga.
- O que é que
posso fazer por ti? -
perguntou novamente a Pequena Alma.
- No momento em que eu te
atacar e ferir, - respondeu a Alma Amiga - no momento em que eu te fizer a pior
coisa que possas imaginar, nesse preciso momento...
- Sim? - interrompeu a Pequena Alma
- Sim?
A Alma Amiga ficou ainda mais
quieta.
- Lembra-te de Quem Realmente
Sou.
- Oh, não me hei de esquecer! -
gritou a Pequena Alma
- Prometo!
Lembrar-me-ei sempre de ti tal
como te vejo aqui e agora.
- Que bom, - disse a Alma Amiga
- porque, sabes, eu vou estar fingindo tanto, que eu própria vou me esquecer.
E se tu não te lembrares de mim
tal como eu sou realmente, eu posso também não me lembrar durante muito tempo.
E se eu me esquecer de Quem
Sou, tu podes esquecer-te de Quem És, e ficaremos as duas perdidas.
Então, vamos precisar que venha
outra alma para nos lembrar as duas de Quem Somos.
- Não vamos, não! - prometeu
outra vez a Pequena Alma.
- Eu vou lembrar-me de ti!
E vou agradecer-te por esta
dádiva - a oportunidade que me dás de me experimentar como Quem Eu Sou.
E assim o acordo foi feito.
E a Pequena Alma avançou para
uma nova vida, entusiasmada por ser a Luz, que era muito especial, e entusiasmada
por ser aquela parte especial a que se chama Perdão.
E a Pequena Alma esperou
ansiosamente pela oportunidade de se experimentar como Perdão, e por agradecer
a qualquer outra alma que o tornasse possível.
E, em todos os momentos dessa
nova vida, sempre que uma nova alma aparecia em cena, quer essa nova alma
trouxesse alegria ou tristeza - principalmente se trouxesse tristeza - a Pequena Alma pensava no que Deus lhe tinha dito.
"Lembra-te
sempre," - Deus aqui tinha
sorrido
-
"não te enviarei senão anjos".
Eu não esqueci....
-A PEQUENA ALMA
- A LIÇÃO DO PERDÃO
- por Neale Donald Walsch.
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